IDENTIFICAÇÃO Eu me chamo Roberto Vagner Rocco, eu nasci em São Paulo, no dia seis de junho de 1965. FORMAÇÃO A minha formação é na área de administração, mas eu não exerço profissionalmente. Eu trabalho com meio ambiente, projetos ambientais e projetos socioambientais. Eu militei na questão ambiental, no movimento ambientalista, nos anos 1980 e a partir daí entendi que essa seria minha vocação natural e que me dá muito prazer. É um desafio a gente viver em um mundo com eminências de tantas catástrofes que se anunciam, como a questão do aquecimento global, a camada de ozônio, o efeito estufa e as agressões ambientais que estão desequilibrando o planeta. Para mim é um prazer e um desafio ao mesmo tempo trabalhar como ambientalista num país tão extraordinário como é o Brasil. MILITÂNCIA Eu nasci um ano depois do golpe militar, nasci em 1965, então desde garoto, com 13 anos, eu, meu irmão e alguns amigos começamos a nos envolver com a luta pela democratização do Brasil. Essa foi a primeira grande bandeira da minha vida. Logo depois eu participei da proposta de organização da sociedade em movimentos sociais. A minha primeira causa ambientalista foi exatamente essa. Nós formamos um ONG aqui no Rio chamado Os Verdes, movimento de ecologia social, que foi fundado em 1987 e a nossa luta era organizar o movimento ambientalista no estado do Rio de Janeiro. Acabamos criando a Apedema, que é Assembléia Permanente de Entidades em Defesas do Meio Ambiente do Rio de Janeiro. Há a Apedema do Rio, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, é como se fosse uma federação de ONG’s ambientalistas. Essa foi nossa primeira luta pela sensibilização da questão ambiental, que nos anos 1980 ainda era muito precária, muita gente achava que esse não era um tema relevante, por muito tempo foi um tema secundário, até hoje infelizmente do ponto de vista de políticas públicas concretas, ele ainda é...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Eu me chamo Roberto Vagner Rocco, eu nasci em São Paulo, no dia seis de junho de 1965. FORMAÇÃO A minha formação é na área de administração, mas eu não exerço profissionalmente. Eu trabalho com meio ambiente, projetos ambientais e projetos socioambientais. Eu militei na questão ambiental, no movimento ambientalista, nos anos 1980 e a partir daí entendi que essa seria minha vocação natural e que me dá muito prazer. É um desafio a gente viver em um mundo com eminências de tantas catástrofes que se anunciam, como a questão do aquecimento global, a camada de ozônio, o efeito estufa e as agressões ambientais que estão desequilibrando o planeta. Para mim é um prazer e um desafio ao mesmo tempo trabalhar como ambientalista num país tão extraordinário como é o Brasil. MILITÂNCIA Eu nasci um ano depois do golpe militar, nasci em 1965, então desde garoto, com 13 anos, eu, meu irmão e alguns amigos começamos a nos envolver com a luta pela democratização do Brasil. Essa foi a primeira grande bandeira da minha vida. Logo depois eu participei da proposta de organização da sociedade em movimentos sociais. A minha primeira causa ambientalista foi exatamente essa. Nós formamos um ONG aqui no Rio chamado Os Verdes, movimento de ecologia social, que foi fundado em 1987 e a nossa luta era organizar o movimento ambientalista no estado do Rio de Janeiro. Acabamos criando a Apedema, que é Assembléia Permanente de Entidades em Defesas do Meio Ambiente do Rio de Janeiro. Há a Apedema do Rio, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, é como se fosse uma federação de ONG’s ambientalistas. Essa foi nossa primeira luta pela sensibilização da questão ambiental, que nos anos 1980 ainda era muito precária, muita gente achava que esse não era um tema relevante, por muito tempo foi um tema secundário, até hoje infelizmente do ponto de vista de políticas públicas concretas, ele ainda é um tema secundário. Nós vemos o caso da ex-ministra Marina Silva, que é uma personalidade extraordinária, nascida na Amazônia, uma legítima representante de Chico Mendes, que passou pelo Ministério do Governo Federal e não conseguiu efetivamente ganhar as principais disputas internas do governo. Naquela época para a gente já era importante isso, que o meio ambiente fosse levado em consideração, que houvessem políticas públicas voltadas para a preservação do nosso ambiente natural e para melhoria da qualidade de vida da nossa população, do nosso planeta. No momento em que a gente consegue equilibrar a relação do homem com o meio ambiente, temos condições melhores para qualquer outro tipo de atividade, esse era nosso princípio. Isso em 1987. Daquele momento para hoje mudou bastante coisa. A consolidação da Apedema como uma instituição reconhecida foi uma vitória muito grande. A Apedema tem presença no Conselho Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, no Conselho Estadual do Meio Ambiente do Rio de Janeiro e estamos no Conama também, no Conselho Nacional de Meio Ambiente. A Apedema acabou se transformando numa representação reconhecida tanto quanto pelo setor público, quanto pelo setor produtivo, no setor econômico ela é uma interlocutora dos ambientalistas. Isso foi uma grande vitória, uma outra vitória foi que nós vimos que a esfera pública criou espaços para a discussão do meio ambiente, ainda que com condições precárias, ainda que em muitos casos, na maioria dos casos, eu ouso dizer, ainda no Brasil, no estado do Rio de Janeiro, ela ainda tem uma função muito decorativa, tem secretarias do meio ambiente no estado do Rio que você vai visitá-la e a sua estrutura é uma mesa para uma secretária e uma mesa do secretário de meio ambiente, você não tem um carro para fazer uma fiscalização e não existe legislação adequada. O Sistema Nacional de Meio Ambiente prevê que você tenha além da secretaria, um fundo municipal e um conselho municipal de meio ambiente, aí você teria um sistema integrado, esse fundo municipal seria constituído por verbas oriundas de aplicação de multas e processos de licenciamento. O conselho é a instituição onde a sociedade civil acompanha o que é feito com os recursos, o que é feito com a política ambiental do município. Isso ainda é precário, mas já avançou bastante de 1987 para cá. Avançou muito, no caso do Rio de Janeiro, em 1993, foi criada a Secretaria Extraordinária de Meio Ambiente e em 1994, efetivamente, aprovada para o projeto de lei. Hoje é uma secretaria, é referência no Brasil, é uma secretaria municipal muito bem estruturada. Temos o caso de Niterói que tem uma secretaria de meio ambiente e uma secretaria de sustentabilidade. Alguns municípios começam de fato a desenvolver políticas públicas efetivas voltadas para o desenvolvimento do ambiente, o desenvolvimento com preocupações ambientais, isso é uma grande vitória. ASA Eu sou da ASA, Associação de Serviços Ambientais, sou diretor do meio ambiente da ASA, que é uma das quatro ONG’s que trabalham no projeto Agenda 21 Comperj [Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro]. Sou também conselheiro da fundação Onda Azul. Eu me aproximei da ASA em 2004, eu conheci o presidente da ASA através de um amigo em comum que era o secretário de meio ambiente de Niterói, participei de uma apresentação que ele realizou e ele me convidou para enfim participar como colaborador da instituição. Na época eu estava com muitos compromissos profissionais, eu não pude participar, mas em 2006 surgiu uma oportunidade, um projeto de Agenda 21 também lá no interior da Amazônia, com algumas comunidades Ribeirinhas e eu fui convidado para coordenar esse trabalho. A partir daí me integrei à ASA e é onde permaneço até hoje. ASA / HISTÓRICO A ASA surgiu como uma cooperativa de trabalhadores da área de meio ambiente. Essa cooperativa acabou se transformando em 1999 numa ONG, a partir de 2001 ela também ganhou a titulação de OSCIP [Organização da Sociedade Civil de Interesse Público]. O nome ASA é por conta da Associação de Serviços Ambientais, que é uma associação de profissionais que trabalham em diversas áreas que tem relação com o meio ambiente, como biólogos, geógrafos, advogados, engenheiros. Essa associação desses profissionais começou a desenvolver projetos na área ambiental a partir de 1999, não só projetos, o foco anterior dela era de ser uma cooperativa de trabalhadores que prestavam serviços ambientais. Quando ela se transformou em ASA, numa ONG, ela passou a ser proponente, elaborava propostas, corria atrás de projetos que viabilizasse essas propostas. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL / AGENDA 21 Em 2006 eu fui para a Amazônia começar um trabalho, plantar uma sementinha de Agenda 21 em comunidades ribeirinhas na calha do Rio Solimões, no município de Coari, cerca de 500 quilômetros de Manaus. O Brasil é incrível, sensacional, nós encontramos lá uma realidade muito diferente do que eu estava acostumado a trabalhar, porque eu trabalhava aqui no Rio de Janeiro, na região Sudeste, de uma maneira geral nas grandes capitais você tem um tipo de organização social que tem um perfil muito semelhante, uma capital do Nordeste ou uma capital no Sul, no Sudeste, tem um perfil social semelhante, a forma da organização de uma mobilização é muito parecida, já nessas comunidades ela inexiste e ainda inexistia no momento que chegamos lá. São comunidades com uma característica muito diferente, geograficamente você tem um núcleo da comunidade, são comunidades que vivem à beira do Rio Solimões, o meio de transporte lá é por barco, pela água, seja rabeta, que é o mais tradicional, o mais simples, que é uma jangadinha com motor de 6HP, até grandes embarcações. A forma deles se comunicarem é muito complicada, porque as casas são muito afastadas, você tem uma comunidade, por exemplo, de Lauro Sodré, que é a maior das 204 comunidades do município de Coari, tem cerca de 600 habitantes, ela tem no núcleo uma quantidade aproximadamente de 150 casas, mas você saindo do núcleo, meia hora para cima ou meia hora para baixo do rio você encontra uma quantidade grande de casas espalhadas. Essas pessoas que vivem espalhadas se encontram em dois momentos: anualmente na festa da padroeira da cidade, onde há torneio de futebol, gincanas e um momento de confraternização; e o outro momento de encontro acontece a cada dois anos, quando tem eleição para o líder comunitário, que é como se fosse o presidente da associação de moradores local, mas essas eleições são feitas com base em pouca discussão de conteúdo e mais em troca de favores, o líder vai ajudar a conseguir um motor de luz, ou um óleo diesel, porque para eles a energia elétrica é a base de gerador. Existe ainda uma política de favorecimento de vereadores, de prefeitos etc., que acaba tutelando essas comunidades, quando nós chegamos lá nós vimos que eles não tinham nenhuma prática em reunião coletiva, quando eles se encontravam era para reclamar do prefeito ou para reclamar do vereador ou do próprio líder, mas não havia o exercício da discussão, o nosso primeiro papel foi de sensibilizá-los, de mobilizá-los. Nós organizamos reuniões, começamos a discutir, orientá-los como promover uma reunião, como elaborar uma pauta etc. Antes de começar a reunião nós decidíamos coletivamente quais seriam os assuntos que seriam os mais importantes para que o conjunto de pessoas pudessem discutir, porque se cada um chegar lá com a sua demanda pessoal, você acaba com uma discussão de surdos, porque cada um fala o que quer ouvir, mas não quer ouvir o que o outro quer falar, então o princípio de como organizar uma reunião, como organizar uma pauta, quem coordena a reunião, como é que se registra, como se faz uma ata, questão de ordem, como é que as pessoas falam, o ordenamento, a discrição para falar, então tudo isso foi muito legal, foi um desafio muito interessante. Nós recebemos há cerca de três semanas uma missão para ser executada lá em Coari, para participar de outro projeto. Alguns representantes de uma comunidade chamada Menino Deus Esperança II tinham escrito uma carta à Petrobras solicitando a continuidade daquele projeto, do projeto da Agenda 21, projeto de Olho no Ambiente. O conteúdo da carta tem muito desse resultado, do trabalho que a gente conseguiu levar para eles de organização, de condição de reunião e de discussão. Lá também é uma área de influência da Petrobras por causa do Gasoduto Coari Manaus. Nós trabalhamos exatamente nesse trecho que você tem ali da Província de Urucu, onde sai o gás que é transportado para o terminal do Rio Solimões que vai até Manaus, acho que uma obra muito grande e que pega um trecho de mata virgem, uma área extremamente sensível, é uma obra que tem um impacto econômico muito positivo e impacto sociais positivo e negativo. A população de Coari que era de 15 mil habitantes está chegando a 80 mil habitantes em curto espaço de tempo. Por outro lado esse desenvolvimento está trazendo uma transformação na economia local bastante positiva. A idéia da Petrobras é exatamente com um projeto da Agenda 21, que as demandas da sociedade, dessas comunidades, sejam ouvidas pelas autoridades, porque o que acabou acontecendo lá do momento que a obra começou, até pouco tempo atrás, é que a prefeitura acabou tendo uma arrecadação muito maior, a prefeitura passou a ser uma prefeitura rica em termos de capacitação, de movimentação de recurso, é a segunda no estado do Amazonas, para um município que era nada até outro dia. Essas comunidades são as mais vulneráveis, mais fragilizadas, e que por conta do gasoduto passar embaixo de onde elas vivem é que é gerado esse recurso, só que elas não tem retorno nenhum porque a prefeitura investe na cidade, no núcleo principal do município. A Agenda 21 é uma forma de você envolver a prefeitura e obrigá-la também a dar uma atenção e ouvir quais são as demandas dessa comunidade. O processo também foi muito semelhante, a gente começou com um diagnóstico, aplicação de questionário em todas as casas de cada um das comunidades, ouvindo o que cada um sente com relação à questão social, econômica, ambiental, são coisas muito associadas, que o cara vive, é uma economia de subsistência, é basicamente a pesca ou o plantio de castanha, açaí, aipim e mandioca. A principal produção lá é mandioca, praticamente todo mundo produz mandioca ou produz farinha, eles pescam também. O desenvolvimento ambiental ou a qualidade desse ambiente para a produção da pesca e para a produção agrícola está muito vinculada à qualidade ambiental, então eles sofrem demais com o impacto disso. AGENDA 21 / HISTÓRICO Tem uma frase que a gente sempre usa que é a seguinte: “a Agenda 21 não é do governo mas você não faz Agenda 21 sem governo.” O que é a Agenda 21? O nome de Agenda 21 é exatamente porque se previa uma série de ações, uma agenda global de ações que serão que ser tomadas no planeta para se garantir o futuro das gerações seguintes. É um futuro imediato que já está nascendo, os nossos bisnetos, tataranetos etc. como é que eles vão ter condições de ter acesso a uma vida de qualidade nesse planeta? Durante vários anos foram produzidos relatórios e estudos para ver de que forma você pode radicar a fome, como é que você pode eliminar os lixões, os acúmulos de lixo, a produção de lixo desenfreada, de que forma você pode evitar o desmatamento, a escassez de água, que é uma coisa tão importantíssima que já vem muito tempo sendo discutida. Foi elaborada uma agenda de compromissos para que as autoridades do planeta – isso foi firmado em 1992 aqui no Rio de Janeiro –, na época, 179 países se comprometeram a mudar um pouco a forma de se desenvolver, então assumiram os compromissos com uma agenda que duraria todo o século XXI, daí o nome Agenda 21. Ela tem escalas diferentes com o mesmo objetivo, porque você não começa transformar o mundo querendo mudar de cima para baixo, se as pequenas coisas, pequenas transformações não acontecerem as grandes também vão ter dificuldades de se realizarem. O que a Agenda 21 preconiza? Que seja em Coari, Rio de Janeiro, São Paulo, ou no Sudão, que a gente tenha compromisso das autoridades públicas e da sociedade civil e do setor produtivo de que o desenvolvimento econômico é muito bem vindo, porque nós precisamos crescer economicamente, mas esse desenvolvimento tem que trazer junto com ele a justiça social e o equilíbrio ecológico. Essa é a base da Agenda 21, quando a gente faz um trabalho desse tipo não é que só a população vai ficar cobrando, não é levantar mais uma bandeira ou dar mais um documento para as pessoas ficarem reivindicando. A Agenda 21 não pode ser composta só por um setor da sociedade. É nesse ponto que a gente consegue fazer com que a autoridade de Coari leve em consideração as demandas dessas comunidades porque a prefeitura, o governo do estado e o governo federal passaram a fazer parte fórum, então na verdade um documento do fórum, o plano elaborado pelo fórum tem a assinatura deles, então seria muito incoerência o cara assinar embaixo das necessidades que ele está vendo, das propostas que são ali elencadas e ignorar isso na gestão pública. É uma forma interessante de você promover a discussão do desenvolvimento sob uma ótica que leve em consideração não só política de governo, mas a realidade da sua população. Para mim, pessoalmente, a Agenda 21 é a forma de você revolucionar na gestão pública e dessa maneira a gente se envolve nesses trabalhos, claro que alguns dão certos e em alguns casos as prefeituras não se envolvem, dizem que vão, mas não vão, mas na grande maioria dos casos como você tem setores da sociedade onde estão formadores de opinião, onde está o eleitor que afinal de contas colocam ou não o mandatário de um determinado mandato, seja legislativo ou executivo, essa opinião tem que ser levada em consideração, e é uma forma de você ajudar a organizar, eu acho que a Agenda 21 quando o poder público se compromete com ela, ele ganha muito mais do que ele cede, porque ele tem uma perspectiva, uma visão de uma conjuntura maior do que a sua estrutura administrativa gerencial é capaz de alcançar, por mais qualificados que sejam determinadas estruturas, determinados servidores, você não consegue sem o envolvimento da sociedade, você não consegue ter de fato uma política de desenvolvimento com maior qualidade. COMPERJ A preocupação com o Comperj vem desde o início da discussão sobre o complexo, para onde ele iria, se seria no Rio de Janeiro, em Recife, foi uma disputa. Eu acompanhei, mas não participei, era um assunto que me interessava muito, quando se definiu que seria no Estado do Rio de Janeiro eu comecei participar com mais com proximidade. Algumas reuniões começaram ser organizadas, especialmente universidades, a UFF [Universidade Federal Fluminense] em Niterói fez alguns encontros, a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] também fez, algumas instituições nas organizações não governamentais também promoveram debates sobre o impacto de um empreendimento desses no estado do Rio de Janeiro. Eu particularmente achei que ele iria parar em Itaguaí, alguma coisa me dizia que ele seria mais conveniente politicamente, mas enfim, depois da liberação de que seria em Itaboraí, eu comecei a acompanhar mais de perto, participar de discussões da sociedade civil sobre o que seria o empreendimento e por outro lado também iniciamos um diálogo com a Petrobras, que é a maior empresa do Brasil e que felizmente de alguns tempos para cá, já há algum tempo é a principal patrocinadora da cultura no Brasil, patrocina também projetos ambientais e tem ampliado diálogo também com a sociedade, e como nós já estávamos também participando de alguns projetos, junto com a Petrobras, a gente também tinha informações que se previa como que ia ser, como que não ia ser. Acompanhávamos também através de meio de comunicação, participando de maneira geral de tudo que envolvia a discussão sobre o Comperj. Depois teve uma licitação em 2007, no segundo semestre de 2007 foi lançado um edital de licitação para contratação de quatro ONG’s para execução do trabalho da Agenda 21 Comperj, nós fomos lá, retiramos o edital, montamos a proposta e fomos uma das contempladas, aí eu comecei conhecer um pouco mais por dentro do processo do Comperj, as notícias mais técnicas, mais completas sobre o tamanho, do volume de todo esse empreendimento, o volume de investimento e o que significa isso, não só para o Rio de Janeiro mas para o Brasil, porque é uma mudança de matriz econômica que estava fundamentada desde os anos 1950 em São Paulo, na região do ABC Paulista, tendo uma ligação com o Porto de Santos que dali saía para a exportação. Hoje, o Rio de Janeiro começa ocupar esse espaço com uma horizontalidade maior, você tem aqui na região metropolitana o Comperj, tem na região de Itaguaí o Porto de Sepetiba, o Arco Metropolitano, um volume de investimentos muito grande, que é muito legal para a economia do Rio de Janeiro que estava estagnada. Há um bom tempo que a gente não tem um grande investimento aqui no Rio de Janeiro. Há um impacto econômico muito positivo, agora o impacto ambiental e o impacto social esses precisam ser trabalhados, nesse sentido a Agenda 21 é muito bem vinda, ela tem muito a colaborar. ONG’S EXECUTORAS / LICITAÇÃO Nós da ASA fizemos a proposta para o terceiro, primeiro e quarto setor, só não entramos com proposta para o segundo setor, mas a nossa preferência era de fato para trabalhar com o setor comunidade, exatamente por conta dessa experiência que estava ocorrendo paralelamente nesse processo, em 2007 nós estávamos ainda na Amazônia com o projeto o programa De Olho no Ambiente e gostamos demais daquela experiência de trabalhar com aquelas comunidades, para a gente o principal foco era ganhar no setor comunidade. AGENDA 21 COMPERJ / QUARTO SETOR Tradicionalmente a sociedade é dividida em três setores, o primeiro setor é o público, onde está o governo, o poder legislativo e judiciário, as empresas de autarquias públicas. O segundo setor é o econômico, o setor chamado produtivo, formado pelas empresas e as entidades com fins lucrativos. E tirando o primeiro e o segundo setor, o terceiro setor é o conjunto da sociedade ela é mais ou menos organizada. Nessa metodologia da Agenda 21 Comperj esse terceiro setor foi subdividido, em terceiro setor, onde estão as organizações da sociedade civil com alcance mais municipal e o setor comunidade, onde estão as lideranças de bairro, as associações de moradores, colônias de pescadores, grupo de jovens do bairro, grupos de idosos. Ficou uma separação mais ou menos assim, por exemplo, a Associação de Mulheres do município de Magé é terceiro setor, mas a Associação de Mulheres de Mauá, que é um distrito da cidade, é setor comunidade. E, além disso, qualquer cidadão podia participar das reuniões de setor comunidade também. Associação de Moradores é comunidade. Agora a Federação das Associações de Moradores é terceiro setor. A Associação de Moradores de Botafogo é setor comunidade. No quarto setor o cidadão também poderia participar, imaginamos de início que poderíamos ter uma experiência mais rica. Inicialmente muitas pessoas iam pedir emprego, falar mal da Petrobras, fazer manifestação contra o Comperj, tudo isso nós passamos em nossas reuniões, o que era esperado, o que a gente não esperava é que houvesse uma necessidade de reuniões extraordinárias tão grandes, nós fizemos muitas reuniões extraordinárias. Tem uma lógica que nós não pensamos antes, porque o projeto previa três reuniões para formação de um diagnóstico por cada um dos setores, depois mais três reuniões para elaboração do plano, então cada reunião dessa tinha uma lógica metodológica para que você pudesse extrair o máximo possível de propostas e divisões a respeito de cada um dos municípios, dentro de cada um desses setores. O problema é que se você faz uma reunião numa cidade como São Gonçalo, nós marcamos a reunião na prefeitura, num prédio da prefeitura, na segunda-feira às 19.00 horas, aparecem lá 150 pessoas. Nesse mesmo dia, várias dessas pessoas reclamavam: “Pô, mas no meu bairro ninguém foi lá falar.” Um município com um milhão e tantos mil habitantes, você fazer uma reunião só num lugar não consegue ter o conjunto de visões que possa contribuir para aquele diagnóstico, então isso acabou fazendo com que cada reunião que nós fazíamos, nós promovíamos pelo menos mais três ou quatro, dependendo do município, a mesma reunião com outros públicos para você dar oportunidade para outras pessoas de participarem, como em alguns bairros de vários municípios também que não tem sistema de transportes públicos, então aquele bairro ficaria de fora, aquele distrito ficaria de fora. Outro caso emblemático também é de Casimiro de Abreu, o primeiro distrito é na BR 101, que tem uma característica bastante rural, próximo dali de Silva Jardim e da Aldeia Velha. O segundo distrito, que tem Barra de São João, como localidade principal, que fica embaixo colado ao Rio das Ostras, à beira mar, é de outra realidade, as pessoas falam línguas diferentes, inclusive tem um movimento lá de emancipação de Barra de São João, ou de vinculação de Barra de São João a Rio das Ostras. Isso obrigava que nós fizéssemos reunião no primeiro distrito e também em Barra de São João. Nas reuniões de consolidação fazíamos uma no primeiro distrito, outra no segundo distrito, contando com a cooperação e a parceria da prefeitura para garantir Van, ou Kombi, ou ônibus, para que a gente fizesse o transporte desse pessoal. Foi uma demanda que a gente não previu, mas que foi importante para que o projeto tivesse mais visibilidade e mais credibilidade. Basicamente isso aconteceu só no setor comunidade, no terceiro setor também houve uns casos. Mas no setor público, se você fazer uma reunião na câmara de vereadores, uma reunião na prefeitura, se conseguir reunir 20 ou 30 pessoas, se cada um representa um órgão da prefeitura, um órgão público está muito bem representado. No segundo setor também se você tem ali a Associação Comercial, a Associação Industrial, representantes de cooperativas, o produtor rural, meia dúzia de pessoas, está super bem representado. No terceiro setor também tirando Rio-Niterói, basicamente, Friburgo e São Gonçalo, situações onde você tem um número maior de ONG’s, na maioria dos municípios você tem meia dúzia de instituições, mas comunidade cada bairro é uma realidade, tem uma representação e a gente também tinha essa preocupação de encontrar, identificar lideranças naturais. Eu trabalhei aqui na prefeitura do Rio por vários anos também. Algumas vezes a gente ia à determinada comunidade, chegava lá e dizia: “Eu quero falar com o presidente da Associação dos Moradores”, vinha lá o cidadão, quando você conversava com o cara, você via claramente que ele não tinha representação de atividade nenhuma, ele era meramente um instrumento do narcotráfico, enfim, da estrutura dominante do local, que impunha aquele nome como presidente da Associação de Moradores. A sociedade não participava, não discutia etc. Aquele cara era o representante mas não representava o coletivo, não tinha nem noção em alguns casos, então é muito mais importante em situações como essa você identificar lá o Seu João que é o fundador da comunidade, que é um dos primeiros moradores, que conheceu todo mundo que nasceu ali, como foi o processo de ocupação, o que era antes, o que vinha a ser depois. Esse cara é um líder importante que precisa participar, ainda que ele esteja distante de qualquer estrutura institucional de participação de poder. Nós tivemos também essa liberdade, deu um pouco mais de trabalho, mas por outro lado nos deu a oportunidade de conhecer e de articular com o universo muito mais heterogêneo, muito mais diverso e foi bastante rico, um processo realmente muito interessante. AGENDA 21 LOCAL / ELEIÇÃO DE REPRESENTANTES A grande maioria dos representantes das agendas locais está ligada a uma representação institucional, é uma discussão que a gente não interferia, na verdade nós dizemos o seguinte: “Todos os que participam das reuniões tem direito a sua opinião.” Na hora de informar os critérios nó sugeríamos, mas em cada município eles adotavam os seus critérios. Nós sugerimos um critério de participação com um mínimo de participação, se nós temos seis reuniões ordinárias durante esse processo, qual o mínimo de participação? A maioria dos municípios optou por três, então ficou 50 % de participação nas reuniões formais. É importante que tenha uma igualdade quantitativa entre os sexos e um equilíbrio geográfico, com cada distrito sendo representado. Se você tem sete representantes e o município tem cinco distritos, você já está pré definindo que cada uma dessas cinco cadeiras vai ter que sair dessas regiões e as outras duas por outros critérios. Eles construíam os critérios, nós íamos sugerindo na medida em que era o nosso papel ser um facilitador do processo. Mas na hora de definir foram pouquíssimos os líderes que não estavam representando alguma instituição formal. AGENDA 21 COMPERJ / REUNIÕES Na primeira fase a metodologia prevê a apresentação dos 40 capítulos da Agenda 21. Nós abríamos a reunião fazendo uma apresentação do Comperj. Uma apresentação super rápida, até porque paralelamente a isso tinha um programa acontecendo, que era a Caravana Comperj, informando o que era empreendimento. Fazíamos uma abertura sobre o empreendimento e em seguida fazíamos um preâmbulo sobre o que era a Agenda 21, de onde veio, o que é Agenda 21 Global, Agenda 21 Brasileira e a Agenda 21 Local, entrávamos na metodologia apresentando um jogo de uma espécie de questionário, para cada um dos participantes dizerem em que estágio consideram que está seu município diante cada um dos capítulos da Agenda 21, com relação ao lixo doméstico, o esgoto sanitário, a situação dos transportes, a preservação dos ecossistemas de montanha, a qualidade de abastecimento de água. Para cada um desses 40 capítulos da Agenda 21 as pessoas respondiam ali em que estágio elas consideravam que estava a cidade. Estágio um, um estágio menor e o estágio quatro, o estágio máximo. É como se fosse o estágio ruim, regular, bom e ótimo. Depois a gente começava discutir problemas dentro do município, dentro de cada um desses capítulos. Para essa fase foram três reuniões ordinárias, onde as pessoas chegavam, davam suas opiniões, havia muita discussão, também discussão partidária Nós fizemos esse trabalho, começou em dezembro de 2007 e logo no começo de 2008 a discussão nos municípios sobre eleição municipal começava a tomar as ruas, então muita gente achava que esse era um projeto também usado como um trampolim eleitoral. Tínhamos que quebrar um pouco essa questão despartidarizando a discussão. Enfatizávamos que a discussão ali era de cidadão participando da construção de um diagnóstico, de uma visão sobre a sua cidade. Depois na fase de plano, fizemos mais três reuniões com base nos problemas apontados pelos diagnósticos apresentados. Quais são as propostas que cada setor entende como interessante para se solucionar aquele problema? Construímos um plano dentro do setor. Depois da sexta reunião ordinária fazemos a escolha dos cinco representantes titulares e os dois suplentes de cada um desses setores. Esse processo iniciou em dezembro de 2007 e foi até agosto de 2008, nas 15 cidades, cada uma das quatro ONG’s trabalhando dentro dos 15 municípios, cada uma com seus setores. Foi um processo intenso, muitas reuniões, muitas viagens, mas muito rico também, conseguimos produzir um material bastante interessante. AGENDA 21 COMPERJ / QUESTÕES FREQUENTES A questão de abastecimento de água é bastante sensível em alguns municípios que não tenham abastecimento regular. Sem água ninguém vive. Questões de transporte, trabalho, renda e esgoto aparecem bastante. Quando a gente fala em saneamento, é saneamento ambiental, que não é só saneamento de esgoto, o saneamento ambiental engloba desde o abastecimento, tratamento, transporte e o fornecimento da água, até o destino final do esgoto. A falta de tratamento de esgoto é violentíssima, 70% das ocorrências de saúde pública do estado do Rio são provocadas por doenças que se originam desse ambiente. São pessoas que tem contato com esgoto não tratado, com o lixo, com vetores que bebem água contaminada, um tipo de problema que nos países desenvolvidos foi resolvido já no século XIX, nós em pleno século XXI, ainda persistimos em enfrentá-los. Basicamente, são esses problemas: saneamento ambiental, geração de emprego, renda e transportes. AGENDA 21 COMPERJ / DIFICULDADES A principal dificuldade ocorreu principalmente porque era um ano eleitoral e no meio do processo eleitoral alguns prefeitos já não tinham como se reeleger e a gente não sabia quem seria o prefeito eleito no futuro, então estávamos discutindo a construção de um plano de desenvolvimento com representantes de órgãos públicos nos municípios porque havia o compromisso do setor público, mas a gente não sabia se eles continuariam no seus cargos e se de fato aqueles compromissos que estavam assumindo, com setores da sociedade ali envolvidos, seriam cumpridos. Esse é o grande desafio. Porque você fecha um plano para o futuro. Estabelece, por exemplo, que no ano que vem a meta é melhorar a qualidade de educação, produzir uma maior distribuição de água potável de qualidade, mas no ano que vem aquela pessoa já não é mais responsável por aquilo, fica muito difícil de se manter o acordo, a pessoa que entra, que substitui o outro diz: “Mas eu não participei dessa discussão, como é que posso cumprir um compromisso que não foi eu que assinei?” Na verdade a gente tem que entender que o compromisso é institucional, quem assumiu não foi o prefeito, foi a prefeitura, foi a representação do poder executivo municipal. Quem entra no cargo depois deve ter responsabilidade sim, especialmente quando é uma questão que diz respeito a um acordo coletivo, um processo de construção coletiva, essa é a grande dificuldade, permanece o grande desafio de tirar do papel, porque no papel as letras podem assumir formas muito bonitas, interessantes, mas se elas não se traduzirem na realidade, não tem efeito prático nenhum. Esse é o grande desafio, eu acho que é a responsabilidade principal do empreendimento Comperj, porque ele tem uma força, um simbolismo e uma presença econômica muito grande que de fato pressiona o setor público a cumprir com os acordos que foram construídos, a cumprir a sua parte, afinal de contas são aportes de recursos muito grandes que estão chegando na cidade. Esse desenvolvimento econômico vai acontecer, já está acontecendo, o desenvolvimento populacional também, agora os recursos devem ser trabalhados de uma maneira transparente, a sociedade tem que saber para onde estão indo os recursos públicos, tem que conhecer quais são os planos de habitação, quais são os planos de transporte, os planos de infra-estrutura para que esse crescimento econômico não possa gerar mais problemas do que soluções. AGENDA 21 COMPERJ / FASE DO PROJETO Nós estamos encerrando os relatórios, os planos foram fechados, nós instituímos os fóruns e os planos da Agenda 21. Os diagnósticos e os planos setoriais foram consolidados também. De que maneira? Depois desse processo setorial as quatro ONG’s e os representantes dos quatro setores, que é o chamado Fórum Local da Agenda 21, fizeram encontros durante alguns dias, primeiro para consolidar o diagnóstico. Tínhamos quatro diagnósticos, um de cada setor, e aí o fórum definiu, consolidou isso num documento único, hoje nós temos o diagnóstico de cada um dos 15 municípios. As propostas de planos que foram elaboradas em cada um dos quatro setores dos 15 municípios também foram consolidadas por esse fórum e transformadas em um plano para cada uma das cidades, essa é uma publicação que deve sair provavelmente no mês de setembro agora de 2009, no mês que vem. Nós vamos entregar a cada um dos municípios. O que nós esperamos é que haja uma continuidade desse projeto, especialmente com um assessoramento para os fóruns municipais, para que eles tenham condições de se organizarem internamente e se consolidarem como fórum. FÓRUM REGIONAL COMPERJ O Fórum Regional foi criado em agosto de 2007 num grande encontro lá em Itaboraí, o mandato dele, portanto, terminava em agosto de 2008, após dois anos, mas ele teve o mandato prorrogado até, se eu não me engano, dezembro de 2008. Depois não se resolveu como é que seria a dinâmica para a eleição de um novo fórum, na minha visão o que deveria ser feito para se eleger um fórum novo, deveria ser retirado dos representantes dos fóruns municipais, temos hoje 15 fóruns municipais da Agenda 21 criados, eu acho que esses fóruns deveriam indicar os representantes para formação do fórum regional, para que de fato eles tenham uma relação mais íntima, por que o que aconteceu? Infelizmente, eu acho que a criação do fórum em agosto de 2007 foi prematura, porque apesar de um esforço grande de divulgação, muita gente não soube o que iria acontecer, foi um encontro de um dia apenas, num domingo e durante o dia as pessoas que estavam lá puderam se candidatar para serem eleitas representantes do fórum, isso acabou gerando uma série de distorções, questionamentos, porque quando você chegava nos municípios o cara dizia que era de um setor e na verdade não era, mas na hora da eleição, por conta de um acordo para acomodar aquela representação, acabaram fechando algumas articulações, que no final deram problemas, então na minha visão acho que o novo fórum deve ser formado a partir dos fórum municipais, de baixo para cima e não de cima para baixo, como foram feitos naquela ocasião. GRUPO GESTOR / PETROBRAS, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E SECRETARIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE A relação é muito boa, nós tínhamos uma relação muito mais próxima com a Petrobras e com o Ministério do Meio Ambiente. A Secretaria Estadual do Ambiente não teve condições porque a estrutura da Agenda 21 da Secretaria Estadual do Meio Ambiente era uma estrutura ainda muito pequena e eles tinham uma série de agendas para cumprir, afinal de contas, eles não viviam exclusivamente dessa Agenda 21. Eles não tiveram tão presentes, participaram, mas nem tanto. Mas com a Petrobras e com o Ministério do Meio Ambiente foi uma relação sempre muito boa, muito positiva, tivemos momentos, é claro, de discussão, de divergências, de ponto de vista, de divergência metodológica, o que é natural num processo desse tipo, de uma construção coletiva, mas é sempre uma relação muito respeitosa, muito correta, muito profissional. HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS Ah, tem várias histórias, difícil é lembrar algumas assim exclusivamente. Bom, estava previsto no curso do projeto a gente promover o lanche, para servir para os participantes e, no nosso caso, era sempre uma grande incógnita, nós comprávamos um lanche, imaginávamos que poderiam ter umas 30 pessoas, 40 pessoas, mas numa ocasião em Friburgo, na semana do meio ambiente, marcamos num auditório de uma universidade – Rapaz – quando eu cheguei ao auditório que eu olhei pela porta eu falei: “Deve ser outro evento, acho que meu encontro é em outro lugar”, porque o auditório estava completamente tomado, as pessoas sentadas nas escadas, mais de 250 pessoas, eu olhei e pensei “Não, é aqui a reunião, volte lá para comprar mais lanche.” O lanche, é claro, não ia dar nunca para aquele mundo de gente. Foi uma situação muito engraçada porque a gente como facilitador, o nosso papel é de estimular as pessoas a participarem e com 250 pessoas era um negócio absolutamente grande. Na hora eu me senti o Silvio Santos no auditório: “Quem quer dinheiro?” Tanta gente levantava a mão, ficava difícil de conduzir, de dar oportunidade a todo mundo para falar, porque o tempo de reunião era curto e a pauta era sempre muito grande, mas tiveram histórias sensacionais, foi um processo muito rico. REGIÃO COMPERJ / EXPECTATIVAS O futuro vai ser melhor do que é hoje, porque hoje nós temos na maioria desses municípios ainda muita gente com muito pouco acesso, há uma condição melhor de vida, mas me preocupa muito o compromisso que as autoridades públicas venham a ter de fato com a oportunidade histórica que nós estamos tendo, de ter um desenvolvimento fundamentado no crescimento econômico associado com a justiça social e o equilíbrio ambiental, é uma oportunidade muito legal que nós temos, pela primeira vez na minha vida, já vivemos bocados de tempos, eu também não tenho conhecimento de nenhuma história anterior a essa em que antes do empreendimento chegar e se instalar e começar a funcionar ele tenha convidado a sociedade a participar, discutir o seu futuro. A gente tem que realmente louvar essa oportunidade e não deixá-la passar, não perder essa chance de mostrar que a sociedade se compromete, participa, colabora, porque historicamente nós vimos que o papel da sociedade tem sido muito de cobrança, “eu cobro, eu cobro”, mas a gente tem que cobrar e também tem que contribuir, e nesse processo nós tivemos uma chance muito grande de contribuição, tivemos contribuições muito positivas, eu acho que aí está a mudança de um paradigma, uma oportunidade que nós mostramos para o Brasil que aqui em 15 cidades coladinhas na região Leste e região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro, nós tivemos uma oportunidade e aproveitamos, eu espero que a gente possa festejar no futuro a consolidação desse trabalho. MEMÓRIA PETROBRAS Eu gostaria de registrar é que eu vim para cá sem saber muito bem o que ia acontecer, me falaram que tinha um negócio, uma produção de um vídeo. E eu quero dar os parabéns a iniciativa de vocês, o trabalho de vocês é fundamental para que a gente não perca a nossa memória. Você consegue fazer um futuro melhor se você entender o que aconteceu no passado, não tem que estar reinventando as coisas o tempo todo, então queria deixar registrado isso, parabéns a vocês e espero que esse projeto possa desenvolver bastante e que a gente tenha oportunidade de conhecer um pouco mais o Brasil e as pessoas que povoam e constroem esse país maravilhoso.
Recolher