P/1 – Bom dia.
R - Bom dia.
P/1 - Para começar gostaria que você dissesse o nome completo, local e data de nascimento.
R - Meu nome é Antônio Fausto do Amaral, nascimento, eu nasci em Campinas em 22 de setembro de 1956.
P/1 - E que função você ocupa na instituição?
R - Analista de edificações e utilidades. Trabalho no departamento de edificações.
P/1 - Certo, e qual o nome dos seus pais?
R - João Roberto do Amaral e Maria Aparecida Andrade do Amaral.
P/1 - E eles nasceram onde?
R - Eles nasceram em Monte Mor, os dois.
P/1 - Os dois mesmo?
R - É.
P/1 - E a atividade deles?
R - Eles eram comerciantes.
P/1 - Comerciantes?
R - Comerciantes.
P/1 - Comerciantes de quê?
R - O último comércio deles foi uma padaria. Eles tiveram o supermercado e padaria.
P/1 - Isso sempre em Monte Mor?
R - Sempre em Monte Mor. Filhos da terra.
P/1 - E você então nasceu em Campinas...
R - É, eu nasci em Campinas pela força da maternidade, porque por parte da minha mãe era um parto complicado, então tanto eu como meu irmão nascemos em Campinas. Então eu fui registrado em Campinas mas pela situação da maternidade, mas eu não vivi em Campinas, só em Monte Mor mesmo.
P/1 - Você sempre morou em Monte Mor?
R - Sempre em Monte Mor, sempre.
P/1 - E onde você morava em Monte Mor na sua infância?
R - Na infância? Bom, o meu pai era... No início da vida dele, quando ele era solteiro, ele trabalhava numa fábrica de macarrão em Monte Mor. Depois ele casou com a minha mãe. Eles já tinham para cima de trinta anos e para a época era uma idade avançada para se casar. E daí eles foram morar no sítio. Meu avô tinha, pai da minha mãe, tinha um sítio, e eles foram morar no sítio. Moraram por sete anos no sítio, aí meu pai abriu um estabelecimento comercial em Monte Mor, na época era um armazém, há muito tempo atrás, e depois que ele comprou a padaria, depois abriu o supermercado e...
Continuar leituraP/1 – Bom dia.
R - Bom dia.
P/1 - Para começar gostaria que você dissesse o nome completo, local e data de nascimento.
R - Meu nome é Antônio Fausto do Amaral, nascimento, eu nasci em Campinas em 22 de setembro de 1956.
P/1 - E que função você ocupa na instituição?
R - Analista de edificações e utilidades. Trabalho no departamento de edificações.
P/1 - Certo, e qual o nome dos seus pais?
R - João Roberto do Amaral e Maria Aparecida Andrade do Amaral.
P/1 - E eles nasceram onde?
R - Eles nasceram em Monte Mor, os dois.
P/1 - Os dois mesmo?
R - É.
P/1 - E a atividade deles?
R - Eles eram comerciantes.
P/1 - Comerciantes?
R - Comerciantes.
P/1 - Comerciantes de quê?
R - O último comércio deles foi uma padaria. Eles tiveram o supermercado e padaria.
P/1 - Isso sempre em Monte Mor?
R - Sempre em Monte Mor. Filhos da terra.
P/1 - E você então nasceu em Campinas...
R - É, eu nasci em Campinas pela força da maternidade, porque por parte da minha mãe era um parto complicado, então tanto eu como meu irmão nascemos em Campinas. Então eu fui registrado em Campinas mas pela situação da maternidade, mas eu não vivi em Campinas, só em Monte Mor mesmo.
P/1 - Você sempre morou em Monte Mor?
R - Sempre em Monte Mor, sempre.
P/1 - E onde você morava em Monte Mor na sua infância?
R - Na infância? Bom, o meu pai era... No início da vida dele, quando ele era solteiro, ele trabalhava numa fábrica de macarrão em Monte Mor. Depois ele casou com a minha mãe. Eles já tinham para cima de trinta anos e para a época era uma idade avançada para se casar. E daí eles foram morar no sítio. Meu avô tinha, pai da minha mãe, tinha um sítio, e eles foram morar no sítio. Moraram por sete anos no sítio, aí meu pai abriu um estabelecimento comercial em Monte Mor, na época era um armazém, há muito tempo atrás, e depois que ele comprou a padaria, depois abriu o supermercado e eu até... Quando ele aposentou eu assumi a padaria.
P/1 - Certo. E como que era a casa que você passou a sua infância, o cotidiano da sua casa?
R - A minha infância eu só me lembro do sítio. Porque, da parte até os sete anos, então era a casa do sítio. Sem luz elétrica. Tinha telefone mas não tinha luz elétrica. Olha a aberração. Meio diferente? Não uma aberração, mas meio diferente. Então meu pai tomava conta do sítio do meu avô, então ele tomava conta do gado, ele tinha, meu avô tinha umas plantações lá então ele tomava conta. A família da minha mãe, o meu avô, tinha uma outra fazenda, então dividiu-se. Meu pai ficou tomando conta mais como funcionário do meu avô. Meu pai era um empregado do meu avô. Aí tocando a vida, ele foi guardando a economia dele, comprou um terreno em Monte Mor, na época não tinha ninguém, foi a segunda ou a terceira casa no roteamento. E hoje não, hoje é praticamente Centro, já perdeu-se o nome de bairro, virou quase praticamente Centro. E depois da, hoje a Rua Salomão Haddad Baruque, ele comprou, fez, negociou um prédio na avenida e comprou a padaria. Nessa época ele comprou a padaria e nós não tínhamos casa, morávamos no fundo da padaria. Eram três cômodos, muito assim precariamente estruturado, ele praticamente ele só fez a cozinha e deixou, os quartos eram três, dois cômodos em conjunto, então não tinha essa divisão, era somente a parede. Depois, com a labuta do dia-a-dia ele comprou o terreno ao lado e já construiu uma casa boa para o padrão de Monte Mor e para o padrão da época também. Aí expandiu também e comprou o outro terreno do lado e construiu um supermercado. O supermercado, para o Monte Mor, não se pensa em supermercado como se pensa hoje. Na época, foi o início do supermercado, foi um dos primeiros a ter as gôndolas, então eram situações, coisas do momento.
P/2 - Você tem irmãos?
R - Eu tenho um irmão, João Roberto do Amaral Júnior, ele é agrônomo e o meu irmão continua trabalhando com a família, com um primo meu, ele continua trabalhando com a família, mas ele tem, ele presta serviço à parte também. Ele fornece a parte de irrigação, a parte de gotejamento, então ele tem...
P/2 - E ele é mais novo ou mais velho?
R - Ele é mais novo, ele é quatro anos mais novo que eu.
P/2 - E ele mora em Monte Mor?
R - Mora em Monte Mor, na casa em que nós morávamos quando tínhamos a padaria. Então quando o meu aposentou depois eu fiquei com a padaria, trabalhei fiquei mais uns dois anos com a padaria e ele chegou à seguinte conclusão: “olha, se você continuar trabalhando com a padaria eu não me aposento de vez”. Aí eu falei: “bom, se o senhor quiser vender a padaria então vende a padaria, porque se eu for vender eu não vendo”. Foi aí que ele vendeu a padaria e eu não fiquei um mês sem emprego, vamos dizer, e eu tinha uma colega na Tetra Pak, que é a Regina Rinaldo, que trabalhava, que era colega de escola, de colégio, era colega de colégio, e eu liguei para ela e ela falou, conversou internamente, e ela falou: “ah, vem fazer uma ficha”. Aí conversou com, na época era, era na época o Departamento Pessoal, Roberto Raven, e eu fui fazer a entrevista com ele e, totalmente diferente do que é hoje, que era muito mais simples, mais fácil de você, bom, não se tinha currículo. A empresa iniciando em Monte Mor. Monte Mor não tinha tanta mão de obra. Que eu acho que, para início da empresa foi uma dificuldade porque o pessoal... Quem fazia o colegial ou o colégio técnico na época já se julgava, já tinha assim uma idéia de que tinha uma boa formação. Muitas pessoas paravam até no Senai. Depois eu ainda fiz o tecnólogo. Liguei para Regina, a Regina entrou em contato com o Raven, fui lá fiz a entrevista e comecei a trabalhar logo em seguida. Dois dias depois eu estava trabalhando.
P/1 - E Fausto, só voltando um pouquinho, nessa época que você saiu do sítio e foi para a cidade. Como era Monte Mor nessa época? Quais os comércios tinha, como era a vida, o que acontecia?
R - A vida era uma maravilha. Só tinha bicicleta, alguns carros, a avenida... Não tinha a rodovia que passa em frente à Tetra Pak, ela passava por dentro da cidade. A avenida Jânio Quadros, ela era a estrada, a continuação da rodovia para Capivari [SP], então todo o trânsito passava por dentro da cidade. Mas assim mesmo era tranquilo. Porque, cidade calma, não tinha... Muito pequena, e a vida era tranquila, não tinha problemas de roubos, era bem interiorana mesmo, mais ainda.
P/1 - E tinha escola, colégio na cidade?
R - Tinha, tinha. Tanto que um dos fatos de vir para Monte Mor é o fato de eu já estar completando a idade e, meu pai também ele queria progredir. O que ia fazer? E a minha mãe era uma pessoa de gênio forte, eu acho que ela foi a âncora do meu pai, foi a pessoa que impulsionou, que dava o que faltava, que ele precisava de algum apoio ela empurrava, ela dava o apoio. E mesmo o meu avô também, não que meu pai trabalhando para ele, ele deu todo apoio. Ele dava todo apoio para que meu pai tivesse o próprio sustento, enfrentasse a vida. Ele cuidava muito bem do sítio, mas meu avô queria que ele seguisse a vida dele. Então fomos para Monte Mor nessa época, foi quando eu entrei na escola. Tinha o Grupo Escolar Coronel Luís Ferreira e o Colégio Doutor Elias Massuda. Eram as duas instituições de Monte Mor, as duas escolas que tinha. E na época era ginásio, não colégio, Ginásio Estadual Doutor Elias Massuda.
P/1 – Então essa fase inicial de estudos você completou em Monte Mor.
R – Fiz até o colegial, que hoje é o ensino médio, não é isso? Até me perco nessa.
P/2 – É que mudou...
R – É, mudou tudo.
P/1 – E aí do colegial você...
R – Eu continuei em Monte Mor mesmo e ia todo dia a Piracicaba, na Universidade Metodista de Piracicaba, fazer Tecnologia, que é a parte de Tecnológico em Transmissão e Distribuição Elétrica. Foi o início da formação da faculdade, que a faculdade estava abrindo a parte de tecnologia para começar a implantar engenharia. Depois que, eu até já comentei a respeito do curso que hoje não existe mais, porque foi um curso que durou quatro anos, e depois que entrou a engenharia eles tiraram o curso de tecnologia que passou a ser engenharia industrial, engenharia elétrica... Foi o desenvolvimento da faculdade.
P/1 – E esse curso como é que é mesmo o nome oficial dele?
R – Tecnológico em Transmissão e Distribuição Elétrica.
P/1 – E do que tratava o curso? E por que você escolheu?
R – Bom, não tem nada a ver com padaria, pois eu trabalhei em padaria e fui escolher tecnológico em transmissão e distribuição elétrica. Eu sempre gostei de elétrica e mecânica. Então, eu sempre fiquei mexendo no carro, do lado tinha uma outra elétrica, eu tinha amizade com o pessoal, então eu sempre estava trabalhando lá. E quando surgiu o curso, quando surgiu a faculdade, que eu fui fazer o vestibular, eu com o colega, o Benedito Penteado, nós fomos para Itatiba, e lá era engenharia elétrica e engenharia mecânica. Aí quando fomos para Piracicaba que vimos que tinha curso em Piracicaba também, fomos para lá só que lá era tecnológico. Chegamos lá, só que isso foi uma decisão assim de imediata, que estava entre elétrica e mecânica. Aí eu fui e eu falei: “Pô, vou ficar sozinho”. Então como o Benedito foi fazer elétrica eu fui fazer elétrica. Porque ele já era da área de elétrica, ele trabalhava com a área de elétrica. Trabalhou na Bosch muito tempo. E ele fez SENAI de elétrica e depois ele queria dar continuidade o estudo dele, na área que ele já conhecia. E eu fui no embalo, fiz o tecnológico, mas nunca pensando em trabalhar na área. Era praticamente um curso para fazer e depois para ver o que ia acontecer. Só que a vida você num sabe o dia de amanhã. Foi aí que apareceu, que meu pai falou em desfazer da padaria, solteiro, não estava pensando em casar. Estava namorando mas não assim pensando em casar. Eu falei: “Bom, meu pai vai desfazer da padaria”. A Tetra Pak tinha iniciado em Monte Mor, estava com praticamente um ano, foi aí que eu entrei em contato para... Mas não visando a área de elétrica. Porque na Tetra Pak eu entrei como motorista.
P/2 – Que ano foi isso?
R – 1979. Em julho de 1979.
P/1 – E nesse período você falou que ainda era solteiro...
R – Era solteiro.
P/1 – Hoje você é casado...
R – Ô, graças a Deus... E a maioria do pessoal, é, uns eu perdi o contato, a maioria do pessoal que entrava na Tetra Pak já estava nessa idade. Naquela época 25 anos já era velho para casar. Então já aproveitava, a hora que via que estava mais ou menos estabilizado já casava.
P/1 – E qual o nome da sua esposa?
R – Mildres Aparecida de Paula Amaral. Ela é de Monte Mor também. Nascida e registrada em Monte Mor.
P/1 – E você tem filhos...
R – Tenho dois. Tem o Ricardo do Amaral e Rafael do Amaral.
P/1 – E qual a idade deles?
R – O Ricardo com 22 e o Rafael com 20.
P/1 – E o que eles fazem da vida? Estudam...
R – É, estudam. O Ricardo faz Economia e trabalha no Bradesco, em Campinas. O Rafael ele faz Engenharia de Produção e trabalha na Bosch. Estagiário na Bosch.
P/1 – Que é em Monte Mor mesmo...
R – Não, a Bosch é em Campinas. Fica na rotatória em Campinas, no km 99, na entrada de Campinas. É o início da rodovia para Monte Mor.
P/2 – Quando você entrou para Tetra Pak, você já conhecia... Como que foi? Porque foi logo que ela se instalou?
R – Foi. Eu fornecia pão para a Tetra-Pak. Então eu tive contato. A Tetra Pak quando ela começou a construir em Monte Mor ela veio por um incentivo da Prefeitura. Monte Mor não tinha indústria nenhuma. Então o prefeito da época, com incentivos ele trouxe indústrias para Monte Mor. Então veio a Tetra Pak, veio a Zootec, veio, na época era a Haver & Boecker. Essas foram as mais assim, de nome, que vieram. Então com a construção da Tetra Pak, meu pai na época ele já fornecia o pão para construtora, que fez as primeiras obras da Tetra Pak. Então nós ficamos conhecendo a Tetra Pak. Ficou muito fácil porque, uma empresa construindo ali na cidade, uma empresa de nome, multinacional. É um tremendo chamariz...
P/1 – Você fornecia pão?
R – Isso.
P/1 – Como você diz... Mas qual foi a sua primeira impressão da Tetra Pak quando você começou a trabalhar? Porque você já conhecia como fornecedor...
R – Eu conhecia como fornecedor. Com o contato com os funcionários das empresas que estavam construindo e na época eu tinha amizade com o pessoal de elétrica da empresa, que iam na padaria, e ficavam por lá, então você já tinha algumas pequenas informações de como era a empresa, a construção, você já escutava o pessoal comentar a respeito da instalação. O pessoal de elétrica comentava que, alguns, comentavam a respeito da estrutura da empresa, do padrão que estava sendo construído, então você já começava a ter vontade a esse respeito.
P/1 – E como foi seu primeiro dia de trabalho na Tetra Pak? Você se lembra?
R – Lembro. O primeiro dia foi mais ou menos que nem hoje assim... É para chegar às oito eu cheguei às sete. E eu tinha um colega que trabalhava na empresa, e esse colega ele era de Monte Mor, e eu cheguei... Bom, eu conhecia o guarda, conhecia muita gente de lá de dentro, então foi muito fácil, porque o dia que eu fui fazer entrevista eu fiquei conversando com o guarda, o contato do dia-a-dia. Ficou um diálogo mais fácil. E eu chegando, eu entrei lá para dentro, no escritório... Depois que eu entrei esse colega meu trabalhou pouco tempo lá, mais uns dois anos mais ou menos, e depois ele saiu de lá. E um dos comentários dele foi o seguinte: que eu não serviria para trabalhar na Tetra Pak, eu não serviria para trabalhar numa empresa. Porque ele tinha a idéia do seguinte: eu era, tinha um comércio, eu era uma pessoa que, vamos dizer assim, dava as ordens e iria receber ordens. Essa era a idéia dele, que falou: “Você não vai servir para trabalhar aqui”. Mas tudo bem, vamos experimentar não é? Eu tô experimentando até hoje... (risos)
P/2 – E você começou como motorista...
R – Motorista.
P/2 – E você era motorista específico de alguém ou era da Tetra Pak?
R – Não. Era motorista do Administrativo. Mas a empresa era pequena, então você fazia de tudo. Você fazia as compras, você ia para Campinas, ia para o INPS, ia para os bancos. Monte Mor só tinha um banco, então a grande movimentação bancária era Campinas. Então você fazia praticamente de tudo. Mas também, algumas vezes, trazia os diretores ou algum funcionário que ia viajar, você trazia para o aeroporto, ia buscar no aeroporto, tanto em Varicosos como aqui em Campinas, Congonhas, Guarulhos. Na época era uma Brasília branca. Não era amarela, mas era uma Brasília branca. Uma Brasília 1977.
P/1 – E você... 28 anos já...
R – É.
P/1 – Quem que daquela época estava quando você entrou que ainda permanece na Tetra Pak? Dos seus colegas?
R – Dos meus colegas? Bom, muitas pessoas ainda estão na Tetra Pak, mas eles estão em outro país. No caso do Benedito Penteado, eu estava trabalhando de motorista, tinha contato com todo mundo, então o gerente de produção falou: “Ó, você não conhece alguém que trabalhe na área da elétrica para indicar?”. Eu falei: “Eu tenho um colega, mas é um colega que está há 13 anos trabalhando na Bosque, eu não sei se ele vai querer sair da Bosque.” E uma coincidência foi que ele estava de férias. Aí o Benedito foi conversar com o Waldir Salve que era o gerente de produção na época, depois ele passou a ser gerente de manutenção. Então começou a negociação para ele deixar os 13 anos de Bosque e veio para Tetra Pak. E sair assim na disposição mesmo, porque ele pediu a conta. Mas ele saiu e hoje o Benedito está na Europa, hoje ele está na Suécia. Outras pessoas aposentaram. A Ana Maria, que trabalhava no RH hoje trabalha na Cooperpak, é uma prestadora de serviços. Tem o nosso amigo Roberto Raven. Eu não lembro a função, se ele era gerente de RH. E ele é a pessoa que me contratou, e ele também aposentou, agora no começo do ano.
P/2 – E ele continua trabalhando?
R – Não, ele faleceu...
P/2 – Ah...
R – Ele faleceu.
P/2 – E quem era o diretor na época?
R – Era o Lars-Erik Janson. Era um sueco. Então tinha o seu Lars que era o presidente, o seu Nelson que era o diretor financeiro, tinha o Ubirajara era o gerente da Contabilidade, e o Raven era o gerente de RH, que eu acho que era o Departamento Pessoal. Essas são as pessoas que eu mais lembro. Depois tem o outras pessoas de produção, como o Orlando Batistucci, tem pessoas que a gente o apelido mas não lembra o nome.
P/2 – A grande maioria das pessoas na época era de Monte Mor...
R – As de produção eram de Monte Mor, porque na época você tinha que ter o colegial, acho que era o ginasial completo, daí você podia trabalhar na produção. Tinha, e até tem ainda eu acho, a dificuldade de mão de obra especializada. Então a parte de produção que estava formando o pessoal, eles estavam contratando de Monte Mor. Agora o pessoal para ser o supervisor, ser o gerente, vieram de fora porque eram pessoas que já tinham que ter uma formação, já tinham que ter uma formação mais definida. Então veio o Paulo Bordini, que se aposentou também, está em Monte Mor. Ele presta serviços para Tetra Pak ainda. Devagarinho a gente vai lembrando o nome das pessoas...
P/2 – E aí, assim, você ficou quantos anos como motorista? Ou foi uma coisa rápida?
R – Foi, foi. Acho que deu um ano de motorista. Tinha uma vaga na produção porque eles estavam ampliando, estavam expandindo, porque eles iam adequar mais as máquinas. Porque as máquinas quando vieram, elas vieram bem o essencial...
P/2 – Elas vieram de fora...
R – Sempre. Importadas, depois montava-se aqui. Só que, como a laminadora, ela não veio a linha completa. Ela veio somente a extrusora, então o papel tinha que passar três vezes na máquina. Então fazia uma camada externa, depois a laminação, depois uma camada interna. A impressora não. A impressora veio completa e a cortadeira veio completa. Era o início, então estava preparando, desenvolvendo ainda.
P/2 – E nessa época a sua função era?
R – Eu entrei como auxiliar de manutenção, quando eu fiquei na manutenção, e na manutenção...
P/1 – E qual era o seu cotidiano quando na manutenção? Quais eram as suas responsabilidades?
R – Eu auxiliava o Benedito Penteado. Então eu era o carregador de ferramenta, o passador de fio, que ia aprendendo a profissão, porque a faculdade ela dá uma base. E o curso que eu fiz, apesar de ser formação elétrica, era elétrica mas de alta tensão. E alta tensão é só praticamente a entrada na empresa. Depois a parte de máquinas... Foi tudo interno, com cursos, o dia-a-dia, com o Benedito, que me auxiliou muito... Ele que foi o meu professor, sem dúvida.
P/2 – E os cursos eram dados dentro da Tetra Pak, por pessoas que vinham...
R – Não. Os cursos nós fazíamos fora. Eram eletrônica, eletrônica digital. Agora, específico da máquina, alguma coisa aí vinha. Normalmente vinha-se técnicos, vinha e vem, técnicos para montar a máquina. Então você entra como auxiliar para ajudar a fazer a montagem, e aí você vai aprendendo, vai desenvolvendo.
P/2 – E essas máquinas, elas ainda são produzidas fora do Brasil?
R – São.
P/2 – E vêm para serem montadas...
R – Vêm para serem montadas. Agora nós temos recebendo uma impressora, e ela vai ser montada aqui.
P/2 – E elas vêm da onde?
R – Elas vêm da Europa. Como não é bem a minha área eu nem sei... é da VTV, uma coligada à Tetra Pak, mas eu não tenho certeza de qual país ela vem. Não sei informar.
P/1 – E da época que você começou na produção, que passou a ter o contato com as máquinas, elas mudaram muito as máquinas?
R – Muito, muito. Pensa bem, você está numa época que começou a situação de não poder importar. Você tinha o equipamento importado, depois proibiu-se as importações. E tinha que desenvolver, tinha que crescer. O mercado já estava exigindo que tivesse uma expansão. Já teria que aumentar, deixar a linha completa. Aí foi desenvolvido, nessa época entrou partes nacionais, desenvolvida no mercado nacional. Que nem, extrusora foi feita no mercado nacional. Hoje nós ainda temos a Laminadora 21, que veio com uma extrusora só, hoje ela está completa. Foi feita grande parte no Brasil. Foi uma ousadia até pegar e desenvolver uma máquina no mercado nacional porque os suecos, acho que eles queriam manter o padrão, e não tinham essa necessidade... Acho que o Brasil foi uma escola para os suecos também em desenvolvimento do mercado nacional, a própria situação de inflação, que era muito crítico para eles. Eles não conseguiam enxergar... “como que conseguem viver?”, naquela época chegamos a 80% de inflação no mês. Deixava qualquer sueco atrapalhado. Era muito mais viável você aplicar no mercado financeiro do que investir na indústria. E eles não, eles investiram na indústria. Daí a situação que eles têm hoje foi enxergar que o mercado tinha futuro. O que muita gente, muitas multinacionais não apostaram, aí ficou travado.
P/1 – E você praticamente acompanhou a história da fábrica de Monte Mor desde a fundação.
R – É. Monte Mor e uma parte de Ponta Grossa [PR].
P/1 – E esses seus 28 anos de Tetra Pak, qual seria o momento de maior crise, na sua opinião, que a empresa vivenciou?
R – Eu sou muito ruim para datas. E principalmente as coisas que não são boas não é que eu deleto, mas fica mais complicado. Mas eu acho que foi na época de 1983, que teve a crise, o começo da crise acho que foi do o petróleo, que teve até uma redução. Eles estavam preparados para investir, já estava o capital definido para investir naquele ano e de uma hora para outra revirou, deu a reviravolta, e eles tiveram que dispensar alguns funcionários. Nessa época eu voltei a ser motorista. Porque eu tinha duas opções. Como estava entrando uma máquina que chama Doctor Machine, eu iria trabalhar nessa máquina Doctor Machine, sairia da manutenção iria para produção. Ou retornaria para motorista. E eu sempre gostei de dirigir. Até uma das situações de entrevista foi essa. Se eu conhecia São Paulo. Eu falei: “Olha, conhecer São Paulo eu não conheço. Mas medo de trânsito eu não tenho”. Acho que isso pode ter dado um apoio. E de fato é verdade. Quando foi a primeira vez que eu vim para São Paulo já foi nessa época que tinha terminado a Bandeirantes e o Roberto Raven fez o mapa para, para eu chegar na Alameda Santos, porque o escritório ficava na Alameda Santos. E ele fez tudo bem detalhado para eu chegar. Entra na marginal, marginal Pinheiros, pegando a ponte Cidade Jardim e indo reto, para sair na alameda. E com essa situação foi que eu retornei para área de motorista, fiquei mais um período, só que nessa época o Raven já não era mais o gerente de RH. Já era o José Ermínio Scarchetti, que tinha iniciado na Tetra Pak assumindo as funções de RH, e eu trabalhei um período com ele. Acho que não deu um ano para eu retornar à produção. Daí eu voltei para produção, na manutenção mesmo, e fiquei um período longo, acho que é o que eu falei, eu sou ruim para datas, eu me perco no tempo.
P/2 – Deixa eu só entender. Foi na crise, em 1983, que várias pessoas foram despedidas...
R – Isso.
P/2 – E você foi para...
R – Voltei a ser motorista.
P/2 – Foi uma opção assim... Ou você voltava para ser motorista....
R – É, tinha essas duas opções: ou máquina, trabalhar na Doctor Machine, ou voltar a ser motorista.
P/2 – Aí você preferiu ser motorista?
R – Eu preferi ser motorista porque eu já dominava. E eu fiquei com medo de, mesmo estando na produção eu ir para máquina e não retornar para manutenção. E eu não sei, eu me senti que eu acho que se eu voltasse para motorista, eu tinha a chance de retornar para produção, porque era a área que eu queria, que eu quero e que eu trabalho. Mesmo agora sendo edificações e utilidades, eu continuo sendo da manutenção. É o fornecimento de energia, era comprimido, água gelada, água industrial, é de minha responsabilidade. É um corpo da manutenção.
P/2 – Aí quando você deixou de ser motorista pela segunda vez, você voltou para manutenção...
R – É. Depois dali um período eu passei a eletricista, depois técnico eletrônico, depois manutenção e depois teve uma reestruturação na empresa que já era preparando para ISO 9000. Então eles fizeram uma readequação do quadro de manutenção. Veio um gerente novo, o Valter Afonso. Quem era de manutenção ficou cuidando de máquinas. E criou-se em manutenção a área de utilidades, aí eu assumi a área de utilidades. Pela formação, em cima da ISO, você tem que uma formação para trabalhar na responsabilidade daquela área. E por causa da minha formação em transmissão e distribuição elétrica o Valter me iniciou... Para mim foi um outro início, um outro degrau porque eu trabalhava em máquinas, então eu conhecia toda a parte de manutenção de máquinas, mas a parte de, a elétrica tudo bem, mas a parte de ar comprimido, de água gelada, de água industrial foi um novo campo para mim porque era totalmente novo.
P/1 – E qual é o maior desafio que você enfrentou na Tetra Pak?
R – O maior desafio?
P/1 – É.
R – É um dia após o outro.
P/1 – São vários...
R – São vários. Em manutenção, e na parte de utilidades, você não tem rotina. Porque parece ser uma coisa diária, todo no mesmo sistema, mas não é. Cada dia é uma nova lei, é um novo sistema, é um problema novo que surge, uma coisa inesperada... É a correria do dia-a-dia. Então, desafios para vida foi sempre superar essas fases da nova mentalidade de trabalho. Nós tínhamos um costume de trabalho. Aí a hora que começou a entrar a ISO já mudou o processo, o sistema de organização, documentação. Toda essa parte começou a ser mais utilizada, mais documentada, mais burocrática. Antigamente você tinha que executar, tinha que executar e resolver. Aí você começou a ter que, além de resolver, você tinha que documentar, não ficar para você, você tinha que abrir o conhecimento para os outros. Não é aquela situação de você achar que você domina. Não se tem mais essa mentalidade. Não pode ser você o centro do universo. Você tem que deixar isso aberto para todos seus colegas. Porque não é a situação de você achar que é o dominador, entende?
P/1 – E o que mais mudou na Tetra Pak nesses seus anos de trabalho? Você já falou que as máquinas mudaram muito, quê mais?
R – As máquinas mudaram, a política da empresa, não é a política, o desenvolvimento da empresa, o mundo mudou. O mundo ficou muito mais dinâmico, muito mais agitado. Você tá correndo dia-a-dia, você não está estagnado, tem que estar à procura de novas idéias, novos desafios, não pode parar muito tempo. É muito dinâmico.
P/1 – E, Fausto, a Tetra Pak também é reconhecida pelas ações ambientais...
R – Sem dúvida.
P/1 – Que são muito importantes para a empresa?
R – Muito importantes.
P/1 – Queria que você falasse um pouquinho sobre essas ações, como você as vê e como elas são aplicadas mesmo.
R – Bom, a Tetra Pak se preocupa não só com as ações ambientais, ela se preocupa também com a comunidade. Ela preserva muito a situação de convivência com o vizinho, com a cidade, com a comunidade e isso ela já tem desde o início. E daí para partir para situação ambiental foi um passo. Isto é uma situação de adequação à situação do momento. Porque, quem falava em 1979, 1980, 1985, em economia de energia? Em 1989 nós já comentávamos, falávamos, agíamos. Quando começou a parte da ISO 14000, já se tinha essa idéia, já vinha se desenvolvendo a parte de desperdício de água, economia de energia. E toda essa parte, meio ambiente, já é intrínseco da empresa, já vem de uma situação de cultura, já desenvolve mesmo.
P/1 – E as iniciativas sociais? Você já falou que tem esse cuidado com a comunidade, que mais você pode falar sobre os investimentos sociais da Tetra Pak?
R – Ela ajuda muito o município em si. Não só o município. A gente fala o município pensando em Monte Mor. As associações... Eu acho o que, ela foi uma das empresas que manteve no início o pronto socorro, depois para virar hospital, então essa é uma das ações, que sempre foi de auxílio, de amparo, porque infelizmente a política, existem muitos entraves, demora-se muito para chegarem os benefícios para cidade. E a Tetra Pak auxiliava, auxiliou desde o início o pronto socorro, o hospital, a Associação Montemorense, que é chamada de asilo, tem um asilo interno... Eu digo que é uma associação que dá gosto de contribuir porque cada vez que você vai lá você vê que o dinheiro que você contribuiu está sendo aplicado por aquela entidade. Não é uma situação que você tá contribuindo e não sabe para onde vai. Muitas coisas que muitas vezes não acontece. E eu sei de entidades em Campinas que ela contribui, e ela sempre está auxiliando, e muitas vezes até amparando mesmo a entidade.
P/2 – E na verdade é uma parceria que ela faz com a comunidade.
R – Com a comunidade.
P/2 – E não é só com a comunidade de Monte Mor, ela também vai para Campinas e outras cidades.
R – É. Como... Ela tem funcionários em várias cidades. Então, se tem um funcionário daquela cidade que participa de um órgão, uma entidade do município, conversando e dialogando, e apresentando o pessoal vai identificar a idoneidade, ela contribui. Não é dizer que ela contribui só para Monte Mor, ela contribui para região mesmo, escolas...
P/2 – Falando em contribuição, voltando um pouquinho, que nós falamos da chegada da Tetra Pak em Monte Mor. Que ela contribuiu para o desenvolvimento de Monte Mor...
R – Sem dúvida. Porque não tinha rendimento, o município era 100% agrícola, então a contribuição, o rendimento do município era muito pouco. Então ela foi um excelente dinheiro em caixa para o município.
P/2 – E com ela vieram outras empresas?
R – Vieram. Na época vieram. Veio, naquela mesma época veio a Feedback, a Zootec, a Haver Beumer e a Tetra Pak. Veio uma outra empresa mas essa não deu continuidade.
P/2 – E essas que você falou...
R – Essas estão em Monte Mor. E são multinacionais. Essas são multinacionais. Agora, eu acho que a que mais se desenvolveu, eu não tenho total conhecimento das outras, mas ao que me parece a que mais se desenvolveu, a que mais deu certo foi a Tetra Pak. A Tetra Pak que cresceu, tanto que ela construiu, ocupou 100% do espaço dela. Hoje ela já está na cidade, porque a cidade envolveu a empresa. Então ela teve que construir outra aí em Ponta Grossa para atender o mercado.
P/1 – Quais são os valores da Tetra Pak? Você conhece esses valores? Como você sente esses valores da Tetra Pak na prática?
R – Olha, essa é uma pergunta que a gente vive o dia-a-dia, os valores da empresa. A dignidade, a parceria, a parte da ISO mesmo, a parte que é estar sempre crescendo, respeitando o meio ambiente, suprindo a... É uma coisa que eu uso todo dia mas que agora me some o termo... A parte de você estar superando a expectativa do seu cliente. Estar procurando novas idéias, novas embalagens, atender à necessidade do cliente, isso sem atacar o meio ambiente. Você estar sempre preservando a questão do meio ambiente, com segurança, preservando a parte da responsabilidade, da pessoa, ou seja, a liberdade com responsabilidade. Você ter a liberdade de ação e ter a responsabilidade em cima do que você está fazendo.
P/1 – E esses valores são aplicados no dia a dia dos funcionários?
R – São aplicados no dia a dia do funcionário.
P/2 – E pegando em cima da vida dos funcionários, desses valores, a Tetra Pak é uma empresa que incentiva todos os funcionários a se desenvolver pessoalmente, profissionalmente?
R – Sem dúvida. Ela incentiva todo funcionário a se desenvolver, e aí daquele que não se desenvolver pois está parado no tempo. Então, é bom. E ela incentiva porque ela auxilia no estudo, auxilia...
P/2 – Quando você fala auxilia, ela paga...
R – Ela custeia uma parcela do curso, da faculdade, do curso de inglês, do curso de espanhol. Então se você apresentar para o seu gerente, para o departamento de RH, o curso que você está solicitando e justificando que você vai utilizá-lo, eles enxergando que você vai utilizá-lo em sua área, que vai ter retorno para a empresa, porque ela também não vai investir para jogar fora dinheiro, então ela entra com uma porcentagem do custo do curso. E também os seminários, palestras, cursos internos. E mesmo internamente você tem... Hoje, dentro da situação do ICM você tem equipes que apresentam cursos, desenvolvimento para o pessoal... Vamos dizer, para o pessoal de produção, para que eles possam trabalhar na produção em torno da máquina. Então é dar conhecimento técnico para esse pessoal, dando curso de elétrica, hidráulica, mecânica, fazendo crescer o funcionário, informática...
P/1 – E nesses seus anos de Tetra Pak, aconteceu alguma história, um caso engraçado, algo que você se recorde que tenha te marcado de alguma forma?
R – Olha, caso engraçado... Olha, tem, tem, mas eu não recordo... Na hora que pergunta assim eu não lembro mesmo...
P/1 – E você já...
R – Tem o dia-a-dia da época da manutenção, tinha, você lembra de coisas que aconteceram na época que eram até, não se chegam a ser trágicas, mas depois se tornaram cômicas, mas era o dia-a-dia da manutenção, mas não assim, coisas que... Tem gente que tem facilidade para lembrar esse tipo de coisa, eu não tenho.
P/1 – E em várias falas suas você já deixou claro a importância da Tetra Pak para Monte Mor.
R – Sem dúvida.
P/1 – Para região como um todo... E para a história da indústria brasileira, qual é a importância da Tetra Pak, na sua opinião?
R – Para a indústria brasileira... Eu acho que a parte de tecnologia. O desenvolvimento dela que acompanhou o desenvolvimento do mercado, da tecnologia. Então ela também teve a formação do pessoal, dos técnicos, do corpo técnico da equipe, de toda administração, do grupo dos funcionários. E mesma situação hoje, situação WCM. WCM hoje, a Tetra Pak, Tetra Pak Brasil, ela é benchmarking. Então tem muitos colegas meus que estão na Europa, estão difundindo, estão apresentando. É uma filosofia que veio do Japão, e se empregou aqui no Brasil, e trouxe frutos. E hoje eles tão difundidos no mundo. A Tetra Pak no Brasil não é a única que foi que implantou a WCM. Teve mais, teve da Espanha, Dallas, mas a do Brasil foi a que, uma das que foram, que tiveram mais sucesso. Hoje estão com bastante brasileiros lá fora.
P/1 – E a importância das embalagens da Tetra Pak no setor alimentício, como você vê?
R – Olha, para você ter uma idéia, na época quando teve o apagão, nós tivemos uma situação, não de queda de produção. A embalagem Tetra Pak foi tão necessária naquele momento que ela foi uma salvação para parte de alimentos, para parte de leite, porque ela não necessitava de refrigeração, não necessita de refrigeração. Então, a Tetra Pak em Monte Mor tinha que economizar 20% da energia. Agora, como é que ela ia economizar os 20% de energia sendo que ela estava vendendo mais? Então foi aquele sufoco. Para fazer uma operação de guerra, instalar geradores, até que os geradores foram instalados em caráter de urgência, para atender à necessidade, e foi retirado dali um mês. O mercado agiu diferente. Muitas empresas entraram no mercado de energia. Então ela teve condição de adquirir energia e produzir a embalagem. Esse é um dos pontos que foi, vamos dizer, na época do apagão ela dói excelente para suprir mercado. Para a economia, para manter o produto. E a praticidade. Antigamente, você ia com o leite, era o dia-a-dia você pegar o leite. Desenvolvimento assim da embalagem.
P/1 – Então quais são os principais diferenciais da embalagem? Você já citou praticidade, conservação. Que mais você poderia falar de uma embalagem da Tetra Pak?
R – Visual. Desenvolvimento dela, de quando ela começou a ser impresso hoje, qualidade do que está impresso hoje, ela está muito mais chamativa. Ela tem melhor presença na prateleira, na gôndola. Os novos tipos de embalagem, os novos formatos, tudo isso foi... O desenvolvimento da embalagem com a necessidade do mercado e atendendo, suprindo, facilitando o dia a dia do povo mesmo.
P/1 – Como que você acha que os consumidores encaram a embalagem, os produtos que são comercializados na embalagem Tetra Pak? Isso na sua opinião.
R – Na minha opinião, você tem aquelas pessoas, aquela maior parte, que elogia a embalagem, utiliza a embalagem, vê os benefícios da embalagem. Então eu acho que a grande maioria enxerga a praticidade, os benefícios, a qualidade do produto que está lá dentro. Você tem uma confiabilidade do produto que está lá dentro. Você tem um controle desse produto. E existe uma pequena, uma minoria, que, aí vem aquela situação, aquela briga. O Brasil é um país muito grande, a situação, aquela briga... A Tetra Pak desenvolve muito aquela parte de meio ambiente, reciclagem da embalagem, ela desenvolveu um processo que você recicla 100% da embalagem. Só que ainda tem o problema de você fazer a coleta para você fazer essa reciclagem. Então ela investe muito em cima disso, de você pegar, de você fazer e informar que essa embalagem é totalmente reciclável. Você tem a condição de fazer essa reciclagem. Você tem outros processos, não só de você reciclar total como outros meios de reaproveitamento. Então, essa parte, que ainda é uma parte que ela tá bem desenvolvida nessa região nossa do estado de São Paulo, mas mais nos grandes centros, é um veio ainda que tem que ser muito bem desenvolvido, apresentado ao público ainda. Está sendo feito, mas não é uma coisa que você consegue de uma hora para outra.
P/1 – E a Tetra Pak ela comemora 50 anos de Brasil em 2007. O que você conhece dessa trajetória?
R – O que eu conheço? Bom, eu conheço alguma coisa em cima do que eu vivi em Monte Mor, alguma coisa que foi apresentado de histórico anterior em cima da Copa. O crescimento foi feito muito, trabalhado, quando o Pelé foi garoto propaganda, então foi apresentado na época da Copa da Suécia. Ele já era garoto propaganda da Tetra Pak. Então no início a situação que nós... A primeira embalagem que eu conheci da Tetra Pak era o Glut, um achocolatado, um leite com sabor, chocolate, caramelo, que era produzido, se eu não me engano pela Paulista, e essa era a primeira embalagem no Brasil que veio. O que eu conheço é em cima disso. O pessoal muito falava naquela época, não sei se foi o primeiro escritório, mas era na Bittencourt Sampaio, não sei onde que fica a Bittencourt Sampaio, mas já ouvi falar muito da Bittencourt Sampaio. O próprio Ubirajara, que era gerente de Contabilidade, que hoje era Controladoria, mas que na época era Contabilidade, ele falava muito porque ele veio da Bittencourt Sampaio para Monte Mor. Aí depois que abriu o escritório da Alameda Santos. Então tem essa trajetória que a gente fica sabendo um pouco de conversa interna, propaganda, a parte... que foi apresentado ao público então vem para gente também. Toda parte de comercial, toda parte de marketing, ela é sempre muito difundida internamente na empresa. Muitos lançamentos são apresentados à empresas, ou em conjunto com o mercado, ou então até antes do mercado ele é apresentado aos funcionários, ou no restaurante como degustação, tem até muitas vezes uma apresentação no auditório, então você fica conhecendo alguma coisa.
P/2 – E Fausto, nesses anos de Tetra Pak você passou por alguns presidentes.
R – Sim.
P/2 – E cada um tinha um jeito específico ou era tudo muito igual assim?
R – Não.
P/2 – O que você lembra que mudava de um para o outro?
R – Bom, o primeiro foi o Lars-Erik Janson. Ele era uma pessoa de bem fácil acesso. Eu não digo só para mim, eu também trabalhava de motorista na época, então, ele tinha uma chácara em Monte Mor então eu ia para chácara dele, levá-lo para chácara, ou fazer algum serviço para ele também. Então tinha uma facilidade do diálogo, fácil acesso. Depois veio, bom, tem alguns que eu lembro o nome, tem o Tom Bartschukoff, Carl-Viggo, aí depois veio seu Nelson Findeiss, e hoje agora o Paulo Nigro. Então teve o Toma Bartschukoff, esse veio e fez, foi o início que a Tetra Pak começou a deslanchar. O senhor Lars ele implantou e iniciou, aquela briga de mercado, a dificuldade de expansão, e até fazer com que o público enxergasse a embalagem como uma embalagem saudável. Eu lembro de uma situação que eles fizeram, que pegaram, participavam de palestras com pediatras, apresentando as qualidades e como que era produzido o leite. Porque tinha aquela mentalidade, como que vai fazer? Tem que ter conservante nessa embalagem para ela se manter esse período todo. Então os próprios pediatras não recomendavam. E tiveram que fazer aquele trabalho de formiguinha mesmo de ir lá e convencer a base, desenvolver, apresentar...
P/2 – Que não era prejudicial...
R – Que não era prejudicial, como é que era fabricado e levar essas equipes, esses profissionais, a empresa... Teve uma vez que eu estava escutando, assistindo, era um jornal da Record que tinha ao meio-dia, era uma mesa de debates, e o repórter, eu não me lembro o nome do repórter que era o chefe lá, ele comentou que ele tinha ido para a Europa, foi feita uma excursão para apresentar a Tetra Pak na Europa. Então eles foram conhecer os laticínios, conhecer a Tetra Pak, conhecer como que era o produto. Então foi desenvolvido. Essa base, esse alicerce tinha que ser construído e desenvolvido. Então o senhor Lars eu acho que foi a base. Depois o Toma pegou a base pronta e começou a deslanchar. E acho que na época ele foi um dos... A Tetra Pak sempre primou em ser sempre, ter assim pessoas que se sobressaíram em relação a outras Tetra Pak no Brasil. Então o Tommy foi um dos primeiros, ele saiu aqui do Brasil e foi para o Japão. Ele foi promovido para ir para o Japão. Foi uma promoção e tanto, porque sair de uma Tetra Pak... Monte Mor era muito pequeno e ir para uma Tetra Pak Japão, que já era outro, então foi uma grande promoção para época. Depois foi o Carl-Viggo que veio. No meio desses dois teve um outro diretor presidente, que ele ficou muito pouco tempo no Brasil. Foi a época que veio, estava aquela inflação galopante e ele não aguentou, ele falou assim: “Não, aqui não tem como.” Ele não conseguia enxergar como trabalhar. E ele foi transferido e veio o Carl-Viggo. O Carl-Viggo veio e deu continuidade, que aí já entrou o processo de embalagem em off-set, que também foi uma máquina feita no mercado nacional por restrição de importação. Uma puxa de uma experiência para se desenvolver em cima disso. Que, muito complicado, você partir, desenvolver uma máquina aqui, com uma tecnologia de fora. E a nossa tecnologia era, em relação ao exterior era muito inferior. Mas teve o seu sucesso em cima do processo. Depois veio a embalagem off-set e daí veio o seu Nelson. Seu Nelson Findes. Já, o seu Nelson já, brasileiro, conhecendo o mercado com a visão que ele tem, ele, assim, com a sua perspicácia, a sua audácia, de investimento, de investir no mercado e fazendo desenvolvimento, sendo assim, sendo assim audaz. Você partindo para, partindo bem para briga mesmo, aí decolou de vez. Também entrou os Planos da Vida, os nossos planos, e eu acho que foi o conjunto que deixou... Que emplacou de vez.
P/2 – Pegando o seu Nelson, mais uma inflação controlada, uma inflação tranquila. Você acha que junto com isso foi o período em que o consumidor começou a aceitar melhor as embalagens ou eles já aceitavam antes? Independente dos problemas de mercado, de inflação...
R – Não. Eu acho que foi aí que o povo já tinha mais, o cliente, o consumidor... Eu falo cliente que para mim quem compra a embalagem nossa tanto como quem compra a embalagem com o produto, completo, no meu ponto de vista ele passa a ser cliente, mas tem uma diferença. Eu acho o seguinte, tem... Desculpa, eu perdi o fio da meada.
P/2 – Eu estava perguntando assim, quando começou a ser mais consumido o produto, as embalagens da Tetra Pak, foi nesse período? Teve uma maior aceitação do público consumidor?
R – Teve, teve uma maior aceitação, mas, tudo isso, eu acho que é a razão de você estar criando, desenvolvendo a mentalidade... Porque o público consumidor enxergasse as qualidades da embalagem, as qualidades do produto que estava dentro da embalagem, a confiança que ele passou a ter no produto. Porque sempre tem aquela, um pequeno problema que aconteça, uma imagem prejudicada é muito mais difícil de você recuperar. E eu acho que foi uma situação que o público já enxergou, a confiança no produto e na embalagem. E aí você tendo confiança no produto, vendo a versatilidade, a embalagem, você já cria... fica mais estruturado, já cria mais confiança no processo.
P/1 – E Fausto, em comemoração aos 50 anos, que a gente já está falando há algum tempo na entrevista, a Tetra Pak lançou o projeto “Memórias 50 Anos Tetra Pak”. Na sua opinião, qual é a importância desse projeto?
R – Eu acho que, pensa bem, são 50 anos. 50 anos, meio século. Eu até já passei um pouquinho dessa data, tenho um pouquinho mais que 50 anos. Então, para uma empresa sobreviver por 50 anos, é uma história, você tem que ter... Quantas empresas nesse período começaram e não foram para frente... Quantas empresas vieram para o Brasil e não deram continuidade, não tiveram... mesmo, pode ter sido concorrentes nossos direta ou indiretamente, que não conseguiram emplacar no mercado? É uma situação que é de honra, em você ter essa história, registrar, guardar essa história, esse sucesso, essa escalada desse sucesso. Vamos dizer assim, esse gráfico só teve rampa de aceleração, não teve rampa de desaceleração, e eu acho isso uma situação muito fantástica. Porque não é fácil você manter uma situação de desenvolvimento. Manter, estar sempre progredindo, desenvolvendo, ganhando mercado, ganhando a confiança do público consumidor, criando um nome no país, porque o mundial ela já tem. Agora, você criar o nome no país, manter o nome, manter esse nome preservado e manter a qualidade, não é de graça. Ninguém consegue enganar. Você pode enganar por um período, não por uma vida. E 50 anos é uma vida.
P/2 – E, Fausto, nós estamos chegando no final. Eu queria te perguntar uma coisa. Se você quer falar alguma coisa que nós não conversamos, que você lembra que é importante, alguma passagem, algum detalhe que fugiu?
R – Passagem importante? Detalhe importante... Olha, eu acho que a condição... A Tetra Pak para mim foi o seguinte: todo esse período vivendo na empresa, trabalhando, participando da empresa, vamos dizer, eu acho que eu vivi mais tempo na empresa do que em casa. Porque hoje é uma situação diferente. Na época nós tínhamos a condição de você trabalhar... A jornada de trabalho já era mais longa, então você tinha a necessidade de ficar um período a mais até, então, é a situação de vida da gente. Não é uma coisa que eu fui lá fazer uma experiência. Como o que eu disse no começo. Eu entrei o colega disse que eu não ia me adaptar à empresa e eu estou tentando me adaptar até hoje. São 28 anos que eu estou lá... Eu acho que se eu estou há 28 anos, eu tenho valores que eu dei à empresa, recebi muito da empresa também, porque é uma situação que você, é uma troca. Você recebe e você também doa. Então, a convivência, a amizade que criou, a convivência com os colegas, novas amizades, pessoas que vieram, pessoas que saíram, pessoas que permanecem lá, são... Cria-se um laço de amizade.
P/1 – E, Fausto, o slogan da Tetra Pak é “Protege o que é bom”. O que é bom para você?
R – O que é bom é a vida. E ela protege o que é bom, ela protege o alimento. O alimento é a força da vida, é o que te dá a vida. Então eu acho que é um slogan que se encaixa muito bem. Foi muito bem pensado, muito bem...
P/1 – E, para finalizar Fausto, o que você achou de dar esse depoimento para o projeto Memória da Tetra Pak?
R – Olha, eu gostei muito. Uma pena que eu não seja uma pessoa que lembre muito das coisas, fale muito, guarde muito, guarde datas, situações ocorridas, principalmente quando você faz a pergunta de situações engraçadas, cômicas assim. Então, eu gostaria de ser uma pessoa que conseguisse dar mais. Eu acho que eu teria muito mais assim para apresentar para você, só que não é o meu perfil. Eu sou meio fechado, meio tímido, então...
P/1 – Foi ótimo, Fausto.
P/2 – Foi ótimo. E você quer deixar um recado para a Tetra Pak, desses 50 anos?
R– Que esses 50 anos não seja o primeiro dos 50 anos. Que ele se repita. Que ela preserve essa mentalidade de proteger tanto o nome dela, produzir produtos confiáveis, produtos que estejam angariando benefícios para a população, que ela continue essa mentalidade de parceria com a comunidade. Porque muitas vezes eu acho que ela foi uma das únicas a contribuir com o próprio município. Então, filho da terra, eu vivi muito essa parte. O desenvolvimento da empresa, o crescimento da própria cidade em conjunto com a empresa, e acho que é por aí.
P/1 – Então muito obrigado, Fausto, pelo seu depoimento viu.
R – Obrigado.
P/2 – Te agradecemos e a Tetra Pak agradece o seu depoimento.
R – Que isso. É um prazer.
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