IDENTIFICAÇÃO Eu me chamo Dulce Tupy Caldas, nasci em Campinas, São Paulo, no dia 30 de junho de 1948. Sou jornalista, escritora e pesquisadora de cultura popular, particularmente música popular brasileira. No momento, sou microempresária, dona da Tupy Comunicações, que edita o jornal O Saquá, da cidade de Saquarema, litoral norte fluminense. JORNAL O SAQUÁ Acabamos de fazer, em julho, nove anos de idade, do jornal O Saquá, o que é um recorde para um jornal pequeno, de uma província como Saquarema. Com empenho, a gente conseguiu manter esse projeto, principalmente, porque eu acreditei na mídia local, num momento em que todo mundo queria trabalhar com a mídia regional, jornais que abrangiam três ou quatro municípios. Eu disse: “Não, é o contrário”. Eu vinha de uma experiência em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde trabalhei em grandes jornais e revistas. Trabalhei na Revista Visão, durante sete anos e meio; trabalhei na Veja e na Isto É. Trabalhei para o Estadão e fiz algumas matérias para o caderno cultural da Folha de São Paulo. Então, eu tinha uma experiência de grande imprensa. No interior, eu observei que a gente devia trabalhar justamente no sentido contrário: era a mídia local. Eu só conseguiria penetrar naquela sociedade se trabalhasse com as questões específicas da terra, porque as pessoas já encontravam na televisão o [conteúdo] geral, matérias nacionais e internacionais. O que elas não tinham eram [informações] sobre o que acontecia no bairro ao lado. Meu jornal se caracterizou por pioneirismos, nesse aspecto de se estabelecer em Saquarema para uma mídia bastante localizada, dando informe sobre os bairros, sobre as personalidades locais, trabalhando a memória da cidade. Talvez isso tenha me levado a me jogar plenamente no projeto da Agenda 21. COMPERJ / PRIMEIRO CONTATO O meu primeiro contato com o Comperj [Complexo Petroquímico do Rio de...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Eu me chamo Dulce Tupy Caldas, nasci em Campinas, São Paulo, no dia 30 de junho de 1948. Sou jornalista, escritora e pesquisadora de cultura popular, particularmente música popular brasileira. No momento, sou microempresária, dona da Tupy Comunicações, que edita o jornal O Saquá, da cidade de Saquarema, litoral norte fluminense. JORNAL O SAQUÁ Acabamos de fazer, em julho, nove anos de idade, do jornal O Saquá, o que é um recorde para um jornal pequeno, de uma província como Saquarema. Com empenho, a gente conseguiu manter esse projeto, principalmente, porque eu acreditei na mídia local, num momento em que todo mundo queria trabalhar com a mídia regional, jornais que abrangiam três ou quatro municípios. Eu disse: “Não, é o contrário”. Eu vinha de uma experiência em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde trabalhei em grandes jornais e revistas. Trabalhei na Revista Visão, durante sete anos e meio; trabalhei na Veja e na Isto É. Trabalhei para o Estadão e fiz algumas matérias para o caderno cultural da Folha de São Paulo. Então, eu tinha uma experiência de grande imprensa. No interior, eu observei que a gente devia trabalhar justamente no sentido contrário: era a mídia local. Eu só conseguiria penetrar naquela sociedade se trabalhasse com as questões específicas da terra, porque as pessoas já encontravam na televisão o [conteúdo] geral, matérias nacionais e internacionais. O que elas não tinham eram [informações] sobre o que acontecia no bairro ao lado. Meu jornal se caracterizou por pioneirismos, nesse aspecto de se estabelecer em Saquarema para uma mídia bastante localizada, dando informe sobre os bairros, sobre as personalidades locais, trabalhando a memória da cidade. Talvez isso tenha me levado a me jogar plenamente no projeto da Agenda 21. COMPERJ / PRIMEIRO CONTATO O meu primeiro contato com o Comperj [Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro] foi através de uma notícia, em grandes jornais, sobre o projeto de estabelecimento de um complexo petroquímico no Rio de Janeiro. Era muito vago. Foi uma notícia que eu tentei reproduzir no meu jornal, dando alguns lances. A própria Petrobras me passou o release e eu fiz uma matéria sobre isso, em abril de 2006, no jornal O Saquá. Foi bastante impactante, principalmente porque falava do aspecto de geração de emprego e renda e isso é muito importante pra cidade. Foi fantástico. Todo mundo ficou esperançoso. Não se falava nem em Comperj, era complexo petroquímico. Depois é que veio a sigla Comperj. Isso foi em abril de 2006, meu primeiro contato com o Comperj. CARAVANA COMPERJ A matéria teve um impacto grande na cidade. Vinham me perguntar ou me telefonavam. Saquarema é uma cidade muito pequena, de 70 mil habitantes. As pessoas realmente se interessaram pela questão: “Como vai chegar?”, “O que será esse complexo petroquímico?”, “O que ele vai fabricar?”, “O que é um complexo petroquímico?”, “Qual é seu produto final?”. Ninguém sabia direito, tanto que foi muito importante, mais tarde, a chegada da Caravana Comperj. As primeiras caravanas sobre o Comperj, promovidas pela Petrobras, quando chegaram a Saquarema, pareciam um circo. Foi uma alegria As pessoas jogaram toda sua esperança naquilo. Para Saquarema, aquilo era uma super produção. Ninguém tinha visto tanta gente reunida pra discutir um projeto pra cidade. Foi inédito. Pela primeira vez se reuniram entre 600 a mil pessoas. Era muita gente. Eu fotografei e documentei para o jornal. Algumas pessoas da Petrobras fizeram palestras e mostraram, através de PowerPoint, pequenos vídeos do que seria o complexo petroquímico, ainda com projeções. Foi um jato de esperança, para uma cidade que estava com tantas carências naquele momento. A caravana chegou entre 2006 e 2007. ECO 92 Eu participei da Rio 92. Na época, eu trabalhava como assessora de imprensa da Comissão Indígena Internacional. Nós nos reunimos aqui no Fórum Global, paralelo à Rio 92, no Aterro do Flamengo. Eu trabalhei com 150 representantes, de etnias indígenas diferentes, de todos os continentes do mundo. Foi importantíssimo. Assim como tinha reunião dos religiosos e das mulheres, tinha também dos índios. Eu trabalhei com o Cacique Juruna. Tive que segurar uma barra danada com o Juruna, na hora em que ele resolveu sair, durante a Rio 92, com uma pele de onça enrolada nas costas. Foi um escândalo. Eu tive que explicar pra imprensa que pra ele aquilo era um troféu, não era nenhum ato de agressão à natureza, porque a onça comia as crianças na aldeia. Eu tive esse contato. Tive o privilégio de vivenciar a primeira vez que se falou em Agenda 21, na Rio 92. Isso foi super gratificante, porque, além do trabalho meramente profissional, eu tive um estalo. Pude perceber o alcance do que é um processo de Agenda 21 e a profundidade, se isso for levado a sério. ASSOCIAÇÃO DE MORADORES Eu era diretora do Museu Carmem Miranda, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, quando fui morar em Saquarema. São aquelas coisas que acontecem de repente na nossa vida e a gente fica desestabilizada. Eu tinha uma casa de veraneio, em Saquarema, e disse: “Por que não morar numa cidade pequena. Acho que posso me dar ao luxo ou deleite de morar numa condição melhor do que no Rio de Janeiro, em um apartamento.” Eu nunca gostei [de apartamento], sempre gostei da natureza. Eu tinha essa casinha, abandonada em Saquarema, e a reconstruí. Indo pra lá, verifiquei que só havia ônibus no bairro durante a época de turismo. No resto do ano, não tinha ônibus. Eu e meu marido fundamos a associação de moradores do bairro, para poder lutar por melhores condições de transporte, porque a gente precisava sair de casa e, sem carro, não se podia sair de casa. Fiz uma luta muito grande pra trazer o ônibus pra comunidade. Fundamos outras associações de moradores, em outros bairros, e acabamos fundando a Federação das Associações de Moradores e Amigos de Saquarema, famosa, vinculada à Famerj - Federação das Associações de Moradores do Estado do Rio de Janeiro. AGENDA 21 LOCAL / SAQUAREMA Isso possibilitou que nós tivéssemos um contato mais articulado com o processo de Agenda 21, que vinha sendo implantado, em nível de Governo Federal. O Brasil começava a sua Agenda 21; o Estado do Rio de Janeiro começava a discutir a possibilidade e buscava na Famerj um ponto de apoio. Foram publicadas pequenas cartilhas, que nós, em Saquarema, distribuímos, empolgados com o assunto. Realizamos inclusive uma palestra sobre a Agenda 21 na Câmara Municipal, onde conseguimos a façanha de reunir vários poderes: o Poder Executivo, com a presença do presidente da Câmara; o Poder Legislativo e o Poder Executivo, representado pelo prefeito da cidade. Tratava-se de uma palestra sobre a Agenda 21, promovida pela Federação das Associações de Moradores. Isso foi entre 1997 e 1998. Chegamos a criar um projeto de lei de Agenda 21, pra ser sancionado pelo prefeito Carlos Campos. Mas o prefeito teve um AVC [Acidente Vascular Cerebral] e veio a falecer. Foi substituído pelo vice, que engavetou o projeto durante muitos anos. Nós também passamos por outros processos na nossa vida pessoal, acabamos saindo do movimento comunitário e entrando numa vida empresarial, com o jornal O Saquá. Eu e meu marido Edmilson partimos pra esse empreendimento, acreditando na mídia local; sempre ligados à questão comunitária. Eu acho que a gente tem realmente aquela máxima da Rio 92: pensar globalmente e agir localmente. É um lema pra vida, tem que ser assim: é preciso agir, mas precisa se pensar no global. A gente vê uma mudança climática ocorrendo na Indochina e depois vê, em Saquarema, o mar invadir as casas vizinhas e derrubar os quiosques na beira da praia. Nunca aconteceu um tufão, um furacão ou um ciclone extratropical. O jornal reflete a matéria local, mas sempre mostrando a causa global. A gente não pode pensar Saquarema isoladamente. AGENDA 21 COMPERJ / SAQUAREMA Ficou uma frustração. A gente tinha começado um processo, mobilizamos a comunidade, lotamos a Câmara, fizemos uma comissão, conseguimos montar uma comissão no Legislativo com três vereadores, estivemos vinculados a Famerj, nesse processo de criação da Agenda 21; fomos a Rio das Ostras, onde fizemos reuniões regionais sobre a Agenda 21. Mas tudo desapareceu. O movimento comunitário tem fluxos e refluxos, é uma coisa que cresce e desaparece. É uma coisa muito dinâmica, tem essas idas e vindas. Aquele processo de Agenda 21 ficou adormecido, porém quando chegou a caravana Comperj e tocou na questão da Agenda 21, eu me senti imediatamente estimulada para retomar esse discurso e tentar viabilizar esse projeto. Eu disse: “Puxa vida, se a Petrobras tem condições de dar realmente um apoio efetivo, [isso pode sair].” Os prefeitos do interior são muito precários, não têm condições de perceber o que é uma Agenda 21, assim como os vereadores. A gente tem que sensibilizar essas categorias aos poucos, lentamente; o mesmo ocorre com a própria população. Foi o que a gente fez. Começamos a publicar incessantemente, no jornal, matérias sobre a Agenda 21. Demos uma cobertura total à Petrobras, mostrando o que era o Comperj e qual a proposta da agenda 21 Comperj. AGENDA 21 COMPERJ / ELEIÇÃO FÓRUM REGIONAL Quando teve a reunião pra eleger os membros da Agenda 21 Comperj para o fórum regional, eu fui lá como jornalista para cobrir, não fui para ser eleita. Mas como não tinha empresários da cidade e eu era uma empresária, essa representação me foi imposta: “Você é uma empresária, pode representar.” Eu assumi a condição de representante de Saquarema, forçosamente, por falta de outras opções, de outros empresários que se interessassem pelo assunto. Ao retornar pra Saquarema com essa representação, a gente fez um trabalho de organização do empresariado local. Fizemos reuniões; algumas tinham 20 pessoas, outras 30 ou 40. No total, cerca de 60 empresários foram atingidos diretamente pela questão da Agenda 21 Compej. Foram sensibilizados pela proposta e, hoje, estão cobrando o retorno disso e querem avançar. AGENDA 21 LOCAL / SAQUAREMA / LEGISLAÇÃO O poder público, tanto o Legislativo como o Executivo, ficou meio em guarda. A Lei foi promulgada, mas erroneamente, sem representação em paridade. Em época de campanha eleitoral não se consegue fazer lei nenhuma. Foi o que aconteceu em Saquarema. A lei foi feita como uma coisa oportunista: “Estão falando muito no jornal sobre a Agenda 21, então vamos fazer a nossa lei da Agenda 21.” Fizeram sem saber o que aquilo representava. O Poder Legislativo tomou a frente e fez a lei sem consultar a sociedade civil. A lei saiu toda torta, toda errada e pra consertar isso foi necessária uma negociação de quase um ano. Recentemente, há cerca dois meses, nós conseguimos finalmente modificar essa lei e fazer uma que contemplasse a paridade proposta pelo próprio fórum da Agenda 21 Comperj, que é uma proposta muito inteligente. Eu parabenizo as pessoas que pensaram essa composição da Agenda 21. Foi o Comperj que trouxe isso pioneiramente: dividir a representação em quatro setores. Isso é extraordinário, porque, até então, se dividia em dois setores ou, no máximo, três. Incorporar o setor comunitário como a Petrobras propôs, através da Agenda 21 Comperj, foi uma revolução em termos de pensar a Agenda 21 no Brasil. O setor comunitário é o menos favorecido, é aquele que nunca tem voz; são as associações de moradores, as colônias de pesca e os pequenos produtores rurais, assim como o movimento de mulheres e movimento negro. Esses pequenos ficaram aglutinados no setor comunitário. Uma coisa que eu achei moderna foi a incorporação do setor produtivo, o setor empresarial, do qual eu faço parte, como empresária do setor de mídia de Saquarema. AGENDA 21 COMPERJ / ELEIÇÃO FÓRUM REGIONAL A Petrobras divulgou que haveria uma reunião, em Itaboraí, num determinado dia do ano de 2007. Ninguém sabia direito o que seria. Foi colocado ônibus e tudo à disposição. As pessoas foram pra lá e, quando chegaram, viram que haveria um processo eletivo para eleição dos representantes de cada setor, para cada um dos 15 municípios do entorno do Comperj. Foi ali que a gente tomou contato com essa questão dos quatro setores. O primeiro setor seria o setor público; o segundo setor, o empresarial; o terceiro setor, as ONG’s [Organização Não Governamental] e o quarto setor, o comunitário. Nós de Saquarema nos subdividimos em setores. Foi quando eu descobri que éramos eu e mais dois empresários. Eles me elegeram representante de Saquarema, ou melhor, me empurraram para essa representação. Nós conseguimos eleger um representante da comunidade, a Layla Garrido; um representante do poder público e um das ONGs. Estes dois não funcionaram muito. Não nos conhecíamos direito, fomos pegos de surpresa, foi um processo meio de forçação de barra. Funcionou mais em alguns municípios e menos em outros. No nosso município, para 50% [do grupo] foi ótimo, porque o setor comunitário da Layla funcionou e o setor empresarial, que eu coordenei, também funcionou muito bem. O Poder Público foi aquilo que eu falei, [ficou comprometido] por ser período eleitoral; acredito que não tenha acontecido isso só em Saquarema, mas também em outros municípios. Houve uma tentativa de manipulação do setor público nesse período eleitoral e acabou não funcionando. Em Saquarema, o setor mais frágil [da Agenda 21] é o setor público. AGENDA 21 LOCAL X AGENDA 21 COMPERJ A Agenda 21 Comperj e a Agenda 21 Local acabaram por se confundir. No começo, elas eram separadas. Existia aquela tentativa antiga de se fazer uma Agenda 21 e, depois, veio a Agenda 21 Compej. Elas foram se entrelaçando, até porque tivemos um processo de capacitação [do Comperj sobre a Agenda 21]. Esse processo de capacitação mostrou que uma coisa tinha a ver com a outra. Foram crescendo juntos e se fundiram. Hoje, a Agenda 21 de Saquarema é a Agenda 21 Comperj. As coisas estão juntas, misturadas. AGENDA 21 COMPERJ / CAPACITAÇÃO Foi complicado desviar-me do meu trabalho profissional e tirar um pedacinho de tempo pra um trabalho comunitário. Isso não deixa de ser um trabalho voluntário, um trabalho que leva tempo e que, às vezes, nos aborrece e nos desgasta muito. Eu não me arrependo [de tê-lo feito], porque foi uma riqueza muito grande, principalmente com relação à capacitação que tivemos. Foi um privilégio para quem soube aproveitar. A capacitação foi fornecida pela Petrobras e trouxe tudo o que se conhece hoje de Agenda 21, porque foi feito junto com o Ministério do Meio Ambiente e com a Secretaria de Estado do Ambiente. Aplicou-se uma metodologia totalmente inovadora; os 40 capítulos da Agenda 21 foram resumidos em 40 mini-capítulos. Foi uma coisa muito bem bolada. Ao se responder as perguntas de cada capítulo, a gente refletia sobre a realidade local e, ao mesmo tempo, comparava com a realidade global, nacional e estadual. Conseguimos fazer um diagnóstico muito rico. As pessoas se viram como se olhassem pela primeira vez a própria cidade; falavam: “Puxa vida, nós temos um hospital, com cinco leitos de UTI, mas ele não funciona bem.” Isso foi resolvido dentro dos 40 capítulos da Agenda 21. Esse processo foi de uma riqueza enorme. Foi totalmente movido pela Petrobras, através do projeto Agenda 21 Comperj, nos 15 municípios. Isso a gente acompanhou e foi realmente muito bom. AGENDA 21 COMPERJ / PLANO DE AÇÃO Nós nos reuníamos pra fazer esse trabalho coletivo. Depois, nós fomos levados para uma oficina onde aprofundamos esse diagnóstico participativo, porque as primeiras perguntas eram muito vagas. Ele foi se modificando ao longo do tempo. As respostas a essas mesmas perguntas foram feitas e refeitas em diversos planos. Num primeiro momento, em Saquarema, e num segundo momento, num fórum menor, dentro de um processo de capacitação, em Rio Bonito, num hotel fazenda. Tivemos três dias de intenso trabalho, sobre essa questão dos capítulos da Agenda 21, apontando para soluções. Era um diagnóstico participativo, com propostas concretas de ação para a nossa cidade. Foi uma briga danada, porque alguns queriam isso e outros queriam aquilo. Alguns tinham uma visão mais curta, outros tinham uma visão mais a longo prazo. Conseguimos fazer um projeto pra Saquarema, um plano de desenvolvimento sustentável. Estamos na fase de fechar esse plano e tentar, junto ao Poder Público de Saquarema, a legitimação da nossa representação, até hoje não foi feita. AGENDA 21 LOCAL / SAQUAREMA Nós aprovamos a lei com as mudanças que queríamos, dividida em quatro setores. Foi o primeiro município a conseguir uma lei que contemplasse os quatro setores; talvez o primeiro município do Brasil. Agora, se trata de nomear os seis representantes e os respectivos suplentes. A nomeação precisa ser feita pela prefeita. A prefeita assinou a mudança da lei, mas ninguém nunca veio nos perguntar como é que fica. Estamos pensando em apresentar uma proposta concreta com os nomes, deixando em aberto apenas o setor do Poder Público, porque é de responsabilidade dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas, no setor empresarial, por exemplo, a gente vai tirar os nossos seis nomes de representantes, entre aqueles que têm trabalhado conosco no fórum da Agenda 21 Comperj. As ONG’s já têm seus nomes e seus suplentes e a comunidade também está se articulando pra apresentar seus nomes. Nesse momento, estamos vivendo essa fase, para a apresentação dos nomes para um mandato de dois anos e constituir efetivamente o fórum da Agenda 21. O que existe agora é um pré-fórum da Agenda 21 Local. Tudo isso foi estimulado pelo fórum maior, da Agenda 21 Comperj, que creio dará resultados bastante interessantes, quando começar a funcionar efetivamente. Atualmente, deu uma paradinha. Vamos ver como é que fica. AGENDA 21 LOCAL / SAQUAREMA / LEGISLAÇÃO A primeira versão da lei, em Saquarema, não contemplava a paridade. Tinha 24 cadeiras, mas totalmente aleatórias. Previa seis vereadores: quem vai conseguir trabalhar com seis vereadores? Impossível. O Poder Público todo tem que ter seis pessoas, mas lá não contemplava. Para a comunidade, só tinha a colônia de pesca, se não em engano. Era uma lei totalmente torta e nós endireitamos com muita negociação, com muita habilidade. Houve momentos dramáticos, difíceis, em que diziam: “Não vou fazer, não vamos fazer.” Mas conseguimos. Eu fiz um parecer técnico e isso eu preciso dizer. Chegou um momento em que a coisa estava num impasse e não andava, nem pra frente, nem pra trás. Até as pessoas do Fórum Local da Agenda 21 estavam muito angustiadas. Eu perguntei para o vereador Paulo Renato: “Você quer que eu faça um parecer técnico sobre o assunto?”, “Eu quero”, “Está bem.” Eu sentei, redigi um parecer técnico e o entreguei. Tinha uma lauda só, pra não dar muito trabalho pra ler. Eu defendia essa composição por quatro setores e pra minha surpresa foi aprovado exatamente como eu escrevi. O parecer técnico foi aceito por unanimidade. Eu acho que eles não perceberam que estavam ali em minoria. O Poder Público ficou em minoria, ficou com um quarto da representação; na maioria dos municípios o Poder Público costuma ter metade da representação. Ficou um quarto para o empresariado, outro para as ONG’s e outro para a comunidade. O coletivo da Agenda 21 é composto por 24 representantes e um suplente pra cada setor. Eu acho que vai dar pra fazer um trabalho bem legal, assim que começar. Eu acredito que a gente vai começar rapidamente. Precisamos de uma sala verde; é fundamental um local para nos reunirmos. Nós começamos a nos reunir num centro paroquial da Igreja Católica. Hoje, nos reunimos no Centro Social Madre Maria das Neves, que tem um grande trabalho social com crianças. É tudo muito vinculado à Igreja. Num certo momento, isso foi questionado, porque tinha gente que era evangélica e não queria se reunir na Igreja Católica. Mas, enfim, o que precisava era ter uma sala verde, uma salinha que fosse pra gente botar os materiais. Estamos constituindo uma pequena biblioteca sobre meio ambiente, Agenda 21 e desenvolvimento sustentável. Atualmente, esse material está espalhado nas casas das pessoas que participam do processo, inclusive na minha: está um caos de tanto papel, tantos livros e folhetos sobre Agenda 21 e assuntos correlatos. AGENDA 21 LOCAL / SAQUAREMA / MOBILIZAÇÃO Nós mobilizamos muito pelo nosso jornal; ele cumpriu seu papel, mobilizava as pessoas, por ser o jornal mais lido na cidade. Temos uma tiragem de 3.000 exemplares e atingimos um universo de 12 mil pessoas. Em 24 horas, ele chega a todos os quatro cantos da cidade; temos um processo de distribuição fantástico: tem gente que distribui a pé, outros de bicicleta, nós temos um distribuidor motoboy e um carro. A notícia se espalha feito rastilho de pólvora. “Comperj chegou a Saquarema.” Em 24 horas a cidade toda toma conhecimento do que é Agenda 21 e começa a se fazer perguntas. Saquarema é uma cidade pequena, nada acontece. Uma vez ao mês, sai uma notícia bomba, como essa: “Vem aí a Agenda 21.” Todo mundo quer saber. Muito da mobilização foi conseguida pelo jornal. Os padres da cidade também se sensibilizaram e aderiram a essas propostas. A Igreja Católica chamou pra reunião. Os dois padres são muito favoráveis a ideia da Agenda 21, entenderam isso. Os pastores também entraram, tanto que a Igreja Batista vai promover a primeira conferência de meio ambiente da Igreja Batista, em Saquarema. Impressionante O envolvimento da colônia dos pescadores foi muito importante, porque a cidade tem na pesca um grande referencial, por ter nascido de uma vila de pescadores e manter a tradição da pesca artesanal. A colônia de pesca exerce um papel social importantíssimo; ela foi um grande mobilizador nesse processo. O engenheiro João Batista, da Emater [Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural], trabalhou muito, mobilizou e sensibilizou as pessoas. Chegou um momento que o setor rural queria 50% da Agenda 21. Eu disse: “Eles enlouqueceram; são tão frágeis aqui em Saquarema e agora querem 50% da representação na Agenda 21”. Isso para ver que houve uma luta, uma disputa por esses espaços de representação, o que foi legal, são aqueles momentos dramáticos, mas a gente tem que superar. Hoje, eles estão representados através da Associação de Pequenos Produtores Rurais de Saquarema, que vai entrar nesse bloco da comunidade. Quer dizer, houve uma sensibilização que surgiu com a Caravana Comperj e foi se desmembrando, através de outras experiências, inclusive reportagens, matérias, fofocas, discussão em botequim e na esquina. Enfim, todos os processos foram válidos e incorporados. A Layla tem uma experiência importante, porque ela fez uma mobilização com carro de som, que é uma das coisas mais importantes, numa cidade de interior. [Igualmente eficiente] foi quando o Comperj colocou um trailer redondinho na principal praça de Saquarema, em Bacaxá, e saiu distribuindo folder “O que é Comperj.” De tanto ouvir o que é Comperj e Agenda 21, as pessoas começaram a entender que existia alguma coisa articulada por trás disso. Não era só um jornal falando, ou uma fofoca da esquina, isso tinha uma procedência. Foi aí que a gente ganhou legitimidade para, inclusive, trazer o empresariado, que é [um grupo] muito cético, não aceita qualquer proposta. AGENDA 21 LOCAL / SAQUAREMA / SEGUNDO SETOR [O segundo setor] é complicado, porque as pessoas desacreditam em tudo. É um setor altamente focado no imediatismo do lucro, quer ver resultados. A pessoa olhava aquilo e achava estanho; até ia à reunião, mas dizia: “Quando é que vai começar isso? Quando vai ser?” Enfim, num primeiro momento, não acreditaram. O que nos ajudou foi a nossa credibilidade. O jornal local, normalmente, tem credibilidade. E o jornal O Saquá desempenha uma função muito importante em Saquarema. Fazemos um jornal de notícias, não é um jornal só sobre assuntos esotéricos, só sobre cultura ou esporte. Não É um jornal que procura ser profissional, tecnicamente falando, por isso temos credibilidade no mercado. Então, nossos anunciantes foram as primeiras pessoas que aderiram à ideia de participar de uma reunião, convocada pelo jornal. Foram, gostaram e, hoje, inclusive, nos cobram o retorno disso tudo. As primeiras reuniões do empresariado foram feitas num espaço neutro, no Lions Clube. Fizemos reuniões do empresariado também numa escola pública. Alternamos justamente para não caracterizar a Agenda 21 com um lugar só. Tivemos um problema com a associação comercial. No interior, acontece muito da associação comercial não funcionar efetivamente como tal. Alguém se diz proprietário da associação comercial ou se sente dono, bota a associação comercial debaixo do braço e acabou, fecha as portas e não funciona. É o que acontece em Saquarema. A associação comercial se recusou em participar das reuniões da Agenda 21. Mas os empresários responderam bem. Eu duvido que a Associação Comercial de Saquarema faça uma reunião com a qualidade que atingimos em algumas nossas reuniões para discussão da Agenda 21. Eu acho que estamos no caminho certo. FÓRUM AGENDA 21 LOCAL X AGENDA 21 COMPERJ O Fórum Local [de Saquarema] se estabeleceu dentro dessa formatação proposta pela Petrobras, no Fórum da Agenda 21 Comperj; se fez à imagem do Fórum Comperj, dividido em quatro setores, com um plano de desenvolvimento sustentável dentro da metodologia proposta pelo Comperj. Quer dizer, o Fórum da Agenda 21 Local foi se adequando à formatação da Agenda 21 Comperj. Isso foi muito bom, porque gerou uma riqueza de representantes, de pessoas dos mais diversos níveis de interesses. Ficou um fórum bem variado, bem representativo do município de Saquarema. Quando fomos pra oficina, em Rio Bonito, não houve nenhuma rejeição, ninguém se recusou a ir. Houve algumas resistências, mas foram superadas. A coisa fluiu. Se alguém tinha alguma resistência, ela se quebrou durante o processo de capacitação oferecido pelo Comperj. Assim foi se consolidando o Fórum da Agenda 21 Local. Sem esse apoio [da Petrobras] não teríamos chegado ao ponto que chegamos. Foi fundamental o apoio do Fórum da Agenda 21 Comperj para a consolidação da Agenda 21 local de Saquarema. AGENDA 21 COMPERJ / FÓRUM REGIONAL O Fórum Regional da Agenda 21 Comperj não está se reunindo há algum tempo. Talvez faça parte do próprio processo. Chegou um momento em que era preciso voltar para os municípios e consolidar os fóruns da Agenda 21 Local. Depois de consolidados os planos de desenvolvimento locais, é que se volta ao Comperj para fazer, num novo patamar, os planos regionais. Não se pode pensar nos planos regionais sem antes se ter consolidado os planos locais. É um processo mais complexo. Para se fazer o plano regional será preciso conhecer profundamente o plano local de cada município, para identificar as necessidades reais daquela região. A gente vai passar por esse processo agora. Ainda não chegamos a fazer isso. Atualmente, estamos consolidando as agendas 21 locais. Friburgo, por exemplo, publicou um caderno sobre a Agenda 21 Local de Friburgo. Cada município terá que fazer isso. Em Friburgo, a publicação desse caderno parece ter sido feita pelo Ministério do Meio Ambiente com a Secretaria do Estado; eu não sei se a Petrobras entrou nisso. Enfim, é preciso consolidar esse processo. Depois, a gente vai voltar à questão do Comperj e do projeto regional. Se, por exemplo, todo município for construir um hospital, teremos 15 ou 20 hospitais, o que pode fazer um maravilhoso atendimento numa região. Como serão os corredores verdes? Todos os municípios terão corredores verdes? Como vão ficar as unidades de conservação? E as escolas técnicas; vai ser só uma imensa em São Gonçalo ou vai também melhorar a de Barreto e Niterói? Nós estamos fazendo uma escola técnica em Saquarema, que é produto de negociação do deputado Paulo Melo com o governador Sérgio Cabral. Para a construção dessa escola técnica, o prefeito entrou com o terreno, desapropriou uma área gigantesca. Ela será provavelmente voltada para o Comperj. Mas é preciso uma visão regional. Se tiver uma escola técnica em Saquarema, talvez não precise de outra em Rio Bonito, que fica a 30 minutos de Saquarema. Essa visão regional é posterior a esse processo que estamos vivendo com a consolidação das agendas 21 locais. AGENDA 21 COMPERJ / ONG’S EXECUTORAS Eu tive contato com todas [as ONG’s executoras], na oficina, em Rio Bonito. Elas me solicitaram informação, independente da minha participação no fórum [regional] da Agenda 21 Comperj, porque eu tinha um nível de informação mais sistematizado do que outras pessoas. Houve momentos em que a ONG Ipanema me pediu o plano diretor, porque eles estavam tentando conseguir o plano diretor junto ao poder público e não conseguiam; como eu tenho no meu computador, mandei imediatamente. Então, tive contato com várias ONG’s [executoras]. Quando a Roda Viva me perguntava alguma coisa e me solicitava alguma informação, eu passava imediatamente. Eu me relacionei muito bem com as quatro ONG’s e houve até algum desdobramento na minha relação com uma das ONGs. Eu recebi um convite da ONG Ipanema para uma oficina sobre gênero e água, realizada em Recife, para representantes do mundo lusófono. Eu fui a única representante do Rio de Janeiro. Fui selecionada porque sou militante da Agenda 21 e do comitê de Bacia Hidrográfica Lago São João, do qual faço parte na qualidade de empresária, além de ser fundadora de uma ONG de mulheres, a Ames Associação de Mulheres Empreendedoras de Saquarema. Eu reunia essas qualidades que eles estavam buscando pra fazer essa oficina, em Recife. Foi uma oficina de seis dias, discutindo a questão da água e a questão de gênero, integrada nessa gestão da água. Foi fundamental maravilhosa, importantíssima. Essas ONGs [executoras] fizeram um trabalho muito responsável, muito bom, cumpriram com a missão que se propuseram executar para o Comperj. O Compej foi esperto em detectar essas ONG’s e essas pessoas tão competentes para encaminhar o trabalho. COMPERJ / IMPACTOS EM SAQUAREMA [Os impactos do Comperj na nossa cidade] é a grande interrogação, a grande esperança e expectativa. Saquarema é uma cidade que não tem condições de absorver um impacto grande, como o que será. Aliás, todos os municípios [da região] serão impactados. Imagine um complexo petroquímico, com geração de 212 mil empregos diretos e indiretos, de geração de renda. Fala-se que na praia de Jaconé, que pertence a Saquarema e a Marica, serão construídos dois estaleiros e haverá um porto. Imagine o impacto disso. Eu vivenciei um pouco disso em São Sebastião. Eu sou paulista e, até os meus seis anos de idade, eu morava em São Sebastião, que, depois, virou um porto da Petrobras. Anos depois, eu fui a São Sebastião e tive um choque. Depois da entrada da Petrobras, São Sebastião ficou uma cidade bonitinha, virou um pólo turístico. Mas teve o impacto de vilas imensas, construídas para habitação de engenheiros. Mudou tudo. São Sebastião é outra coisa. Ilha Bela, em frente, passou a ser outro centro turístico; eu a conheci vazia, não tinha ninguém. A Pedra do Sino, em Macaé, também é um exemplo. Tem muitas coisas que a gente sabe que podem ocorrer em Saquarema. A gente não quer um processo de favelização, nem um processo de destruição da nossa natureza. A gente quer a proteção do nosso ecossistema, das nossas praias. A praia de Itauna é conhecida internacionalmente, pela qualidade de suas ondas. A Lagoa de Saquarema foi admirada até por Darwin, que passou por Saquarema antes de fazer a teoria da evolução. Ele observou a riqueza de biodiversidade da restinga. Isso tem que ser preservado. Nós sabemos que [o Comperj] vai ser impactante. Não sabemos de que forma. Sabemos que a escola técnica, que está sendo construída, terá mil alunos, inúmeros professores e funcionários. Eles serão formados anualmente e onde vão trabalhar? Sabemos que vai ser impactante, mas não temos ainda capacidade de avaliação do quanto isso vai modificar a rotina da cidade. Sabemos apenas que deveremos nos preparar pra isso, inclusive tecnicamente, capacitando nossos jovens. AGENDA 21 COMPERJ / REUNIÕES Todo processo tem idas e vindas. É como um trenzinho; algumas pessoas entram numa estação e descem em outra. A gente viu isso. Vimos que em alguns municípios o processo foi muito complicado. Em Saquarema também foi. Teve gente que entrou com todo pique na Agenda 21 e, três meses depois, largou tudo e saiu dizendo que aquilo era uma loucura delirante e que a Petrobras está ali pra explorar as pessoas da Agenda 21. Eu disse: “Meu Deus, a gente está sendo capacitado, está tendo uma gama de informação gigantesca, trocando informação.” É preciso ter uma visão menos simplista da coisa e ver a riqueza do processo. A própria troca de informação entre nós, seja na Agenda 21 Local, seja no fórum [regional] da Agenda 21 Comperj. É uma troca de relacionamento fantástica. Em termos de bizarrice, eu vi gente que entrou e saiu tendo chilique, sem conseguir superar os comuns entraves. Isso a gente viu muito. Foi até muito bizarro. Tiveram casos de pessoas que não suportaram a convivência. MEMÓRIA PETROBRAS Eu acho [esse trabalho] fantástico Eu sempre trabalhei com memória. Memória é tudo. Eu sou autora de um livro sobre memória do samba, chamado Carnavais de Guerra o Nacionalismo no Samba, resultado de uma bolsa de estudos da Funarte [Fundação Nacional de Artes], em 1978. O livro foi publicado em 1985. Por causa desse livro, eu fui à África e à Europa, para pesquisar as raízes do samba. Eu acredito na memória. Não se pode caminhar e ver o futuro, sem passar pela memória de onde se está. Eu acho maravilhoso esse processo da memória, inclusive sempre me admirou muito essa iniciativa da Petrobras e do Comperj em registrar tudo. Tem toda uma história que vai passando e que vai ficar para as futuras gerações. Amanhã, a gente vai olhar muitas coisas e vai até achar engraçado como a gente passou por aquilo. Eu dou parabéns à equipe toda que está trabalhando nesse projeto Memória Petrobras. Parabenizo também o pessoal do Museu da Pessoa, de São Paulo. Eu sempre trabalhei com memória. Fui diretora do Museu Carmem Miranda e sou fundadora do Museu do Carnaval do Rio de Janeiro. Tenho fé na memória. Eu gosto muito de falar, sou muito falante. Sou jornalista. O que tenho de mais forte é a palavra. Eu trabalho com isso e não é complicado falar e fazer um trabalho de memória junto com vocês. Foi muito bacana.
Recolher