Memória Petrobrás
Depoimento de Luis Antonio de Carvalho Vargas
Entrevistado por Márcia de Paiva
Rio de Janeiro, 11/09/2008
Realização Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_HV112
Transcrito por Paula Leal
P/1 – Boa Tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Luís, vamos começar a entrevista você dizendo seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Luís Antonio de Carvalho Vargas, eu sou natural de Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, nasci em 1º de junho de 1951.
P/1 – E o nome de seus pais?
R – Meu pai é Ricardo da Rocha Vargas, gaúcho de Passo Fundo, que nem eu, e minha mãe é Maria Lilá Nogueira de Carvalho Vargas, natural de São Luís do Maranhão.
P/1 – Como é que os dois se conheceram, cada um numa ponta?
R – Isso registra bem que a profissão do meu pai, ele era militar, além de Cirurgião Dentista, ele era militar. Ele foi transferido pra São Luís do Maranhão, lá conheceu minha mãe, aí casaram-se lá em São Luís, foram para o Rio Grande do Sul, ele foi transferido para o Rio Grande do Sul, pra Bento Gonçalves, isso em 1948, aí em 1950 ele foi pra Cachoeira do Sul, em 1951 nasci eu, em 1954 nasceu minha irmã, e em 1958 viemos transferidos, ele veio transferido pro Rio de Janeiro, aí mudou, a família Vargas veio pro Rio de Janeiro.
P/1 – O Vargas tem algum parentesco, com o próprio Vargas?
R – Do Getúlio?
P/1 – Do Getúlio lá.
R – Olha, eu acho que isso me envaidece muito, meu pai, ele falava que o Getúlio era um parente afastado da família, que a família do Getúlio é de São Borja, a família do meu pai era de Passo Fundo. Mas Vargas gaúcho, se você for procurar na árvore genealógica vai encontrar alguma ligação.
P/1 – Provavelmente. Mas você cresceu, chegou à Passos há quantos anos, em Cachoeira?
R – Eu nasci lá, em 1951, e fiquei até 1958, vim pro Rio com sete anos de idade.
P/1 – O que você se lembra de Cachoeira?
R – Eu tenho uma vaga...
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Depoimento de Luis Antonio de Carvalho Vargas
Entrevistado por Márcia de Paiva
Rio de Janeiro, 11/09/2008
Realização Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_HV112
Transcrito por Paula Leal
P/1 – Boa Tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Luís, vamos começar a entrevista você dizendo seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Luís Antonio de Carvalho Vargas, eu sou natural de Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, nasci em 1º de junho de 1951.
P/1 – E o nome de seus pais?
R – Meu pai é Ricardo da Rocha Vargas, gaúcho de Passo Fundo, que nem eu, e minha mãe é Maria Lilá Nogueira de Carvalho Vargas, natural de São Luís do Maranhão.
P/1 – Como é que os dois se conheceram, cada um numa ponta?
R – Isso registra bem que a profissão do meu pai, ele era militar, além de Cirurgião Dentista, ele era militar. Ele foi transferido pra São Luís do Maranhão, lá conheceu minha mãe, aí casaram-se lá em São Luís, foram para o Rio Grande do Sul, ele foi transferido para o Rio Grande do Sul, pra Bento Gonçalves, isso em 1948, aí em 1950 ele foi pra Cachoeira do Sul, em 1951 nasci eu, em 1954 nasceu minha irmã, e em 1958 viemos transferidos, ele veio transferido pro Rio de Janeiro, aí mudou, a família Vargas veio pro Rio de Janeiro.
P/1 – O Vargas tem algum parentesco, com o próprio Vargas?
R – Do Getúlio?
P/1 – Do Getúlio lá.
R – Olha, eu acho que isso me envaidece muito, meu pai, ele falava que o Getúlio era um parente afastado da família, que a família do Getúlio é de São Borja, a família do meu pai era de Passo Fundo. Mas Vargas gaúcho, se você for procurar na árvore genealógica vai encontrar alguma ligação.
P/1 – Provavelmente. Mas você cresceu, chegou à Passos há quantos anos, em Cachoeira?
R – Eu nasci lá, em 1951, e fiquei até 1958, vim pro Rio com sete anos de idade.
P/1 – O que você se lembra de Cachoeira?
R – Eu tenho uma vaga lembrança da casa que eu morava, e de uma brincadeira na rua, o futebol que eu jogava na rua com alguns amigos e tal, tenho uma vaga lembrança. Eu voltei lá depois, em 1982, aí fui à rua, no nome da rua, Rua Moron, que é o nome da rua que eu nasci, o número da casa é 1140, aí cheguei lá, num sábado, aí olhei a rua, a casa, e bati na porta, ninguém atendeu, aí tinha um barzinho na esquina, as pessoas já olhando: “Quem é esse cara que chegou, num carro aqui?”, aí eu fui lá, me identifiquei, disse: “Bom dia” ou “Boa tarde”, eu disse: “Eu nasci aqui, e queria saber se a casa, tem alguém aí?”, aí o cara disse: “Não, tem um casal que mora aí, mas não está, foi passar o final de semana fora”, aí “não, tudo bem, amigo, eu nasci aqui em 1951, morei até 1958, muito obrigado, até logo.”
P/1 – E a casa estava lá?
R – Estava lá a casa ainda.
P/1 – E era a casa da sua lembrança?
R – Uma lembrança, era mais ou menos, porque quando você sai de uma cidade com sete anos de idade, por exemplo, tinha um prédio que eu fui visitar, chamava-se o Clube Comercial de Cachoeira do Sul, que pra mim, era uma coisa enorme, hoje quando eu cheguei lá, era um prédio de três andares, mas tinha um elevador, né, que um garoto pequeno, subia no elevador e achava que era grande, quando eu cheguei em frente ao prédio, eu falei: “Pô, mas é só isso?” (risos). A perspectiva muda, né?
P/1 – E você chegou a ir pra escola lá, aos sete anos?
R – Cheguei. Eu estudei lá no colégio, tinha um colégio que a gente usava um, eu me lembro até da roupa, era uma roupa como se fosse uma bermudinha, aquela roupa de tirolês, aquela bermuda de tirolês com o suspensóriozinho e tal, xadrezinho e tal, me lembro ter uma vaga lembrança da escola.
P/1 – E da mudança pro Rio, você se lembra?
R – Lembro.
P/1 – Também foi marcante?
R - Foi porque a viagem de Porto Alegre pra cá foi de trem, então nós levamos acho que três dias de trem, de Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro de trem, então, Maria Fumaça. Chegamos aqui, desembarcamos aqui na estação, deve ter sido a central, né, aí fomos para um hotel, no Flamengo, Hotel Regina, que existe até hoje, aí ficamos lá uns quatro ou cinco dias, porque o apartamento do prédio que o meu pai havia comprado, pela carteira hipotecado por militar, estava quase acabando a obra, então nós tivemos que ficar, mais ou menos, uma semana nesse Hotel Regina, até que nos mudamos pro prédio, na Tijuca, que existe até hoje. Minha mãe mora lá até hoje, está com 85 anos e mora lá, no mesmo apartamento, há 50 anos. E eu tenho essa lembrança.
P/1 – Quem era autoridade em casa, era o pai militar mesmo, ou era a mãe, ou era uma autoridade compartilhada?
R – Era muito compartilhada, porque o meu pai apesar de ser militar, era um democrata, tanto que ele era um militar, mas ele era Cirurgião Dentista do Exército, né, então, ele era tranqüilo e tal, a minha mãe era mais mandona mesmo, a única surra que eu levei em casa, foi da minha mãe, chinelo mesmo, e bateu, meu pai não batia, ele apaziguava, ele era um pacificador.
P/1 – E a mãe o que era?
R – As broncas ficavam por conta dela, uma boa Maranhense, né?
P/1 – Você é o mais velho?
R – Eu sou o mais velho, minha irmã é três anos mais nova do que eu.
P/1 – E aqui no Rio, como é que foi também chegar e se habituar a uma cidade nova, uma cidade maior, do que Cachoeira?
R – É. No início eu estranhei, eu estranhei.
P/1 – Do que você se lembra dessa chegada?
R – Eu estranhei, por exemplo, uma experiência marcante pra mim, por exemplo, eu não me lembrava de telefone na minha cidade, então a grande descoberta que eu fiz aqui no hotel, né, foi que um dia estava eu e minha irmã, que eu tinha sete, ela tinha quatro anos, e uma empregada que veio conosco já trabalhava com a minha mãe lá, veio conosco, meu pai saiu com a minha mãe pra ver o negócio da mudança, aí nós tínhamos tomado café no quarto, me deu vontade de tomar mais café, e não tinha mais açúcar, como é que a gente pede açúcar? Eu já tinha visto meu pai e minha mãe com telefone, então, “tem esse negócio aqui”, aí quando eu tirei o telefone do gancho, atendeu lá na Recepção, né, imagina aquele telefone preto, de 1958, aí atendeu a recepção, “pronto, aqui é da Recepção”, aí eu falei alguma coisa tipo: “Moço, acabou o açúcar, a gente quer mais café e tal”, aí o moço: “Vou mandar e tal”, qual foi nossa alegria depois, três, cinco minutos depois, bateram na porta, era o cara com um açucareiro, ”Pô, esse troço funciona mesmo?” (risos).
P/1 – Então é ótimo, né?
R – Então, isso aí foi marcante, eu me lembro disso até hoje, claramente né, então foi muito legal, e a mudança de cultura também, a gente estranhou muito. Outra coisa que, por exemplo, no Rio Grande do Sul, os guris, né, os garotos usavam o cabelo, nessa época a gente raspava a cabeça, usava um coisa, que nem o Ronaldinho usou, na Copa do Mundo de 2002, aquele modelo, era o padrão que se usava no Interior do Rio Grande do Sul. Eu cheguei aqui no Rio de Janeiro, o pessoal já usava o chamado reco, né, cortava a zero atrás, mas em cima tinha. Um mês aqui fui cortar cabelo, aí meu pai mandou cortar como da outra vez, e tal, e os garotos estranhavam, os caras “Pô, porque você corta o cabelo assim?”, ai eu tomei coragem e falei pro pai: “Não queria mais cortar meu cabelo assim não, porque ninguém usa, quero cortar que nem os guris cortam aqui”, ai ele disse: “Não, tudo bem, pode cortar, não tem problema não”, pô agora eu já estou igual aos caras daqui, né? (risos).
P/1 – Luis, você foi estudar onde?
R – Eu estudei o primário, eu fiz no colégio da Companhia de Santa Tereza de Jesus, que existe até hoje, na rua São Francisco Xavier, na Tijuca, eu fiz o 1º e o 2º ano lá, não preciso dizer que cheguei aqui no 2º ano primário, 2º ano primário do interior do Rio Grande do Sul, que eu voltei pro 1º, né, ai fiz o 1º e o 2º nesse colégio, ai depois eu saí e fui estudar num curso, também na Tijuca, chamado Curso Santa Tereza, que preparava os alunos para o Exame de Admissão do Colégio Militar, naquela época era Colégio Militar Pedro II, e Escola Técnica Colégio Aplicação da UERJ, que era o ginásio, então que era o quente, ai fiz o 3º ano, 4º ano admissão lá, naquele ano do Exame de Admissão, que se chamava, não houve para o Colégio Militar, aí me inscrevi para o (Cursina?) da Fonseca, na época você estudar em escola pública, que era o bom, o bom era escola pública, aí não passei, levei pau em matemática, dancei, aí estava inscrito no Instituto Lafaiete e para o Pedro II, aí passei pro Lafaiete, que era uma escola particular, que tem até hoje na Adoque Lobo, hoje é Fundação Bradesco, aí passei no colégio, no Lafaiete, aí fui fazer Pedro II, meu pai falou: ”Meu filho, se quiser fica no Lafaiete, pode ficar, que é um bom colégio”, e lá eu fiz o Ginásio Clássico, de _________ , eu fiz Clássico, né, na época era opção de Clássico, fui até 1969, claro que eu fiz o ginásio, aí disse: “Vou ser médico”, aí 1º ano científico, já tinha ficado em 2ª época em terceiro ginásio e quarto ginásio, fiquei em 2ª época em matemática, né, minha habilidade com números, 2ª época, né, você passava, estudava em janeiro, fazia a prova em fevereiro, passava de ano, aí fui pro 1º científico Medicina, fiquei logo pra 2ª época em Física e Matemática (risos), aí eu disse: “Não”, aí passei, mas eu disse: ”Não, o meu negócio, eu gosto de Português, Literatura, Idiomas, História, Geografia”, não dá negócio de número não faz parte da minha cultura.
P/1 – Mas você fez todo o tempo, o científico, fez o 1º ano?
R - Eu fiz o científico, aí passei para o 2º científico, aí eu disse: ”Eu não vou para o 2º ano Clássico, porque eu podia mudar para o 2º ano Clássico, já vou perder um ano de Latim, vou me estrepar mais adiante, aí invés de ir para o 2º, por causa que eu preferi repetir, fazer o 1º ano Clássico, para pegar Latim, que eu não tinha a mínima noção, e a gente estudava Latim, aí fiz o 1º e 2º clássico, aí 3º ano a gente na época fazia o chamado convênio, era o 3º ano do segundo grau, né, com um curso pré-vestibular, aí fiz um ________ aqui na cidade, aí fiz o vestibular para o UFRJ.
P/1 – Mas vamos com calma, Luis, aí como é que foi também aqui a juventude, também tinha muita festinha, você pegou logo, como é que foi, também, criou turma?
R – Ah não, o crescimento foi normal, porque esse prédio, porque meu pai como militar veio para um prédio onde só moravam militares, e todo mundo na mesma faixa, porque ele era Capitão, então, os caras eram Capitães, Majores, o mais velho era o Tenente-Coronel, então, a faixa etária da turma era mais ou menos a mesma, então, todo mundo filho de Militar, mais ou menos a mesma formação em casa, então havia uma homogeneização muito grande de comportamentos e tal, e aquela turma cresceu.
P/1 – Era um grupo grande?
R – Éramos sim, éramos da minha faixa etária, eram uns oito ou dez, que moravam no mesmo prédio, fora o pessoal da rua, tinha a turma da rua.
P/1 – Tinha brincadeira na rua?
R – Tinha, a gente jogava futebol na rua, a gente se dava ao luxo de, tinha o campo marcado na rua, né, um poste e um muro era um gol, a árvore e o muro do outro lado era o gol, então ali a gente jogava futebol, então para você ter uma idéia, a quantidade de carros, que eram tão pequenos, que ás vezes alguém vinha para estacionar no espaço do nosso campo, que devia ter uns 20 metros de comprimento, a gente pedia: ”Moço, dá para estacionar depois da árvore, que é para não atrapalhar a pelada?”, o cara estacionava numa boa, hoje em dia não teria a menor chance, a gente brincava na rua. Lá em casa, eu sempre estudei de manhã, então a orientação, chegava em casa, almoçava, dava uma descansada, obrigatório o estudo das duas às quatro horas da tarde, não tinha televisão na época, começava a funcionar quatro horas da tarde, então não tinha essa de ligar a televisão de tarde, não podia, então estudava das duas às quatro, depois de quatro horas podia descer, brincar, jogar bola e tal, mas era obrigatório, tinha que estudar duas horas por dia no mínimo, entendeu?
P/1 – A sua irmã estudava também na mesma escola, foi pro Lafaiete também?
R – Minha irmã mais nova ela estudou no Lafaiete, na época tinha o Lafaiete feminino, era em frente ao nosso prédio e tal, aí fez a, ela tinha a turminha dela, na época menino era menino, menina era menina, entendeu? Então não tinha muita mistura no bom sentido.
P/1 – E três anos, numa certa época, faz também uma diferença muito grande.
R – Faz diferença, você pega um menino de 14 anos, uma menina de 11, na época, a garotada podia jogar bola, brincadeira de jogo de mãe na rua, de carniça.
P/1 – E vocês tinham essa liberdade toda?
R – Tinha, tinha, na época não tinha bandido, bandido era coisa muito distante, entendeu, da realidade, embora fosse Tijuca e tal não tinha esses perigos que existe hoje, numa cidade como o Rio de Janeiro.
P/1 – E da escola tinha um professor que tenha te marcado, que você lembre, assim, “Ah, esse professor aqui, até hoje eu lembro, era engraçado”.
R – Tem, tem. Tinha um professor de português, que eu gostava muito dele, era o João Batista, ele era um negro, mas o cara, primeiro era um gentleman, eu nunca vi o cara perder a paciência com a turma, e olha, conforme você vai crescendo, 2º ginásio, 3º ginásio, ele foi uma pessoa, quase quatro anos, dois em Português e dois em Literatura. Ele andava sempre de paletó e gravata, impecávelmente vestido e tal, eu gostava da matéria dele, então, o professor percebe quando o aluno gosta ou não, se interessa ou não, então, ele dava a matéria, eu percebia que ele tinha um interesse no meu retorno pra ele, eu participava, então, sempre me dei muito bem com ele, esse cara me marcou muito. Tinha uma professora de Francês, chamada (Mitsy?), que me fez também gostar muito de Francês, estudei Francês cinco anos, né, dois de ginásio, dois de clássico e um de vestibular, eu gostava muito de Francês, essa mulher era impressionante, ela era magrinha, mas ela tinha uma autoridade sobre a turma, você imagina a turma de garotos de 16, 17 anos, né, e ela mantinha a turma firme ali, só na palavra, botava pra fora os caras da sala, sempre me chamou a atenção, a liderança, a autoridade que ela sabia exercer, basicamente esses dois. Tinha um professor de Matemática no ginásio, o professor Morais, que era um velhinho tricolor e tal, mas era gente boa, gostava da rapaziada, e dava uma aliviada na turma, basicamente esses três aí, que eu me lembro.
P/1 – E de gostar mais, você falou mesmo que acabou gostando um pouquinho de Português, de Francês.
R – A minha preferência, minha facilidade muito maior, era pra área de Humanas, né, Português, Literatura, Idiomas, História, Geografia, Conhecimentos Gerais. Sempre tive facilidade para escrever bem, então, isso me encaminhou para a decisão da minha escolha profissional posterior.
P/1 – Luis, e você foi muito namorador também, como é que é, tinha muito baile, festinha, como é que foi?
R – Tem que levar em conta, levar em conta o que havia no mundo, eu em 1968, eu tinha sete anos de idade, então, o mundo estava passando por aquela convulsão da França, de 1968, aquela revolução da juventude, advento dos Beathes, Rolling Stones, faça amor, não faça a guerra, Sexo, Drogas e Rock’n Rool, então aquela mudança toda, que estava havendo, e no Brasil, aliada aquela conjuntura política de fechamento, né, por causa do Governo Militar, então, naquela época, havia uma juventude, havia uma separação muito grande dos homens e das mulheres, né, a história do amor livre e tal, não era tão, como é que se diz, não era tão romântica como se conta, havia uma diferença muito grande e tal.
P/1 – Havia o Woodstock ali naquele momento? (risos).
R – Havia o Woodstoock, é, ali todo mundo teve seu Woodstoock e tal, mas não foi, a coisa foi se tornando mais factiva pra todo mundo depois, então naquela época um dos grandes programas que eu tinha com 17, 18, 19 anos, os 20, era chamado na época, que a gente chamava os bailes de formatura. A gente tinha no Rio de Janeiro os bailes de formatura, no Colégio Militar, no Clube Sírio-Libanês, no Monte Líbano, eram lugares que onde havia festas de formatura, que eram badaladas, naquela faixa de idade, daquela juventude, daquela época. Na Tijuca, onde eu morava, Méyer, que era um bairro na época, que tinha as meninas mais bonitas do Rio de Janeiro, moravam no Méyer, por incrível que pareça, então os eventos de fim de ano eram festas de formaturas, a gente cismou que todo mundo tinha seu smoking e tal, e o grande barato era tentar conseguir ingresso para ir no baile, convite, né, não ingresso, quem não conseguisse convite, tentava pular, pular muro, aí trocava ingresso, jogava sapato, teve uma época que se estabeleceu uma vigilância, um rigor muito grande no uso do smoking, então, passaram a exigir faixa, aquela faixa preta no smoking, sapato, tinha que ser sapato com cadarço, nem todo mundo tinha, então, o cara que tinha cadarço, sapato com cadarço, entrava e jogava no muro, o cara entrava com o cadarço, lá dentro trocava-se as coisas, então isso me marcou muito na época, a gente ia pra festa, entrava num ônibus, carro nem pensar, né, então entrava num ônibus, por exemplo, 416, que era um usina forte, vinha por botafogo, a gente ia pro Sírio-Libanês em Botafogo, 15 caras, 20 caras de smoking dentro do ônibus e tal, você imagina? A rapaziada, a bagunça que se fazia, né, então, foi um período muito legal, muito legal, aí a gente namorava, né, no baile alguém tinha que famoso se dar bem, né, que hoje em dia, eles dizem, “passei liso, fulano ficou liso”, é porque não beijou nem uma menina, o nosso era se dar bem, então, aquela história, e a gente brincava, quanto mais, e a bebida era Cuba Livre, e era o Hi-Fi também, drogas não se tinha muito, depois é que começaram chegar as Anfetaminas e tal, mas conforme ia subindo o nível, e tiro que passando tempo, pra chegar no fim do baile, baixava o controle de qualidade, então, havia àquelas vezes que o cara dizia “Pô cara, arranjei uma namorada na festa mas realmente já estava no final, quando eu olhei a mulher, no dia seguinte, que eu fui encontrar com ela, quase que sai correndo”, essas histórias eram decorrentes, ontem mesmo você ouvia isso, então a gente vivia mais ou menos essa época, né, e o envolvimento político, não no caso da minha turma não houve muito, não tanto pela formação, pelo fato de serem militares os pais não, mas porque a turma mesmo era um pouquinho alienada, certo, a minha participação política marcante foi no enterro do Édson Luis, foi um estudante que morreu aqui no Calabouço, ai no dia do enterro o governo decretou ponto facultativo, então, pra turma não ir pras escolas e tal, mas nós fomos e tal, ai viemos aqui pro centro da cidade, no enterro do Édson, tiro, confusão, pancadaria, gás lacrimogênio e tal, e a gente tacava pedra na PM, aquelas histoórias das bolinhas de gudes, tampa de cortiça, né, era verdade, os cavalos cai e tal, então foi bom, a confusão foi grande, graças a Deus não me aconteceu nada e meu pai era militar, dizia: “Meu filho, não te mete em confusão porque se tu for preso, tem filho de General que está preso, eu sou só Major, e tem filho de General que está preso aí e não sabe, eu sou Major, então abre teu olho, depois de 18 anos, tchau”.
P/1 – Bacana do seu pai também, né?
R – É bem a cara dele, disse: ”Olha, não adianta, se você for em cana eu não vou conseguir tirar, tem General que está com o filho preso.”
P/1 – Mas ele sabia, né?
R – Ele sabia, né, o meu pai monitorava numa boa, entendeu? Ele sabia com quem eu andava, “quem é esses caras que estão aí e tal?”, que foi quando a droga começou a chegar também, a Classe Média, né, se você pegar o início dos anos 60, nos anos 60 mesmo, a droga ficava restrita a marginalidade, no seu sentido mais estrito, né, e depois começou, a droga começou a descer o morro e tal, e foi para os asfaltos mesmo, era, primeiro foi maconha, depois começaram a vir anfetaminas e tal, a heroína, mais ou menos isso, na minha turma da esquina depois, se eu contava nos dedos da mão, a turma que ficou careta, que a gente usava na época, tudo pegava mesmo, agora, aquela história, pegava depois deixava pegar, eu soube que teve gente nossa que virou Juiz, né, todo, tem outro que entrou e virou Coronel da Aeronáutica, e tal, então vou fumar maconha, fazer bagunça, então nós levávamos a vida, né, era uma coisa meio sem maldade, então, mas aconteceu, então a gente percebeu como que a coisa foi chegando, entendeu, primeiro veio um, depois o outro, fumou maconha, meu pai: “Olha, meu filho cuidado com esse negócio de maconha”.
P/1 – Luis, o que vocês ouviam, o que tua turma ouvia mais, Rock’n Roll, Beatles, o que vocês ouviam?
R – Era, era mais Rock’n Roll e Beatles, naquela época lembre-se que tinha, havia conflito no Vietnã, né, então havia uma preponderância da juventude pra esquerda aqui, então não se havia uma critica muito grande, ao nacional, ao produto nacional que ele era estimulado pelo governo, então você pegava aquela, Roberto Carlos era apoiado pelo governo, aqueles Tom e Ravel, aquele Pra frente Brasil, então, em resposta a juventude aceitava e muito, estimulava a musica estrangeira do Rock’n Roll, tudo de uma certa forma ou outra, fazia apologia ao amor livre, à gritaria, à rebeldia, né, então havia esse conflito e tal, e todo mundo torcia para os Vietcongs, né, cada americano morto era festa e tal, teve uma época que se usava jaquetas que vinham do Vietnã, que o pessoal vendia, aí meu pai dizia: “Não vem com essas roupas pra cá não”, “Pai, queria comprar”, “ Não, isso era dos tiras que morrem no Vietnã, não quero mais nada disso aqui em casa, não”.
P/1 – Luis, e aí como que você escolheu então, tua profissão? “Quando é que você decidiu? Vou lá fazer?
R – É, quando eu percebi claramente minha facilidade pra lidar com Humanas, com as Línguas, né, com as Áreas de Humanas, né, eu, pelo que conversava com as pessoas, percebia no mercado, você tinha ai grande alternativa na época, era Jornalismo, era Comunicação, é que o forte era Jornalismo, na época era Escola de Jornalismo da UFRJ, que dois em 67 virou Escola de Comunicação da UFRJ, incorporou Publicidade, Relações Públicas, Comunicação em Cia, Editoração e tal, e foi uma época que se questionava _____, _________, discutia muito isso, era uma espécie, também era uma forma de protesto, né, pra você ter uma idéia, no final dos anos 60 e inicio dos anos 70, a proporção candidato por vaga de Comunicação era praticamente a mesma de Medicina, aquela carreira mais tradicional que tinha, é um efeito que 30 e poucos anos estava correndo de novo, se você pegar relações de Comunicação, a Comunicação voltou, agora talvez suba um outro enfoque, tal, mas empresarial voltou a ter um peso muito grande na decisão de escolha, e eu na época escolhi o Jornalismo, então resolvi fazer Comunicação, porque tinha Jornalismo, né, pra ser Jornalista tinha que fazer Comunicação, e fiz vestibular pra escola de Comunicação e passei.
P/ 1 – Para qual universidade?
R- UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Comunicação.
P/ 1 – E seu pai apoiou?
R – Apoiou. Meu pai em nenhum momento nunca disse: “Eu quero que você siga minha carreira e tal”, ele sempre falou uma coisa pra mim, que eu falo para meus filhos também: “Seja o que você quiser, agora faça um curso superior”, e aí completava, que no mínimo, você for em cana, você não fica numa cela, tem uma sala especial porque tem curso superior, tem uma sala especial para quem tem curso superior, era cruel, mas eu digo, “Tem que ter seu valor”, eu falo isso para meus filhos também, tem que fazer uma faculdade, não sei qual vai ser a escolha, mas façam, mas eu até incorporo mais coisas, eu digo, “olha, a vida de universitário pra mim foi o período mais feliz que eu passei, foi na universidade, era muito bom, a convivência universitária”, e eu convivia universitário num momento complicado, de julho de 71 a julho de 75, peguei os Anos de Chumbo, e peguei o inicio de extensão do governo do Geisel, então foi um momento muito importante, os colegas de turma que sumiram, voltaram depois, professor que sumiu e voltou, entendeu? Os caras que tinham sido preso e voltaram, relatavam as experiências e tal, a universidade dava uma convivência legal, uma discussão muito boa, um ambiente acadêmico, se eu pudesse voltar hoje numa fase de minha vida escolheria voltar à Universidade.
P/ 1 – Você acha que foi por causa do momento que tava fervendo, você que, o que foi? Você que gostou, caiu num ambiente que você queria mesmo fazer de sua vida, ou também a política em volta, e essa efervescência de idéia?
R – Primeiro eu acho que, eu disse, aqui eu vou, eu tenho competência pra me sobressair, pra me dar bem, né, nessa Área de Atividade, Área de Comunicação, seja Jornalismo, ou outra de Comunicação, eu tenho aqui a minha competência vai ser importante, e vai me ajudar a eu me sobressair, a eu conquistar um lugar ao Sol do mercado, né, e o momento também trazia um pouco dessa vontade de você contestar de uma forma, que o médico pra contestar não tem muito a contestar, o cara que tinha caneta ou a palavra, né, ele tinha uma forma de se expor e contestar as idéias que vinham do outro lado, então, e na faculdade você tinha um ambiente que permitia isso, apesar de toda a repressão que havia, às vezes explícita, às vezes implícita e tal, a vigilância que havia, isso até estimulava aos debates, não em ambientes formais, mas em ambientes mais informais, sabe? Então, eu acho que isso aí foi o que me levou a desenvolver e deslanchar nessa profissão, entendeu? Eu nunca pensei em mudar, “não quero mais fazer Comunicação, quero fazer outra coisa”. Eu entrei e disse “É aqui, estou me sentindo muito bem aqui”.
P/1 – A Comunicação era onde, hein?
R – O primeiro ano foi aqui na Praça da República, o prédio existe até hoje, o 1º ano eu estudei aqui, depois as escolas de Comunicação foi transferida pra Praia Vermelha, onde tem até hoje, estudei três anos lá.
P/1 – Luis, teve algum professor, também, da faculdade que te marcou?
R – Teve. Eu fui aluno do Homero Icaza Sánchez, foi o famoso ________, era o apelido dele, esse cara foi o que criou toda metodologia de pesquisa da Rede Globo de Televisão, então todo sucesso da programação da Rede Globo, até hoje, é baseado na pesquisa, a Globo trabalha com o que o expectador está entendendo, está querendo ver na telinha, né, e ele que montou toda essa base, o apelido dele era _________, exatamente por causa disso, ele era ___________, Homero Icaza Sánchez, foi meu professor na Faculdade, fui aluno dele em quatro ou seis matérias, né, fui aluno do Carlos Henrique Escobar, que foi professor nosso, foi marido da Ruth Escobar, o Escobar é dela, o Carlos Henrique era professor de epistemologia da Comunicação, e ele foi um cara que sumiu, passou uns três ou quatro meses sumido, ele era um cara boa pinta, forte, olho azul, cabelo louro aqui, voltou três meses depois, magro, cabelo curtinho, falando baixinho e tal, sofreu muito na mão dos ________ de repressão, mas depois se recuperou.
P/1 – Mas não comentou nada também?
R – Não, nunca em nenhum momento ele comentou, mas a gente sabia que ele tinha sofrido, então, o Homero Sanchez foi, a Heloísa Buarque, eu fui aluno dela, eu acho, que um período só, a irmã do Chico, mas o Homero foi o cara que mais me marcou, até porque ele foi o primeiro emprego que eu tive, o primeiro trabalho que eu fiz, que eu ganhei dinheiro, foi com o Homero, eles estavam fazendo uma pesquisa pra Globo, sobre aquele programa “A grande Família”, que tem até hoje, né, então, na época havia o programa “A grande Família” e estava precisando fazer uma pesquisa, e disse: “Vou contratar alunos meus da escola de Comunicação. Aí chamou uma turma que ele conhecia, e disse: ”Olha, eu preciso que vocês façam entrevistas, vou dar o questionário, assim, assim, vou dividir vocês por áreas e tal”. Aí a mim coube o subúrbio de Madureira, na época a orientação era a seguinte, “Vocês vão andando pela rua, e aí vocês vão olhar, onde tiver antena da televisão, vocês batam, e façam a entrevista, apresenta a carta que nós estamos dando pra vocês, pergunta se a pessoa quer fazer a entrevista e tal”, aí disse assim: “Não adianta sentar no bar, tomar cerveja e preencher, porque a gente precisa de um telefone para confirmar se é que vocês fizeram a entrevista”, fiz, passei um sábado andando por Madureira e tal, fiz o meu trabalho, ele me pagou na época uns 300 dinheiros da época, nem lembro quanto era, pra mim foi um dinheiro fantástico então.
P/1 – Isso em que ano, Luis?
R – Isso foi em 1972, 1973 por aí, 72, 73, início dos anos 70.
P/1 – E isso pra ver se viam “A Grande Família”?
R – É, foi pra tomada de direção, como é que estava o programa “A Grande Família”, está na primeira fase, né, como é que eles deveriam conduzir e tal, então, eu guardei o nome do programa e tal, foi o primeiro dinheiro que eu ganhei, ganhei 300 dinheiros da época, que eu não me lembro, mas era uma boa grana para um estudante.
P/1 – Aí você fez o estágio, também, como é que foi?
R – Estagiei, eu comecei a, eu estagiei no Diário de Notícias, meu primeiro estágio como Jornalista, e daí de um fato que ocorreu nesse estágio é que eu decidi que eu não seria Jornalista, tem um aspecto muito bom, que eu gosto, que me estimulou, e outro que me fez desistir da carreira. Vamos falar primeiro do fato bom, eu estava cobrindo, eu trabalhava no Diário de Notícias, eu trabalhava na parte de Esportes, que eu gostava muito, com um Jornalista muito conhecido, chamado Aquiles Chirol, era um papa do Jornalismo esportivo, então eu era o Editor de Esportes, claro que Estagiário, na época não ganhava nada, né, a gente precisava e tal, aí o Aquiles dirigiu, ia lá fazia umas matérias e tal, e teve uma que me marcou muito, que o Aquiles me mandou fazer uma entrevista com um jogador do Vasco da Gama, chamado René, era um zagueiro do Vasco, jogou no Bom Sucesso, aí depois foi jogar no Vasco, e ele teve uma fase muito ruim, que o René fazia gol contra e tal, estava horroroso, depois ele entrou numa fase boa, é o ciclo do jogador, fase ruim versus fase boa, entrou numa fase muito boa, e teve um jogo do Vasco que eu estava assistindo como torcedor, sou Flamenguista mas estava no Maracanã, que eu vivia no Maracanã, né, e me chamou a atenção uma torcida, uma faixa que a torcida do Vasco colocou, e dizia assim: “Parabéns, René, você já é nosso ídolo”, eu falei: “Pô, cara, o cara realmente está bem na foto, né, estava xingado agora está bem, estava jogando bem e tal, isso foi num domingo, na segunda-feira eu cheguei pro Chirol e falei´: “Pô, Chirol, ontem tinha uma faixa na torcida do Vasco, assim, assim”, aí ele falou: “Eu vi aquela foto”, eu falei: “Pô, o René deve estar feliz da vida”, ele falou pra mim: “faz o seguinte, amanhã tu vai no Januário, faz uma entrevista com o René”, aí eu falei: ”Tá legal”, isso foi na segunda, né, porque na segunda-feira, na época, os jogadores nem iam no clube, né, ficavam em casa descansando, retornava os treinamentos na terça, e aí na terça-feira lá fui eu pra São Januário e tal, aí entrei no campo, disse assim: ”sou Estagiário do Diário de Notícias e tal”, “entra”, aí fala daqui, fala dalí, aí tinha os Jornalistas que já eram conhecidos, descobria e tal, eu falei: “Pô, cara, sou estagiário do Diário de Notícias, trabalho com Aquiles, tenho que fazer uma matéria com o René e tal”, aí um Jornalista falou: “deixa, que eu falo com ele e tal”, acabou o treino, “René, o garotão aqui, vai fazer uma entrevista contigo, o Diário de Notícias, com Aquiles Cheirol, dá uma entrevista?, “Dou sim e tal”, aí peguei o René e disse ”Pô, René, a entrevista é que ontem tinha uma faixa no Maracanã, dizendo que você já é ídolo e tal”, aí ele disse: “pois é, fiquei contente, e pá, pá, pá”, entrevistei ele e falei: “legal, obrigado”. Aí cheguei na redação, né, voltei pro Diário de Notícias, aqui na rua do Riachuelo, e peguei minha máquina de escrever, bati minha matéria e levei pro Aquiles Chirol, e falei: “aí Aquiles, fiz a entrevista com o René, e ele falou: “ah, ta legal, deixa que eu vou dar uma lidinha aqui”, eu falei: “bom, está na hora de eu ir, tchau, um abraço e tal”. Qual não foi minha surpresa que no dia seguinte peguei o Diário de Notícias, ele publicou minha matéria, _________, não mexeu numa letra, numa vírgula, eu fiquei tão contente, então eu me arrependo até hoje de não ter guardado, então aí cheguei de tarde e falei: “Pô, Aquiles, você publicou?”“, ele falou: “não garoto, a matéria estava boa, não precisei mexer não, e tal, tu levas jeito e tal”, eu falei: “Pô, legal”. Aí acabou o Estágio no Diário de Notícias, aí logo depois, arranjei outro na famosa TV Rio, que não existe mais, TV Rio canal 13, cujo estúdio ficava na rua Alberto de Campos, em Ipanema, num prédio chamado Berro D’água, tinha uma boate chamada Berro d’água, a TV Rio ficava lá em cima, e aí eu fui pra ser repórter de televisão, os locutores na época eram o Hilton Gomes, que já morreu, e Ronaldo Rosas, que volta e meia grava comercial aí pra gente, e faz alguma coisa e tal, era a dupla de apresentadores do jornal, aí fui fazer duas matérias, eu era assistente do Hilton (Abirrian?) que era o Jornalista que, aí já tinha uma estrutura, tinha uma equipe de reportagem que era o (Abirrian?) era o filé de Borboleta, que era o cara do som, tinha o Feição que era o cinegrafista, e eu era o Estagiário, os caras disseram: “vai andando com os caras, pra tu vê como que funciona isso aqui”, a gente saía pra fazer matéria e tal, aí depois começaram a me dar uma e outra pra eu fazer, coisa mais simples e tal, aí eu fiz uma com o Marco Antônio, que era o lateral do Fluminense, na época entrevistei o Marco Antônio e o Lula, era véspera de um jogo, era ponte esquerda, lateral esquerda, então, quando ia sair a matéria, eu disse: “vou sair na televisão”, avisava a família toda, esse foi o fato bom. O fato ruim é que na época a Escola Superior de Guerra ainda tinha aquelas palestras, né, o curso de Estado Maior, aqueles cursos mais importantes, levava a figura de Ministros para fazerem palestras e tal, e a imprensa começava a cobrir, né, mas imagina, fazer uma cobertura de uma palestra de um Ministro, em1973, na Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro. Aí chegamos, entrou eu, o Hilton (Abirrian?) chegamos na Kombi na Escola Superior de Guerra, aqui na Urca, na Kombi da TV Rio, soldados, os caras “que o que, isso aqui”, eu de calça jeans, uma camiseta, na época a gente usava uma bota, o cara: “quem é você, o cabeludo é o quê”, “não, estagiário e tal”, “ah tá, entra, vamos lá”, “onde é que está o Ministro?”.
P/1 – Isso você tinha cabelão?
R – Eu tinha o cabelo um pouco menor que o seu (risos). E aí, “vamos entrar?”, ele falou: “o Ministro está dando uma palestra, a imprensa, espera aqui”. A imprensa era, só faltava meter a baioneta, né, na gente, “então a imprensa espera aí”, e tinha um Capitão: “ah, não sei o que, você aí, cabeludo?”, eu falei: “pô, Capitão, eu sou estagiário”, o cara falou: “não, o cara está com a gente, ele está na faculdade”, “é faculdade, não sei o quê, o cara vem perturbar”, mal sabia ele que um dos estagiários da Escola Superior de Guerra era um General amicíssimo do meu pai, que morava no nosso prédio, esse cara foi depois Presidente Nacional de Petróleo durante dez anos, de 1975 a 1985, General _______ de Almeida Costa, era um homenzarrão de dois metros de altura, grande pra caramba, e na época, ele era General de Brigada, estava fazendo o Curso Superior de Guerra onde teve a palestra do tal ministro, aí acabou a palestra, e o capitão ali, enchendo o saco da gente, a palestra _______ dos estagiários, o pessoal vai fazer entrevista com o Ministro, eu me lembro que era um Ministro, o cara falou cinco minutinhos ali e tal, não podia falar muito mesmo, falou pouquinho e tal, o capitão não sei o quê, o capitão: “não, não sei o quê”, nisso o general __________ me vê, aí veio andando em minha direção, “o Luizinho, como é que você vai, meu filho? Me dá um abraço aqui”, e bateu nas minhas costas, e eu: “oi, general, tudo bem?,” “Fazendo o quê?”, “Eu estou fazendo estágio aqui na TV Rio, estamos fazendo uma matéria aqui, sobre a palestra do ministro”, “Ah, então tá bom, tudo bem com você?”, eu falei: “Tá tranqüilo”, “Ah, então tá bom, qualquer coisa eu estou aqui”, eu falei”, “Tá legal”, nisso vem o Capitão, bate no meu ombro: “Está tudo bem com o senhor, está precisando de alguma coisa?”, eu digo: “Pô Capitão, que palhaçada sua, né, o senhor estava quase me xingando, batendo no meu ombro, só porque o general ________ veio falar comigo, você vem fazendo, não precisa fazer isso não, cara”, ele disse: “não, não sei o quê”, aquilo me deixou tão atravessado, eu digo: “Não, não tenho estômago pra isso”, aí quando voltei, continuei no meu estágio na TV Rio e tal, mas perdi completamente o estímulo, sabe?. Aí comecei, a gente na época, o curso de Comunicação você fazia os dois anos básico, do básico, e no 5º período você fazia opção, Jornalismo, Publicidade (URP?), ou Comunicação e (estoração?), aí já tinha assistido algumas aulas, gostava muito do Homero, que trabalhava também com Publicidade, o Cid Pacheco, que era um professor nosso, era dono de uma agência também, aí depois, “esse negócio de publicidade é legal, tenho umas aulas que eu gosto aí, vou fazer publicidade”, e fui embora, escolhi a Publicidade, e deu no que deu (risos).
P/1 – E aí você formou, foi procurar emprego, ou você já fez o estágio?
R – Depois desse estágio, da TV Rio, em 1974 eu fiz uma prova da Fundação Mudes, Movimento Universal de Desenvolvimento Social, que existe até hoje, é do Ministério da Educação, não sei se ainda é, na época era, fiz a prova, passei, aí comecei a fazer o estágio lá, aí também era meio na área de Jornalismo, mas era mais de Comunicação Interna, pra escrever informativos e tal, e estava fazendo a Fundação Mudes. E aí em 1974 a Escola Superior de Propaganda e Marketing, que já existia em São Paulo e tal, era a famosa escola, onde preparava os publicitários, porque ela tinha uma visão mais voltada pro saber fazer, para o mercado, e abriu uma filial dela, no Rio de Janeiro, uma escola de propaganda no Rio de Janeiro, ESPM Rio de Janeiro, que fez seu vestibular, aí eu falei: “Pô, eu já estou fazendo a Nacional”, era de noite, ia ser o curso só a noite, eu falei: “Faço a nacional de manhã, estagio à tarde, vou fazer ESPM”, fiz a prova e passei, passei no vestibular, isso foi em 1974, era um curso de dois anos, aí eu ia me formar em julho na Nacional, em 1975, e em dezembro eu me formaria na Escola Superior de Propaganda, aí fui em 1974, era de manhã na Nacional, de tarde na Fundação Mudes, e de noite Escola Superior de Propaganda e Marketing, só tinha professores publicitários conhecidos, né, ________ , quem mais?. O Roberto da Mata deu aula pra gente, Antropologia, tinha gente muito boa, tinha profissionais que trabalhavam com Publicidade, que resolveram fazer um curso de Publicidade, pra ter uma formação mais acadêmica, então, a gente passou a conviver com gente no mercado.
P/1 – Era uma área nova, né?
R – Antigamente era meio marketing, então o pessoal falava ali, esse tal de marketing, então, não havia muito, até porque o mercado Brasil, na época, estava aquele negócio de Brasil grande, mas a influência do estado era muito forte, né, então, as empresas começaram, mas tinha as grandes agências no Brasil e tal, mas era muito fechado o mercado, você só ia conhecer a publicidade quando você entrava nela, quem não estava no ramo não tinha idéia de como que tocava aquela banda. Aí em 1974 fiz, e em 1975 eu estava sem, não, aí em 1974 eu ganhei um concurso de campanha publicitária que a PUC fez, eu mais um grupos da Nacional participamos de um concurso universitário, ganhamos o nosso segmento lá, que a gente escolheu, doenças venéreas, fizemos uma campanha sobre prevenção sobre doenças venéreas e ganhamos, aí o prêmio era em estágio em Agência de Propaganda, e o estágio que eu escolhi na área de mídia, e era na JMM Publicidade, que era aqui no Almirante Barroso, então, era a agência que tinha, na época, a conta do Banco Nacional, que era um dos maiores anunciantes do Brasil, que deu origem ao nome do Jornal Nacional. O Jornal Nacional, não é que ele fosse nacional, é que o patrocinador dele, era o famoso Banco Nacional, aí eu estagiei lá durante três meses, que era o período de estágio e tal, aí acabou meu estágio, fiquei só na Escola Nacional de manhã, na UFRJ de manhã, e na Escola Superior de Propaganda à noite. Quando chegou, eu acho que, em abril, o Mauro Monteiro, que estudava comigo, na Escola Superior de Propaganda, esse cara hoje é Diretor de Marketing do MacDonalds, publicitário conhecido e tal, na época, era peladeiro, ele fazia Arquitetura e eu fazia Comunicação, aí ele estava trabalhando numa agência, aí ele falou: ”Pô, Luis, quer trabalhar numa agência?”, eu falei: ”Claro, né, cara, eu estou fazendo Publicidade”, ele falou: “Estou trabalhando numa agência, eles estão precisando de contato”, aí eu falei: “To fora, eu não tenho o perfil de bater em porta, para pedir conta, para oferecer serviço e tal, não faz parte do meu perfil”, ele falou: “Não, não, essa agência é diferente, são quatro diretores, que são os donos da agência, e cada um deles tem um assistente, que é um cara mais novo, que eles querem um cara recém-formado, ou que esteja pra se formar, que não tenha vício de mercado, pô, acho que você pode se dar bem lá e tal, posso te dar teu, você tem o teu currículo? Me arranja teu currículo, eu vou levar pro cara lá”, levou meu currículo, entregou para o Lindoval de Oliveira, que era o L da agência, a agência chamava-se LM propaganda, aí entregou para o Lindoval, aí três dias depois, ele disse pra mim: “Oh, Luis, o cara gostou do teu currículo, vai ligar pra marcar, pediu pra você ligar, pra marcar entrevista, o telefone é esse, fala com a fulana Secretária”, Vera, a Secretária, aí liguei e marquei a entrevista, o Lindoval me entrevistou, e disse: “Ó, você vai ser meu assistente, você quer trabalhar?”, eu falei: “Claro”, tudo que eu queria, né, isso foi em maio, comecei em maio de 1975, eu ia me formar em julho, aí disse: “Só pra me ajeitar na vida, posso começar dia 1º, ou 2 de maio, porque dia 1º é feriado”, ele falou: “Pode”. Aí fui na faculdade e falei com todos professores, falei: “Oh, Mestre, consegui um emprego de Publicitário, carteira assinada, vou trabalhar numa agência de propaganda, quebra o meu galho aí, negócio de presença e tal, os trabalhos e as provas, eu venho fazer”, “Fica tranqüilo, tal, você é um cara que sempre foi assíduo, tal, tranqüilo”, ai em maio comecei me agenciar a vida como assistente do Lindoval de Oliveira.
P/ 1 - E carteira assinada mesmo?
R - Carteira assinada como assistente de contato, ganhava mil dinheiros da época, não me lembro se era Cruzeiro, Cruzado, Real, o que era, e carteira assinada como profissional, assistente do cara, esse cara tinha sido Presidente da ________Brasileira, está vivo até hoje, o filho dele é diretor de uma Agência, o Gustavo, que eu vi moleque de 15 ou 16 anos, é um homem feito já, mas era uma agência média na época, ele estava contratando gente, que ele tinha ganho a conta da Embratel, era uma conta grande, foi na época a gente começou a lançar DDD, né, na época não tinha DDD assim, pra fazer uma ligação Rio-São Paulo você pedia pra Telefonista, ela ficava tentando com a outra Telefonista, até passar a ligação, o DDD foi um avanço tecnológico fantástico e a gente precisava divulgar, ensinar as pessoas a usar DDD, e aí cada praça que lançava DDD tinha que fazer anúncio, então a empresa, a agência ganhou dinheiro na época fazendo Publicidade, tal, e eu aprendi muito na minha vida profissional sendo assistente desse cara, porque ele foi presidente __________, tinha um status grande, tinha feito Escola Superior de Guerra, o cara muito bem relacionado, me ensinava muito, “Meu prezado, isso aqui tá horroroso, não é assim que se faz, tem que fazer direito”, uma vez ele me chamou na sala dele, e disse: “Olha, queria que você fizesse isso” , falando pra mim e eu olhando pra ele, e ele falou: “Guardou tudo que eu falei?”, disse: “Guardei”, ele disse: “Repete pra mim”, e eu repeti tudo, tenho uma cabeça boa, “Faz o seguinte, a próxima vez que eu te chamar, tu traz um lápis e um papel e guarda a tua cabeça pra coisas importantes, se tudo isso que fez esforço pra guardar se tivesse escrito num papel tu não precisava gastar teus neurônios com isso, guarda tua cabeça pra coisas importantes.” Guardei isso até hoje, de vez em quando quando eu escrevo num papelzinho guardo pra não gastar minha cabeça, então aprendi muito com ele, e passei na prova Petrobrás, eu repuito que graças a um ano e 10 meses que eu trabalhei com ele.
P/ 1 – Enquanto você estava trabalhando, você viu o anúncio, como é que foi?
R – É, o anuncio foi uma coincidência, minha mãe até hoje ela se lembra disso, eu tinha ido jogar um futebol no sábado, fui jogar um futebol no sábado, aí quando cheguei em casa no meu quarto, tinha umas bandeirinhas lá, a bandeira do Vasco, do Flamengo e do Fluminense, assim, e tinha um recorte de jornal embaixo, aí eu olhei o recorte, peguei, o anúncio dizia mais ou menos assim: “Empresa de grande porte procura profissionais de Comunicação, formados em cursos de 4 anos, reconhecido pelo MEC, para a contratação através de concurso público, pá, pá, pá, currículo pra portaria do Jornal do Brasil, desse jornal, até tanto do tanto, e tal”, aí eu falei:” Esse troço deve ser sério, porque eles estão pedindo profissional de Comunicação e curso de 4 anos, reconhecido pelo MEC”, foi uma época que se chamava de Relações Publicas qualquer vendedor de livro, o cara ía vender biblioteca, enciclopédia em domicílios, começavam a contratar como Relações Públicas, Publicitário ______ no mercado, começou a dar um nó danado, aí depois, “Essa empresa sabe o que quer”, aí falei com meu pai, falei: “Pai, vou mandar”, e ele falou: “Filho, não manda não, me dá teu currículo que eu vou levar pessoalmente no Jornal do Brasil, porque você sabe como que é, esse negocio do correio, perde e tal”, e o Jornal do Brasil, na época, era na Rio Branco aqui, ai ele veio, dei meu currículo, ele trouxe num envelope, endereçado direitinho e tal, entregou na portaria, e disse: “Olha, isso aqui é do meu filho, vocês não vão perder”, “O Doutor, pode deixar que eu escaneio e tal”, e botou lá, aí sei lá, 15 dias depois, 20 dias depois eu recebi um telegrama, dizendo que o meu currículo havia sido entregue, que a Petrobrás ia fazer um concurso, e tal, prova dia tal, pra eu levar os documentos A, B e C e tal. Aí fiz a prova, passei, a prova foi em junho de 1976, aí “Quando que vai ser chamado?”, “O resultado a gente vai divulgar aí, o resultado, acho que, em setembro e tal”, “E vai chamar quando?”, “Vão chamar primeiro 12 ou 13 para o Rio de Janeiro”, aí viemos fazer as entrevistas e tal, aí disseram:” Olha, se você não ficar no Rio de Janeiro, quais são os lugares que você quer, por ordem de preferência, tem São Paulo, Brasília e Curitiba”, “Ah, então tá bom”, eu escolhi primeiro Brasília, segundo São Paulo e terceiro Curitiba, “Ah, então t bom”´. Aí chamaram o pessoal do Rio, não fui chamado, eu falei: “Bom, eu vou ficar em uma das três”, aí quando chegou em novembro eu vim aqui na Petrobrás e falei até com um cara que trabalha com a gente até hoje, o César, aí disse: “Escuta, vocês vão chamar mesmo e tal, porque eu trabalho, eu preciso de um tempo, eu estou trabalhando quase dois anos, não tirei férias ainda, então preciso de um tempo aí para eu me organizar, tirar umas férias”, ele disse: “Pode ficar tranqüilo que nós vamos chamar vocês no início de janeiro”, aí eu falei: “Início de janeiro?” então eu falei ”Então eu vou tirar férias, vou pedir demissão pra sair em 30 de novembro, eu vou ficar dezembro de férias, e vou esperar chamarem em janeiro”, o cara falou: “Pode fazer, pode pedir, que está certo já”. Aí pedi a demissão e tal, aí quando foi em 5 de janeiro, recebi um telegrama para me apresentar na Petrobrás, aí vim aqui, aí disseram: “Não, você e tal” , disseram assim: “ Você pediu Brasília, São Paulo e Curitiba”, eu falei: ”É”, ele disse : “Olha, Brasília você não vai poder ir porque a pessoa que vai pra lá é um cara que já trabalha na Petrobrás, passou no concurso, e a gente precisa de um cara com experiência para assumir a chefia do setor de Relações Públicas em Brasília, então, foi dada a preferência a ele, ele já trabalha na Petrobrás há dez anos”. Tá bom, aí disse: “Tem em São Paulo e em Curitiba, sua segunda opção foi São Paulo, né?”, eu falei: “É, porque é no escritório de São Paulo”, Curitiba era na Refinaria do Paraná, na minha cabeça eu falei: “em São Paulo eu pego um ônibus, e em oito horas, eu estou de volta pro Rio sexta-feira, né, Curitiba não vai dar pra vir”, aí ficaram,” Não, você vai pra São Paulo e tal, tem que pegar tua passagem”, eu falei: “Quantos anos eu tenho que ficar lá no mínimo?”, o cara falou: “Dois anos”, aí eu falei: “Ah, tá bom, aí eu posso ser transferido pro Rio?”, “Se você conseguir”, eu falei: “Ah, tá legal”. Aí fiquei em São Paulo, assinei o meu contrato em 11 de janeiro de 1977, trabalho de setor de Relações Públicas, na época se chamava Relações Públicas, né, porque o serviço corporativo aqui era o Serviço de Relações Públicas ___________, aí fiquei lá no SEREP, Setor de Relações Públicas do Estado de São Paulo, aí fiquei, fiz o meu feijão com arroz, trabalhei, me dediquei, mas sempre com a cabeça, eu disse: “Vou voltar pro Rio porque a sede da companhia está lá”.
P/1 – Luis, como é que era lá, esse escritório, ele tinha uma ligação com o Rio, tinha uma orientação também, como é que era?
R – Tinha, quer dizer, o modelo é mais ou menos o que existe até hoje, né, tinha o serviço na sede, serviço de Relações Públicas, e havia alguns órgãos regionais, o escritório de São Paulo, que fazia compras, cuja atividade mais importante era Compras, e era Processamento de Dados, tinha uma área de Relações Públicas, era uma mulher, a minha gerente, Estela ________ Rangel, e mais três pessoas, aí fomos dois profissionais pra lá, eu e a Meire, tinha sido admitido nesse concurso e tal, mas as orientações vinham todas do Rio de Janeiro, tanto que nós fomos pra lá, depois de uma semana lá viemos, passamos uma semana aqui na sede pra conhecer o órgão de Comunicação de Relações Públicas da Petrobrás e tal, o modelo era mais ou menos, o mesmo, a gente não tinha autonomia para fazer publicidade, informações para a imprensa, era tudo com a assessoria de imprensa aqui no Rio, ainda é, um regime fechado. Havia ainda, era o governo Geisel em processo de distensão, mas havia uma rigidez muito grande na Comunicação.
P/1 – É aí, uma pergunta bem básica, o que fazia o relações públicas lá, qual era o teu papel lá?
R – Literalmente a gente organizava os eventos internos, a Petrobrás sempre teve, historicamente, preocupação com seu público interno, então a gente organizava os eventos internos, a gente tinha contato com acionistas da Petrobrás, que na época, a cada ano havia eleição para um Conselheiro da Petrobrás, então a gente tinha que trabalhar a regimentar os votos necessários par preencher essa vaga de Conselheiro, porque se deixasse o comparecimento nas assembléias nunca daria quórum, então, a gente tinha todo um trabalho de relacionamento com esses conselheiros, buscando sempre fazer com que eles dessem uma procuração para que a Petrobrás pudesse fazer esse trabalho, né, normalmente os conselheiros eram os ex-presidentes da Petrobrás, que a gente juntava os votos, se elegesse era feito, basicamente, no Rio de Janeiro e em São Paulo que concentrava o maior número de acionistas, né, a gente trabalhava, fazia algumas publicações internas também, atendia a imprensa, fazia um filtro para mandar para o Rio de Janeiro, era um trabalho, dentro do, a Petrobrás era uma empresa Estatal, monopólio do governo num regime militar fechado, então, ___________ de publicidade, publicidade não que nós quiséssemos, mas a sede da companhia já não fazia muita, e não podia botar no Estado de São Paulo, Jornal do Brasil, a gente sabia disso, era a época que o Estadão tinha as famosas receitas culinárias, versos do Lusíadas, né, matérias censuradas, e publicidade tinha _________, não tinha.
P/1 – Que mais que era, que mais você se lembra, ninguém falou, acho que ninguém falou.
R- Não, tinha, isso aí era conhecido, a gente sabia da série, “Olha, o pessoal do Estadão está aqui, querendo publicidade”, o cara dizia: “Não tem a menor chance, manda eles pararem de bater no Governo e na Petrobrás quando eles conseguem publicar alguma coisa”, então, não tinha esse _______, nunca foi escrito, se você procurar, nem no NSE deve ter, não pode botar anúncio nos jornais tais e revistas tais, mas havia, isso era JB, Estadão, a Folha não me lembro, basicamente esses dois, que eram os maiores opositores ao Governo da época, né?
P/1 – Luis, aí você passou dois anos lá?
R – Passei dois anos, dois de janeiro de 1979 eu estava me apresentando, transferido aqui pro Rio de Janeiro. Mas nesse período, de 1977, o que aconteceu? Eu também dava muito suporte ao pessoal do Rio de Janeiro que ia fazer eventos em São Paulo, a Petrobrás, na época, tinha um trabalho grande de participar de exposições, fazer palestras em Escolas, Universidades, entendeu, depois eu comecei a fazer algumas palestras também, não gostava muito não, mas o pessoal dizia: “Não, você tem jeito, a gente manda a palestra pronta, você faz uma ou outra aí”, eu era muito escolhido também porque o pessoal ficava preocupado com as perguntas que faziam, então eles escolhiam as pessoas que iriam falar em nome da Petrobrás, então eu dava muito apoio ao pessoal e tal, então o pessoal gostava de mim no Rio. Depois dizia: “Pô, esse cara trabalha direitinho”, aí um dia um cara me falou: “Luis, olha, conversamos com o General”, na época, era o General Barros Nunes, que era ao Chefe do Serviço de Relações Públicas, “Falamos com o General, que a gente quer trazer você para o Rio, você vai trabalhar bem aqui na sede com a gente, e ele falou que tudo bem, mas tem que sair alguém daqui então a primeira vaga que tiver, você vem”, esfregando as mãos e rezando. Aí quando foi em julho de 1978 me ligou o Murilo, foi meu primeiro chefe aqui, disse: “Ó, Luis, vai ser demitido um cara da Área Internacional, fez uma besteira aí, nego já não gosta dele, vai pegar um pé e nós vamos trazer você, se prepara”, eu falei: “Não, tudo bem”. Isso foi em julho, agosto nada, setembro. “Murilo, vocês não demitiram o cara?”, ele disse: “Ó, aconteceu o seguinte Luis, o cara foi demitido, a gente falou com o teu chefe aí”, que era o Coronel Quirino, que era o chefe do escritório, “Ele falou que só te liberaria só no final do ano”, aí eu falei: “Pô, só em dezembro?”, ele falou: “É, ele disse que você tem um plano à cumprir aí, ele quer te manter aí”, aí eu falei: “Vem cá, vocês não vão preencher minha vaga, aí não?”, ele disse: “Não, não, pode deixar que a tua vaga está guardada aqui”, “Eu posso confiar?”, ele falou: “Pode ficar tranqüilo”, aí tudo bem, saí do telefonema e fui lá no Quirino, “Coronel, queria falar com o Senhor”, “Pois não”, “Disse isso, isso, isso”, ele disse: “É verdade, eles me pediram transferência, vou te liberar, mas só te libero no final do ano, pra você cumprir o plano de trabalho que tem aqui”´, “Então o senhor garante minha vaga lá, porque os caras me garantiram, mas nunca se sabe”, ele falou: “Pode deixar que eu já falei com o Barros Nunes, tua vaga está garantida”, eu disse: “Perfeitamente, promessa é promessa, palavra é palavra.” No final de dezembro já fui me despedindo e tal, eu disse, deixa eu passar uns dias lá no Rio, pra ver negócio de apartamento”. Dois de janeiro, eu estava me apresentando aqui já transferido pra sede da Companhia, então eu fiquei quase os dois anos, faltaram nove dias para completar dois anos, 11 de janeiro de 1977 á 2 de janeiro de 1979.
P/1 – Luis, e aí, aqui você foi fazer a mesma coisa, veio pro mesmo lugar, como é que é, foi pro mesmo setor?
R – Aqui eu vim pra um lugar chamado Setor de Relações Nacionais, de uma divisão chamada Divisão de Relações de um País, ________, que tinha dois setores, esse de Relações Nacionais e o ___________, Setor de Relações com os empregados. Nesse setor que eu fui trabalhar, era um trabalho de relações públicas mesmo, em nível nacional, eles trabalhavam, tinham um programa enorme de palestras em Universidades, Associações, Escolas. Eles faziam todo recebimento e comunicação, por exemplo, o cara escrevia uma carta dizendo que tinha petróleo no sítio dele, a gente tinha que fazer uma resposta para esse cara explicando, só que já era tanto cara que dizia ter petróleo no sítio que o nosso departamento, na época era dez, o Departamento de Exploração e Produção já tinha umas respostas padrão, só que, na época, não tinha computador, mas a Secretária, a gente fazia um rascunho à mão, dizia: “Aqui, você põe isso, tal para o endereçado”, era muita coisa, atendimento à publico externo, a gente fazia atendimento, as pessoas iam na Petrobrás e paravam no nosso setor, umas 12 ou 13 pessoas, era uma coisa muito rudimentar. A IBM era o maior avanço que tinha, projetor de slides, a gente saia com projetor de slides, filme de 16 milímetros, o projetor para fazer palestras, entendeu, então era uma coisa meio, e ainda se tinha, em 1979 estava passando o Governo Figueiredo, né, foi em março de 1979 que o Figueiredo assumiu, houve uma mudança grande, o General Araquém de Oliveira saiu, aí veio o Shigeaki Ueki, tinha sido ministro das Minas e Energia do Governo Geisel, veio a ser Presidente da Petrobrás, aí tem uma grande virada na Companhia.
P/1 – E foi aí que o Barros Nunes saiu também?
R – Isso, o Ueki que era Presidente ele mudou todo o chamado grupo um da Petrobrás, o grupo um era todos superintendentes de Serviços, Departamentos e tal, que hoje se chama Gerente-executivo, ele foi mudando, ele mudou o Jurídico, mudou o Financeiro, era gente que já estava mais de dez anos no mesmo cargo, era uma estrutura, a companhia vinha naquela toada dela, e a grande missão do Ueki foi entregar ao governo, no final do Governo Figueiredo, a Petrobrás tinha que passar dos 150 mil barris de petróleo que ela produzia por dia para 500 mil barris, então a Petrobrás ia se dedicar a um esforço exploratório muito grande, e o Ueki veio com essa missão, e pra isso ele precisava mudar algumas coisas, senão ia fica nessa toada, né, aí ele foi mudando o grupo um todo, o último que ele mudou foi o General Barros Nunes, que era um cara muito forte, que era um governo Militar e tal, aí tirou o Barros Nunes da superintendência e o colocou como consultor dele, ele já estava doente também, então foi uma solução bem negociada, não houve nenhum impacto, e aí trouxe o Carlos Alberto Rabaça para ser nosso gerente executivo, né, superintendência, foi em outubro de 1979, e aí o Rabaça por sua vez veio com a ordem de mudar a Comunicação da Petrobrás, para adequá-la ao novo momento que o país passou a viver e que a empresa ia passar a viver, e aí ele promoveu uma reestruturação organizacional na Comunicação, a área de Comunicação interna ganhou um status de visão, saiu de setor para divisão, por quê? Porque o Ueki tinha uma rejeição muito grande por parte do público interno que tinha sido Ministro e tal, não foi aceito, né, não aceitou-se que ele viesse ser o Presidente da Petrobrás, ele veio, tanto que o pessoal da REPLAN recebeu, quando ele foi nomeado Presidente, assumiu, todo mundo usou tarja preta no ombro e tal, mas Ueki veio, então o Rabaça na reestruturação preparou uma divisão pra cuidar de Comunicação interna, com a força de trabalho essa divisão tinha dois setores, um de veículos internos que passou a editar um _______ o Jornal da Petrobrás, comunicados internos, só pra Comunicação com os empregados. Na época não tinha muitos contratados, contratados você contava nos dedos, então a gente chamava de empregado, não era força de trabalho, e tinha um outro setor que era de promoções internas, que era o encarregado de fazer eventos promocionais para os empregados, fazer localmente no Rio de Janeiro e emitir diretrizes de orientações para que isso fosse replicado nas refinarias, nas áreas de produção e tal, esse setor foi minha primeira função gerencial na Petrobrás, foi maio de 1980, foi quando implantaram, me chamaram e disse assim “Você vai cuidar de Público Interno”, eu detestava empregado da Petrobrás, eu disse: “Não, a função gerencial é importante, eu preciso disso na minha carreira, vamos em frente”. Aí assumi a gerência, eu e mais três caras chefiavam três caras e a secretária, quatro, pouca gente, mas aí fomos desenvolvendo um trabalho bom, implantamos, desenvolvemos essa parte de esportes, que ela tinha já uma estrutura, então a gente conseguiu dar um desenvolvimento bom para ela, negócio de corais também, a Petrobrás tinha coral espalhado aí a gente montou uma sistemática boa, trouxemos o Armando Prazeres, que era o gerente de Interbrás, pra ser o Coordenador nacional dos nossos corais e a gente foi desenvolvendo isso.
P/1 – Ele antes era o quê? Gerente da Interbrás?
R – Ele era maestro do coral da Interbrás, que é uma subsidiária nossa, cujo vice-presidente era o Santana, que gostava muito de música clássica, o Carlos Santana, que é irmão do Afonso Romano, então ele criou um coral na Interbrás e embora o Edias também tivesse o coral do Edias e tal, mas o Prazeres já era o maestro e tal, tanto que nós contratamos o Prazeres pra reger o coral daqui e ser o coordenador nacional, aí desdobramos isso, a gente fazia, tinha um programa de fazer uma visita a esses corais, o Prazeres ia, conversava com o Regente, a idéia era a gente ter um repertório básico, que todos os corais um dia pudessem cantar juntos e tal, então vamos ver algumas músicas que todos os corais da Petrobrás cantavam, a gente montou, foram uns anos bons.
P/1 – Mas deixa eu só entender, essa gerência era a primeira gerência canalizada para público interno?
R – Foi, num nível de divisão, né, porque antes havia como eu te falei, quando eu havia sido transferido, havia dois setores dentro de uma gerência maior, era o setor de Relações Nacionais que eu participava e esse setor de relação com os empregados, que basicamente fazia esporte e não tinha muitas outras atividades, quando subiu pra gerência e com a visão que o Rabaça trouxe, eles são, “Vocês têm que fazer coisas consistentes e tal”, e uma das ações que a gente desenvolveu foi uma determinação do Ueki, na época ele disse, “Olha eu acho esporte importante, acho os corais importantes como integração, mas vocês precisam ter promoções substantivas, que estejam ligadas aos negócios da companhia”, aí pensa daqui, pensa dali, “O que é que eu vou fazer?” aí alguém sugeriu uma, como é que foi, uma Olimpíada de perfuração, que seria uma disputa entre as plataformas da Petrobrás que faziam o trabalho de perfuração, né, um momento em que o esforço exploratório da companhia era grande pra atingir aquela meta, mas pra produzir tem que explorar, pra explorar tem que perfurar, né, então a Petrobrás na época investia por ano três e meio bilhões de dólares, era dinheiro pra burro, né, naquela época três bilhões de dólares era muito dinheiro, então nós tínhamos um chamado Grupo Executivo de Perfurações Marítimas o ________ que coordenava esse esforço exploratório, aí junto com os caras do ________ a gente desenvolveu essa plataforma, esse projeto, nós cuidamos da Comunicação e eles cuidavam da parte técnica pra poder avaliar qual a plataforma que perfurou mais, perfurou menos e tal, então estabeleceu-se basicamente que a cada quatro meses seria divulgado o resultado cuja avaliação e pontuação seria definida por esse órgão, pelos especialistas de perfuração e a nós caberia fazer o evento de premiação na plataforma, divulgação na Companhia, o reconhecimento das equipes e tal, então a gente desenvolveu isso, aí tinha um troféu que circulava em cada plataforma, a gente ía na plataforma, ía eu, o superintendente de operações, era o Calil Salim, a gente ía para a plataforma reunir equipe, fazer entrega do troféu, entrevistava os caras da equipe, tirava foto, brincava no jornal da Petrobrás e tal, cada participante ganhava uma medalhinha, se ganhasse uma vez era um símbolo da Petrobrás, se ganhasse da segunda vez, fosse bi-campeão era dois símbolos, e quem ganhasse a terceira vez ficava de posse definitiva do troféu, que nem a taça Jules Rimet, então a idéia foi essa, então isso é uma promoção que o Ueki chamava de substantivo, a gente fez isso durante uns quatro anos, esses eventos e tal.
P/1 – E você se manteve nessa gerência.
R – Eu fiquei até 30 de setembro de 1986, foi quando houve uma outra reestruturação na Comunicação, já com outro superintendente, né, então, esse trabalho de...
P/1 – Nessas reestruturações, você não podia indicar, por exemplo, eu penso assim, tua ligação com a publicidade, que você tinha feito?
R – Eu era o único publicitário que tinha na Comunicação, formado em Publicidade
P/1 – Isso que eu queria até perguntar também, tinha poucos profissionais?
R – Tinha poucos profissionais, quando, agora, havia pouca publicidade também, a Petrobrás fazia pouquíssima publicidade, muito pouco, o Rabaça ficou de outubro de 1979 a julho de 1981, ficou um ano e dez meses, aí ele saiu, veio um cara que era da Interbrás, Atam Barbosa, que era gerente comercial, alguma coisa da área da Interbrás, veio pra ser superintendente, manteve praticamente a mesma estrutura, só trouxe um cara pra ser Assessor de Imprensa, que o Mansur que era Assessor de Imprensa passou para ser chefe adjunto, na época era o superintendente, esse cara tinha um superintendente adjunto, o Mansur foi promovido à Superintendente de adjunto, e veio o Gilberto Naum para ser assessor de imprensa, e a estrutura foi mantida, manteve gerente, manteve tudo, viu?
P/1 – E essa outra reforma é depois do Atam?
R – O Atam ficou até março de 1985, aí mudou, aí mudou tudo, Nova República, né, Tancredo, Sarney e o Hélio Beltrão veio pra ser Presidente da Petrobrás e uma semana depois ele trocou o Atam pelo Guilherme Duque Estrada, ai o Guilherme veio pra mudar também a Comunicação da Petrobrás, o Beltrão cunhou a frase logo que ele assumiu dizendo o seguinte: “Os grandes inimigos da Petrobrás são a desinformação e o preconceito”, cunhou essa frase e a gente discutia que desinformação a gente pode trabalhar com contra-informação.
P/1 – Mas isso nessa época?
R – Isso foi em 1985.
P/1 – Essa frase do Beltrão?
R – É, foi quando ele assumiu, logo que ele assumiu, “Os grandes inimigos da Petrobrás são a desinformação e o preconceito”, e a gente trabalhava que com desinformação você trabalha com contra-informação, né, agora preconceito você tem que mudar uma série de coisas, né, e aí o Guilherme a par de, ao mesmo tempo simultaneamente um trabalho que ele fez de procurar saber o que tinha havido durante aquele período e tal, ele foi trabalhando uma reestruturação na Comunicação e o Guilherme tinha uma experiência gerencial muito boa e ai preparou-se essa reestruturação foi implantada em 1º de outubro de 1986, que aí ele já tinha me dito quando eu tava trabalhando em São Luis, “Eu vou fazer uma reestruturação e você vai ser o meu homem de publicidade, vou te botar na área de publicidade. Até porque o único cara que tem formação em Publicidade aqui é você.” Eu falei “Mas eu tenho formação em trabalhar em agência antes de vir pra cá, são duas coisas diferentes.” Ele falou “Não, tudo bem. Você vai ser o cara de publicidade.” Eu até brinquei assim “Olha, primeiro de outubro vai ser quando eu vou estar saindo de férias.” “Não tem problema. Chega no meio de outubro e você começa efetivamente.” Aí eu assumi o setor de publicidade em 1986, cinco agências de propaganda trabalhando, não sei como é que tinha cinco.
P/1 – Você lembra quais eram?
R – SGB, MPM, acho que a ________ trabalhava, Art Plan, tem mais um, eram cinco agências.
P/1 – E quem tocava isso, quem que controlava isso, se já tinha.
R – Os setores tinham quatro pessoas, mas era tão pouca publicidade que se faziaque por isso que te digo, eu não sei qual é o critério que foi usado pra cinco agências, foi feito uma concorrência e tal, escolheram cinco agências, dividiram a conta, mais ou menos, a SGB fazia fertilizante, a MPM fazia Publicidade Internacional, a Art Plan trabalhava com distribuição, depois é que, a partir do Guilherme, porque o Guilherme foi o cara que preparou um plano de comunicação, a partir de 1986, ele botou todos os gerentes pra discutir um plano de comunicação e tal, aí preparou-se para onde que nós vamos e tal.
P/1 – Ele que faz a ___________?
R – Exatamente, ele que fez a mudança, quando a gente mudou a nomenclatura, a estrutura do órgão, mudou também a, não, quem mudou pra CERCOM foi o Rabaça.
P/1 – Rabaça, ele manteve?
R – Ele manteve, mas depois tivemos que mudar pra (Seerinche?) mas foi por outra razão, foi mais adiante, foi em 1992, ele manteve (SERCON?), porque comunicação, é porque Relações Públicas ficou desgastado.
P/1 – Só fez um plano? Isso que também.
R – Mudou a estrutura, não, um plano de comunicação mesmo, sabe? Discutindo com todos os gerentes, quais são os objetivos, como é que nós vamos chegar lá, não que antes não se trabalhasse com planos, se trabalhava, mas foi talvez, um primeiro momento, que eu me lembre, e que se tinha objetivos de negócio, entendeu, de apoiar o negócio da companhia, pra comunicação trabalhar efetivamente, mais aliada com a companhia, que antes, comunicação era comunicação, era um órgão meio afastado.
P/1 – E Luis, e você, e dali o que você planejou, vou modificar isso daqui, vou criar também uma, dava pra ter essa autonomia?
R – Não, a gente Chefe de Setor a gente não tinha competência pra autorizar um realzinho da época, a gente só podia dizer não, pra dizer sim tinha que ter a benção de um gerente, de um superintendente, né, então, o que a gente procurou trabalhar foi, por exemplo, a gente já tinha pesquisas que mostravam a imagem da Petrobrás muito associada ao posto de gasolina, que era da BR, então, o Guilherme, a gente discutindo ”Nós temos que nos aproximar da BR, fazer um trabalho conjunto e tal”, a partir dali em 1987 a gente fez a primeira campanha de posto da Petrobrás, nunca tinha sido feito uma campanha de posto Petrobrás. A BR só trabalhava lubrificante, a linha Lubrax, tá? Então nós assumimos o encargo, seja financeiro, seja de planejamento, de trabalhar a imagem dos postos da Petrobrás, claro que a gente trabalhava associado com a BR, que a gente não podia fazer nada com o posto se a BR não tivesse, mas para a BR era tudo que o filho queria de um pai, né, “Olha, vou fazer campanha publicitária usando o teu posto, você não vai pagar nada, então ótimo”. Foi um casamento muito bom, então em 1987 foi a primeira campanha publicitária, a partir daí em 1988 era o Ósídio Silva, o Presidente da Petrobrás, a gente começou a desenvolver ações promocionais junto com a Petrobrás distribuidora, usando o posto, tinha um grupo de trabalho de imagem e atendimento aos postos Petrobrás, que era Petrobrás e BR, eu era o representante da Petrobrás, sabe, a gente discutia semanalmente, como é que a gente melhorava, então não adianta você fazer publicidade dizendo que o teu posto é bom, se o frentista não está treinado e não está imbuído dessa vontade de atender bem o cliente, né, então havia todo um trabalho de comunicação, mas tinha que estar respaldado por um treinamento e uma motivação desses caras que trabalhavam nos postos. A partir daí a gente desenvolveu disputas entre os postos, através daquela técnica do cliente fantasma, do consumidor fantasma, que visitava os postos sem se identificar, fazia uma avaliação, entendeu, fizemos promoções chamadas Desafio BR, a gente fazia desafios entre as praças, por exemplo, a gente fez primeiro no Rio de Janeiro, depois em São Paulo, Recife, Salvador, Brasília. A gente fazia, preparava os postos: “Vai ser uma campanha publicitária, estimulando os caras a usarem os postos Petrobrás, ao mesmo tempo vocês vão ser avaliados por consumidores fantasmas, quem se destacar em vendas, em alguns outros indicadores, vai receber prêmios”. Na época quando você tinha uma inflação de 20 por cento ao mês, você dava ao cara 30 dias para ele pagar o produto que ele recebia da Petrobrás, ele estava recebendo desconto financeiro muito bom, né, então o prêmio do cara era, o dono do posto era exatamente do bolso dele, então os caras vestiam literalmente a camisa da promoção, então a gente tinha resultados excelentes, a gente media antes, durante e depois da promoção o aumento de vendas e tal, as promoções se pagavam, ao mesmo tempo a gente tinha a imagem divulgada na campanha, então quer dizer, era um trabalho muito bom, era um processo, era ano a ano, a cada ano a gente fazia um evento em uma praça, quando dava eram praças menores, a gente fazia uma no 1º semestre, outra no 2º, então foi muito bom, isso acabou, terminou isso no Governo Collor, porque daí eles estabanaram a publicidade das empresas de governo, mandaram (resimir?) os contratos e tal, a gente deu uma parada nessa parte de publicidade, que não foi essas coisas não.
P/1 – Daí você se manteve ligado à Publicidade?
R – Eu fiquei, eu fiquei de gerente de chefe de setor de Publicidade até março de 1995 quando houve outra reestruturação, que já era o Mario Divo que foi o Gerente, perdão, março de 1996, março de 1996, até lá eu fiquei.
P/1 – Aí é o Mario Divo?
R – É, o Mario Divo foi superintendente, ele assumiu em julho de 1995, e em março de 1996 houve uma reestruturação, aí eu saí de Publicidade, fui pra Relações Públicas, foi criado uma divisão de uma coordenadoria de Relações Públicas na época, né, mudou o nome, aí fiquei lá.
P/1 – Mudou o nome de novo com o Mario Divo?
R – Mudou, porque na época o modelo de gestão da Petrobrás, o modelo de organização dele, não de gestão, suprimiu os setores abaixo da divisão, era uma divisão com dois ou três setores. Quando esse novo modelo de organização, que a Petrobrás adotou em várias áreas, você acabou com aquelas gerências embaixo e manteve só um coordenador em cima, foi péssimo isso, porque você antes, como é o modelo atual, você tem o gerente com dois ou três gerentes embaixo, então você conversa com três ou quatro pessoas, quando acabou com isso você passou a ter o coordenador e uma equipe que podia ter sete pessoas, como podia ter 22, e coitado do chefe pra atender 22 pessoas, cada um com suas tarefas e tal, aí a gente parte pra algumas soluções heterodoxas, né, você criava núcleos dentro da tua coordenadoria, e elegia um cara para ser: “Ó, você vai ser supervisor desse grupo, mas ó, não vou te dar função remunerada, porque eu não posso”, entende, mas a gente tinha que fazer, senão você não tinha como conversar com 22 pessoas todos os dias, com assuntos diferentes.
P/1 – Luis, mas aí você vai pra Relações Públicas?
R – Aí fiquei na Coordenadoria de Relações Públicas, de março de 1995 até dezembro de 1995, não, de março de 1996 a dezembro de 1996, aí em janeiro de 1997 eu assumi, voltei pra Coordenadoria de Publicidade e Patrocínios que na época tinha, porque houve uma mudança, o nosso cara da Área Internacional foi pro Equador e o Milton que era o Coordenador de Publicidade e Patrocínios foi para a Área Internacional e aí eu voltei pra Publicidade e Patrocínios e quem foi para o meu lugar foi o Luis Eduardo Bastos, houve essa mudança, então fiquei efetivamente nove meses, eu voltei para a área de Publicidade, fiquei nove meses na área de Relações Públicas e voltei pra Publicidade, aí seis meses depois eu virei superintendente, (risos). O Mario Divo saiu, foi pra (SECON?) na época, aí eu assumi a superintendência.
P/1 – Aí em que ano você assumiu?
R – Isso foi em junho de 1997, aí eu assumi a, aí virei superintendente, né, então.
P/1 – Da Comunicação em geral?
R – Da Comunicação toda. Aí trouxe o Luis Fernando Néri, que era da Petrobrás Distribuidora, pra ser o cara de Publicidade, ele já cuidava disso, eu já conhecia o Luis e tal, então disse: “Vou ter que botar um cara que já entre com o carro, e o carro andando, ele só entra, pula dentro da janela, e continue tocar, não dá para parar o carro, abrir a porta, e explicar como é que funciona” Aí o Luis veio e tal, ficou comigo, enquanto eu fui Gerente Executivo Superintendente, fiquei lá até junho de 1999, aí eu saí da Superintendência, aí resolvi sair da Comunicação, disse:” Está na hora de mudar de ares e tal”, Aí fui pra Petroquisa, fiquei algum tempo, fiquei seis meses na Petroquisa e tal, mas não era o que eu queria.
P/1 - Na Área da Comunicação da Petroquisa, ou que?
R – É, eu fiquei trabalhando para o Vice Presidente, mas fazia ________, não tinha atribuições específica, então aproveitei pra dar uma descansada (risos), e aí disse: ”Tem que fazer, tem que me mexer aqui, então, vou buscar alguma coisa que me interessa”, nisso estava sendo montado a implantação do SAP na Petrobrás, do SAP R3, aí eu soube, aí alguém falou com o Jorge ______, que era o Gerente do projeto, e o Jorge: ”Não, eu conheço, eu estou precisando de gente aqui, que seja referência na Petrobrás pra dar visibilidade ao projeto” (risos). Aí me convidou e disse “Ó Luis, eu vou ter uma Coordenadoria de Comunicação, aqui no projeto _________, eu já convidei o Calmon”, que eu conhecia, que era um cara da Bahia que eu conhecia, “Mas eu quero que você trabalhe junto com ele, vocês dois vão ser Coordenadores e tal”. Eu falei: “Não, vai ser legal, um desafio novo e tal”, Aí voltei pra ser Coordenador de Comunicação, pro projeto Sinergia junto com esse colega, aqui no Rio de Janeiro, né, que a gente ficava ali no ________ no Maracanã, aí fiquei lá trabalhando, porque era interessante que se tinha, era uma mudança, era uma gerência chamada Gestão da Mudança que você tinha que preparar as pessoas pra entrada de um sistema que era, ele tinha embutido nele o medo da perda do trabalho, da função e que isso poderia gerar uma perda de emprego. Não era cultura, nem interesse, nem intenção da Petrobrás demitir gente cujas atividades iam ser absorvidas por esse novo sistema, mas acho que as pessoas sempre acham que “Se o que eu fazia vai ser feito por outro o que é que eu vou fazer? Eu vou ficar sobrando? Vão me mandar embora e tal”. Então teve todo um trabalho de comunicação que a gente teve que fazer que as funções que a pessoa deixasse de desempenhar por conta da implantação de um sistema ela seria retreinada pra desempenhar outras atividades que a Petrobrás precisava, tava crescendo e tal. Então você imagina a comunicação trabalhar isso no Brasil, né, então a gente montou, a gente tinha um sistema itinerante que a gente tinha montado exposições nas unidades mostrando o que era o sistema, você ia digitar uma coisa aqui e na mesma hora todos os sistemas similares iam ser alimentados, ia acabar essa quantidade, que a Petrobrás tinha 900 e tantos sistemas trabalhando independentemente, então você recebia a mesma coisa dita de oito formas diferentes. Então foi um trabalho muito legal, trabalhei lá de maio de 2000 até fevereiro de 2002 que saiu o então Presidente e levou com ele a pessoa com quem eu havia me desentendido quando eu era Gerente e ele era consultor do Presidente e o modelo de Gestão que eu fiz e _________ implantou ele não despachava como Gerente de Comunicação, tinha esse consultor, como eu vim de um modelo onde eu discutia os assuntos diretamente com o Presidente da Petrobrás eu disse “Isso não vai dar certo, não vai dar certo, porque eu só vou ficar com o ônus de assinar os papéis, né, vou tomar decisões que não vão ser minhas, vão ser, uma coisa é o Presidente da companhia dizer vamos fazer assim e eu digo tudo bem, tem como registrar, e outra é um consultor dele dizer vamos fazer assim e tal.” eu não concordo, aí “eu não vou durar muito tempo.”
P/1 – Esse consultor era um consultor de confiança?
R – Era um homem de confiança, chama-se Alexandre Machado, ele trouxe junto com outras pessoas e tal, só que era um modelo que não funcionava na minha visão. Acharam que funcionaria na Petrobrás, mas eu sei que não funcionou. E aí eu disse “Não, vou sair. É só uma questão de tempo, vou esperar que saiam, de que me saiam, eu não vou pedir pra sair.” E aconteceu em junho, mas saí numa boa, o Felipe conversou comigo e saí, saí com, eu tenho na minha ficha um elogio da Diretoria Executiva quando me destituiu que fez questão de colocar um elogio na minha ficha pela forma como eu me _______, o termo é esse, pela forma como eu desincumbi das minhas funções como gerente executivo, aí saí foi em fevereiro, em janeiro de 2002 que o Felipe pediu as contas, saiu o Alexandre com ele, eu falei, e o meu plano, independente do Felipe estar ou não era voltar pra Comunicação em 2002 porque em 2003 mudaria o governo, qualquer que seja o governo eu quero voltar pra comunicação em 2002 porque o que passou passou e o que vem pela frente a gente sempre tem condição de enfrentar de uma maneira melhor, né, aí vim em janeiro, em fevereiro de 2002 eu vim e falei com o Ricardo que tinha sido Gerente Executivo, aí falei “Ricardo, quero voltar” ele falou “Não, eu tava pensando em te chamar mesmo, ótimo.”. Voltei em fevereiro e 15 dias depois o Ricardo saiu da Superintendência, tiraram ele da Superintendência, aí veio o Fragomeni que assumiu de março até dezembro de 2002 e em julho eu fui nomeado Gerente de Atendimento da comunicação, em julho de 2002 voltei a assumir a função Gerencial e em 2003 na atual gestão, o Santa Rosa veio e eu continuei como Gerente de Atendimento e em novembro de 2004 eu voltei pra Publicidade.
P/1 – Final de 2004?
R – Final de 2004, novembro de 2004 voltei pra Gerência de Publicidade.
P/1 – Gerência?
R – Isso, só troquei, eu era Gerente de Atendimento foi pra Gerente de Publicidade no lugar do Heraldo que foi pra Gerente de Planejamento.
P/1 – Luis, eu queria te perguntar também, fazendo um balanço do que é comunicação hoje, né, quais são, assim, os focos principais dessa imagem da Petrobrás, o que a comunicação hoje quer trabalhar?
R – Olha, eu acho que a comunicação hoje, primeiro é importante a gente ressaltar, refrisar a dimensão que a atividade, que a função comunicação tomou na companhia nos últimos anos, nos últimos oito anos, na grande virada que a companhia deu a partir de 2000, né, a função comunicação hoje é considerada uma função estratégica, ela sempre esteve ligada ao Presidente da Companhia, mas a gente percebe que nesses anos, nesses últimos oito ou 10 anos ela se tornou imprescindível para a Companhia e ela é entendida como imprescindível, isso é muito importante porque o cara de comunicação dizer que ele é importante é uma coisa agora ele ser percebido como importante pelo resto da organização é outra coisa e isso a gente percebe claramente a necessidade e a busca que os órgãos tem pela função de comunicação, é tão grande essa busca que gera até algumas distorções, como por exemplo, a grande quantidade de órgãos de comunicação que a gente tem espalhados pela companhia, _______________, se você fizer uma análise fria em relação a isso, isso tá mal dimensionado. Você pode ter alguma relação corporativa com alguns braços mas a comunicação coorporativa não pode ser fragmentada, e ela hoje está fragmentada por conta disso, fugiu do nosso controle, como a companhia vai passar por um processo de reorganização muito grande provavelmente até o final deste ano a gente acredita que esse ponto vai ser levado em conta porque já existe a percepção, o entendimento da alta administração que do jeito que está não vai poder continuar. Então houve um crescimento desordenado da atividade, da função comunicação na companhia e certamente ele vai ser trazido agora à dimensão que ele deve ter em termos organizacionais, tá certo? Agora quando você falou o foco, o foco da companhia, da comunicação está muito voltado, na minha visão, para o negócio da companhia, isso é importante a percepção que a gente tem de comunicação trabalhar com facilitador de negócio da companhia e aí você passa por marca, por uma série de coisas, pelo envolvimento que a gente tem que ter com o marketing da companhia, nós não somos detentores do marketing, eu costumo brincar que os quatro Ps do marketing que o _________ fala a gente só tem a promoção, preço, produto e mercado não são variáveis sobre as quais a gente tenha controle, a promoção e a publicidade nós temos o controle, é um instrumento da comunicação, isso é mantido e vai ser mantido sempre. E a atividade da comunicação é um mundo hoje em dia na Petrobrás, talvez na minha opinião é a maior estrutura de comunicação que existe no Brasil, inclusive confrontando com iniciativa privada, não ficamos nada a dever pra Unilever, ou pra outras grandes, pra Ambev, né, só que nós temos um foco muito grande na nossa imagem e na nossa marca, não que elas não tenham, mas elas tem o foco no produto até porque o produto que elas disputam é muito mais acirrado essa disputa, né, você fazer uma garrafa de água mineral é bem mais fácil do que você fabricar um litro de gasolina, né, então há uma série de fatores que tem que ser levados em conta, agora a atividade de comunicação da Petrobrás, e não sou eu quem digo isso, o reconhecimento que a Petrobrás recebe do mercado do meio de comunicação através das premiações falam por si só.
P/1 – E da Publicidade Luis, como é que a Publicidade se encaixa nessa, o que você tem visto, como você vê a Publicidade hoje?
R – Olha, eu vejo a Publicidade, ela é entendida, é, de todos esses problemas que a gente vê da Comunicação ser um pouco fragmentada ou estar muito dispersa na companhia uma coisa, justiça seja feita, conseguiu se manter, toda a publicidade da Petrobrás fica centralizada no órgão coorporativo, então só tem um órgão na Petrobrás que faz publicidade, é o órgão de Publicidade da Comunicação, isso aí é uma diretriz mundial que a Petrobrás consegue manter aqui, manter isso na sua estrutura.
P/1 – Peraí, é uma diretriz mundial?
R – Não, uma diretriz mundial das grandes empresas.
P/1 – Das grandes empresas?
R – Exatamente, a Coca-Cola define as diretrizes de publicidade dela em Atlanta e manda pro mundo, o máximo que o cara pode fazer é um filme local mas com aquele todo que é mais fácil ele até nacionalizar o filme estrangeiro, né, então isso a Petrobrás conseguiu manter, muito, conseguiu manter.
P/1 – Então daqui vocês controlam...
R – A gente que faz toda a publicidade da Petrobrás, a gente que faz publicidade _________, pra abastecimento, pra recursos humanos, quem precisa de um anúncio, de uma publicidade busca esse anúncio, essa publicidade na comunicação. Só nós temos contato com as agências de publicidade, entendeu, por que? Porque isso demanda também relações, vamos dizer, inter-órgãos, né, a Petrobrás tem uma supervisão da Secretaria de Comunicação do Presidente da República, né, nós somos auditados aí por _________ e tal, em publicidade, em função daquele escândalo em 2005 de governo e tal teve um momento que se questionou muito a honestidade da atividade de publicidade, vamos ser franco, vamos usar essa palavra, porque usou-se a agência de publicidade pra fazer negócios escusos da mesma forma que nos anos 70 e 80 usou-se empreiteiras, né, escolheu-se agências de publicidade como poderiam ter escolhido agências de turismo ou alguma coisa similar, mas isso foi o mercado mesmo corrigiu isso através de ações de Instituições da Entidades de Classe, Associação Brasileira de Propaganda, Associação Brasileira de Agência de Propaganda, a Associação Brasileira de Anunciantes, então mostrou ao consumidor que publicidade não era um negócio sujo que foi maculado por conta de dois ou três elementos que se usaram, que usaram isso pra fazer, negociar, perdi o raciocínio.
P/1 – Dentro desse papel da publicidade na Petrobrás mesmo.
R – Ah sim, da Publicidade na Petrobrás, ele ta, como eu te falei, ele é uno, ele é, só ele que controla isso, que faz publicidade, isso é fundamental pra nossa marca e a tendência dele é expandir junto com a atividade da companhia. Em termos orçamentários é um orçamento significativo em termos de Brasil, de anunciantes, né, talvez nós estamos entre os 10 maiores anunciantes do Brasil.
P/1 – Quanto mais ou menos do orçamento total, você sabe dizer?
R – Cerca de 25 por cento, entre 20 e 25.
P/1 – Razoável.
R – É razoável, razoável, mas é compatível com a dimensão da Petrobrás, com a dimensão da atividade de comunicação e com a dimensão de publicidade que a gente tem que dar, se nos anos 70 o orçamento de publicidade era insignificante o orçamento de comunicação era insignificante dentro da Companhia, e a Companhia não tinha dimensão que tem hoje, isso aí ao longo dos 30 anos eu pude acompanhar claramente isso, entendeu, a par dessas mudanças que houve na conjuntura da política econômica do país, a mudança no conceito de comunicação do Brasil, então a Petrobrás soube, ela teve uma capacidade de acompanhar isso sem nunca extrapolar pra mais, isso é muito importante também, de uma hora pra outra ela não saiu fazendo publicidade de uma hora pra outra, isso acompanhou todo um posicionamento da companhia dentro desse contexto que ela tava, ela cresceu quando teve que crescer, ela deu uma segurada quando teve que dar uma segurada, ela foi fazer publicidade no interior quando tinha que fazer, então isso foi muito coerente.
P/1 – E nesses anos todos, assim, me diz uma campanha que tenha te marcado nessa Companhia. Que fica mais no seu coração, assim.
R – Tem uma coisa que eu acho que foi marcante foi a primeira campanha de postos que a gente fez em 1987, a campanha, foram três filmes, Métri, Médico e Analista. Os títulos eram esses, essa campanha até foi criada pelo Fábio Fernandes que era diretor de criação da Art Plan, hoje é Presidente da ____________, uma das maiores empresas de agências do Brasil, faz parte de um dos maiores nomes de comunicação do mundo e o Fábio, estive com ele esses tempos atrás e a gente se lembrando da aprovação dessa campanha, a gente discutindo e tal com o Guilherme, e foi uma campanha que marcou muito porque os filmes eram muito bem humorados e traziam, é, remetiam ao ambiente de um posto de serviço situações não corriqueiras com aquele ambiente, era um Métri que o cara parava o carro no posto e o Métri oferecia uma lata de Lubrax pra ele, perguntava se ele não queria comprar a gasolina, o médico o carro chegava quicando no posto, passando mal, o médico entrava e ressuscitava o carro, seria mote inclusive pra duas empresas que fizeram alguma coisa nesse sentido, o carro que passava mal era ressuscitado, não necessariamente em peso de petróleo, e o terceiro era um analista, o cara entrava no posto e começava a falar que meu carro tava com problema e o doutor Freud lá recomendava a ele um tratamento no posto Petrobrás. Essa campanha me marcou muito. Sem dúvida nenhuma a campanha dos 50 aos da Petrobrás, eu não era Gerente de Publicidade mas aquela campanha mexeu com todos nós, aquela campanha maravilhosa, né?
P/1 – Quem fez a campanha dos 50?
R – Foram as três agências, a __________, foi a __________ Comunicação, com a participação também da ________ propaganda e da F/Nazca, as três que atendiam a conta naquela época. Mas a _________ foi a condutora porque o Ercílio é um grande publicitário e tal, a concepção da campanha foi toda dele.
P/1 – E as atuais?
R – Atualmente eu não posso listar essa nova era que a gente vê esse ano porque ela está associada a efetivamente uma mudança de patamar da Petrobrás como empresa no mundo, né, ela não deixou de ser uma grande empresa no Brasil, ela passou a ser uma grande empresa em termos mundiais, ela já é e subiu num patamar maior ainda com essa descoberta do Pré-Sal, e essa campanha ela foi muito feliz quando ela usou esse conceito de uma nova era, que a gente pegou esse mote no momento, foi no início desse ano que as coisas começaram a repercutir, tinha essa descoberta do pré-sal e tudo mas a gente tava engatinhando muito e nós apostamos nesse conceito, nova era, a Petrobrás é uma nova era e ta se confirmando, nós estamos agora em setembro de 2008 e as descobertas aí estão ratificando o peso que isso vai ter no crescimento da companhia. Então essa campanha também marcou muito. Talvez tenha algumas outras aí que, foram muitas campanhas que a gente fez, mas basicamente essas três me deixaram bastante marcado. Aquelas promoções que a gente fez também com os postos Petrobrás também, nos anos 80, aquele desafio BR queeu te falei também foi importante pelo envolvimento, muita gente envolvida nessas campanhas e os resultados que elas apresentaram, então foram muito legais também. Algumas promoções que a gente fazia também fortes na época de Copa do Mundo, campanhas com Luis Fernando Guimarães.
P/1 – Era engraçado.
R – É, uma coisa importante que você falou, as campanhas de postos da Petrobrás sempre tiveram uma receptividade muito boa porque elas sempre souberam usar o humor, e como nosso concorrente, hoje nem tanto mais concorrente, só parte do concorrente, a Ipiranga também tem um viés muito bom nessa linha de humor, que ninguém fica feliz ao entrar no posto de gasolina, que uma conta de luz você usa e no final do mês você só reclama uma vez, quando você entra num posto você reclama toda hora que você bota a mão no bolso e paga. É uma diferença de processo, de procedimento. Então essas campanhas são marcantes aí.
P/1 – Luis, a gente tava fazendo aqui a trajetória sua, eu queria que você me contasse quando é que você se casou, em que ponto aí dessa trajetória você se casou?
R – Ah, eu casei duas vezes. O primeiro casamento teve muito a ver com Petrobrás porque eu em janeiro de 1977 quando eu entrei eu namorava já uma mulher há cinco anos e tal e a minha ida pra São Paulo sozinho eu, fez acelerar meu processo de casamento. A minha idéia era casar no final de 77, né, mas quando eu fui pra São Paulo, eu ficava toda sexta-feira vindo, eu falei “Ah não, ta na hora de casar.” Casar logo e tal, casei em junho de 77. Casei em junho aí fomos pra São Paulo e tal, eu já tinha o meu apartamento de morar lá e tal, mas foi um processo, acelerou, eu não sei se eu tivesse ficado no Rio de Janeiro, se eu tivesse entrado pra Petrobrás no Rio de Janeiro se eu teria casado em dezembro de 77 ou se eu teria casado com ela mas aí a ida pra Petrobrás acelerou meu casamento. Eu fiquei casado com ela sete anos, voltamos pro Rio e tal e depois me separei em 84, aí depois conheci uma outra mulher e estou casado com ela até hoje, há 25 anos.
P/1 – E os filhos são com ela?
R – Não, com a minha primeira mulher eu não tive filhos. Eu tive dois filhos com a minha segunda mulher e ela tem dois filhos do primeiro casamento. São quatro homens.
P/1 – Diz os nomes aí.
R – O Daniel, com 28 anos, o Gabriel com 26.
P/1 – Esses são os seus?
R – São os dela. E o Alexandre ta com 18 e o Leonardo ta com 16, os mais novos são os meus, Alexandre e Leonardo.
P/1 – Uma turma.
R – São, mas o Daniel e o Gabriel quando eu a conheci um tinha dois e o outro tinha três anos, então tinha quatro anos, então cresceram comigo.
P/1 – Mas é uma boa turminha, quase um time de futebol.
R – É, eu, comigo no gol já tem um futebol de salão, né, os quatro e eu no gol já tem um time de futebol de salão.
P/1 – E Luis, o que você gosta de fazer nas suas horas de lazer?
R – Nas minhas horas de lazer? Olha, eu gosto de ficar na minha casa, curto muito minha casa, tá dando pra jogar futebol, to voltando mas por uma contusão no joelho mas tô insistindo até aprender, gosto muito de praia, sou rato de praia mesmo, gosto de praia, gosto de ver televisão, sou o rei do controle remoto, a televisão da sala é minha, vejo dois, três programas ao mesmo tempo e tal e gosto também de conversar com os amigos, tomar um chopp e tal, ______________ é gostoso, mas eu prezo muito o meu pequeno, não sou de pegar carro, viajar, detesto, dirigo o mínimo necessário, venho pro trabalho de metrô e de ônibus, volto de ônibus, tem um carro lá em casa e eu deixo pros meus filhos que já dirigem e tal, eu gosto de ficar no meu mundo aí, não sou de grandes aventuras não. Gosto de cinema, gosto de teatro, saio com minha mulher, saio, toda sexta-feira é o dia que a gente sai pra namorar porque quando os garotos eram pequenos você imagina, não tinha tempo pra conversar, pra fazer nada, então a gente adquiriu o hábito de que sexta-feira o papai e a mamãe vão namorar, então sexta-feira a gente saia pra tomar um chopp num barzinho perto de casa e mantemos essa hábito até hoje.
P/1 – Como é que é o nome dela?
R – Liliane.
P/1 – Que bonitinho, bacana.
R – É, a gente sai namorando até hoje, sexta-feira já sabe.
P/1 – Bacana. Luís, já vai terminando a nossa entrevista e eu queria perguntar se tem alguma coisa que você gostaria de deixar registrado que você não falou aqui também.
R – Eu , sei lá, a gente, 31 anos, né, hoje eu estava dando os parabéns pra um rapaz que trabalha comigo e, ele fez aniversário ontem, né, e na minha gerência eu instituí que o dia do aniversário do cara se ele efetivamente não tiver a necessidade de vir trabalhar ele pode ficar na casa dele, ele não precisa vir trabalhar, eu acho que o aniversário é pra você celebrar com sua família, com seu namorado. Se você efetivamente não tiver necessidade de vir não venha trabalhar, fique em casa, mas se tiver que vir bicho vem e não tem compensação, da mesma forma que se teu aniversário cair em sábado, domingo e feriado, não adianta, não tem compensação, então, e aí eu fui dar os parabéns pra ele, Hugo, falei “Hugo, parabéns e tal, falei quantos anos? 22?” ele falou “Pô, não chefe, 30.” Eu falei “Quer trocar comigo? Eu te dou os meus 57 e você me dá seus 30.” Mas eu acho que, o que a gente faz aqui na Petrobrás eu acho que marca a gente pra sempre, ás vezes eu falo pra minha mulher, ela ri quando eu digo “Não, eu vou lá em casa.” Lá em casa quando eu me refiro às vezes é a Petrobrás, sabe, você acaba fazendo da Petrobrás tua casa, o que é verdade porque você passa mais tempo aqui do que na tua casa, então eu tenho 31 anos de Petrobrás, tenho mais dois fora, 33, mas eu já botei na cabeça que eu só vou me aposentar em 2017 quando eu tiver 40 anos de Petrobrás, aí eu vou pensar em me aposentar. Não tenho mínima vontade de largar até porque eu to vendo que a Companhia vai crescer mais ainda e eu quero estar junto. Então isso aqui é uma verdadeira cachaça no bom sentido.
P/1 – Vai pra nova era?
R – Vou pra nova era (risos).
P/1 – Então tá Luis, obrigado por você ter vindo aqui colaborar com a gente.
FIM DA ENTREVISTA
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