José Raymundo Martins Romeo, nasci em 15 de agosto de 1940, em Niterói. Tive graduação em Engenharia e Física. Mas me dediquei à Física, sempre na Universidade Federal Fluminense. Atualmente sou Secretário de Ciências e Tecnologia de Niterói, a Secretaria que cuida do desenvolvimento tecnológico e científico, e do uso tecnológico para a inclusão social, sobretudo para a melhoria das condições sociais. Fui Reitor da Universidade Federal Fluminense por dois mandatos, de 82 a 86, e depois de 90 a 94. Nesse segundo mandato o Prefeito de Niterói era o Jorge Roberto Silveira, nós tínhamos um contato formal, eu Reitor, e ele Prefeito. Surgiu o conhecimento e em dezembro passado, o Jorge Roberto Silveira foi reeleito para Prefeito de Niterói, e me convidou para assumir a Secretaria de Ciências e Tecnologia. E eu aceitei. As atividades são muito ligadas à Ciência e a Tecnologia; a Ciência perpassa todos os setores da vida humana e da sociedade. Temos um projeto que considera Niterói a cidade social, ou seja, o uso das tecnologias para a melhoria das condições do ser humano. Isso inclui, aquilo que chamam de telecentro, para fazer a inclusão social, cursos de formação de pessoas, sempre com base tecnológica. Tenho um grande setor de indústria naval, levar à essa indústria naval as novidades, principalmente as idéias de que sem inovação, as empresas hoje não conseguem permanecer produtivas e ativas. Temos a Niterói Social, Niterói Inovação, a Niterói Ciência; é um papel nosso divulgar a ciência, fazer com que todos os habitantes de Niterói compreendam o papel e a importância da ciência, que gera tecnologias. Muitas vezes nós usamos a ciência, apertamos um interruptor, a luz aparece, se faz claro, mas pouca gente presta atenção na importância disso, o homem hoje depende da ciência. O homem e os animais. Na natureza, por exemplo, você não encontra animais velhos, porque com a idade os animais vão perdendo os sentidos,...
Continuar leituraJosé Raymundo Martins Romeo, nasci em 15 de agosto de 1940, em Niterói. Tive graduação em Engenharia e Física. Mas me dediquei à Física, sempre na Universidade Federal Fluminense. Atualmente sou Secretário de Ciências e Tecnologia de Niterói, a Secretaria que cuida do desenvolvimento tecnológico e científico, e do uso tecnológico para a inclusão social, sobretudo para a melhoria das condições sociais. Fui Reitor da Universidade Federal Fluminense por dois mandatos, de 82 a 86, e depois de 90 a 94. Nesse segundo mandato o Prefeito de Niterói era o Jorge Roberto Silveira, nós tínhamos um contato formal, eu Reitor, e ele Prefeito. Surgiu o conhecimento e em dezembro passado, o Jorge Roberto Silveira foi reeleito para Prefeito de Niterói, e me convidou para assumir a Secretaria de Ciências e Tecnologia. E eu aceitei. As atividades são muito ligadas à Ciência e a Tecnologia; a Ciência perpassa todos os setores da vida humana e da sociedade. Temos um projeto que considera Niterói a cidade social, ou seja, o uso das tecnologias para a melhoria das condições do ser humano. Isso inclui, aquilo que chamam de telecentro, para fazer a inclusão social, cursos de formação de pessoas, sempre com base tecnológica. Tenho um grande setor de indústria naval, levar à essa indústria naval as novidades, principalmente as idéias de que sem inovação, as empresas hoje não conseguem permanecer produtivas e ativas. Temos a Niterói Social, Niterói Inovação, a Niterói Ciência; é um papel nosso divulgar a ciência, fazer com que todos os habitantes de Niterói compreendam o papel e a importância da ciência, que gera tecnologias. Muitas vezes nós usamos a ciência, apertamos um interruptor, a luz aparece, se faz claro, mas pouca gente presta atenção na importância disso, o homem hoje depende da ciência. O homem e os animais. Na natureza, por exemplo, você não encontra animais velhos, porque com a idade os animais vão perdendo os sentidos, e os mais fortes cuidam dos mais fracos. Mas junto aos homens existem cavalos velhos, cachorro velho, gato velho, pelo uso das vacinas, dos medicamentos, da alimentação adequada; tudo isso que faz a vida humana fluir, é a ciência com as suas manifestações tecnológicas. Um dos aspectos é mostrar a Niterói, por exemplo, a importância da ciência. Temos em Niterói vários institutos de pesquisa e desenvolvimento do Estado. O Instituto Vital Brasil, que faz 90 anos agora; a Pesagro, que é a empresa agro-pecuária do Estado; depois os recursos minerais, e apesar de ser do Estado, eles são muito ligados, porque é um papel da Secretaria das Ciências e Tecnologia da Prefeitura, agregar estas instituições de pesquisa e desenvolvimento, e como fui Reitor da Federal Fluminense, o contato com a Federal Fluminense é muito grande. Nós temos hoje, em Niterói, uma situação muito interessante, dentro da concepção de que uma Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia não vai produzir ciência, deve ter quadros e laboratórios para isso; nem vai gerar tecnologia, mas deve proporcionar os meios para que as entidades que produzem ciência e tecnologia possam otimizar os seus trabalhos, e possam ser úteis à sociedade, não só a de Niterói, como de toda a região. A criação foi anterior a minha chegada à Secretaria, mas logo que cheguei, o Prefeito me designou como representante junto ao Fórum da Agenda 21, para acompanhar; fazer com que na região de Niterói as metas do Milênio fossem atingidas. Também o Prefeito me designou para ser o representante da Prefeitura junto ao Conleste [Consórcio Intermunicipal da Região Leste Fluminense], que considero extremamente importante, porque é uma regionalização. O mundo todo vai se dividindo em blocos e é muito interessante que um grupo de municípios, por enquanto 11, mas esse número deve aumentar, tenham se reunido e formado um consórcio. Niterói, nesse consórcio, tem um papel muito importante; não por ser melhor, mas pelas circunstâncias: foi a Capital do Estado do Rio antigo; tem uma grande universidade federal; tem outras universidades particulares de boa qualidade, tem centro de pesquisa. Niterói tem um perfil bem diferente dos demais municípios, e o que nós queremos é trabalhar junto com os outros municípios, para que a região fique integrada e que os objetivos do Milênio possam ali ser claramente institucionalizados. Uma percepção que tive logo que cheguei à primeira reunião da Agenda 21 foi que o grupo é bastante heterogêneo, é muito importante ter representantes de todos os setores, desde um representante de universidade, os representantes do poder público, da Prefeitura, mais os representantes destes centros de pesquisa, mas também das associações de moradores e do Terceiro Setor. Aprendi com um Professor, que dizia: “Sempre que você ouvir alguém gritando alguma coisa como se fosse dono da verdade, ouça, porque certamente essa pessoa não é dona da verdade, mas é dona de uma parte da verdade. E se todos são ouvidos você pode chegar com mais eficácia, mais eficiência àquilo que é mais próximo da verdade.” A Agenda 21 tem esse papel muito interessante, que é de ouvir todos os setores, cada um tem a sua percepção, cada um tem as suas dificuldades, cada um tem as suas demandas, mas no total essas opiniões reunidas, vão ser um instrumento muito importante para que aquela região que vai ser beneficiada. Niterói vai ser beneficiada do ponto de vista econômico, enormemente, por um grande empreendimento econômico, que é o Comperj, que possa também se transformar em uma região com qualidade de vida, não só onde as pessoas possam viver bem, mas tenham liberdade para exercer aquela que é a grande aventura do ser humano que é a busca da felicidade. Que cada um possa escolher por si mesmo o que é essa felicidade. AGENDA 21 / NITERÓI Niterói tinha preocupações com a Agenda 21 antes do Comperj, mas não de uma forma organizada, como o influxo da Petrobras. O que é muito interessante de se analisar, não é um fato brasileiro; a comunidade européia, a União Européia, que hoje é algo palpável, tangível, surgiu do medo das grandes guerras que assolaram a Europa, e os países resolveram se reunir, hoje já tem as fronteiras livres, já tem uma moeda única; mas tudo partiu de uma ameaça. O Comperj, de início, foi justamente assim, como uma espécie de, não diria uma ameaça, mas uma coisa nova que vai mudar a região completamente. Era preciso que as pessoas começassem a se preocupar com a qualidade de vida com os meios para se viver bem, e que foram tão bem expressos na Agenda 21, nos objetivos do Milênio. Foi também uma mobilização por um fator externo, exógeno, mas que foi muito importante porque, depois que as pessoas se mobilizam a primeira vez, passam a ficar sempre mobilizadas. Há outro problema também, que é um problema nacional: como houve uma eleição em Niterói, e infelizmente existem descontinuidades administrativas quando o Governo muda, perdem-se vários programas; mas Niterói já tinha uma preocupação, Niterói é uma cidade considerada uma das melhores em qualidade de vida do país. Estamos lutando para que Niterói seja a 11ª cidade do mundo, no programa das Nações Unidas de redução de carbono. De 2001 a 2007 fui membro do Conselho da Universidade das Nações Unidas, estive no sistema ONU, fiz bons contatos lá e estou tentando usar esses contatos para fazer com que Niterói seja participante deste programa. Niterói tem condições, por que tem uma população pequena; tem 53% de território ainda verde; tem um núcleo de inteligências com as universidades com centros de pesquisa, de modo que eu tenho a impressão que ali pode ser um modelo. Não para ser usado só para Niterói, mas para toda a região que vai ser abrangida pelo Comperj. Há uma metodologia que foi, de certo modo, construída pelos Institutos que foram contratados pela Petrobras para desenvolver o programa e que levava a reuniões fora de Niterói, quase sempre em um hotel, para que as pessoas não se dispersassem. Mais importante do que essa etapa, é a etapa que nós estamos desenvolvendo em Niterói, as reuniões que são feitas dentro de Niterói, estão sendo feitas praticamente todas no auditório da Prefeitura; a Prefeitura não é líder do processo, é uma das participantes. A opinião da Prefeitura é a mesma opinião do Presidente de uma associação de moradores, ou do dono de uma empresa, ou de uma pessoa que representa um grande estaleiro, um não prevalece sobre o outro. Essas reuniões têm sido muito interessantes, porque visam construir um plano diretor para as atividades, não um plano diretor do município, mas um plano diretor ligado às conclusões e às postulações do processo do Milênio. Verifica-se com muita ênfase, com muita clareza, que as pessoas que estão envolvidas têm um papel multiplicador, e mais do que isso, elas vão cada vez mais se sentindo participantes. Esse é um processo mais do que tudo, não trata com o Comperj nem com a ONU, é um processo de construção da cidadania, e nós vamos ter o país que queremos, rico, do ponto de vista econômico, mas um país justo, quando cada brasileiro e cada brasileira tiver a capacidade de exercitar e se orgulhar do exercício da sua cidadania. Essa é [o aproveitamento das demandas do fórum para as políticas públicas da Prefeitura], exatamente, uma das nossas metas e dentro da nossa percepção da Prefeitura, consideramos isso extremamente importante, porque aquele grupo é um grupo sensor. Ele vai sinalizando, e evidentemente que em discussões como essas, aparecem problemas pontuais, mas aparecem também questões mais gerais, de perspectivas e prospectivas do que propriamente de necessidades pontuais. Considero que foi muito importante para o Brasil a administração do Presidente Juscelino Kubtischek, por que o Presidente Juscelino tinha um governo que cuidava do dia-a-dia, das necessidades. Ele criou vários grupos de executivos: o Grupo Executivo da Indústria Automobilística, que não existia no Brasil, e hoje existe; o Geiquim, o Grupo Executivo da Indústria Química, que está na raiz desse grande projeto Comperj; o Grupo ligado à Indústria Naval, o Geicom, eram vários Grupos Executivos que não legislavam, porque quem legisla é o Congresso, mas apresentavam propostas. Você tem que cuidar do dia-a-dia, porque o cidadão precisa que alguém satisfaça as suas necessidades, precisa do asfaltamento da sua rua; dos esgotos; precisa ter água. Essas necessidades têm que ser satisfeitas e de imediato. Ao mesmo tempo é preciso que se pense no futuro. Esses grupos que estão trabalhando na Agenda 21 têm esse extraordinário papel, que é mostrar as necessidades mais em longo prazo. Estamos pensando, na Secretaria de Ciências e Tecnologia, em criar um núcleo de estudos propedêuticos, os estudos prospectivos. Não é grupo de planejamento. Planejamento é a Secretaria, mas de estudos; fazer uma prospecção do futuro: O que Niterói deve ser? Hoje a atividade econômica é fundamental, senão você não vive; quais seriam as melhores atividades econômicas para Niterói? De que maneira essas atividades dariam um ganho econômico e não prejudicariam o meio ambiente, a qualidade de vida? Tudo isso tem que ser analisado e nós queremos aproveitar essa estrutura para termos os nossos grupos de estudos prospectivos, para pensar no futuro, e um futuro que não pode ser mais visto só como Niterói. Tem que ser visto como região, por que hoje as questões não são mais municipais. Para a questão do lixo, que é importantíssima, soluções conjuntas serão melhores. Soluções para a educação; vivemos em um mundo caracterizado por algo que chamo de hiato gerencial. Hiato gerencial significa que em um mundo que a ciência e a tecnologia tiveram um desenvolvimento aceleradíssimo, a cada dia tem nova descoberta; cada dia tem alguma coisa nova que eu não vi na minha infância, que hoje vivo e dependo dessas coisas. A ciência e a tecnologia se desenvolveram com muita rapidez, mas os métodos gerenciais a sociedade não está se apropriando disso, não está usando. Esse é o hiato gerencial. O que nós queremos é fazer prospecções em todos os sentidos, para que todos os municípios daquela região, por exemplo, do Coleste, possam vencer esse hiato e se apropriem das ciências e tecnologias existentes, para o benefício das suas populações. Não há dúvida, que o fato do Comperj estar instalado ali vai dar um grande entusiasmo nisso, por que você não pode deixar convivendo uma empresa, uma indústria de altíssima qualidade tecnológica com uma sociedade que ainda vive sem o uso dessas novas tecnologias que não devem aprisionar o homem, mas devem estar a serviço do ser humano. FÓRUM DE AGENDA 21 LOCAL / NITERÓI / AÇÕES Estamos instalando em Niterói uma rede, um anel de banda larga para transmissão de dados com alta velocidade. Isso era uma demanda, porque como tem a Universidade Federal Fluminense, os órgãos da Prefeitura, esses órgãos de pesquisa do Estado, eles ficavam um pouco isolados. Agora vamos ter um sistema de transmissão de dados em banda larga, que pode ser depois espalhado para todas as comunidades de Niterói. No momento em que você tem esse sistema de comunicação funcionando, vai melhorar muito os serviços que você vai prestar à população. A questão do meio ambiente, que sempre foi muito presente em Niterói, também aflora com grande importância, é um dos pontos do plano diretor que estamos vendo e nos deu base para pleitearmos que Niterói seja essa 11ª cidade do mundo, no programa das Nações Unidas de carbono zero. Aquilo que é demandado e aparece nas reuniões da Agenda 21, em geral são preocupações que já existem nas administrações, já existiram na administração anterior, existe nessa do Prefeito Jorge Roberto Silveira; mas o fato delas serem verbalizadas e propostas para os setores da sociedade dá mais força e entusiasmo àqueles que detêm os cargos de gestão, para poderem caminhar naquele sentido. Acabamos de inaugurar em Niterói um Centro de Pesquisa, o Núcleo de Pesquisa Digital, para áudio visual, para fazer incubação de empresas, para fazer formação de pessoas nessa área de áudio, já usando as tecnologias digitais, e também para produção. Isso também é uma demanda que sempre apareceu; no grupo várias pessoas são de um setor de áudio visual que sempre foram muito presentes em Niterói, que teve o primeiro curso de cinema do Brasil, teve a presença de Nelson Pereira dos Santos. Foram idéias que surgiram da Agenda 21, agora estamos esperando o documento final; a idéia é que esse documento possa ser um indicador, uma espécie de bússola, de objetivo para que as ações sejam feitas dentro dos anseios da sociedade que está bem representada nesse processo da Agenda 21. A Prefeitura não é de dentro do Fórum, é uma participante. Da nossa parte (risos) não sentimos dificuldade. As reuniões têm sido harmônicas; por exemplo, o Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas], o Firjan [Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro] estão participando, isso dá uma estrutura interessante, porque a visão das questões passa a ser mais global e não setorizada. Nós, da Prefeitura, achamos que está bem e nos sentimos muito integrados, porque é uma ajuda que nós temos. É sem dúvida nenhuma, uma orientação que nós temos, para o momento e para o futuro. A notícia sempre depende da maneira como ela é dada. O Comperj, quando foi criado, primeiro houve uma grande discussão sobre o local. Quando foi decidido que seria em Itaboraí, para a região, houve uma satisfação, e certa euforia, porque um grande empreendimento, o maior que já houve, talvez na América Latina, seria localizado naquela região. Mas ao mesmo tempo um momento de mobilização, por que um empreendimento desses vai mudar completamente a região. Uma idéia de que no primeiro momento, na construção, estariam 30 mil trabalhadores, operários, engenheiros; 30 mil significa família, vai para quase cem mil pessoas, a população da região é pequena, vai aumentar, o que obriga a ter a infraestrutura; ter escolas; ter atividade cultural; atividades de divulgação das ciências, essas coisas todas. Tivemos no passado vários empreendimentos, no país, que foram importantíssimos do ponto de vista do desenvolvimento econômico. Uma vez estava conversando com o Prefeito, que me dizia: “Olha, vieram prá cá, implantaram a indústria e tal, só que depois deixaram aqui pessoas que não tinham mais emprego, não tinham onde ficar, e o meu município que não tinha favela, passou a ter.” Era importante que a notícia do Comperj fosse logo seguida da notícia de que esforços seriam feitos para que os aspectos, os objetivos da Agenda do Milênio, o programa da Agenda 21, fossem desenvolvidos para que essa região criasse salvaguardas que impeçam que as pessoas fiquem depois marginalizadas, e assim, possam participar desse desenvolvimento. Um setor fundamental é a Educação; a idéia é que aquela região tenha desenvolvimento, a qualidade dos processos de Educação de tal maneira que cada ser humano possa exercitar os seus direitos humanos, que não são concessões, são direitos que cada pessoa tem pela própria condição humana. COMPERJ / IMPACTOS Por enquanto são obras de terraplenagem, é uma empresa que foi contratada, tem pessoas trabalhando, não chega a ser um impacto muito forte em Niterói, mas esse impacto vai surgir, por exemplo, quando entrar em plena construção. Por exemplo, para se chegar à região do Comperj, Niterói é um caminho. Já estão pensando em uma estrada, porque tem que passar maquinaria pesada, tem que passar peças de grande tonelagem, essa coisa toda. Isso já vai causando uma preocupação e a Prefeitura já começa a pensar nesses aspectos. O grande desafio para Niterói é esse, não é uma questão nem de arrogância nem de autovalorização, mas Niterói tem um perfil diferente, porque tem um Centro de Inteligência e que pode ser extremamente importante para o Comperj. Já é uma conseqüência, a Federal Fluminense, apoiada e estimulada pela Petrobras, fez um convênio com a ONU, com as Nações Unidas, através do Habitat, que é o setor das Nações Unidas relativo a esses aspectos. Existem trabalhos magníficos que foram feitos, já deram um primeiro balanço, que são diagnósticos na área da saúde, na área da educação, todas essas áreas que são fundamentais. Outro impacto interessante, o Instituto Vital Brasil começou a trabalhar próximo à região do Comperj, porque vai haver uma migração de répteis, as cobras vão migrar, vão para o meio da cidade; e já criaram no Vital Brasil, no instituto, um núcleo para poder pegar essas serpentes e utilizá-las, tirando o veneno para fazer as vacinas, para fazer o soro. São coisas que parecem triviais, mas são extremamente importantes. A questão da moradia, só vai aumentar a população, você não pode deixar que isso seja apenas importante para os lucros imobiliários, que já deve estar pensando nisso, que infelizmente existe, mas que pode ser atenuado; é papel do estado, seja Município, o Estado ou Federal. O lucro deve existir, porque é mola propulsora da economia, mas tem que existir salvaguardas, para que ele não seja excessivo e que os empreendimentos possam beneficiar o ser humano. A Petrobras, hoje está mais presente em Niterói através da Universidade Federal Fluminense. A Petrobras tem um grande programa de investimento nas universidades no Brasil todo. Aqui no Rio de Janeiro, estão terminando um prédio, na PUC [Pontifícia Universidade Católica], vai ser um prédio de laboratório, de alta qualidade; o novo Cenpes [Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello] está sendo construído na Ilha do Fundão, no Campus da UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro], e várias outras empresas, no parque tecnológico. A Federal Fluminense, juntamente com a Prefeitura, através da Ciência e Tecnologia está com um projeto para a criação do parque tecnológico de Niterói, o Exército Brasileiro tem sido entusiasta disso. O Exército tem algumas áreas em Niterói que eles estão saindo, porque hoje a prioridade está na Amazônia, tem áreas prontas que talvez nós possamos já instalar um parque tecnológico. Tenho certeza que a Petrobras será uma grande parceira. A Petrobras já vem colaborando com todos os municípios da região, e sobre tudo Niterói através dos royalties de petróleo, uma realidade que os Prefeitos no passado não tinham. Os Prefeitos viviam do IPTU, o imposto sobre a propriedade urbana, mas hoje não, já existem os royalties de petróleo e o Estado do Rio foi muito bem beneficiado, o grande parque de exploração e produção de petróleo está na costa do Estado do Rio de Janeiro, e com o Pré-Sal essas questões devem melhorar e muito. A Petrobras pode ter algum problema aqui ou ali, mas é uma grande empresa, criada por engenheiros brasileiros, com capital brasileiro; tem que ser motivo de orgulho para o país, e tem um grande papel a desempenhar. Esse é um grande país e a gente tem que ser otimista, veja, na Copa do Mundo de 70, havia uma musiquinha que falava em 90 milhões em ação, era a população brasileira. Só 39 anos depois nós somos mais do que 190 milhões, o país incorporou 90 milhões de pessoas em 39 anos. Outros países do mundo teriam falido completamente, e nós estamos aí. Estamos caminhando, sobrevivendo. Esse aumento de população ocorre não com adultos, mas com jovens, e a demanda por educação, por cultura, por ciência é muito grande, mas tenho certeza que nós vamos, em pouco tempo, sanar isso e vamos ter um futuro muito promissor, e a Petrobras é parte disso. Outro apoio da Petrobras a Niterói é indireto, através da Indústria Naval. A Indústria Naval está muito forte em Niterói, muito presente, e não se dedica a construção de transatlânticos, está voltada para a área de energia de petróleo. Ali são construídas e reparadas torres de exploração, plataformas, estão construindo uma enorme torre para o Posto de Mexilhão para exploração do gás, que é uma obra e de alta tecnologia. Não é trivial fazer uma coisa daquela, não é só juntar peça, tem que ter todo um trabalho na questão de corrosão, na questão das grandes pressões, a profundidade; é uma tecnologia invejável, é algo que é feito aqui, é produzido aqui no nosso país. Os navios de apoio, petroleiros. Quem contrata essas plataformas é a Petrobras, através da Transpetro. Esse é um grande benefício para Niterói, porque além de gerar emprego, além de terem empregos qualificados disponíveis hoje esses estaleiros são parceiros da vida de Niterói, essas empresas estão participando muito ativamente da vida de Niterói; uma diretriz da Secretaria da Ciência e Tecnologia é fazer com que Niterói se aproxime mais desse setor, e se orgulhe da pujança do setor naval dentro de Niterói. São pessoas que vivem em Niterói, que ali trabalham, é um grande benefício que Niterói tem, por ter ali aqueles estaleiros, mas de fato os contratos vêem é da Petrobras. A Petrobras, para Niterói, está sendo extremamente importante. NITERÓI Fizemos um panorama; quero só ressaltar a importância desse programa da Agenda 21, de como ele foi desenvolvido, sobretudo com a participação de setores bastante heterogêneos da sociedade que em pé de igualdade se manifestam sem nenhum tipo de censura, nenhum tipo de direcionamento. Niterói tem, e não só na região do Comperj, mas em todo o Brasil, um perfil muito interessante, uma cidade pequena, população pequena que está entre 500 e 600 mil habitantes, e ainda profundamente manejável. Com uma ótima estrutura de colégios públicos; particulares; com a Universidade Federal Fluminense, área de pesquisa, plena, de qualidade; com outras universidades particulares do mesmo nível; com os institutos de pesquisa do estado, que ali estão localizados e com uma vida cultural muito intensa. Um dos aspectos mais importantes de Niterói é a vida cultural, se manifesta tanto nas artes plásticas, quanto na música. Niterói tem dois fatos interessantíssimos: são duas orquestras formadas por pessoas muito pobres, uma da Grota do Surucucu, que saiu de um grupo de pessoas do conjunto de música antiga, da Federal Fluminense, que foi para lá ensinar música. Eles já excursionaram pela Europa, pela América Central e dois dos jovens estão agora em Ayowa, nos Estados Unidos, com a bolsa dada pela Prefeitura. A outra é uma orquestra da Prefeitura, jovens aprendizes, que também estão sendo preparados, e um menino que aprende música ele nunca será um marginal, porque você desperta nele o gosto pelo belo e isso que distingue o homem, a questão do gosto pela estética. E essas orquestras são emblemáticas, por que mostram que todo o ser humano nasce com talentos, talento é inato. Agora, infelizmente, no Brasil, poucos têm a oportunidade de desenvolver esses talentos. O que é importante é o Estado, seja a Prefeitura, o Estado ou o Governo Federal, e as empresas com a Petrobras, fazer com que todas as pessoas tenham oportunidade de fazer aflorar os seus talentos, e fazendo isso nós vamos ter, certamente, é um futuro muito melhor. Um prazer muito grande. Eu acho que nós temos no Brasil, e aí vem a questão do hiato gerencial, técnicas e tecnologias disponíveis, e não temos usado intensamente. Quanto se perdeu da história do Brasil, por que não se usaram as tecnologias adequadas para tomar depoimentos? Esse programa é fantástico, porque vai marcar toda a história de um grande empreendimento. Grandes empreendimentos sempre ocorreram, até na própria descoberta, a frota saiu lá de Portugal, de Cabral, e chegou aqui, mas não tinha como documentar naquela época. O Comperj, a Agenda 21, todos esses programas vem sendo registrados, isso vai servir inclusive, para as futuras gerações. As futuras gerações vão ter um meio de ver como aquilo foi feito, quem fez, quais foram os atores, e isso é estimulante para que esse programa, esse processo continue. O Comperj não vai ser a última grande obra. Outras virão, o país que é o celeiro das águas do mundo; pode ser das terras agriculturadas; ou o país, cuja grande dimensão é norte sul, outra leste oeste. Tem 10 graus no Sul, e tem 40 no Norte, pode plantar de tudo, de todas as maneiras. É importante esse registro para se ter a idéia clara daquilo que foi feito e que outras coisas possam ser feitas. Eu tinha falado aqui do Presidente Juscelino, depois que ele deixou a Presidência, antes de ele ter que ir para o exterior, eu assisti uma palestra dele, no clube de engenharia, aqui no Rio de Janeiro e ele dizia o seguinte: “Há dois tipos de seres humanos, uns que plantam couve para saciarem imediato, para colheita imediata, e outros que plantam carvalhos. E os que plantam carvalhos, sabem que nunca verão essas grandes árvores em sua plenitude, mas sabem que elas beneficiarão as futuras gerações.” O que está fazendo nesse momento aqui é uma plantação de carvalhos, e é muito importante, porque muitos que estão participando deste processo, não verão esses carvalhos, essas grandes obras em sua plenitude, mas vai ficar um registro daquilo que foi feito, por que foi feito, e da importância de ter sido feito.
Recolher