Lembranças de Natais
As únicas lembranças boas do Natal foram da minha infância.
Minha mãe pagava à prestação uma cesta. Ficávamos ansiosos com a chegada do final de ano para provar as delícias que continham nela: produtos que passamos a conhecer após a tal famosa cesta começar a fazer parte da nossa vida. Além da Cesta , ansiávamos com a chegada da minha querida irmã. Ela chegava dias antes e começávamos a movimentação. Arranjávamos galhos secos, algodão e caixinhas de fósforos. Era uma sensação maravilhosa enfeitarmos os galhos secos. Não tínhamos presentes - a minha irmã era o presente.
O tempo passou, as cestas acabaram, a infância foi ficando para trás e o Natal transformou-se em um dia comum. Voltamos ao costume de , às vezes, só comer o arroz e feijão de sempre, sem carne. A minha irmã também se foi. Deve estar no céu, tamanha era a dedicação e bondade, com nós, os menores que ela ajudou a criar.
Hoje, aposentada, dedico a minha vida à escrita. Consegui publicar um livro com as nossas memórias: “Recolhendo as Cinzas.” Foi o que sempre fizemos, recolhíamos as cinzas e seguíamos em frente nessa grande caminhada, que é a vida.
Maria Helena Fonseca
Maria Helena