Meu nome é Paulo Roberto de Souza, tenho 49 anos, nasci em 10 de julho de 1960, sou natural de Nova Friburgo, do Estado do Rio de Janeiro. Tenho trabalhado ultimamente prestando muitos serviços para a Agenda 21, tanto local, como a Agenda 21 Comperj. Eu tinha uma corretora de seguros, mas por interferência médica foi pedido gentilmente que eu largasse minha profissão por causa do stress, eu sou diabético, insulina dependente, não posso ter tantos problemas, como essa profissão me dava. Atualmente estou trabalhando com a Agenda 21 e escrevendo os projetos. Nós estamos se especializando nisso, em produzir e escrever projetos. O meu primeiro contato com a Agenda 21 se deu por conta de um cargo que eu ocupava num clube de serviço, o Rotary Club, eu era presidente do Rotary Club Nova Friburgo Imperador. Como a Agenda 21 estava pautada em cima de várias categorias de classes, o Rotary foi convidado e eu como rotariano, como presidente na época, comecei a participar e vi que era um programa muito grande e que ia ter a necessidade de vários focos, com várias visões diferentes para o mesmo assunto, a nossa cidade como é serrana, ela tem muitas particularidades que eu acho que só por vários ângulos é que a gente consegue chegar a um consenso, a Agenda 21 é em cima sempre de consenso, enquanto não se chega a uma opinião formada, nós vamos discutindo até conseguir o consenso. Isso foi em 2005, 2006. A Agenda 21 local ela já vinha desde 2003, conseguiu financiamento do Fundo Nacional do Meio Ambiente em 2006, então eu comecei a trabalhar mais ou menos nesse período, quando já havia um financiamento, uma ONG que estava trabalhando em cima da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. Em 2007, 2008, começou a Agenda 21 do Comperj, que é a forma de relacionamento entre as cidades que vão ser impactadas pelo Polo Petroquímico e a Petrobras. Eu imagino que seja uma situação boa porque quando acontecer algum tipo de projeto a Petrobras já vai ter na...
Continuar leituraMeu nome é Paulo Roberto de Souza, tenho 49 anos, nasci em 10 de julho de 1960, sou natural de Nova Friburgo, do Estado do Rio de Janeiro. Tenho trabalhado ultimamente prestando muitos serviços para a Agenda 21, tanto local, como a Agenda 21 Comperj. Eu tinha uma corretora de seguros, mas por interferência médica foi pedido gentilmente que eu largasse minha profissão por causa do stress, eu sou diabético, insulina dependente, não posso ter tantos problemas, como essa profissão me dava. Atualmente estou trabalhando com a Agenda 21 e escrevendo os projetos. Nós estamos se especializando nisso, em produzir e escrever projetos. O meu primeiro contato com a Agenda 21 se deu por conta de um cargo que eu ocupava num clube de serviço, o Rotary Club, eu era presidente do Rotary Club Nova Friburgo Imperador. Como a Agenda 21 estava pautada em cima de várias categorias de classes, o Rotary foi convidado e eu como rotariano, como presidente na época, comecei a participar e vi que era um programa muito grande e que ia ter a necessidade de vários focos, com várias visões diferentes para o mesmo assunto, a nossa cidade como é serrana, ela tem muitas particularidades que eu acho que só por vários ângulos é que a gente consegue chegar a um consenso, a Agenda 21 é em cima sempre de consenso, enquanto não se chega a uma opinião formada, nós vamos discutindo até conseguir o consenso. Isso foi em 2005, 2006. A Agenda 21 local ela já vinha desde 2003, conseguiu financiamento do Fundo Nacional do Meio Ambiente em 2006, então eu comecei a trabalhar mais ou menos nesse período, quando já havia um financiamento, uma ONG que estava trabalhando em cima da Agenda 21 Local de Nova Friburgo. Em 2007, 2008, começou a Agenda 21 do Comperj, que é a forma de relacionamento entre as cidades que vão ser impactadas pelo Polo Petroquímico e a Petrobras. Eu imagino que seja uma situação boa porque quando acontecer algum tipo de projeto a Petrobras já vai ter na mão o que as cidades vão precisar, quais são as demandas das cidades, eu acho que é o grande mote dessa coisa da Agenda 21, essa identificação dos problemas pela comunidade e a indicação das soluções. A Agenda 21 Local de Nova Friburgo, vamos dizer assim, em números gerais, a gente fez cerca de 250 reuniões. O município de Friburgo tem 933 km2, então a área é bem extensa, de toda essa região 80% está dentro de mata e apenas 20% é a região onde tem a concentração de população. Fizemos várias reuniões em vários pontos da cidade e hoje a gente conhece basicamente todos os problemas desses pontos distantes. Há locais que a gente fez reunião, a 50 km do centro da cidade, é onde existe produção de hortifrutigranjeiros, tem outro lugar que é produção de flores de corte. A cidade de Friburgo tem várias situações, tem o mercado de produção de moda íntima, em Friburgo também há a questão de metal mecânica, que são fechaduras, cadeados, quase que 50% da produção nacional é feita na cidade. Temos várias divisões e passamos a conhecê-las, suas demandas e problemas. Procuramos desenvolver esses problemas dentro do questionário que foi executado pela Agenda 21 Local, dessas 250 reuniões a gente foi puxando o que era mais importante para trabalhar, estudar, e fizemos um documento final que foi emitido, que foi o segundo documento do Estado do Rio de Janeiro a ser entregue. O poder público tem na mão um documento que poucas cidades no Brasil possuem, com todos os programas, todas as soluções apontadas pela população. Eu acho que isso é muito interessante porque não veio político, foi exatamente a comunidade que apresentou os problemas e ela mesma apresentou as soluções. No nosso livro de Agenda 21, a gente tem problemas de saúde, de transporte, de trânsito, de habitação, saneamento, então isso tudo são coisas que a gente conseguiu identificar. A população que usa, que precisa, que necessita, tem a voz para poder chegar a identificação dessas coisas que foram levantadas. Nós conseguimos fazer esse documento com toda a riqueza de detalhes. Nós chegamos agora na posição de implementar os projetos, um dos problemas sérios que Friburgo tem é o problema do saneamento, da coleta do esgoto, aconteceu uma concessão para distribuição de água e coleta de esgoto e tratamento, só que a empresa ficou 10 anos e continuou distribuindo água e não fez a coleta e nem as estações de tratamento, mas agora foi feito um repasse para uma outra empresa que começou a fazer a implantação do sistema de coleta de esgoto. Até dezembro de 2009, vai haver 30% de tratamento de esgoto de um total de 1 milhão de metros cúbicos por segundo, que é gerado em Friburgo. São essas coisas que a Agenda começou a forçar a barra para começar a trabalhar. A gente tem essa chance agora de resolver um problema sério, um problema de saúde. Conseguimos que essa empresa se tornasse realidade, um plano que Friburgo já tinha há vários anos. Era interessante, porque em cada lugar que você vai, é aquela famosa história, você tem que entrar na casa do amigo, tomar um café, chamar para reunir, ver o dia que é melhor, então a gente ainda teve que fazer essa pré reunião para saber qual é o lugar, que dia seria melhor, que situação, tem que ter um lanchinho para o pessoal poder participar, sempre tem uma coisa que você tem que conseguir antes de fazer a reunião, essas reuniões realmente foram boas porque a gente conheceu vários aspectos da cidade, volto a frisar isso e contamos com uma participação efetiva mesmo da população, eu acho que isso não tem preço porque foram três, quatro anos de reuniões, de encontros, de situações que nos levou a esse documento, que hoje é considerado um dos melhores do Brasil. AGENDA 21 LOCAL / NOVA FRIBURGO / MOBILIZAÇÃO A gente conseguiu gerar muita notícia em jornal, temos na cidade a Rádio Comunidade, a Rádio Friburgo AM, que são as emissoras que realmente as pessoas ouvem. Quando você precisa fazer um chamamento, a primeira coisa são as rádios e notícia no jornal, no caso, no centro mais urbano, de Friburgo, o jornal. A Voz da Serra seria o meio de você estar inserindo esse chamamento para as reuniões e no caso mais do interior, as rádios são os meios mais comuns que nós conseguimos, além das lideranças. Temos hoje contato com todas as lideranças, que são as pessoas que fazem essa coisa mais próxima, de chamar, de executar, aquela coisa de organizar as reuniões, isso que eu acho que é importante até para as lideranças, porque ela está chamando, ela está mostrando o trabalho, acho que influencia todo mundo, toda a população de um modo geral a estar participando. Para que as pessoas passassem a conhecer a Agenda 21 eu organizei uma semana de meio ambiente, nós pegamos uma escola municipal, fizemos cinco reuniões, cinco palestras com os três turnos, manhã, tarde e noite, sobre meio ambiente, sexo na adolescência, Agenda 21, água e poluição. Na semana seguinte fizemos uma redação com os alunos e escolhemos as 30 melhores redações. Os 30 autores das melhores redações nós levamos para um dia de campo numa propriedade chamada Trilhas do Araçarí, onde fizemos uma oficina de garrafas PET, de aquecedor solar, sabão com óleo de cozinha, alimentação vegetariana etc. Os alunos foram na horta e pegaram os alimentos ali, cada um identificando as coisas que muita gente não conhecia, muitos alunos não conheciam o que era uma cenoura, um rabanete, então eles foram lá, recolheram aquilo e fizeram uma trilha na Mata Atlântica, nós temos um grande percentual de remanescente de Mata Atlântica. Depois teve almoço e várias outras coisas. Todo evento que a gente fazia fotografávamos, fazíamos entrevistas, tentávamos levar a televisão etc. Primeiramente promovemos esses eventos para o pessoal saber o que era Agenda 21, os outros programas que a gente foi fazendo a participação já foi natural, porque o pessoal começou a entender o que era a Agenda 21, o que a gente queria passar, que queríamos chamar o pessoal para falar do seu bairro, de algum tipo de problema, como a falta de água, ou o problema do transporte público. As escolas também foram boas ferramentas para a gente poder chamar o pessoal e passar o que é a Agenda 21. Hoje a gente tem um site que consta lá “n” notícias que a gente conseguiu gerar, todo mundo sabe o que é a Agenda 21, ninguém ganha nada, é tudo trabalho voluntário, mas quando precisamos fazer algum tipo de trabalho que vai necessitar de dinheiro, vamos nas empresas e todo mundo sabe que a Agenda 21 trabalha e que faz alguma coisa, por isso não temos esse problema de não conseguir verba ou conseguir recurso para fazer alguma atuação da Agenda 21, estamos sempre conseguindo fazer, gerando notícias, que é o mais importante para todo mundo saber o que é Agenda 21. A gente usava sempre as escolas, porque era o lugar, vamos dizer, que levaria todo mundo, os alunos iam chamar os pais, a gente promovia de repente um lanche, um almoço, alguma coisa para promover a integração e foi isso que levou a gente a ter êxito nas reuniões. A Agenda 21 Local nós fizemos pela visão das três bacias, que são as hidrográficas de Friburgo, formadas pelos Rio Bengalas, Rio Grande e Rio Macaé. A Agenda 21 do Comperj foi feita em quatro setores, o setor público, o setor empresarial, ong’s e comunidades, que é o quarto setor. Criaram esse quarto setor, eu achei até interessante porque a gente teve essas duas experiências diferentes, porque nas bacias a gente teve um entendimento diferenciado, até porque no local tinha plantio de flores e outros de verduras, então são entendimentos diferentes. No centro da cidade, na parte industrial, comercial e residencial mais forte, foi diferente. São três divisões com entendimento diferentes e no caso do Comperj nesses quatro setores a gente teve a comunidade falando sobre o questionário, por um ângulo empresarial, por outro, as ong’s e o poder público. A gente conseguiu entender que se os quatro estivessem juntos, de repente a gente não ia ter esse resultado que hoje temos, do nosso documento da Agenda 21 Comperj, que está em fase agora de ser terminado, em fase de elaboração. Eu acho que são visões realmente diferenciadas e muito importantes para quem quer conhecer uma cidade, hoje eu posso dizer que eu conheço a cidade que moro. No nosso primeiro modelo não eram os setores, eram as bacias. Pegávamos exatamente o pessoal que morava naquelas regiões, então você tinha um entendimento mais daquela região, de coisas básicas, um exemplo, moradia. Tem uma parte lá da cidade chamada Salinas, que fica exatamente quase 40, 50 km de distância do centro. Eles fizeram um trabalho de sumidouro, filtro, fossa, então eles deixaram de poluir o rio. Hoje, temos 98% do rio limpo, porque eles fizeram esse trabalho, é uma parte da cidade que tem um saneamento básico e que não polui o rio. Você tem essas nuances da cidade em cada setor, a gente conheceu isso. Funcionou bastante bem, eu acho que foi uma experiência que enriqueceu todo mundo, porque a gente acabou participando de cada problema, de cada solução, de cada canto da cidade, e também pelo lado do Comperj, eu pelo menos acompanhei os quatro setores, fui as quatro reuniões de cada setor e acompanhei o olhar de cada um. Foi interessante. O governo municipal anterior ao atual não atrapalhou, mas também não colaborou, então ficou zero a zero, mas nessa nova gestão conseguimos fazer todas as leis, tudo já está aprovado, está tudo rodando tranqüilo. Temos agora basicamente tudo pronto para começar os projetos de onde foram identificados os problemas. A lei segue esse primeiro modelo por bacia, mas também tem coisas que são integradas, por exemplo, hoje a Agenda 21 vai ter verba para poder trabalhar, porque até então a gente trabalhava cada um tirando do bolso para poder bancar todas as estruturas, viagens, almoços, sai do bolso da gente, mas a partir de agora vamos ter carro, estrutura de uma sala, isso tudo bancado pelo poder público. Vamos ter secretária, telefone, fax, computador, temos um espaço da Agenda 21 que é bancado por três ong’s, porque a gente estava a reboque. Eles bancam e nós temos uma estrutura para fazer reunião interna, de executiva, coordenação, até para ter um endereço, porque não temos CNPJ por ser um fórum, mas temos um espaço, para levar uma visita, porque estamos sempre recebendo pessoas de outras cidades, até para saber como é que a Agenda 21 de Friburgo está trabalhando. Temos que ter um local para levar, mostrar o nosso documento, o site, os trabalhos que temos realizado. O Comperj, na realidade, vai mudar toda essa região de Itaboraí. Nós não somos vizinhos das cidades, entramos para a região de impacto por uma imposição da antiga Feema [Instituto Estadual do Meio Ambiente], porque imagina-se que vai haver algum problema ambiental na região serrana onde Friburgo está, mas ali em torno todo daquelas cidades todas, acredita-se que vai ter um desenvolvimento, porque são inúmeras empresas que já estão se instalando lá para trabalhar, para prestar serviço e Friburgo tem uma particularidade que é exatamente a parte hoteleira, eu acho que Friburgo vai ter algo para oferece, porque hoje na região de Itaboraí você não tem um local para fazer uma reunião para 30, 40 pessoas, mas em Friburgo tem um clima, tem uma boa estrada, um meio de transporte rodoviário tranqüilo. Temos uma rede muito grande de hotéis, pousadas, então você vai para um lugar tranqüilo, uma vida pacata, tranqüila para fazer um seminário, um fórum, então é muito melhor você ficar em um clima tranqüilo do que em um calor intenso, onde você vai ter que estar com ar refrigerado e aquela coisa toda. Friburgo tem esse lugar e tem os hotéis que vão oferecer esse tipo de serviço para o Comperj. Eu acredito que todas as cidades vão receber alguma coisa diretamente, algum tipo de benefício, eu acredito que Friburgo também vai se beneficiar, mesmo estando a 80 km do Comperj. Nós fomos convocados, até porque já realízávamos a Agenda 21 Local, nosso documento já tinha sido elaborado e colocado para a comunidade, então o pessoal do Comperj entrou em contato com todo mundo. Pedimos até todos os participantes da Agenda 21 Local que participassem também da Agenda 21 do Comperj, seria importante até essa segunda participação para tirar a prova dos nove, para avaliar se a gente trilhou o caminho certo. Acho que todo mundo participou e ajudou. Houve uma interação, surgiram assuntos novos até por ser uma coisa feita através da Petrobras. Nós, por exemplo, não havíamos trabalhado pelos quatro setores, mas pelas bacias, foi uma experiência muito boa. Enquanto o fórum do Comperj estava em ação a gente ficou meio parado, mas fazendo as atividades que já tínhamos programados, a gente deu mais ênfase exatamente ao Comperj para poder acompanhar todas as outras cidades, porque nós temos uma preocupação, por Friburgo ser uma cidade que tem 80% de mata, a gente quer que isso permaneça para outras gerações, somos produtores de água, o petróleo hoje é importante, mas a água vai ser mais importante daqui algum tempo. No caso do Comperj os quatro setores foram divididos e cada um fez a sua reunião com o seu time lá de pessoas, por exemplo, o meu que era a parte empresarial, eu fazia os encontros no Senac, a gente quase que uma vez por mês ou duas vezes, tínhamos encontro, fazíamos a convocação por telefone, sempre terminávamos uma reunião já marcávamos a próxima, sempre fotografando, divulgando o que estava sendo feito no encontro. O nosso número de pessoas sempre estava crescendo, porque a gente estava sempre divulgando e dizendo que era um trabalho para o Comperj, para a Petrobras, para melhorar a cidade. Falávamos do relacionamento que a Petrobras ia ter com a cidade, acho que isso tudo ficou bem gravado na memória de todo mundo, e a participação foi exatamente por causa disso. A participação foi bem pulverizada. Todos estiveram representação, além de sindicatos de patrões e às vezes até de funcionários, alguns participaram, até para ver como é que estava tocando, porque eles estavam vendo a notícia no jornal, mas queriam de repente estar ali presente para saber como é que estava sendo elaborado, porque isso vai com certeza mexer com toda a população. Todas as cidades também fizeram o mesmo modus operandi a gente hoje, por exemplo, tem contato com outras cidades. Recentemente fomos em Itaboraí, Araruama, Niterói etc. A gente participou e repartiu experiências, Friburgo foi bastante visitado, porque já tinha a Agenda 21 Local, o pessoal queria até saber onde estava funcionando, como a gente estava levando, que tipo de programação que a gente fazia, como é que a gente estava divulgando, porque eu volto a frisar que o maior problema de todo mundo é que a Agenda 21 não estava sendo efetivamente divulgada, a gente como tem canais de TV em Friburgo, tanto aberto quanto fechado, aproveitamos o máximo todos os programas de TV. Temos um grupo que juntos conseguimos dividir: “Você vai nesse programa aqui, eu vou no outro”, então para ficar todo mundo aparecendo e divulgando a Agenda 21, isso foi um dos grandes momentos. Hoje, posso até fazer uma brincadeira aqui, em um programa o entrevistador falou assim: “Olha Paulo se o pessoal não ligar aqui para fazer pergunta, você não fica chateado, porque acho que o pessoal não conhece muito a Agenda 21”, eu fiquei quieto, no final do programa foram 45 perguntas e o cara falou “Poxa, teve políticos que esteve aqui e que não teve esse número de perguntas”, então eu falei “Então o nosso trabalho está coroado”. Eu tenho divulgado bastante o site da Agenda 21 e a gente tem visto que as visitas estão crescendo, eu tenho contato com muita gente do Brasil e todo mundo está, eu acho, se espelhando em Friburgo. A gente está, graças a Deus, conseguindo fazer bastante coisa, hoje no site, por exemplo, temos cerca de 250 fotos, tem quase 80 notícias que saíram nos jornais, a gente só não colocou o que saiu em televisão, o resto colocamos tudo, todo passo a passo, desde 2003 até hoje, até a entrega efetiva do documento da Agenda 21. Fizemos realmente uma coisa profissional para quando a gente quiser falar “Poxa, você quer conhecer a Agenda 21? Senta ali, que ali te dá toda base para você entender o que é a Agenda 21, qual o trabalho que a gente fez com escola, com programa de televisão e prefeitura.” Recentemente fizemos uma posse do prefeito como presidente da Agenda 21, isso exatamente para puxar o poder público para junto da gente, todo mundo ligou para mim, “Poxa Paulo você largou a Agenda 21?”, eu falei “Não, eu continuo coordenador”, mas existe uma normal geral que todo prefeito é o presidente do fórum da Agenda 21. Fizemos essa reunião na câmara, teve cerca de 90 pessoas, foi um negócio bacana, foi noticiado no jornal, televisão. Estamos sempre pautados nisso, na divulgação do que a gente faz em nome de Agenda 21. No caso do Comperj, cada setor tinha um número, sei lá, nas minhas reuniões tinham cerca de 60 pessoas, ficou entre 50, 60 pessoas, em todas as reuniões que a gente fez. No final a gente sempre tinha que dizer o seguinte: “Gente daqui para a frente temos que pegar pessoas que vão poder estar prestando serviços, vai ter reunião em Itaboraí, vai ter que sair todo mundo, então não adianta a gente querer brigar agora, ou chegar num consenso agora e chegar lá na frente a pessoa não poder participar porque trabalha, porque não pode largar a família, a gente tem que ver as pessoas que realmente podem dispor de tempo para ir num evento de manhã, de tarde ou à noite, final de semana ou feriado.” Pautamos bem isso, conseguimos 28 representantes, cada setor ficou com sete representantes, pegamos esses sete e trabalhamos com eles o seguinte: “Quando tiver reunião vai ter que ir, se não for tem que ter um suplente para a gente poder estar sempre com um número cheio.” Isso aconteceu e nós temos trabalhado em cima disso e está funcionando. Com relação ao fórum local eu fui reeleito coordenador para mais um ano, em cima das coisas que a gente acabou fazendo. Há a secretaria executiva, são pessoas também que por consenso podem ajudar, tem tempo de ajudar, tem o coordenar adjunto, que é o João Mendes, tem a Alda Oliveira, que é a coordenadora executiva. Temos um jeito de trabalhar que une todo mundo e a gente está sempre criando coisas novas para fazer e botar o nome de Agenda 21. O Fórum Local e o Comperj estão trabalhando a partir de agora junto, nós só estamos esperando o documento final da parte do Comperj, até para a gente depois sentar e ver: “Isso está bom aqui, isso está bom ali, o que está bom aqui?”, eu acho que todo mundo entendeu isso, não ficou nada dividido, ficou a intenção exatamente de unir. Friburgo é a única cidade dessas 16 que vão ser impactadas que já tinha a Agenda 21 pronta, então quer dizer, iam fazer para 15 e Friburgo ia ficar de fora? Não, tinha que fazer para todo mundo, até para ficar um negócio padrão para todo mundo, conseguiu fazer um negócio com a interação muito boa, e todo mundo entendeu que era para participar e para ajudar mais uma vez o trabalho que a gente queria fazer. Nós, hoje, temos um documento dizendo o que a gente precisa, a gente tem um patrocinador que também precisa, eu acho que aí está o grande lance da gente saber que precisa fazer isso, mas precisa ter uma empresa forte como a Petrobras para poder ser uma ponte, para gente ter o poder federal, estadual e municipal juntos, porque não dá para fazer tudo sozinho, temos muitos problemas com todas essas 15 cidades, se a gente identificou o problema nós temos uma ponte, temos que usá-la. Hoje, nós temos notícia que em torno o Comperj tem 95 milhões de metros quadrados, sendo 15 milhões de obras e 30 milhões de reflorestamento, que será um cinturão verde em torno do empreendimento. Essas cidades, que são vizinhas do Comperj, vão ter cerca de 720 empresas ligadas ao plástico, que serão alimentadas por matérias-primas vindas do Comperj. Como é que a gente vai alimentar essa turma toda, como é que a gente vai dar moradia, transporte? Tudo isso tem que ser analisado, a Petrobras hoje está fazendo um trabalho certo, começando do zero, não existe nada, vamos começar a estudar, onde é que vai construir casas, onde é que vai ter transportes, vai ter metrô agora de Niterói a Itaboraí, vai ter o arco rodoviário de Manilha até Itaguaí, no norte do estado vai ter o Porto do Açu, perto de Campos. Vai ter muita coisa. O estado do Rio em quatro, cinco anos, vai ter outro perfil. Tudo vai mudar. Hoje, para a gente chegar para fazer uma gravação, você tem que sair com quatro horas de antecedência, para não ter engarrafamento, tudo isso você tem que pensar e a Petrobras está fazendo a coisa certa, que é exatamente pensar antes para quando chegar nos 220 mil empregos que vão gerar diretamente lá dentro do Comperj, na área toda de influencia, você não ter gargalo nenhum. Pelo menos tentaram fazer a coisa para tudo caminhar normal, eu imagino, por exemplo, uma cidade como Itaboraí, que está recebendo muita gente agora, se não tiver um investimento em água, que eu sei que é um problema de Itaboraí, como que vai ser isso em um ano? Dizem que Itaboraí está recebendo 200 famílias por mês, não sei se esse numero é real, mas o investimento em água não tem, como é que esse pessoal vai viver? Isso tudo tem que ser analisado e estudado antes, eu acho que a coisa certa está sendo feita. Friburgo, por exemplo, tem um problema sério, nós temos um polo cimenteiro que fica em Cordeiro e Cantagalo. O cimento produzido aqui vai passar dentro da cidade, não tem uma estrada de contorno, então se acontecer um acidente qualquer numa via principal a cidade para, não existe mais isso, não tem como você parar uma cidade porque tombou um caminhão, caiu um caminhão dentro do rio como aconteceu recentemente, então para tudo a gente tem que estar estudando uma estrada de contorno, saber como é que o governo municipal, estadual, federal e a Petrobras podem ajudar Friburgo a tirar essa coisa, essa via de acessos aos grandes centros dessa produção de cimento. NOVA FRIBURGO Eu adoro morar em Friburgo, eu acho que é uma cidade ótima para viver, como eu já falei, temos produção de verdura, que abastece todo o grande Rio, quase todo estado. Temos produção de moda íntima, que representa 45% da produção nacional, com pequenas e médias empresas. Tem um metal mecânico de fechaduras e cadeados que também representa uma grande fatia do mercado nacional. Somos produtores de água, que eu acho que é o petróleo do futuro. A gente tem um clima bom de viver, temos uma cidade com até 200 mil habitantes, com 80% em mata atlântica ainda, cercado de serra, montanha. Temos um comércio e uma hotelaria fortes, existe o ecoturismo. Friburgo pode oferecer muitas coisas para essa região que vai, vamos dizer,concentrar a parte industrial. O lazer desse pessoal tem a oportunidade de ser em Friburgo, porque vai ter várias coisas e eu acho que todos esses prefeitos ainda não atinaram para o grande bum que vai acontecer, porque vai ter muita empresa, muita mão-de-obra, é muita prestação de serviço e as cidades vão ter que se organizar para saber o que cada um pode fazer com relação à saúde. Eu acho que é importante também frisar isso, porque vai ter que dar saúde para todo mundo, eu acho que cada cidade pode ter um centro de referência para algumas partes cardiológicas, de trauma, cada um pode ter uma especialização, até para descentralizar alguma coisa que vai acontecer em Itaboraí. Eu acho que tudo isso é muito importante a gente estar analisando agora para não chegar na hora: “E agora?” Eu acho que estamos ganhando tempo, mas tem que ter ações efetivas, de todo mundo, Petrobras, Governo Municipal, Estadual e enfim, Federal. A Agenda 21 Local de Friburgo foi uma das primeiras e nós estamos concorrendo hoje a uma das melhores do Brasil, pelo ministério do Meio Ambiente. Temos recebido visitas de várias cidades para passar as experiências que a gente tem. A Agenda 21, não é só eu, é todo time de Friburgo que trabalhou nesse processo, a gente teria que dizer o nome de todo mundo, teria que apertar a mão de todo mundo para estar aqui fazendo essa apresentação, essa pequena amostra do que a gente conseguiu fazer na cidade, é vital e importante até para dar visibilidade e importância a todo trabalho voluntário, volto a frisar isso, trabalho voluntário. Friburgo se dispôs a fazer e fez muito bem feito. Eu gostei muito, foi legal, eu acho que são experiências que não tem preço.
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