Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Celso Mansur
Entrevistado por Márcia de Paiva e Sérgio Retroz
Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2008
Realização Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_HV096
Transcrito por Michele de Alencar
P/1 - Boa tarde, Mansur.
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaria de começar a entrevista você nos dizendo o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – É Celso Luis Mansur. Eu nasci em Barra do Piraí, estado do Rio de Janeiro no Vale do Paraíba, no dia 23 de dezembro de 1940, em plena primeira, Segunda Guerra Mundial.
P/1 – Mansur, e o nome dos seus pais e dos seus avós.
R – Meu pai é Mario Mansur, e minha mãe Irene Camerano Mansur. Meu avô, meus avós maternos: meu avô materno era de origem italiana, era Luis Camerano, a minha avó materna Olga Camerano. Meu avô paterno era libanês, Hanna Mansur, Hanna que no Brasil passou a ser João, e a minha avó (Nanci ?) Mansur, também libanesa, vieram de (June ?), no Líbano.
P/1 - Hanna passou a ser João?
R – Isso.
P/1 – Era Hanna com H?
R - Hanna com H.
P/1 – A N N A?
R – Isso.
P/1 – E passou a ser João?
R – É.
P/1 – Tá ótimo! Me diga e eles chegaram quanto, você tem idéia da da...
R – Meus avós paternos vieram pro Brasil no início do século XIX, os primeiros anos do século XIX, meu pai já nasceu aqui. Meu pai foi concebido em viagem de navio que demorou alguns meses, e foi concebido em viagem, nasceu no Brasil.
P/1 – Qual era a atividade dos seus pais?
R – Meu pai era comerciante, minha mãe do lar.
P/1 – Eles se conheceram aonde, Mansur, só...
R – Em Barra do Piraí mesmo.
P/1 –Barra do Piraí mesmo, os dois?
R – É. Meu avó materno era comerciante também, dono de açougue, e meu pai e o pai dele era dono de armazém de secos e molhados. Então juntou os cereais com a carne.
P/1 – A imigração também dos seus avós italianos era, você tem? Eles te contavam mais ou menos?
R...
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Depoimento de Celso Mansur
Entrevistado por Márcia de Paiva e Sérgio Retroz
Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2008
Realização Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_HV096
Transcrito por Michele de Alencar
P/1 - Boa tarde, Mansur.
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaria de começar a entrevista você nos dizendo o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – É Celso Luis Mansur. Eu nasci em Barra do Piraí, estado do Rio de Janeiro no Vale do Paraíba, no dia 23 de dezembro de 1940, em plena primeira, Segunda Guerra Mundial.
P/1 – Mansur, e o nome dos seus pais e dos seus avós.
R – Meu pai é Mario Mansur, e minha mãe Irene Camerano Mansur. Meu avô, meus avós maternos: meu avô materno era de origem italiana, era Luis Camerano, a minha avó materna Olga Camerano. Meu avô paterno era libanês, Hanna Mansur, Hanna que no Brasil passou a ser João, e a minha avó (Nanci ?) Mansur, também libanesa, vieram de (June ?), no Líbano.
P/1 - Hanna passou a ser João?
R – Isso.
P/1 – Era Hanna com H?
R - Hanna com H.
P/1 – A N N A?
R – Isso.
P/1 – E passou a ser João?
R – É.
P/1 – Tá ótimo! Me diga e eles chegaram quanto, você tem idéia da da...
R – Meus avós paternos vieram pro Brasil no início do século XIX, os primeiros anos do século XIX, meu pai já nasceu aqui. Meu pai foi concebido em viagem de navio que demorou alguns meses, e foi concebido em viagem, nasceu no Brasil.
P/1 – Qual era a atividade dos seus pais?
R – Meu pai era comerciante, minha mãe do lar.
P/1 – Eles se conheceram aonde, Mansur, só...
R – Em Barra do Piraí mesmo.
P/1 –Barra do Piraí mesmo, os dois?
R – É. Meu avó materno era comerciante também, dono de açougue, e meu pai e o pai dele era dono de armazém de secos e molhados. Então juntou os cereais com a carne.
P/1 – A imigração também dos seus avós italianos era, você tem? Eles te contavam mais ou menos?
R – O meu avô nasceu no Brasil, os pais que eram italianos de uma cidade chamada Camerano que é o mesmo nome da família.
P/1 – Mansur, me conta como é que foi a sua infância em Piraí?
R – Barra do Piraí.
P/1 – Barra do Piraí.
R – São duas cidades, Piraí que é as margens da rodovia Dutra, né? E Barra do Piraí que era pra dentro no Vale do Paraíba. Vivi até vir pro Rio de Janeiro estudar na casa em que eu nasci na Barra do Piraí que fica exatamente onde o Rio Piraí deságua no Rio Paraíba, daí o nome Barra do Piraí. E a nossa casa era uma casa muito grande, existe até hoje, a minha mãe mora lá até hoje, tem 90 anos e mora ainda na mesma casa, uma casa de cinco quartos com quintal muito grande e com mangueiras, goiabeiras e várias outras frutas, árvores frutíferas e nós brincávamos ali muito, nadávamos, aprendemos a nadar no Rio Paraíba, né, contra a correnteza. E brincávamos de tudo ali, inclusive de circo, de circo e de programa de auditório em rádio, daí nasceu a minha vontade de trabalhar na área de comunicação, né, na época não se falava em comunicação, trabalhar em rádio ou circo, aquela coisa assim. Por quê? Porque os circos em frente a casa do meu pai tinha um terreno muito grande onde armavam os circos e os parques de diversão, né? E nós ficávamos amigos das pessoas dos circos, entravamos de graça, ajudávamos nas tarefas do circo e o meu pai alugava o porão que era habitável pra, geralmente, o dono do circo e os empresários e tal, alguns artistas. E a gente fazia aquela, fizemos aquela amizade e nos divertirmos muito no circo e criávamos um circo dentro no quintal da nossa casa. Então uma das brincadeiras mais maravilhosas que a gente fazia era montar circo no quintal de casa, montava um circo com, arrancava a cortina da casa da mamãe pra cercar, né, e o trapézio era pendurado na goiabeira, eu era trapezista e palhaço, não combina mas eu era as duas coisas. E um dia eu tava pendurado num trapézio, que era num galho de goiabeira, a goiabeira, o galho quebrou, eu caí de cabeça no chão, a sorte é que tinha areia no quintal e não aconteceu muita coisa mas eu fiquei muito tempo com o pescoço doendo. Então a minha infância foi uma infância maravilhosa como é toda infância de cidade do interior, brincando na rua até tarde com meus irmãos, nós somos cinco irmãos homens...
P/1 – Pois é, era isso que eu queria te perguntar...
R – Cinco irmãos homens, quatro com diferença de idade pequena de um ano, no máximo dois anos, e um que é temporão, com 13 anos mais novo do que eu. Então esses quatro irmãos...
P/1 – Você na escala você é qual?
R – Eu sou o segundo. Meu irmão mais velho é arquiteto, eu sou jornalista, os outros dois irmãos abaixo de mim são professores e o último é oficial de marinha, também já está reformado, quer dizer, o caçula da casa já tem mais de 50 anos, já é almirante reformado.
P/1 – E aí era uma turma completa pra brincadeira, ou agregava ainda os vizinhos?
R – Os vizinhos e haviam muitos vizinhos, muita criança também nas casas em volta e brincávamos muito com todas. Tínhamos time de futebol, a equipe de futebol local e uma curiosidade interessante é que a cidade é cortada pelo Rio Paraíba do Sul e pelo Rio Piraí, então havia uma disputa muito grande, né, uma rivalidade entre um lado e o outro do Rio Paraíba, então nós jogávamos, fazíamos vários tipos de competição: um lado do rio contra o outro lado do rio, né? E aí saía não só competição mas também saía muita briga, né? E mais tarde com a adolescência e tal começou a briga por causa de namorada, né, nós não deixávamos quem era do lado de lá vir namorar as meninas do lado de cá, e os do lado de lá também não deixavam a gente namorar as meninas do lado de lá e isso criava um problema muito sério porque a gente se apaixonava, geralmente, pela menina do outro lado do rio, né?
P/1 – Romeu e Julieta, né?
R – É, era um Romeu e Julieta sem tragédia mas era. Mas não deixava de ter algumas brigas muito feias. Eu mesmo uma vez briguei com um amigo meu, José Joaquim, que hoje é um grande amigo meu, mora lá em Barra do Piraí, é político lá, prefeito, comerciante, e nós brigamos por causa de namorada e pra disputar quem era o mais bonito da cidade (risos). Era uma coisa mais engraçada do mundo porque a gente...
P/1 – E quem ganhou?
R – A briga foi empate, caiu um pra cada lado desmaiado de tanto brigar, o técnico do time disse: “Olha, vai acabar essa rivalidade hoje, vocês vão brigar, vão brigar até cansar, ninguém aparta a briga” e nós brigamos até cansar e resolvemos parar de brigar.
P/1 – E Mansur, e os circos vocês faziam, vendiam entrada, como é que era também a...
R – É, o circos vendíamos entrada pro pessoal mais velho da região, os pais, né, as irmãs mais velhas de amigos, irmãos mais velhos e a gente cobrava na época me lembro era 20 centavos de Cruzeiro o ingresso pro circo. E tinha de tudo: malabarista, trapezista, palhaço, bailarina tinha de tudo, era muito interessante. E fazíamos no porão da casa da mamãe programas de auditório, né, programa de calouro entre o pessoal da rádio. Eu era sempre o apresentador, e de tanto trabalhar com isso fui ser locutor da rádio da cidade. Rádio Difusora Vale do Paraíba, me lembro até hoje do prefixo: ZYG7 Rádio Difusora Vale do Paraíba de Barra do Piraí. E aí tinha uma brincadeira que a gente fazia, como a rádio pegava só no Vale e na montanha era muito, só ouvia assim um barulinho a gente dizia que era: “Falando para o Vale e cochichando para a montanha!”
P/1 – (risos) Que bonitinho!
R – E aí, né, eu na época de ginásio ainda eu fui ser locutor da rádio, da rádio da cidade e aí fazíamos de tudo na rádio, né, desde locução comercial a radiar futebol, fazia uns programas de auditório. E radiei Miss Brasil, vim ao Maracanãzinho uma vez com o diretor da rádio, viemos de carro no carro dele, eu era o narrador do concurso Miss Brasil, e tinha um advogado que é meu primo também, que era o comentarista, né, fazia os comentários sobre cada uma das candidatas.
P/1 – Mansur, eu quero chegar na rádio, mas eu quero ainda ficar um pouquinho mais, quero saber da sua casa também: quem era a autoridade? Como é que era também lá o cotidiano dentro de casa: o seu pai, sua mãe, quem era o mais...
R – Meu pai muito rigoroso, né? Era muito rigoroso e a minha mãe era quem passava a mão por cima e tal pra, no deixa disso. Mas foi uma criação muito séria, muito correta, tanto que nós todos os irmãos tem profissões sérias, todo mundo leva uma vida muito regular e a educação que nossos pais nos deram foi educação muito correta, muito correta, muito certinha e que eu procuro dar aos meus dois filhos hoje.
P/1 – Teve educação religiosa também? Sua mãe também origem italiana...
R – Tivemos, todos nós fizemos primeira comunhão, tinha todos os dois meu pai e minha mãe eram bem, muito religiosos não de freqüentar muito a igreja mas ia a missa aos domingos, pelo menos a minha mãe, o meu pai não mas a minha mãe ia a missa todos os domingos e nós todos fizemos a primeira comunhão e até hoje todos somos católicos.
P/1 – E no lado político também tinha? Os seus pais falavam ou vocês conversavam também? Como é que era, tinha esse dialogo também? Era sério, era rígido mas tinha uma conversa também? Família grande também tem um pouco, né?
R – É, o meu pai era um pouco seco não era de muita conversa, era um homem apaixonado por futebol e com o futebol da cidade, naquele tempo o futebol no interior era muito sério, né? Havia muita rivalidade, geralmente as cidades são dois clubes, e na minha cidade tinham dois clubes: o Royal e o Central. O Central era de camisa vermelha igual a do América, e o Royal de camisa tricolor igual o Fluminense. Então o que acontecia? Meu pai era tão fanático pelo Royal que era tricolor, e tinha dois times ele era de coração botafoguense, e virou fluminense por causa das cores do time de coração dele na cidade de Barra do Piraí. E como o outro time era vermelho ele raramente comia tomate, goiabada, ele tinha horror de tudo que era vermelho (risos).
P/1 – Era fiel.
R – Era fiel ao Royal. E na verdade a rivalidade era tão grande nessa época que os pais não deixavam que as filhas de royalino namorassem as filhas dos centralinos e vice-versa. Então no início tinha que namorar escondido, depois é claro que aceitavam. Mas havia uma rivalidade realmente muito grande isso. E essa era a maior preocupação do meu pai, além da preocupação de sustentar a família, de prover todas as necessidades da família de que os filhos todos estudassem e tivesse uma profissão. E do ponto de vista político nós éramos certamente de esquerda, e o meu pai conservador. Então isso realmente ocasionava discussões muito sérias, meu pai era um Lacerdista doente, foi camisa-verde, né, foi Integralista e isso realmente nós quando entramos na faculdade provocava realmente alguma discussão muito séria de política na família, mas sem mais conseqüências.
P/1 – E da escola, Mansur, que que você se lembra da escola lá da Barra de Piraí? Tinha alguma professora que te marcou? Como é que era? Os irmãos também iam todos juntos? Como é que era essa...
R – Todos nós estudamos em colégios públicos, desde o... Eu não tive jardim da infância, no meu tempo não havia ainda jardim de infância. Então nós, pelo menos os dois irmãos mais velhos não freqüentaram o jardim de infância, os outros três sim, mas todos em escola pública do estado, né? Escola, o grupo escolar que nós fizemos era na nossa rua porque tinha uma facilidade muito grande, nós íamos a pé, mais ou menos uns cem metros da nossa casa. E eu me lembro de algumas professoras sim que marcaram muito a minha vida: dona Graciema que está viva até hoje, dona Ramira que já faleceu e dona Mireta que foi uma professora pra admissão ao ginásio. E eram todas professoras de curso primário, formada no curso Normal mas que tinha uma capacidade e uma capacidade, uma formação muito grande que você não encontra hoje nos cursos normais, nas professoras de curso primário.
P/1 – E você gostava da escola, gostava de estudar?
R – Eu fui bem levado no colégio, e fui várias vezes suspenso, ficavam embaixo do relógio. Era muito interessante: esse castigo...
P/1 – Como é que é?
R – Embaixo do relógio, na saída do grupo escolar tinha um relógio de parede antigo muito grande e todas as pessoas tinham que passar por ali pra entrar e pra sair do colégio. Então, pra gente passar a vergonha que estava de castigo ficava na hora da saída em pé embaixo do relógio, então esse era o primeiro castigo, né? “Olha, você vai ficar embaixo do relógio hoje”, então uma semana embaixo do relógio, então todos os dias você ficava embaixo do relógio, todo mundo passando, olhava pra sua cara e você embaixo do relógio. E o segundo era suspensão, né?
P/1 – Você chegou a ser suspenso?
R – Cheguei a ser suspenso várias vezes, uma semana...
P/1 – Você lembra por quê? Qual era a arte que você fez?
R – Olha, eu fiz muita coisa terrível. Uma delas eu acendi um (gambichani ?)...
P/1 – O que é isso?
R - ... que era um produto de matar mosquito que saía uma fumaça. Então eu acendi um (gambichani ?) no, era um tubinho assim, atrás enquanto a professora estava de costas no quadro negro e aquilo chchiiii fez uma fumaceira na sala de aula e era pra matar mosquito, aquilo ficou uma fumaceira dentro da sala de aula e descobriram, alguém disse que tinha sido eu, né? Eu fui suspenso uma semana. Essa foi uma delas, e as outras eu não me lembro muito bem mas.
P/1 – E os irmãos estudavam na mesma escola também?
R – Todos nós estudamos na mesma escola e no mesmo curso, no mesmo grupo escolar e no mesmo ginásio que era também estadual, Colégio Estadual Nilo Peçanha que existe até hoje.
P/1 – E aí da, também da, que tinha uma matéria que você gostava assim mais?
R – Eu sempre detestei matemática, talvez porque eu não tenha tido um bom explicador de Matemática, acredito que tenha sido isso mas o que mais me encantava, que eu gostava era História, Português, né, que na época chamava Linguagem, no meu curso primário e... É, História, Geografia e Português foram as matérias que mais me empolgaram.
P/1 – E aí também depois dessa juventude lá, você até falou dos namoros que tinha uma certa dificuldade de menina do outro lado...
R – De outro lado, de um lado do rio do outro lado rio...
P/1 - ... menina que não era do time do pai também, como é... Foi muito namorador, me conta um pouquinho. Como é que eram os bailes em Barra do Piraí?
R – A minha mulher é da minha cidade também, então nós temos mais ou menos, temos o mesmo passado essa é que é a realidade. Éramos vizinhos, e eu era amigo do irmão dela e eu ia chamar o irmão dela lá pra jogar, eu jogava basquete, sempre gostei mais de basquetebol do que futebol e ela morava no clube, numa chácara que ficava ao lado do clube que tinha comunicação com o clube. E eu ia ir a quadra...
P/1 – O Clube que você freqüentava?
R – Isso, o clube que nós freqüentávamos Barra Tênis Clube, que era na minha rua também. E quando eu ia, nós íamos jogar para uma partida de basquete, um treino na quadra de basquete era ao lado da casa dela, mas ela era criança ainda, tinha dois anos, eu ia chamar o irmão dela pra jogar basquete, o Antônio José, e ela tava lá brincando lá criancinha ainda. E eu me lembro muito bem que um dia ela disse assim, ela sempre foi muito inteligente e muito esperta, né, mas eu já conhecia desde criancinha, bebê, não pudia imaginar que um dia ia casar com ela. Aí quando eu cheguei: “Antônio, vamos jogar, vamos jogar!” Ela olhou pra mim, virou lá pra dentro, tava no quintal virou pra dentro da casa dela chamou, disse assim: “Mano, chamam-no” ela devia ter uns quatro anos já era sofisticada e é até hoje.
P/1 – E aí como é que foi? Mas daí você tinha as festas no clube? Como é que era?
R – Tinha. Eu fui diretor social do clube, né?
P/1 – Mas com quantos anos?
R – Já com, aí ainda devia ter uns 16 pra 17 anos, eu fui diretor social do clube, não era nem sócio ainda, o meu pai que era sócio, eu era...
P/1 – Dependente.
R - ... dependente ainda, mas como a gente tinha um, na minha casa, um movimento social muito grande me chamaram pra ser diretor social do clube. Aí nós fazíamos, movimentávamos o clube todo fim de semana, durante a semana, às tardes, e fazíamos o que a gente chamava de brincadeira que era uma seção de dança na parte no anoitecer, né, na piscina do clube numa área, numa pista que tinha na piscina do clube. E foi aí que eu comecei a, que eu acho que comecei a notar a minha mulher que já era devia ter já uns 14 anos, né? Quando nós começamos a namorar ela tinha 15 anos. E começamos a namorar, eu também tinha um grupo de teatro, criamos um grupo de teatro amador, né? Aí eu já estava com 20 anos e ela com 15, e nesse teatro eu era diretor da peça, me lembro até o nome era: “Se o Anacleto soubesse” uma comédia ligeira de costumes, e eu era o diretor da peça ela era, na peça, a minha filha e tinha um namorado e o namorado chegava pra abraçá-la e conversar com ela e ele não tinha o menor jeito, era meio ruim pra interpretar. Ele chegava, abraçava e falava: “Meu amor, eu te amo!” Aí eu ia lá como diretor e disse: “Olha, não é assim, preste atenção” aí chegava “Meu amor, eu te amo!” E aí quando eu olhei pra ela assim nós começamos, ali começou, quer dizer foi, começou nessa peça, nos ensaios de “Se o Anacleto soubesse” que a gente começou assim o flerte, a aproximação, namoro, chegamos ao casamento, estamos casados há 39 anos.
P/1 – Que bacana! E o que era a música dos bailes, das festinhas lá?
R – Era o início da Bossa Nova, né? E nós criamos um grupo, eu tocava contra-baixo e fomos, nos apaixonamos lá imediatamente, meu irmão mais velho tocava violão, o outro abaixo de mim era ritmista, juntamos mais uns outros amigos: um acordeonista, um saxofonista, esse acordeonista tocava também na época vibrafone, ainda era muito difícil, não tinha ainda os teclados eletrônicos, né, tinham aqueles órgãos de igreja mas o teclado eletrônica ainda não tinha surgido, pelo menos pra nós ali no interior, né? E nós criamos um grupo, um conjunto chamado R Mauro e seu Conjunto de Bossa Nova logo no início do movimento, né? Nós nos empolgamos com isso e tocamos, tocávamos pela região toda do estado do Rio ali na nossa região, né, no Sul Fluminense, em Vassouras, Volta Redonda, Barra Mansa, Valença, Gil Paranã, as cidadezinhas da região, Vargem Alegre tocávamos ali, tocávamos outras músicas também mas principalmente Bossa Nova. E nos bailezinhos, nas reuniões de danças que nós fazíamos era também a Bossa Nova, principalmente Bossa Nova, mas muito bolero e muito (reconte ?) que não podia deixar de existir nessa época, né?
P/1 – Como é que era a moda de vocês também? Era: pensava, vou me arrumar pra festa também? Como é que tinha? Tinha uma... Ficar bonito pra namorada?
R – Ah sim. Os bailes, os grandes bailes da cidade eram a rigor, né, e nós tínhamos, eu mesmo com 16 anos por aí já tinha o meu smoking, né, os bailes de debutante, os bailes de fim de ano eram sempre a rigor.
P/1 – Tinha muito baile de debutante?
R – Tinha, todos os anos tinha baile de debutante, e tinham as famosas misses e princesas, e rainhas, né, que todo o interior fazia. Então Barra do Piraí os bailes eram: rainha tinha a Rainha da Primavera, Miss Campeonato que organizava campeonato de tênis no clube e elegia a Miss Campeonato, né? Miss Suéter, Miss Campeonato, Miss Simpatia. E o que tinha praticamente no Brasil inteiro que era Miss Elegante Bangu, que a fábrica Bangu de Tecidos fazia aí e na nossa cidade também tinha todo ano Miss Elegante Bangu. A minha mulher foi uma vez Miss Suéter, foi Miss Simpatia e Miss Campeonato.
P/1 – Ela é bonita, então?
R – Eu acho (risos).
P/1 – Mansur, e a rádio como é que chegou também na rádio? Nessa época você já tava trabalhando? Vamos voltar.
R – É já, com 15 anos eu já tava trabalhando na rádio como locutor.
P/1 – Você foi lá, bateu, como é que aconteceu?
R – É, aconteceu que a gente começou a se apresentar lá na rádio também com um grupo de música e tal, mas eu fui realmente lá e procurei o dono da rádio que era o doutor Vitor Bezerra, o nome dele, e era uma pessoa muito simpática, e embora não fosse da cidade era muito chegado a sociedade local e tal. Eu fui lá e disse a ele que eu tinha vontade de ser locutor, que eu já fazia isso, eu já trabalhava num serviço de auto-falante principalmente em época de eleição. Eu trabalhava no serviço de auto-falante que tinham montado na cidade, e na época de eleição eu ia pra lá e ficava fazendo as campanhas dos candidatos. E eu me lembro até de um tio-avô meu, irmão do meu avô materno que foi candidato a prefeito e foi eleito, aí tinha o slogan que nós criamos, que tinham três, eram três candidatos principais: um médico muito velhinho, doutor Osvaldo, o meu o Camerano, que era o meu tio-avô, e o outro que era o Murilo Portugal, cujo o filho hoje é até trabalha na...
P/1 – É um economista.
R – É um economista que já foi do Ministério da Fazenda e tal, era o pai dele. Aí eu criei o seguinte slogan: “Osvaldo 80 anos, o Murilo está babando, nós queremos o Camerano” (risos) pra fazer a rima, né? Eu me lembro até hoje disso, e aí o slogan foi adotado pela cidade, eu sei que o Camerano foi eleito, o meu tio-avô foi eleito prefeito, depois deputado estadual. E aí por causa disso que eu fui trabalhar na rádio também e fazemos vários tipos de programas, né? Tinha um programa que eu fazia começava as 10 e terminava as 11 que a rádio fechava meia-noite. Não, o programa começava as 11 e fechava a meia-noite, era o último programa da rádio que chamava: “Um tango e um bolero”. Eu declamava uma poesia e o meu irmão tocava violão, fazia o fundo musical no violão, o meu irmão mais velho, e a gente tocava, botava pra tocar um tango, depois eu declamava outra poesia aí tocava um bolero, por isso chamava: “Um tango e um bolero”.
P/1 – E isso você tinha quantos anos?
R – Isso eu já devia ter, eu tinha...
P/1 – Esse último programa já era...
R – Esse último programa eu tinha uns 17 anos.
P/1 – Mas já podia então, cidade do interior é boa por isso também, né, podia já voltar sozinho.
R – Ah podia fazer o que quisesse, voltar sozinho, a gente brincava até 11 horas, o pai tinha que buscar a gente na rua se não não entrava. Na época de férias a gente ficava até tarde na rua fazendo tudo, rodava a cidade inteira sem problema.
P/1 – Mansur, e essa agitação que você fazia teatro, esporte e ia pra rádio. Seus irmãos eram assim também acompanhando? Como é que era também?
R – Eu era o mais agitado de todos, meu irmão mais velho era muito calmo, tranqüilo e o meu o terceiro que é o Zizinho, que hoje tem um grupo de música em Barra de Piraí até hoje, que era como eu mais agitado, né? O outro também acima de mim também era um pouco mais. Mas eu era realmente o mais agitado de todos, o que tava sempre liderando esses movimentos na cidade, pelo menos na minha região ali, realmente eu era o mais agitado.
P/1 – Mas eles iam com você também acompanhavam ou você tinha um amigo...
R – Sim, participavam de tudo.
P/1 - ... que também ia com você?
R – Tinham vários amigos, mas eles participavam de tudo também. E aí eu com 17 anos já tava trabalhando e aí comprei...
P/1 – Ganhava na rádio um dinheirinho?
R - ... eu ganhava muito pouco na rádio, mas aí com 17 anos eu fui trabalhar na Delegacia do Imposto de Renda. Um amigo da família tava, o delegado do Imposto de Renda na época, antes não havia ainda a Receita Federal, era Delegacia do Imposto de Renda, e Barra do Piraí tinha uma Delegacia Seccional do Imposto de Renda e ele era o delegado. E aí meu pai pediu a um primo meu que trabalhava com ele pra arranjar, se podia arranjar emprego pros filhos dele, aí o seu Milton Gadeira que era o delegado, depois ficou muito meu amigo, arrumou o emprego pra mim. Só que ele achou que era o mais velho, eu tinha 17 anos ainda, ele achou que era o Roberto, o meu irmão mais velho que já tinha 18. E aí numa quarta-feira de cinzas o filho do delegado do Imposto de Renda, que era meu amigo também, me avisou na quarta-feira de cinzas, depois do baile de carnaval ele disse: “Olha, papai disse que é pra você se apresentar hoje quarta-feira de cinzas”. Eu aí fui em casa, tomei um banho, botei uma camisa comum e fui trabalhar. Quando eu cheguei lá ele olhou pra mim e disse: “É você? Eu achei que era o filho mais velho do Aziz”, que era o meu pai, né? “O filho mais velho do Aziz, você é um moleque ainda! Como é que você vai trabalhar aqui? Agora não tem jeito, já saiu a portaria!” E aí eu comecei a trabalhar com 17 anos e aí eu fui ganhar, aí ganhava um salário bem legal que deu pra comprar uma lambreta. Aí era o período da juventude transviada, a lambreta tava na moda, James Dean tudo, né? E aí eu falei pro meu pai: “Eu vou comprar uma lambreta” ele disse: “Não compre, compre um terreno. Compre um terreno, não compre lambreta que isso é uma loucura, é uma maluquice, não faça um negócio desse”. Eu falei: “Tá bom”. Aí eu não podia comprar a lambreta, comprar nada com 17 anos, ia ser vendida a prestação e eu não tinha como comprar com 17 anos. Aí falei com o meu irmão, ele foi e comprou em nome dele a lambreta pra mim, né? Quando cheguei em casa com a lambreta o meu pai disse: “Não falo mais com você! Falei pra você comprar um terreno, você vai e me comprar uma lambreta! Não falo mais com você!” Mas tudo bem, passou uns dias, um mês assim, já tava andando na garupa da minha lambreta também. E aí nós tínhamos uma turma de lambreta que saíamos pelas cidades ali, vínhamos de Barra do Piraí para o Rio de Janeiro de lambreta. Realmente foi uma temeridade e eu acho que eu sou, né, sobrevivente dessa história de lambreta porque realmente alguns colegas meus tiveram problemas sérios, alguns morreram de acidente de lambreta porque realmente era muito perigoso.
P/1 – Tinha um anjo da guarda?
R – Muito perigoso e a gente não tinha, naquela época ninguém usava capacete, primeiro porque não era obrigatório e ninguém nem pensava nisso, e a idade é aquela idade que você não pensa no perigo, né, todo mundo é super-homem nessa idade.
P/1 – E aí você trabalhava e estudava, dava pra conciliar?
R – Dava pra conciliar. E eu estudei, como eu trabalhava no Imposto de Renda, né, numa área que contabilidade era importante pra você poder fazer carreira eu fui estudar contabilidade, terminei ginásio e entrei pra Escola de Comércio, em Barra do Piraí tinha uma escola de comércio, Cândido Mendes também, o mesmo nome daqui, embora não fosse do mesmo dono mas tinha o nome do Cândido Mendes, Escola de Comércio... Academia de Comércio Cândido Mendes. Me formei em contabilidade e continuei na Delegacia do Imposto de Renda, mas aí resolvi estudar jornalismo, eu vi que como eu trabalhava na rádio isso, eu fazia o jornal da rádio esse negócio todo, eu achei, eu disse: “Olha, a minha vida não vai ser como fiscal do Imposto de Renda não, eu quero ser jornalista”. Aí fiz o vestibular pra Faculdade Nacional de Filosofia, vim aqui pro Rio, fiquei no alojamento da Faculdade de Arquitetura onde o meu irmão já tava estudando, fiquei hospedado lá com ele umas férias, estudando, estudei uns 20 dias, fiz o vestibular pra Escola Nacional de Filosofia, Faculdade Nacional de Filosofia onde se situava o curso de jornalismo, né? Não havia ainda...
P/1 – Era dentro da faculdade?
R – Isso.
P/1 – De filosofia?
R – Não havia a faculdade de comunicação. Isso foi em 1963.
P/1 – Mas existia uma divisão dentro da Filosofia?
R – Existia, curso de bacharel em jornalismo. A Faculdade Nacional de Filosofia tinha os cursos de Letras, de Filosofia, curso de Ciências Naturais e tinha o curso de Bacharel em Jornalismo, isso foi em 63. E no Rio de Janeiro tinha a PUC, com curso de jornalismo também, e a Nacional de Filosofia na Universidade do Brasil. Fiz o vestibular, passei só que em 64 houve a Revolução e reduziram o número de vagas, e queriam reduzir o curso noturno que já a Faculdade de Filosofia tinha um curso de jornalismo a noite. E a primeira que o Erenildo Viana, que aliás é o Erenildo o idiota que o Élio Gaspari cita. O Erenildo, o idiota, é o Erenildo diretor da Faculdade Nacional de Filosofia, cortaram o curso noturno. E aí eu tinha escolhido o curso noturno e quando eu chego lá pra me matricular: “Não, o senhor não mais, o senhor foi reprovado” “Como reprovado? Eu passei no vestibular!” “Não, mas os que foram pro curso noturno estão reprovados, não vão participar, não vai ter curso noturno mais”. Aí nós fomos pra Justiça e conseguimos uma habeas corpus e entramos na Faculdade. O curso noturno ainda funcionou durante só na minha turma, terminou a minha turma não teve mais curso noturno que a administração da Faculdade colocada lá pelos militares não autorizava o curso noturno que era pro pessoal mais conscientizado que já trabalhava e tal, e não permitiram e acabou o curso noturno da faculdade. Bom, me formei em Jornalismo...
P/1 – Mas você trabalhou durante a faculdade?
R – E consegui a transferência do Imposto de Renda de Barra do Piraí pra Nova Iguaçu, que Barra do Piraí o Imposto de Renda era Seccional de toda aquela, o sul do Estado vinha até Nova Iguaçu. Aí com o crescimento da Baixada Fluminense, criaram uma Delegacia do Imposto de Renda em Nova Iguaçu eu consegui vir transferido pra cá. E aí fiquei em Nova Iguaçu um tempo, mas trabalhava em Nova Iguaçu e estudava a noite no Rio de Janeiro. E aí nesse tempo me transferi pro Rio de Janeiro e fui procurar o diretor da divisão do Imposto de Renda na cara de pau, cheguei lá falei com a secretária dele: “Eu preciso, eu trabalho em Nova Iguaçu preciso vir transferido pro Rio de Janeiro porque tá a despesa muito grande e tal, e eu queria ver se eu falava com o diretor da divisão e tal”. Ela disse: “Ele é muito ocupado, mas como ele é um homem do interior também e que eu conheço a história de vida dele eu vou ver se ele te atende”. Aí “você espera aí”. Ficou um tempinho foi lá, falou com ele: “Olha, ele vai te atender”. Aí eu cheguei lá, falei com o diretor da Divisão do Imposto de Renda, que era o segundo escalão do ministério da fazenda e o cara viu aí e falou a mesma coisa: “Ah, eu já passei por isso também, eu vou chamar a secretária mandar fazer a sua portaria te transferindo pro Rio de Janeiro”. E aí eu vim estudar, trabalhar e trabalhei 11 anos na Receita, no Imposto de Renda, que antes de ser Receita Federal. Aí cobria, aí fui trabalhar na Tribuna da Imprensa, como estagiário, e cobri a área de energia de petróleo. Então tava na Petrobras, fui a Petrobras, ia lá de vez em quando pegar informação pra fazer a Tribuna da Imprensa e uma revista que eu já tava trabalhando que chamava: Posto de Serviço que era uma revista dedicada a distribuição de derivados. E aí tinha um...
P/1 – Perdão, essa revista Posto de Serviço ela era ligada ao que?
R – Ela era ligada a Federação dos Postos de Gasolina, Federação dos Revendedores de Gasolina do...
P/1 – Então era um outro trabalho diferente, tinha a Tribuna...
R – Tribuna da Imprensa eu estava estagiando, continuava no Ministério e fazia trabalhando nessa revista também, porque um professor meu, Fernando Leite Mendes, um jornalista que eu era muito conhecido na época, foi até jurado daqueles programas de televisão, era meu professor na faculdade e criou essa revista junto com o pessoal da Federação dos Revendedores e me chamou pra trabalhar lá e eu fui trabalhar na revista, como era uma revista mensal eu não precisava dar horário integral. E foi aí que eu indo a Petrobras um dia tinha um ________ da Petrobrás dizendo que tinha aberto concurso pra profissionais da área de relações públicas, jornalismo e publicidade. Eu fui, me inscrevi, isso em 1968, me inscrevi, passei no processo seletivo pra área de comunicação, né? E tô na Petrobras até hoje, sou aposentado mas continuo prestando serviço lá na Petrobras.
P/1 – Então vamos também um pouquinho mais devagar. Deixa eu te perguntar, você considera o seu primeiro emprego qual?
R – O meu primeiro emprego, na verdade, foi na Receita Federal, no Imposto de Renda.
P/1 – Não na rádio?
R – A rádio eu não tinha carteira assinada, recebia vale, né? E era um emprego, não era quase, não era diário, eu era locutor alguns dias na semana e aos domingos fazia um programa de auditório no clube. Não era na verdade um emprego, eu não tinha salário, recebia um vale assim esporadicamente. Na verdade trabalhava quase de graça, trabalhava pelo prazer de trabalhar em rádio, e como rádio no interior você faz tudo foi uma escola maravilhosa. Uma escola espetacular pra minha profissão.
P/1 – E aí fala aquela introdução da rádio que você tava falando também como é? Que você tem vozona de locutor.
R – ZYG7 Rádio Difusora Vale do Paraíba de Vale do Piraí. Falando para o Vale e cochichando para a montanha. Esse finalzinho é brincadeira que a gente fazia, né?
P/1 – Mas, Mansur, da rádio durou quanto tempo mais ou menos?
R – A rádio durou talvez dos 15 aos 17 anos mais ou menos, por aí. Um ano e meio mais ou menos, né? Um ano e meio.
P/1 – E você acha que foi ali com a rádio ou já no circo que você pensou, que você decidiu...
R – Não foi na rádio.
P/1 - ... que você queria saber fazer?
R – Foi na rádio. Foi na rádio, no trabalho da rádio que realmente eu me empolguei com a profissão de jornalista. E a minha idéia era realmente me dedicar ao rádio, né? E eu trabalhei com rádio, trabalhei em televisão, já depois na própria Petrobras eu trabalhei na TV Bandeirantes, estagiei na TV Globo, paralelamente. Mas como eu logo no início com 28 anos eu fui pra Petrobras eu realmente me dediquei praticamente a vida jornalística a assessoria de imprensa.
P/1 – E como é que ficou o namoro quando você veio pro Rio? Você voltava fim de semana? Como que era?
R – Todo fim de semana. Todo fim de semana.
P/1 – Todo fim de semana?
R – É, todo fim de semana, naquela tempo tinha trens pra lá, trens que saíam do Rio de Janeiro pra Belo Horizonte e pra São Paulo e a gente vinha pro Rio de trem e voltava de trem. Tinha um trem que era Litorínea, era uma autôma que chamava Litorinea, ou uma automotriz, era um carro só que saía de Barra do Rio de Janeiro pra Barra do Piraí, depois pra Juiz de Fora. E toda sexta-feira ele saía oito horas do Rio de Janeiro, oito horas eu já tava lá pra vir, na Estação Dom Pedro II pra vir pra Barra do Piraí e deixava várias festas no Rio de Janeiro, movimentos da faculdade pra encontrar, pra namorar em Barra do Piraí, né? E aí passado algum, vou adiantar um pouquinho mais só porque tem a ver com a história. Encontrei com amigos, colegas de faculdade, 20, 30 anos depois e 35 anos depois da última vez que eu encontrei um que eu não via há muitos anos, aí perguntou: “E você, como é que está, casado?” “Sim.” “Não vai me dizer que é com a mesma mulher de Barra do Piraí?” Eu falei: “Sim, senhor!” “Olha, isso é difícil!”
P/1 – Como é que é o nome da sua esposa?
R – Olívia.
P/1 – Olívia. E aí você casou com a Olívia quando?
R – Casamos em 69.
P/1 – Acabou a faculdade?
R – Não, seis meses depois que eu tava na Petrobras.
P/1 – Depois que tava...
R – Eu casei.
P/1 – Então vamos só um pouquinho antes também. Aqui na faculdade já tinha um movimento político, como é que tava? Foi, você tava 63 você tava se formando...
R – Sim. Não, 63 eu fiz o vestibular, entrei em 64.
P/1 – Entrou em 64.
R – Exatamente. Entrei em pleno movimento de 64, em março.
P/1 – Como foi passar aqui o Golpe, pegar o Primeiro de Abril aqui, você tava aqui, você pegou?
R – Pegamos tudo isso. Pegamos tudo isso, todo o movimento estudantil, a nossa faculdade, a Filosofia e a Faculdade de Direito, Nacional de Direito, eram as que tinham a efervescência política no Rio de Janeiro, efervescência política estudantil no Rio de Janeiro. Eram da minha faculdade o Gabeira, né? Era quem? Tinha o Martins, o Franklin Martins, Marcos que eu esqueci o sobrenome, o Elio Gaspari era da __________ se não me engano. E, quer dizer, várias, vários líderes estudantis eram da Nacional de Filosofia e outro da Nacional de Direito que era o CACO, que é o Centro Acadêmico Candido de Oliveira da Nacional de Direito, né, que ficava ali na Praça da República, né? E eram as duas faculdades onde a efervescência política era a maior de todas. E nós tivemos problemas sérios lá com invasão da faculdade, né?
P/1 – Você tava me contando aqui, você participou desses movimentos também, você acompanhou, você tava até falando...
R – Participei, participava de todas, eu não era do diretório mas participei de todos os movimentos estudantis nessa época, né? Todas as passeatas, todas as reuniões que a UNE promovia na Cinelândia, as famosas reuniões da Cinelândia, né, eu estava sempre presente.
P/1 – Como é que foi a história que você teve que se esconder?
R – Ah, isso foi numa daquelas passeatas que a cavalaria entrava em cena na Cinelândia e a polícia jogava bomba de gás lacrimogêneo e a gente saía pra se esconder em algum lugar, aí eu entrei num amarelinho, fiquei dentro do banheiro do amarelinho escondido um bom tempo lá até poder (risos)...
P/1 – Esperando.
R - ... esperando a coisa acalmar, né? A gente jogava bola de gude pro cavalo tropeçar e esse tipo de coisa. Eu tenho até hoje uma bomba de gás lacrimogêneo que eu já peguei quente, né, guardei e escrevi: “1900” essa é de 68 “1968 Brava Mocidade!” aí ficava na minha casa, meu filho levou pra casa dele pra mostrar pros amigos, tá lá na casa dele, meu filho que já tem 35 anos e disse: “Não pai, deixa comigo aqui em Itá eu não vou sumir com isso não”. É uma relíquia minha, foi 68 em plena, quando foi instituída o AI-5.
P/1 – O AI-5. E dava medo? Dava raiva? Qual era o sentimento?
R – O sentimento era de raiva e de impotência, né? Não de impotência, a gente achava que ia conseguir movimentar a opinião pública e levar a algum tipo de reação que realmente não aconteceu, né? Não aconteceu. Mas nós tínhamos, era mais de raiva de que outra coisa do que a gente tava vendo acontecer nesse país, né?
P/1 – Mansur, aí você se formou em 68?
R – Me formei em 68 exatamente, 68.
P/1 – 68 e aí você antes da Petrobras você trabalhou ainda na revista?
R – Trabalhei nessa revista, estagiei mas continuei. Eu saí, lá quando passei pra Petrobras eu tive que pedir demissão do serviço público federal porque a Petrobras como empresa do governo você tinha que assinar uma documento de que não tinha nenhum cargo público, nenhum emprego público e aí eu pedi demissão.
P/1 – Da Receita?
R – Da Receita mas levei pro tempo, o tempo consegui pegar uma certidão negativa de todo o tempo de serviço e levei pro INSS esse período eu também contei pra aposentadoria. Inclusive o período da rádio, como eu tinha muito documento, vários com carimbo da rádio e com papel timbrado da rádio e programas que eu escrevia com papel timbrado da rádio. Eu guardei tudo isso, né? Eu gostaria de dizer isso pras pessoas: não joguem fora nada disso, isso é importantíssimo. Então como eu guardei tudo isso serviu pra comprovação na previdência que eu havia trabalhado esse período, né? E por isso me aposentei com, consegui me aposentar com 48, 49 anos de idade e 32 de serviço.
P/1 – E Mansur, quando você escolheu fazer o concurso pra Petrobras qual era a sua imagem da Petrobras? O que você tinha na cabeça?
R – Ah eu já tinha o conhecimento do valor da empresa e do que a empresa representava pra nacionalidade, né, porque eu conhecia todo o movimento de 1954 da criação da Petrobras, né? Eu como fui trabalhar numa revista dessa área eu já conhecia isso de noticiário, né, e passei a me interessar mais por isso, né? E aí tinha conhecimento do conteúdo de brasilidade, de nacionalismo que a Petrobras levava junto com a sua marca, né? E da importância que o petróleo representava pro país e pra humanidade, né, como maior combustível, maior fonte de energia utilizada em todo o mundo. e esse valor eu levei comigo pra Petrobras e é um valor que eu guardo até hoje.
P/1 – A Petrobras representava também um bom emprego, um emprego seguro? Tinha essa idéia ou...
R – Sim, era um período de salários contidos, né? O período que eu entrei na Petrobras é um período de salários contidos pra própria política governamental, né? então os salários não eram maiores em comparação com multinacionais, né? mas isso não impediu que eu continuasse lá e logo depois houve uma certa abertura salarial, um aumento salarial na empresa e tal.
P/1 – Mas tinha essa idéia de ser um emprego seguro também?
R – Sim, ah sim. A idéia de que era um emprego pra toda vida já existia, já era, isso certamente já era uma convicção, tá?
P/1 – Então antes de a gente entrar na Petrobras mesmo me conta então do seu casamento. Como é que foi aí você achou que tava também já com uma coisa mais certa? Como é que foi o casamento?
R – É, foi isso mesmo: nomeou, casou. Alguém dizia assim: “Nomeou, casou” (risos). Porque seis meses depois eu consegui, eu aluguei um apartamento pequeno de quarto e sala, né, e a minha mulher continuava morando em Barra do Piraí, embora estudando no Rio. Essa foi uma heroína...
P/1 – Ah, ela veio estudar aqui também?
R - ... Ela foi uma heroína, por quê? Porque ela era professora primária em Barra do Piraí, professora em escola rural, né, ela saía, acordava quatro horas da manhã pra pegar um ônibus pra ir pra uma escola rural, né, e a noite vinha estudar numa Kombi, um grupo de pessoas que na Barra do Piraí não tinha faculdade, nenhuma cidade da redondeza tinha faculdade e ela veio estudar, ele fez vestibular pra História e ela vinha estudar na Candido, na Gama Filho na Piedade, eles alugaram uma Kombi e vinham o motorista e oito ou nove pessoas numa Kombi e voltava pra Barra do Piraí. Chegavam aqui, assistiam a aula até dez horas da noite, voltava pra Barra do Piraí. Ela acordava cedinho pra ir pra dar aula na escola rural na região de Cinco Lagos perto de Mendes ali, entre Vassouras e Paulo __________, né? E era, foi uma heroína, era uma vida complicada pra ela e ela se formou em História na Faculdade Gama Filho, na Piedade e continuou em Barra do Piraí. Aí nós nos casamos e ela conseguiu vir transferida pro Rio de Janeiro no Estado, né, como professora do Estado aí já trabalhando como orientadora educacional, na supervisão educacional, conseguiu vir pra cá trabalhar no Rio de Janeiro e aí. Mas ela, como ela tava em Barra do Piraí eu que montei o apartamento, não deixei ela ver, com um primo dela que era decorador, me ajudou, eu montei todo o apartamento e ela só entrou no apartamento depois de casada e não se decepcionou, o que é importante. (risos)
P/1 – Que beleza! Presentão! E foi casamento lá com família?
R – Foi um casamento com a família e na cidade, né? O casamento foi às oito horas da noite, oito e meia, não me lembro bem, mas foi o primeiro casamento a essa hora porque os casamentos no interior são mais cedo, né? Foi o primeiro casamento mais tarde. Não teve festa que foi um casamento só na igreja...
P/1 – Dos filhos foi o primeiro a casar?
R – Dos filhos eu fui o segundo, o mais velho casou antes de mim, mas casou mais ou menos na mesma época. Tanto que os três primeiros, os dois, o meu irmão mais velho e o abaixo de mim os filhos são praticamente da mesma idade.
P/1 – Vocês tiveram filho...
R – São os primos mais bem amigos. Eu tenho dois filhos, o mais velho tem um filho e uma filha. E o abaixo de mim tem também um filho e uma filha.
P/1 – E você e a Olívia tiveram filho logo?
R – Tivemos não, demoramos cinco anos pra ter filhos. E depois o primeiro filho, e a diferença entre o primeiro e o segundo também foi de cinco anos.
P/1 – O que é bom, né, também...
R – Foi muito bom.
P/1 – Como é que é o nome dos dois filhos?
R – O mais velho chama-se Cristiano e o mais novo Juliano. Eu até brinquei: “Ó, vocês podiam tocar”. O mais novo toca violão, o outro podia tocar também e vocês faziam um dupla caipira: Cristiano e Juliano pega bem.
P/1 – E o quê que eles fazem?
R – O mais velho é jornalista, já trabalhou em vários em jornais no Rio de Janeiro, trabalhou em empresas de comunicação e agora tem uma empresa. É um empresário, tem uma empresa de comunicação de idéias chamada Saravah com H no final.
P/1 – Eu já até ouvi falar.
R – E o mais novo é advogado. Já tem um escritório de advocacia muito bom, tá indo muito bem na carreira e já está formado há quatro anos se não me engano e é advogado trabalhista. Esse já tem um filho, eu tenho agora o primeiro neto.
P/1 – Mansur, assim também, só também pra fechar também essa parte também de anterior a Petrobras antes da faculdade você teve algum professor ou alguma. Foi bom o curso? Era o que você imaginava?
R – O curso de contabilidade?
P/1 – De Filosofia.
R – Ah sim, foi excelente. O curso não foi muito bom, a faculdade na época tava num, foi um período muito conturbado da vida universitária, né, e nós não tínhamos. Temos alguns bons professores como Celso Keli, como o Luis Carlos Lisboa, tinha um professor de português muito bom que era o Domício Proença. Tinha outro, o Celso Cunha, que também é gramática. Nós tínhamos bons professores na área de formação geral, mas na área específica de jornalismo nós tivemos o único professor que eu posso, que eu reputo muito bom que era o Fernando Mendes Leite que não era um de formação como professor, era um jornalista conhecido, mais cronista do que jornalista do Dia a Dia, com uma experiência muito grande no Correio da Manhã. E foi quem dos professores da área específica de jornalismo foi um que realmente me orientou e em quem eu tive algum beneficio pra utilizar na profissão. Agora formação cultural, formação geral da faculdade foi muito boa, tivemos excelentes professores.
P/1 – A profissão de jornalista...
R – Porque a faculdade era mais uma faculdade voltada pra isso, pra História, pra Letras, pra Filosofia do que pra Jornalismo. O curso de Jornalismo era um apêndice na faculdade.
P/1 – E esse, a própria profissão tava ainda se regulamentando, né?
R – Sim. Ainda, você ainda podia se provisionar, né? Jornalista que não tivesse diploma ainda podia comprovar dois anos, se não me engano, dois anos de trabalho num veículo de comunicação, um jornal, rádio ou qualquer coisa similar e se provisionar no Ministério do Trabalho, né? Nesse período ainda não havia, havia a exigência de diploma ou de provisionamento, né? com comprovação de dois anos de trabalho. Se não me engano eram dois anos.
P/1 – E aí então na Petrobras quando você entrou, você fez o concurso pra uma área específica, como é que foi?
R – É, o concurso foi voltado pra isso: pra Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade, né? e eu fui chamado pra área de imprensa, né, e ia ser criado naquele momento, eu fui chamado e perguntaram se eu aceitaria ir pra Bahia que ia ser criado uma assessoria de imprensa na Bahia, uma área de comunicação grande na Bahia, inclusive com área de imprensa. E eu aceitei e aí o chefe de área de comunicação, de Relações Públicas que na época não era comunicação ainda, era Relações Públicas e disse: “Olha, você vai estagiar um mês aqui e depois vai pra Bahia”. Tudo bem. aí eu fiquei estagiando lá, era a área de imprensa, era um setor, setor de imprensa. E tive que fazer um relatório e o chefe do setor de imprensa, eu fiz o relatório, passei pra ele, ele juntou os meus trabalhos e levou pro chefe geral de Relações Públicas e disse a ele, era um general na época, depois eu conto essa história. Era um general e disse: “General”, era General Barros Nunes, “General, o Celso Mansur ficou aqui um mês, vai pra Bahia mas eu acho que a gente devia segurá-lo aqui porque ele demonstrou que vai ser muito útil pra nós aqui e ele escreve muito bem, tá aqui os trabalhos dele. E eu acho que podia chamar outro pra Bahia e ele ficar com a gente que nós estamos com deficiência de redator e tal”. E ele aí disse: “Olha, tudo bem, vamos autorizar e ele fica aqui”. Aí passado um período o candidato que tinha sido, que tava na minha frente na classificação descobriu que tinha sido chamado pra Bahia e não aceitou. Aí descobriu que eu tinha sido chamado, eu era classificado depois dele e tinha ficado no Rio e fez uma carta pra Petrobras pra reclamar e dizendo que ia entrar na Justiça e tal porque ele tinha sido preterido. E aí o General que era o chefe geral de Relações Públicas me chamou e disse assim: “Olha aqui o que você me arrumou. Você agora vai ter que se virar para responder essa carta. Você responde que eu assino. Não ter problema nenhum porque ele não vai entrar na Justiça e se entrar na Justiça não tem problema não”. Aí eu fiz. “Você faz que eu assino”. Eu fiz, escrevi a carta respondendo ao cara porque que eu tinha ficado e tal, o General assinou, mandaram pro cara e ficou por isso mesmo não aconteceu nada, era em plena Ditadura, acho que as pessoas não podiam reclamar de qualquer coisa assim.
P/1 – Você entrou com duas provas então?
R – É, duas provas.
P/1 – Com concurso e a do General depois pra passar?
R – Pra ficar no Rio foi o General (risos). Uma prova que o General aprovou.
P/1 – Mansur, onde era isso? Era, qual era o prédio onde vocês ficavam, com que era?
R – A Petrobras estava espalhada pelo Rio de Janeiro, né? A presidência e a diretoria eram do lado da Candelária, ali na Praça Pio X. A nossa área de Relações Públicas funcionava na Buenos Aires, 40, um prédio que tem lá até hoje e ali funcionava Comunicação, Relações Públicas, Engenharia e a Petrobras Química, Petroquisa e outros órgãos que eu não tô lembrado agora. E a Petrobras tinha Urca funcionava, aqui na Urca funcionava o Centro de Pesquisa que depois foi pra Ilha do Fundão. Na avenida Presidente Vargas tinham vários prédios com órgãos da Petrobras. Na Uruguaiana, enfim, era espalhada pela Rio de Janeiro inteiro até construir o prédio ali na avenida ______.
P/1 – E aí você foi então, o seu era Buenos Aires?
R – Buenos Aires, 40.
P/1 – E...
R – Toda a área de relações Públicas funcionava lá num andar lá na Buenos Aires. Tinha o auditório da Petrobrás também era lá na Buenos Aires.
P/1 – E como se chamava essa área?
R – Serviço de Relações Públicas.
P/1 – SERPUB?
R – SERPUB, exatamente. Que foi o, substituiu o AR-PUB, assessoria de relações públicas, que veio desde o início da empresa, né?
P/1 – O que tinha mudado você sabe, chegando lá na época falavam, virou SERPUB? Mudou de AR-PUB.
R – Virou SERPUB e foram criadas várias áreas. A AR-PUB era um órgão muito pequeno. Eu não me lembro, não sei, não sei exatamente, tem outras pessoas anteriores a mim que poderão prestar, dar essa informação. Mas me parece que tinham duas ou três, duas ou três setores, né? Uma área de imprensa, uma área de divulgação e uma área de promoções, acho que eram duas áreas só. E o SERPUB passou a ter uma área, uma divisão de divulgação com dois setores: um setor de imprensa e um setor de publicações, passou a ter uma divisão de comunicação interna de relações internacionais, né? Chamava-se (DIREXT ?), Divisão de Relações Exteriores, exterior. Passou a ter uma área de documentação, né? E passou, quer dizer, saiu, aumentou o status dentro da empresa, né? Saiu de uma assessoria para um serviço, a empresa tinha departamentos que eram as áreas fins da companhia: produção, perfuração, exploração, transporte, comercialização eram as áreas fins eram departamentos e as áreas de apoio eram serviços, né? Tinha o serviço financeiro, serviço de organização, serviços de planejamento, e a área de relações públicas era uma assessoria, a (SAREOPE ?), né? E aí...
P/1 – Perdão?
R – (AREOPE ?). Passou a ter com a criação do SERPUB, Serviço de Relações Públicas, passou a ter o status de serviço que era o segundo escalão da companhia. Então foi com a criação do SERPUB que a área de, essa área de comunicação hoje passou a ter uma representação maior dentro da, uma importância maior dentro da estrutura da companhia.
P/1 – Você acha que isso tem alguma relação com o próprio crescimento da empresa, ou eles viram que era uma necessidade? Teve algum fator que levou a essa ampliação?
R – Eu acho que um fator importante foi a presença do General Barros Nunes lá que tinha um relacionamento muito grande com os militares que estavam no poder e com os militares que estavam na direção da Petrobras. E eu acho que ele vendeu essa idéia que a área de Relações Públicas deveria ter importância dentro da empresa também. O general era muito ligado a essa área, o General Barros Nunes, ele era membro do Conselho de Relações Públicas, né, o Conselho Regional de Relações Públicas e eu tenho, eu acho que foi essa presença dele lá na área de comunicação foi muito importante pra elevar o status da nossa área dentro da companhia. E é sem dúvida que a empresa começa a crescer, né? isso foi em 68, né, em 68 a empresa tava começando a ir pro mar, a explorar no mar de Sergipe, do Espírito Santo. E aconteceu então em 69 a primeira descoberta de petróleo no mar, em Sergipe, no campo de Guaricema, quer dizer, a empresa começava a se expandir realmente, ela tava, há havia construído várias outras refinarias, ela tava se expandindo como uma empresa de refino e ela tinha uma grande frota de petroleiros, que a frota de petroleiros crescia com o incentivo à indústria naval brasileira. Realmente foram as duas, foi tanto o crescimento da empresa como a presença de alguém que era da área de Relações Públicas e que sentiu essa necessidade de melhorar o status da atividade dentro da companhia.
P/1 – Você entrou pra área de acessória de imprensa?
R – Era um setor nessa época, subordinado...
P/1 – Um setor?
R – É. Era um setor subordinado a uma divisão que era subordinada ao chefe do serviço. Então tinham, eu era terceiro nível, né? e tinham duas esferas de decisão até chegar a direção da empresa. Isso certamente prejudicava e inibia a nossa atividade de imprensa que deve ser uma atividade, que é um negócio de rapidez e de acesso as área de decisão, né? Aí nesse momento a gente tinha um problema muito sério de acessar a diretoria da empresa porque você tinha que falar com o seu chefe que é o chefe de divisão da Divisão de Divulgação, e o chefe da Divisão de Divulgação falava com o chefe do serviço pro chefe do serviço reportar ao presidente e aos diretores.
P/1 – Esse chefe acima de você quem era, o Barros Junior?
R – Era o Palmir Virgílio da Silva.
P/1 – Pode repetir?
R – Palmir Virgílio da Silva, pode, eu acho que ele deve ser ouvido nesse trabalho.
P/1 – E acima dele era o próprio Barros Nunes.
R – Era o próprio General Barros Nunes nessa época.
P/1 – Deixa eu só também. Entrou, você falou que fez um concurso direcionado pra área de relações públicas. Entrou um número razoável, você consegue ter noção?
R – Sim. Entraram cerca de 20 pessoas, não mais do que isso, 20 ou 22 pessoas. Eram...
P/1 – E era um departamento menor então?
R – Ah era um departamento menor, bem menor, deviam ter umas 60 pessoas por aí. 60, no máximo 80.
P/1 – E que tava necessitando de um... mais gente pra...
R – Tava necessitando de gente. O meu foi o segundo processo seletivo pra essa área, o primeiro não sei se foi 66 ou 67, não tenho certeza. O meu foi o segundo.
PAUSA
P/1 – Mansur, retomando a nossa entrevista eu queria também que você me falasse quem era o General Barros Nunes. Acho que até pra gente contextualizar um pouco, né?
R – O General Antonio Luis de Barros Nunes era de uma família de militares, né, um dos irmãos foi Ministro da Marinha, Adalberto de Barros Nunes, tem até o nome dele na avenida Brasil num órgão da marinha. O outro irmão Heleno Nunes foi presidente da CBD, né, do órgão de esporte mais importante do país. E o General era ligado a comunidade de informações, e era também ligado ao pessoal da área de relações públicas do Exército. Ele tinha o apelido de general Cacau, era vascaíno. Tinha um relacionamento muito grande com a área esportiva também e ele assumiu a área de relações públicas da Petrobras depois de ter sido: primeiro, chefe de polícia do Carlos Lacerda na Guanabara; depois, um dos militares do inquérito policial militar que instauraram na Petrobras pela Revolução Militar; e posteriormente, quando terminou o IPM, o inquérito policial militar ele ficou como assessor da presidência; e depois quando o General Ernesto Geisel foi ser o presidente da Petrobras o General Barros Nunes passou, foi designado o chefe da área, do serviço de relações públicas da Petrobras. O apelido dele era General Cacau nos meios militares desportivos.
P/1 – E ele, queria que você me contasse aquela história como é que foi. A gente tava até falando desses níveis hierárquicos e...
R – Aí, a Petrobras tava levando bordoada de todo o lado dos jornais, tava começando a abertura, uma certa abertura e tal e os jornais tanto, principalmente os jornais mais críticos a estatização, né, que é a Folha de São Paulo e o Jornal do Brasil na época, desculpe, o Estado de São Paulo e o Jornal do Brasil questionavam muito a Petrobras principalmente pela questão de preço da gasolina: é uma caixa-preta, ninguém sabe pra onde vai esse dinheiro, a Petrobras não divulga, é caixa-preta, esse dinheiro o governo usa pra outras coisas, não sei o que. E aí essa foi uma das razões porque eu resolvi procurar o gerente da área de abastecimento, de comercialização da Petrobras e propus a ele que a gente tinha que mostrar que a Petrobras não era a vilã da história do preço da gasolina. E o que a Petrobras ficava do preço da gasolina era uma parte pequena do valor total da gasolina que o resto era imposto, tinha a condição do revendedor, a condição do dono do posto e tal. E aí eu convenci o gerente dessa área que era o Armando Guedes Coelho, que já tá aposentado, foi diretor e depois presidente da Petrobras também, aposentado hoje é um executivo da área de petroquímica, e o Armando convenci o Armando de a gente fazer uma entrevista em off pros principais jornalista que eu disse a ele que eu tinha confiança, e pra mostrar a estrutura de preços da gasolina, pra acabar com aquela história dos jornais dizer que a Petrobras que ficava com o preço total da gasolina. E aí nós fizemos essa entrevista com uma meia dúzia de jornalistas que eu tinha confiança e no dia seguinte saiu aquilo que foi uma bomba, né? Porque até então o governo não queria que a gente divulgasse que a maior parte do dinheiro, do valor de um litro de dinheiro da gasolina era de impostos, né, pra subsidiar o diesel, impostos pra. E aquilo saiu e o General me chamou lá e disse: “Você não me falou que, quem é que deu essa informação?” Aí eu contei essa história pra ele, né? Eu disse: “Olha, General, se eu falasse com o senhor não ia deixar eu fazer isso que eu fiz. Eu fiz o seguinte: eu falei com o Armando e nós resolvemos divulgar, mostrar pra opinião pública o que que a Petrobras leva da gasolina que não é ela que fica com esse valor, o valor total do preço da gasolina pra ver se os veículos de comunicação param de falar de caixa-preta e que ninguém sabe pra onde vai o dinheiro que é uma coisa complicada”. Aí ele disse: “Olha, mas você está doente”. “Eu, General? Eu tô bem?” “Não, você está doente. Você vai pra casa, volta só daqui uma semana”. Realmente, eu passei por cima do General, passei por cima de duas estâncias hierárquicas da empresa e já tinha acontecido isso outras vezes que o General talvez percebeu mas não tinha sido tão clara como essa que saiu em todos os jornais, né? E aí ele me mandou pra casa pra eu poder descansar mas aquilo foi uma maneira dele dizer que eu estava errado sem dizer claramente, né? Passou uma semana, como eram férias dos meus filhos eu fui pra minha cidade, pra Barra do Piraí, passei uma semana com eles lá, voltei, tava tudo bem, não aconteceu nada e tal, mas foi um negócio interessante porque aquela coisa de militar de ter se sentido que, que foi, vai passado e isso não a hierarquia militar é um troço complicado.
P/1 – Mansur, isso foi logo no início?
R – Não não, eu já era chefe do setor de imprensa, isso já foi acho que 70 e poucos, 72 por aí.
P/1 – Vamos voltar então só um pouquinho, logo no início o que você fazia também? Como é que foi a sua adaptação. Como é que? Suas primeiras impressões.
R – É no início... Nosso trabalho logo que eu entrei em 69, como ninguém falava com a imprensa, diretor, nem presidente, nem diretor da Petrobras dava entrevista a empresa só falava com a imprensa através de ____________. Então o quê que a gente fazia? Como nós tínhamos tempo os ___________ não eram muitos, nós tínhamos muito tempo pra escrever nós escrevíamos matérias especiais, e como os jornais tinham espaço, a censura era muito grande os jornais tinham espaço, a parte de economia dos jornais tinha muito espaço e aí a gente fazia matérias especiais específicas para os jornais e matérias boas, né, e os jornais publicavam. Então essa era uma ocupação principal que a gente tinha. E como também a empresa não tinha área de publicidade, quer dizer, não tinha uma área específica de publicidade a área de imprensa é que fazia toda essa parte desde a criação, quer dizer, os anúncios eram poucos, não havia campanhas, a Petrobras não tinha campanhas, mesmo porque quem vendia nesse tempo a distribuidora tava começando e a Petrobras não tinha distribuição ainda, quer dizer, quem tinha que fazer publicidade pra vender eram as distribuidoras, né? A Esso, a Shell, a Ipiranga, a Texaco e tal. Então a Petrobras não tinha campanha comercial, né, de publicidade, o quê que a gente fazia na área de publicidade? Eram anúncios de oportunidades como: aniversário da Petrobras, dia da Independência, coisas desse gênero. E como nós não tínhamos nem agencia de publicidade contratada e nem uma área específica de publicidade era feito pela área de imprensa, né? O setor de imprensa criava, quer dizer, o redator, nós que éramos redatores fazíamos um texto e a área de projetos, tinha um setor de projetos, que era mais voltado para projetos de feiras em exposições, como tinha desenhista e arquiteto lá eles faziam a arte. Então a direção, a arte era feita pelo arquiteto e desenhista e a parte de criação de texto por nós, né? E nós, e também a área de imprensa que veiculava, a mídia também era área de imprensa que fazia. Quer dizer, nós tínhamos essas atividades paralelas a atividade de redação de ___________ porque realmente como a assessoria de imprensa pra levar a empresa a falar com os jornalista nessa época de empresa fechada acompanhando, empresa do governo acompanhando o fechamento geral realmente não havia. Então o que a gente fazia era isso: redação de __________, redação de matérias especiais e parte de publicidade.
P/1 – E essa, além de não ter ainda a distribuidora, né, não ter... Tinha alguma pressão também por parte da Ditadura de controle da informação?
R – Não, não sentia isso.
P/1 – Isso não?
R – Não. De informação, de informação sobre a empresa não. Nunca recebi nenhuma orientação do General, que era o nosso chefe de relações públicas dizer: “Isso não pode ser falado e aquilo não pode ser falado”. A gente, divulgação das atividades da companhia não havia problema, o único problema era a questão do preço que havia uma orientação de não abrir o preço de derivados. E eu tomei a iniciativa de abri-lo e tive aquele probleminha, que na verdade não foi um problema foi até um prêmio pra mim que eu tava de férias. Os meus filhos estavam de férias.
FIM DA PRIMEIRA FAIXA
R - ... Todos os relatores da área de relações públicas participavam de alguma forma. Tinha uma equipe de redação da revista e nós também participávamos principalmente com a parte de noticiário da empresa, né? E a Revista Petrobras era dirigida aos empregados, pra todos os empregos.
P/1 – Vocês sugeriam pauta também pra revista?
R – Sugeríamos pauta também.
P/1 – Você tem alguma assim que você se lembre desse inicio o que que você?
R – Não sei, não lembro assim.
P/1 – E aí também você falou logo de 70 e poucos você tava com uma chefia, como é que foi? Como é que foi também a sua passagem lá.
R – É, eu fui, eu passei o chefe do setor de imprensa, fui ser chefe da divisão e eu passei a ser o chefe do setor de imprensa no início, em 72, 73 por aí. E foi nesse período, eu já como chefe do setor de imprensa que teve aquele problema com o General. Aí nós, o trabalho nessa época era aquilo que eu te falei, né, até era release, redigir press release, procurar nas áreas da empresa o que a gente podia divulgar pra fazer notas a imprensa e fazer matérias especiais pros veículos.
P/1 – E era mais compli...
R – Promovemos visitas, chegamos a promover algumas visitas as áreas da companhia, visitava refinaria, levava jornalista pra visitar refinaria, levava jornalista. Levamos jornalista quando houve a primeira descoberta de petróleo no mar, em Sergipe, levamos jornalistas a plataforma. Levamos jornalista quando houve a descoberta de petróleo de gás no Amazonas, levamos o jornalista lá pro Rio Juruá. Aí começamos a fazer um programa de visitas dos jornalistas a essas áreas técnicas, as áreas operacionais.
P/1 – Você se lembra mais ou menos quando começou esse programa de visita?
R – Começou em 69.
P/1 – 69, pois é, você falou de Guaricema...
R – 70, 1970 logo depois da descoberta de...
P/1 – De Guaricema.
R - ... de petróleo no mar de Guaricema, né? Aí em 74 levamos os jornalista a primeira descoberta de petróleo na Bacia de Campos, o Campo da Garoupa, levamos a plataforma Petrobras-II, pela primeira vez os jornalistas entraram numa plataforma de, num navio plataforma, ficamos lá um período.
P/1 – Foi bom noticiar a descoberta de Garoupa?
R – Foi, foi muito bom.
P/1 – Que que você gostou mais, qual foi a notícia que você...
R – Foi emocionante não só pra nós, pra todos os jornalistas, né? E a emoção do chefe da perfuração que tava, o (Jean Andreatta ?) e ele transferiu a emoção dele pra todos os jornalistas, as matérias foram excelentes, né? Pela primeira vez você descobrir petróleo em águas profundas. Quer dizer, não eram profundas ainda pra, que depois que descobriu petróleo em mar de 100, 300, essa época era 100 que é considerado hoje águas rasas pra indústria do petróleo, né? Mas era, pela primeira vez, uma descoberta grande, que a de Guaricema era uma descoberta pequena e em águas mais rasas. Então o engenheiro conseguiu realmente transmitir para os jornalistas essa emoção. E pra nós foi muito emocionante aquela visita, né, pela primeira vez. Que em Sergipe você via, era perto do litoral, você via a costa, né? Lá em Campo de Garoupa a 100 metros do litoral, 80 e tantos metros do litoral você não via terra, foi realmente era um negócio interessante e voltar lá depois com um paliteiro de plataformas aí que você vê fica lembrando daquele início, daquele navio sonda ali ninguém ainda, a empresa ainda não sabia como é que ia fazer aquela produção, né, ainda tinha que desenvolver a tecnologia pra produzir em águas de 100 de profundidade, que acho que isso só existia ainda começando no mar do Norte, né? Realmente foi muito gratificante, muito emocionante essa visita 74.
P/1 – E teve alguma outra que te marcou assim como?
R – É a visita lá no Rio Juruá também foi muito interessante, é uma produção, é uma descoberta de gás que até hoje não produz porque é comercial se tivesse consumo ali perto, mas como lá o consumo naquela região é Alto Amazonas ela tá guardada lá, é um reservatório que tá guardado pra quando houver necessidade, houver consumo na região, ou se for comercial você trazer pros gasodutos pro consumo em Manaus. Porque pouco depois, logo depois se descobriu Orucum que é mais perto de Manaus e tem condição de levar o petróleo, descobrir o petróleo e gás, lá no Juruá é praticamente exclusivo de gás, e o gás você não pode armazenar, você tem que ter consumo, o gás você tem que produzir e consumir não tem como armazenar, tem que ter um duto pra levar pro consumo e consumir naquela hora. E no Rio Orocum a produção, tem produção de petróleo, você produz o petróleo junto com o gás e já injeta o gás pra guardar o gasoduto que tá sendo construído e até o final do ano, desse ano, início do ano que vem vai estar produzindo. Então foi muito interessante quando nós estivemos lá no meio da floresta no Alto Amazonas, não tem ninguém, área que praticamente ninguém tinha pisado antes, né? E eu levei os jornalistas pra lá, nós atravessamos uma estrada aberta na floresta de uma sonda pra outra e encontramos até um índio que tava trabalhando pra empreiteira que tava abrindo a estrada, ele tava sentado lá num tronco de árvore, aí nós, curiosidade, foi fotografado pelos repórteres e aí perguntaram a ele o que ele tava fazendo, por que ele tava trabalhando: “Você trabalha?” “Trabalho. Trabalho”. Falava um português assim muito difícil. “Pra quê? Pra que você trabalha?” “Beber cachaça” me lembro perfeitamente disso, eu tenho a foto junto com esse índio lá em casa. Mas foi muito emocionante também a primeira vez que se descobriu alguma coisa comercial na Amazônia, a Petrobras já havia feito desde o início, há havia tentado, descoberto um volume não comercial, né, no Amazonas que foi presidente da república lá e acabou lançando comercial, né? E pela primeira vez se descobriu um volume de gás que em volume era comercial. E foi muito importante levar a imprensa lá.
P/1 – Era meio um sonho, né, da Petrobras, né, passou anos.
R – Era, a Amazônia sempre foi um sonho pra quem, não só pra quem trabalhava com o petróleo mas pra população brasileira, pras pessoas, os estudiosos dessa área porque é a maior bacia sedimentária brasileira, né? Então sempre se achou que por ser a maior bacia sedimentária tava uma floresta em cima de um mar de petróleo. E até hoje a gente não tem petróleo, tem descoberta mas ainda, na verdade, a coisa foi mesmo pro mar.
P/1 – E quando foi também que você assumiu a superintendência? Como superintendente adjunto? E conta pra gente também qual era, era parte da assessoria?
R – Eu era... Aí eu fiz um trabalho junto com a área de organização da Petrobras pra transformar o setor de imprensa em assessoria pra aumentar o status porque a área de imprensa precisava ter status pra conversar com, pra ter acesso a diretoria, acesso aos superintendentes das áreas importantes da companhia pra ter, apurar a informação e tal. E como chefe de setor você tinha a intermediação do chefe da divisão, né, e do chefe do serviço. Aí fiz esse trabalho junto com um gerente, na época o chefe da divisão de organização que era o Lucas Jofre, depois foi ser presidente da Petro, e foi aprovado pela diretoria a criação da Assessoria de Imprensa da Petrobras, ainda ligada a área de comunicação, né, mas com status de assessoria que era o mesmo status de divisão e com acesso maior as áreas de gerências da companhia de primeira linha. Isso foi em 1981, não 1980. 1980 provavelmente talvez, 80 ou 81 não lembro bem. E aí com a criação de assessoria nós realmente passamos a ter um acesso maior e começamos a aumentar a divulgação da Petrobras pra imprensa, aumentar, melhorar o relacionamentos dos gerentes, da Petrobras com os gerentes, dos veículos com os gerentes, uma aproximação maior com os gerentes das áreas fins da companhia e a empresa passou a ter um noticiário bem mais favorável nos veículos de comunicação.
P/1 – E vocês ainda se chamavam SERPUB? Como é que tava o departamento?
R – Já havia sido transformado em Serviço de Comunicação.
P/1 – Você sabe, mais ou menos, quando foi essa mudança? Pode falar um pouquinho sobre essa outra reestruturação da área?
R – Essa reestruturação foi 1980 e? Não, foi em 79, é a transformação de SERPUB pra SERCOM foi em 1978 ou 79 eu tenho que checar isso, a data exata. Mas já era quando foi criada a Assessoria de Imprensa já era Serviço de Comunicação Social, hoje é Institucional, Serviço de Comunicação Social.
P/1 – E aí o que que mudou?
R – Com o Serviço de Comunicação Social foi criada a área de publicidade, né, foi criada uma área de pesquisa, foi criada área de, uma área de relações com empregados, né? Enfim, foi intensificada toda a nossa comunicação com os públicos de interesse, né?
P/1 – Os públicos aumentaram também?
R – Aumentaram.
P/1 – Vocês tinham ampliado essa...
R – Foi ampliando a nossa ação, a nossa atividade com públicos que até então a gente não atingiu ou atingia mal, né, como empresários, acionistas. Passamos a editar publicação pra acionista, passamos a editar a Revista Petrobras passou também pra ir ao público externo. E foi criada uma revista específica pra público interno chamada A Gente. E aí dividimos: foi criada uma revista pra pública interno e outra pra público externo. A Revista da Petrobras passou pra público externo e a Revista A Gente pra público interno. E foi criada uma área, a área de relações com o exterior passou a ter uma atividade maior, passou a editar também em inglês publicações pro exterior. Então foi, aumentou...
P/1 – Para ser entregue a, essas do exterior pra...
R – A revistas, a veículos do exterior, né, veículos de comunicação do exterior e empresas congêneres no exterior também.
P/1 – Queria te perguntar também tem umas subsidiárias, né, com a Braspetro, com a Distribuidora, passava a ter também essa função de vender, houve uma preocupação maior com a publicidade?
R – Houve, houve. Aí que que aconteceu? A distribuidora que era, quando foi criada a Distribuidora foi pela primeira vez a Petrobras passou a ter, sob contrato, uma agência de publicidade com a criação da distribuidora, né, pra fazer publicidade comercial, que foi...
P/1 – Qual era, você se lembra qual era a agência?
R – Alcântara Machado, mas aí já a Petrobras Distribuidora quando foi criada criou também a sua área de de publicidade e comunicação, né?
P/1 – Separada...
R – Separada da comunicação da holding.
P/1 – Como é que funcionava então? Tinha uma...
R – É, havia um intercâmbio...
P/1 – ... um intercâmbio, uma...
R – Sim havia, havia um intercâmbio.
P/1 – Se falava uma padronização de linguagem ou não?
R – Havia. Mas a área, a Distribuidora era mais voltada para a publicidade comercial, tá? E havia, a gente participava, né, a área de comunicação da Petrobras participava da aprovação de campanha, né, participava com sugestões. E tínhamos um relacionamento bem grande com a área de comunicação da Distribuidora também, tínhamos, havia uma influência também nisso, tá?
P/1 – Vocês falavam também de importância de imagem? Como é que é? Existia essa discussão de vocês serem também meio responsáveis também, vocês tinham essa noção já naquela época?
R – Tava, ainda era incipiente a preocupação com a imagem da companhia, com a marca, né? Tanto que durante muito tempo ficou a marca, a marca era aquele triângulo, né? E a preocupação começou houve, quando a Distribuidora teve a preocupação de mudar a sua imagem, né? criar uma imagem mais agressiva e contratou o escritório, como é que chamava o escritório?
P/1 – Aluísio?
R – Do Aluísio.
P/1 – Aluísio Magalhães.
R – Aluísio de Magalhães que criou o BR, que fez, criou os designers dos postos. E foi aí com a criação, com a preocupação da Distribuidora com a imagem isso levou a holding também a se preocupar com a imagem e foi aí, foi nesse momento que a logomarca deixou de ser aquele losango com o Petrobras preso dentro do losango e criar, desculpe, dentro do triângulo e criar um losango e tirar o Petrobras da clausura e colocar abaixo, criar um losango e colocar abaixo do losango, né? Foi aí que houve mais, a maior preocupação com imagem e com marcas.
P/1 – E aí então desse crescimento também da área, você pode dizer que essa reestruturação já era em função a um crescimento também até um certo ponto?
R – Já era em função do crescimento da empresa, né, que nesse momento, que nos anos, final dos anos 70 começou a produzir petróleo no mar, já estava desenvolvendo atividades, se expandindo pro exterior, né, com descoberta de petróleo no Iraque, descoberta de petróleo em Angola, na Colômbia, né? E já exploração em outros países: tinha exploração no Irã, já era um reflexo do desenvolvimento da companhia não só internamente mas com o exterior, né? A empresa já era uma grande refinadora de petróleo com auto-suficiência na produção de derivados, exportando derivados inclusive pros Estados Unidos, já era realmente reflexo do crescimento.
P/1 – Pra Braspetro também pra estes outros locais onde a Petrobras atuava como é que vocês também colaboravam ou era um escritório local, como isso funcionava?
R – A área de relações com o exterior dava um apoio pra Braspetro principalmente em visitas de delegações do exterior, de empresas congêneres de petróleo no Brasil, a nossa área de relações com o exterior dava esse apoio. E também acompanhava no exterior o nosso pessoal que ia pra visitar as nossas atividades no exterior, realmente havia esse intercâmbio. E surgiu também como derivada da Braspetro a Petrobras Comércio Internacional, Interbras, que aí como empresa também comercial contratou também agência de publicidade aí pra atuar no exterior. A Interbras também trabalhava com bastante relacionamento com a nossa área de comunicação. E a Interbras foi criada pra utilizar o poder de compra de petróleo da Petrobras, naquela época a nossa produção não atendia a necessidade de consumo e a Petrobras é uma grande importadora de petróleo e com isso havia um poder de barganha muito grande pra colocação de produtos brasileiros no exterior, por isso foi criada a Interbras e com os grandes países fornecedores eram Iraque, Iran e Arábia Saudita houve um trabalho muito grande de comunicação nesses países, principalmente com as empresas importadoras de produtos principalmente produtos acabados e commodities e através de agência de publicidade contratada pra esse trabalho.
P/1 – Só pra voltar pra também não perder um pouco eu queria perguntar como é que foi também a história que você foi propaganda, garoto-propaganda também.
R – Isso é bem antigo, né, do tempo que a gerência de publicidade, que a assessoria de imprensa fazia também a publicidade. Aí nós queríamos criar um anuncio para os 16 anos da Petrobras e havia aquela música: “Aquele Abraço” que o Gilberto Gil tinha lançado, e aí nós fizemos um anúncio Aquele Abraço e aí: “como é que vamos fazer?” “Vamos botar um empregado da Petrobras abraçando uma pessoa comum”. E aí nós botamos um empregado da Petrobras, “Quem vai ser a pessoa comum?” “Mansur, vai você mesmo, pô!” Aí com fotógrafo nosso, tudo feito lá mesmo dentro do nosso, foi feito no auditório que a gente tinha lá na Buenos Aires, 40. E aí o outro colega meu de costa com o losango, o triângulo da Petrobras, né, e eu com a roupa comum abraçando e Aquele Abraço! Então aquele foi um anúncio que foi criado e produzido, criado e que os personagens lá, os modelos foram também da área de relações públicas.
P/1 – Isso era início de 70, né?
R – Sim, Petrobras 16 anos foi em 70, exatamente 70.
P/1 – Tinha esse espírito de todo mundo faz tudo, como é que é? Me conta só um pouquinho também disso que é outro tempo, né?
R – Todo tempo todo mundo fazia tudo que não, primeiro não tinha agência então a parte de publicidade era produzida toda por nós. A montagem de estandes era feita por nós, contratava uma empresa montadora mas o projeto de estandes era feito pelo, tinham tanto que nós tínhamos dois arquitetos na área, em uma área chamada de projetos na área de comunicação que hoje a área de comunicação não tem área de projetos, né, você contrata tanto o projeto, a execução como empresas especializadas em montar estandes, em montar feiras e exposições. Normalmente a gente fazia tudo: entregava pra empresa o projetinho prontinho pra empresa de montagem ir lá e montar em feiras e exposições.
P/1 – Vocês tinham um fotógrafo também de plantão com vocês?
R – Tinha um fotógrafo de plantão, um fotógrafo o tempo inteiro andava com a gente era o Trovão.
P/1 – Trovão era apelido ou nome?
R – Tinham dois fotógrafos: o Trovão, como a empresa não podia ter no seu quadro de empregados fotógrafo ele era um cargo comum na empresa, acho que ajudante administrativo uma coisa dessa, como ele era fotógrafo fora da empresa passou a ser o fotógrafo na empresa, pois é, existia a função dele oficial não era fotógrafo mas ele era fotógrafo.
P/1 – E o nome dele era Trovão ou era apelido?
R – Não, era nome mesmo.
P/1 – Você lembra o primeiro nome?
R – José Trovão se eu não me engano.
P/1 – Você, quando vocês passaram a terceirizar o serviço, vocês sabem mais ou menos então, tem uma época que vocês perderam essas, foram mudando essa relação de ter um arquiteto, não vamos contratar logo um serviço.
R – Isso eu acho que foi só no final dos anos 80, meados dos anos 80, por aí.
P/1 – Então vamos lá, e qual foi também eu queria que você me dissesse também uma dificuldade que você tem enfrentado assim nesses anos de trabalho ou lá quando você tava como superintendente? Que foi, sei lá, alguma coisa que você tenha.
R – A grande dificuldade que nós tínhamos era no período da Ditadura, né, acesso as fontes, conseguir. Não, era conseguir juntar o repórter com a fonte da Petrobras que ninguém queria falar, então nós éramos porta-vozes, eu como assessor de imprensa era o porta-voz eu cansei de dar, de responder, dar entrevista pro Jornal Nacional porque a orientação era que ninguém falava, como o diretor, o presidente e os diretores não falavam com a imprensa os superintendentes também não falavam então eles diziam o que a gente tinha que falar e eu era o porta-voz. Então essa figura do porta-voz da empresa, o assessor de imprensa como porta-voz da empresa deixou de existir depois da abertura, que aí. Quer dizer, essa dificuldade era muito grande de você conseguir divulgar bem a empresa, melhorar a imagem da empresa através de divulgação das suas atividades operacionais que eram excelentes porque era fechado e as pessoas não queriam falar com você porque falar com você é falar com a imprensa, falar com a imprensa podia a direção saber e não querer que falasse, o governo não querer. Então era uma dificuldade muito grande sob esse aspecto, né? isso foi até quando começou no final, já o Geisel como Presidente da República, né, que ele saiu da Petrobras pra Presidente da República e com a abertura, né, com o fim da censura. E com o fim da censura a Petrobras passou a levar mais bordoada em cima dos jornais mais críticos: a estatização. Porque sem censura não preciso dizer dentro da censura o censor estava lá pra não deixar que a Petrobras entrasse, fosse em matérias negativas, né? E aí a gente passou a ter que: “Olha, agora não tem mais jeito não tem censura, nós vamos ter que mostrar o que a gente tem de positivo, se não só fomos ter matéria negativa, vamos mostrar o que a gente tem de positivo”. Daí passamos a fazer reuniões com o superintendentes, os diretores passaram a fazer almoços e o presidente com os diretores de jornal. E começou uma aproximação maior na abertura, no início da abertura no final do governo Ernesto Geisel.
P/1 – E o Barros Nunes saiu em que época?
R – Ele saiu quando o presidente era o Shigeaki Ueki, dizer a época que esse negócio de data comigo é meio complicado.
P/1 – Não, mas tudo bem. Mas saiu?
R – Ele saiu e entrou no lugar dele o Carlos Alberto Rabassa, entrou pro lugar do General Barros Nunes. Rabassa tinha sido da AERPE, Assessoria de Relações Públicas da Presidente da República. Tinha sido gerente de comunicação da Shell, quer dizer, tinha uma experiência nessa área também de petróleo, né? E foi convidado pela direção da empresa pra assumir essa área e entrou no lugar do General Barros Nunes.
P/1 – E era um professor também, né?
R – Ele era professor também dessa área de comunicação. E foi, aí o professor Rabassa que me convidou pra ser o superintendente adjunto da área de comunicação dele, pouco depois ele saiu e eu continuei como superintendente adjunto durante nove anos, entraram outros superintendentes de comunicação e eu fiquei sempre como adjunto. Quer dizer, eu acho que hoje já não existe mais essa posição na empresa, hoje o que era superintendente virou gerente e não existe um gerente adjunto, quando o gerente sai de férias ou viaja ele faz a designação de algum substituto entre os gerentes do nível imediatamente abaixo do dele. Então, mas quando era serviço tinha esse superintendente eu fui nove anos, talvez o que demorou mais tempo nessa atividade. Eu tive como superintendente geral durante uns meses aguardando um superintendente que foi sindicado.
P/1 – Essa passagem do Barros Nunes pro Rabassa ela, enfim, o Barros Nunes até tinha uma relação já com, como você falou, com o conselho e tudo. Agora o Rabassa era praticamente um teórico, um especialista, isso... Como foi essa mudança também? Teve uma outra diretriz, não vamos... O que que mudou?
R – Essa mudança foi muito traumática.
P/1 – Traumática?
R – Foi, por quê? Não por causa da mudança dos personagens mas porque o Carlos Alberto Rabassa recebeu uma orientação de enxugar a área pra melhorar a qualidade, qualidade da equipe e mexer com recursos humanos, com pessoas é muito complicado, né? E a rádio tamanco começou a divulgar isso e ninguém disse, começou a ter, a ser, a vazar pela rádio tamanco, que a gente chama rádio tamanco as coisas de boca a boca, né? E aí passou, foi uma clima muito terrível nesse período as pessoas achando que podiam ser demitidas e tal. Mas logo depois não aconteceu demissão, o que tava pra acontecer era: dentro do quadro de empregados da Petrobras procurar, do quadro de empregados da área de comunicação aqueles que não tinham perfil pra essa atividade alocar em outras áreas da empresa, né? E através de processo seletivo ou mesmo de, naquela época era possível o processo seletivo interno, né, a constituição depois proibiu, realocar gente de outras áreas que tinham condições, né, ou especialização pra trabalhar na área de comunicação. Então foi traumático no início depois não, foi superado esse problema. Agora, a passagem, a mudança de um militar pra um civil eu acho que foi muito benéfica pra área de comunicação, e de um profissional que era do ramo e que tinha relacionamento com imprensa, ele tinha sido um homem de comunicação de uma grande empresa multinacional que era a Shell. Realmente pra mim, pra nossa área de imprensa foi ótimo, ele passou, o professor Rabassa passou a fazer, melhorar o contato com os jornalistas que cobriam a área e também promoveu reuniões de direção, diretores de veículos com a direção da empresa e foi um período excelente de mudança de comportamento, né, mudança de atitude da companhia com a imprensa, da companhia com os seus públicos. Realmente foi bem marcante essa mudança.
P/1 – E houve modificações nas publicações também com ele ou não? Com o tipo de veículo que vocês também trabalhavam?
R – Olha eu não me lembrou se houve alguma publicação. Eu sei que houve modificação de conteúdo não tenho a menor dúvida, agora eu não me lembro se foi criada alguma outra publicação, não me recordo. Mas de conteúdo eu não tenho a menor dúvida, houve uma preocupação muito maior com relações internas, relacionamento com empregado. Houve uma preocupação muito maior em relacionamento com a imprensa, né? E nessa época ainda não tínhamos publicidade, continuávamos sem agência de publicidade e sem campanhas institucionais ou comerciais dentro da holding.
P/1 – O SERCOM foi com o Rabassa?
R – SERCOM foi com o Rabassa, ele que promoveu essa modificação e foram através de reuniões nossas foras de lá em hotel pra todo mundo se posicionar sobre, contar sua experiência, a experiência de cada setor pra reformulação da área com o apoio da área de planejamento da Petrobras. Mas foi realmente através de reuniões internas foram ouvidos todos os chefes de setores e de divisões da época para reformulação e criação da área de comunicação internacional que substituiu... De comunicação institucional não, comunicação social que substituiu relações públicas.
P/1 – E aí o Rabassa saiu e ele que tinha te convidado, você tinha essa coisa, você saiu também...
R – Não não eu continuei...
P/1 - ... deixou o cargo?
R – É, ainda era presidente o Shigeaki Ueki, né, Shigeaki Ueki que foi quem tirou o Rabassa pra colocar uma outra pessoa, né, as razões eu não sei e entrou uma outra pessoa chamada Atham Barbosa que era da Interbras, era dos quadro da Interbras e era voltado, ligado a área de comércio exterior, né, e foi ser o superintendente de comunicação social e me manteve como adjunto dele, né? Eu como conhecia bem a empresa continuei, fiquei mais na parte operacional e ele ficou mais na parte política e acompanhava o presidente em viagens, fazia o trabalho. Nesse momento, nessa época o relacionamento com a Interbras passou a ser muito intenso porque ele era originário de lá, né? E foi nessa, com a administração dele que houve o primeiro contato, o primeiro contrato com empresas de publicidade, quer dizer, primeiras produções de anúncios por empresas de publicidade. Não chegou a ser contrato, ele chamava empresas de publicidade e entregava determinada campanha pra eles produzirem, tá? Isso depois teve um problema muito sério na área da companhia de auditoria da companhia porque essas empresas, a empresa de publicidade foi contratada sem licitação, né, foi chamada e entregue pra fazer determinados trabalhos sem licitação, isso provocou posteriormente até um inquérito administrativo.
P/1 – Foi nesse inquérito que se concluiu que...
R – Aí houve o Atham Barbosa ficou um período, né, ficou um período lá, eu era o superintendente adjunto e ele realizou alguns contratos sem licitação e eu preveni a ele que aqueles contratos são sem licitação, ele simplesmente botava uma autorização na proposta de uma empresa e considerava que aquilo já era um contrato e juridicamente é, você tem condições, se você tem autoridade pra autorizar alguma coisa, botou uma autorização e assinou você tá contratando, mas não tá dentro das normas da companhia. Isso quando o presidente Shigeaki Ueki saiu da empresa e entrou o Hélio Beltrão, né, entrou o Hélio Beltrão e conseqüentemente o Atham foi tirado da gerência e assumiu a gerência o Guilherme Duque Estrada, aí a auditoria foi instaurada, uma auditoria pra apurar se havia irregularidades em várias áreas da empresa, e na nossa área foi aconteceu isso e eu fui chamado pra levantar todas as irregularidades que haviam sido praticadas nessa administração. Eu tinha já, como sou um empregado, era empregado de carreira da companhia eu segurei todas as coisas que estavam irregulares, não assinei nada que fosse irregular, eu podia assinar que eu era o substituto, eu disse a ele que o que não era dentro das normas da companhia eu não ia assinar e aquilo estava guardado. Fui chamado ao gabinete do presidente, era o Beltrão, junto com o Guilherme Duque Estrada e ele me disse: “Gostaríamos que você levantasse o que não está dentro das normas da empresa que aconteceu lá na área de comunicação”. Eu disse: “Olha, presidente é só eu tenho que organizar. Pra me resguardar, como empregado de carreira, eu guardei, segurei as coisas que estavam eu tirei cópia e guardei comigo, eu tenho tudo é só organizar”. E aí fui incumbido de organizar isso tudo, houve um inquérito interno, né, e o senhor Atham Barbosa foi demitido a bem da empresa e o outro chefe da assessoria de imprensa que assinava no lugar quando ele tava viajando, que eu como substituto me recusava a assinar o que não tava regular, e foi também demitido da empresa. Mas, e aí o Guilherme Duque Estrada deu uma outra orientação a empresa, principalmente na área de imprensa, porque ele era jornalista, né? e aí pela primeira vez nós tivemos um jornalista, porque o Rabassa era um homem de comunicação, relações públicas, pela primeira vez a área de comunicação da Petrobras teve como chefe um jornalista, que era o Guilherme Duque Estrada que havia sido chefe, chefe de redação da Rádio Jornal do Brasil, tinha trabalhado em outros veículos e aí nós tivemos realmente uma boa, uma orientação melhor, uma aproximação muito boa, aumentou ainda mais essa, a preocupação com a imagem da companhia nos veículos de comunicação.
P/1 – Com o Guilherme houve também uma modificação, foi também uma nova reestruturação? Mudou pelo menos o nome de área, não?
R – Não, continuou como sendo comunicação...
P/1 – O SERISTE...
R – Ah sim, houve alguma modificação sim, aonde? Agora eu tenho que me lembrar, não me lembro exatamente mas houve, a gente pode levantar depois mas pequena, continuou o Serviço de Comunicação Social.
P/1 – E aí, enfim, você continuou também na parte de assessoria de imprensa?
R – Continuei como adjunto. É, não como superintendente adjunto, né? E quando o Hélio Beltrão saiu entrou o outro presidente que foi, depois do Hélio Beltrão? Quem foi depois do Hélio Beltrão? Não me lembro, só vendo na relação dos presidentes, tá aqui. Aí o Hélio Beltrão... Hélio Beltrão, ah sim, entrou o Coronel Ozires Silva, o Guilherme ainda continuou, o Guilherme Duque Estrada como gerente da área, como superintendente de comunicação por um período. Aí depois que o Ozires saiu e entrou o Armando Guedes Coelho, depois o Orlando Galvão como presidente e tal e aí houve uma outra mudança na gerência, na superintendência entrou o jornalista que era do Jornal do Brasil, lá de Niterói, como é o nome dele? Esqueci agora.
P/1 – Que é muito conhecido, né?
R – Esqueci o nome dele. Bom, daqui a pouco eu lembro. E que ficou um período lá também e foi ele que me tirou da área de, colocou uma outra pessoa no meu lugar na área de, não não foi não, desculpe. Com a saída do Guilherme entrou, lembrei agora, entrou o...
P/1 – Carlos Leonel, não?
R – Leonel, Carlos Leonel foi que colocou uma outra pessoa como superintendente adjunto e eu fui chefiar a divisão de Recursos Informativos que editava a Revista Petrobras e a parte de vídeos e fotografias e tal. E aí fiquei uns dois anos, um ano, um ano e meio na divisão e me aposentei em 1990.
P/1 – Só um minutinho. Vídeos e fotografias pra divulgação da empresa?
R – Pra divulgação da empresa, produção de documentário, era um órgão que já existia.
P/1 – Vocês fizeram muita coisa nessa época também? Tinha bastante produção?
R – Tinha muita produção de documentários.
P/1 – Isso tá no Banco de Imagem?
R – Tá no Banco de Imagens. Com a saída, aí o Carlos Leonel quando saiu é que entrou o Rogério que eu queria lembrar, Rogério Coelho Neto que era comentarista de política do Jornal do Brasil e que tinha participado da campanha do Collor, foi coordenador de campanha na campanha do Collor. E com o Collor no governo ele foi ser chefe de comunicação na Petrobras, ficou um período lá até a queda do Collor, quando o Collor foi destituído entrou outro presidente na Petrobras também, ele saiu e eu acho que aí voltou o Guilherme no período.
P/1 – Você se aposentou, você quis se aposentar, como é que foi? Você era muito moço, se aposentou 90?
R – Me aposentei em 1990, eu tinha 49 anos.
P/1 – Deu um pouco...
R – Exatamente.
P/1 - ... cansaço com o que tava acontecendo ali na época do...
R – O que tava acontecimento no momento na área de comunicação não estava, não me agradava não era o que eu gostaria de, um ambiente que eu gostaria de continuar trabalhando e aí pedi a minha aposentadoria com 32 anos e meio de trabalho. A empresa tava num processo que eu considero que não é adequado de incentivo a aposentadoria, né, a empresa não tinha quadros excessivos de empregados pra fazer isso, tanto não tinha que ficou, hoje há uma carência muito grande de profissionais na empresa, principalmente na área de engenharia. Mas em resumo, a empresa estava oferecendo incentivo pra você sair, não pra ficar, né, incentivo pra aposentadoria incentivada. E com o ambiente que tava na área de comunicação eu resolvei me aposentar e trabalhar em outras áreas em 1990. Se continuasse um ambiente de trabalho como eu gostaria para a empresa talvez eu não tivesse me aposentado naquele momento, poderia esperar até completar 35 anos de trabalho.
P/1 – E aí você foi, continuou a trabalhar? Abriu uma empresa, como é que foi?
R – Aí eu registrei uma empresa chamada Comunicação Verbal, empresa do eu sozinho, né, em casa com o computador. Aí já era a época do micro, né? No período de Petrobras até 1990, 1990 é que tava começando a micro pra toda a empresa, né, ainda não havia você no seu, cada um com seu micro, né? E aí eu criei essa empresa e continuei fazendo free lancer pra, inclusive pra Petrobras, pra outras empresas uma empresa em casa, né? Até que em 2007, em 2007 com a eleição do Conte pra prefeito do Rio de Janeiro um amigo meu foi convidado pra ser presidente da Imprensa Oficial do Município, Aroldo de Andrade Júnior, filho do radialista Aroldo de Andrade, e o Conte gostava muito dele, chamou pra ser presidente dessa empresa, empresa de artes gráficas do município do Rio de Janeiro que edita o Diário Oficial, as publicações, faz cartazes. É uma gráfica na verdade, né? Ele foi ser o presidente me chamou, disse que não entendia nada daquilo e se eu tava aposentado se eu queria ajudá-lo sendo diretor de alguma coisa lá, ou industrial. Eu disse: “Olha, eu não queria mais voltar a trabalhar e ter horário pra trabalhar, mas...” isso foi véspera de Natal, como ele era, ele era casado com uma pessoa da Barra do Piraí e me conhecia ele tava lá na casa da sogra dele, me chamou na véspera de Natal pra oferecer esse trabalho eu aí pensei e disse: “Ah, eu gosto de desafios também, eu acho que eu vou. Tá bom, então vamos ver.” “Então olha, dia 26 de dezembro o secretário de governo”, que na época era o, ia ser o secretário de governo o filho do Cesar Maia, Rodrigo Maia, “que é a quem nós estaremos subordinado vai fazer uma reunião queria que você fosse e tal.” Aí eu fui e passei a ser diretor administrativo dessa empresa, fiquei quadro anos no Governo Conte. E continuei com a minha empresinha fazendo alguma coisa como free lancer, né? E foi uma experiência interessante, eu passei a conhecer bem gráfica, né, reformulamos a gráfica, melhoramos e tal. E em no início de 2001 quando o Cesar Maia entrou na prefeitura ainda fiquei dois meses lá esperando o meu substituto, depois recebi o fundo de garantia que era a empresa lá e fui passear antes de com a doença, de gastar com doença, pô, é melhor gastar com passeio, né, e fui viajar com a minha mulher. E tava em Portugal quando eu recebi o convite do gerente de imprensa então, que era o Carlos Pinto, me telefonou e disse: “Olha, nós estamos precisando de gente com a sua experiência, com o conhecimento da empresa, né? A empresa ficou muito sem processo seletivo, nós precisamos em todas as áreas, inclusive na nossa de comunicação e eu queria que você viesse aqui conversar com a gente, trabalhar com a gente de volta, o que você acha?” Eu falei: “Pô, eu tô viajando, só volto daqui a um mês”. “Não, no dia seguinte que você chegar você vem aqui”. Aí fui lá, 2001, fiquei na área de imprensa como consultor e tô até hoje, mas...
P/1 – E como foi voltar?
R – Olha, foi encontrar uma empresa completamente diferente daquela que eu deixei em 90, né? Em 11 anos a empresa mudou mas mudou muito, cresceu muito, ela se internacionalizou, se profissionalizou muito mais do que era antes, né? E encontrei uma área de comunicação que antes quando eu saí tinha 80 pessoas, encontrei com, não sei o número exato, mas com umas quatro ou cinco vezes, quatro vezes maior do que a que eu deixe, né? Com uma estrutura muito grande, ágil apesar de grande, com atribuições muito bem definidas pra atuação com os públicos de interesse da companhia, com o relacionamento com os empregados muito bem colocados, né? Uma Revista Petrobras muito bem estruturada, bem editada. Com agências de publicidade, três grandes agências contratadas, com campanhas de produtos, campanhas institucionais muito bem feitas. Encontrei uma outra Petrobras e que certamente daqui pra frente vai ser outra ainda muito maior, muito mais importante, principalmente com as novas descobertas que estão ocorrendo aí na área do pré-sal.
P/1 – E o seu trabalho como consultor é mais ou menos como?
R – Na verdade eu tô trabalhando como um dos assessores de imprensa, né, eu sou contratado de uma empresa que presta serviços a Petrobras, né? E contratado como assessor de imprensa. Logo que eu voltei eu tava como um consultor direto, contratado diretamente pela Petrobras como consultor, né, pessoa física contratada como consultor pelo conhecimento, pelas minhas condições profissionais. Logo depois que esse contrato durou dois anos e aí como tem uma empresa contratada prestando esse tipo de serviço a Petrobras eu entrei pra essa empresa e sou um dos assessores, trabalho o dia inteiro lá recebendo a imprensa, atendendo a imprensa e principalmente atendendo a imprensa e produzindo release, produzindo matérias especiais e procurando pautas positivas pra gente vender pros veículos e tal pra cada vez tentar melhorar ainda mais a imagem pública da companhia que as pesquisas indicam que está muito boa.
P/1 – A gente vai encaminhando pra nossa finalização. Eu queria que você me contasse ainda uma história. Tem uma que você conta pra gente que é aquela história do Assis, especialmente.
R – Ah sim. Eu não estava na empresa nessa época, né, nesse momento mas com a caça às bruxas pela Revolução as pessoas do IPM, do Inquérito Policial Militar que tava instaurado na Petrobras pegaram uma capa da Revista Petrobras, que era um desenho abstrato, né, que tinha alguma coisa parecida com um círculo, né, algumas setas, uns círculos. Era um desenho gráfico, um gráfico meio abstrato e que eles identificaram que a parte de círculo era a foice e um martelo, e que havia um ponteiro também num outro círculo indicando uma hora...
P/1 – A História do Assis?
R - É. E o Assis era o desenhista que fazia as capas da Revista Petrobras, né? Excelente desenhista, eu o conheci depois desse episódio que eu vou contar. Mas as capas dele que eu vi, que eu já vi, que eu tenho no meu arquivo de revistas são lindas, muito bonita. O Assis, uma das capas que ele fez ainda no período da caça às bruxas da Revolução, né, da paranóia de que tudo, qualquer coisa tinha dedo de comunista. O Assis fez uma capa que tinha, era um desenho abstrato assim, um desenho gráfico e que na verdade era uma torre de petróleo estilizado, ela tinha círculos, tinha linhas e tal. E não sei quem se foi do IPM, Inquérito Policial Militar na Petrobras, quem foi que identificou naquela capa num dos círculos a foice e o martelo, e indicou também que havia ali uma indicação de um horário que deveria ser o horário, qualquer coisa, algum tipo de mensagem pra alguma organização terrorista fazer um ataque a Petrobras. Isso foi, ele foi chamado pra depor, foi uma confusão. E resultado: o Assis foi demitido e por essa capa que ele fez, que eu acho que vale a pena ser mostrada nesse projeto que nós estamos participando. E ele foi demitido e posteriormente foi, quando houve a anistia, ele foi chamado mas não quis voltar. Ele, pela informação que eu tenho ele tem uma agência de publicidade em outro estado fora do Rio de Janeiro, uma agência de comunicação, tá muito bem. Ficou satisfeito com a anistia e tal mas não quis retornar a Petrobras. E uma outra história pra mostrar a ligação que nós empregados temos com a Petrobras, quando um dos meus filhos estava ainda no curso primário, né, no ensino fundamental a professora pediu pra ele desenhar a casa dele. Ele desenhou duas casas: desenhou uma casa de um lado e desenhou uma casa maior do outro. E a professora perguntou: “Mas você mora em duas casas?” Ele falou: “Não, essa aqui é a minha casa, essa aqui é a Petrobras, a casa do meu pai” (risos).
P/1 – Mansur, queria também te perguntar um pouquinho do teu tempo livro. A gente falou aqui, enfim, da sua casa. O que é que você gosta de fazer no seu tempo também de...
R – Ouvir música.
P/1 – Seu hobby?
R – Ouvir música, fazer samba, tocar cuíca.
P/1 – Fazer samba?
R – Não com compositor, roda de samba, adoro! E eu toco todos os instrumentos de ritmo e todo cuíca. E cinema, teatro, leitura, né? Mas música, principalmente Bossa Nova e samba, samba enraizado estão na minha vida desde adolescente e eu tenho uma história com João Gilberto que eu vou contar rapidinho.
P/1 – Conta.
R – O dentista do João Gilberto era de Barra do Piraí, meu amigo. Logo que o João Gilberto veio pro Rio de Janeiro pra tentar a sorte como cantor e compositor e nós estávamos fazendo uma festa em Barra do Piraí, um baile pra angariar fundos pra formatura de uma amiga que veio a ser a minha cunhada, casada com o meu irmão. E aí o Jacó que era esse dentista: “Vocês não querem trazer o João Gilberto aqui? Tá precisando de dinheiro, vamos trazer o João Gilberto pra fazer um show no baile? Ele cobra baratinho e tal, tá começando”. A gente já era apaixonado por ele, tinha um disco, já tinha acho que uns dois discos do João Gilberto na praça, mas ainda a Bossa Nova ainda não era aquilo, ainda não tinha acontecido o show do Carnegie Hall e muito bem. aí nós aceitamos, o João Gilberto foi a Barra do Piraí de ônibus, eu fui esperá-lo na rodoviária de Barra do Piraí. Ele foi pro clube, ficou lá com a gente, tal, tocou um pouquinho com a gente. Aí teve o baile com o nosso conjunto, R Mário e o seu conjunto, eu tocava contra-baixo. E aí meia noite começou o show do João Gilberto, ele cantou a primeira, que não podia deixar de ser “Chega de Saudade”, e cantou a segunda que eu não me lembro qual, e na terceira ele cantou “O Pato”. Quando ele começou lá: “O Pato vinha cantando alegremente: Quém! Quém!” Alguém falou: “Chega!” Porque nós erramos, não éramos para levar o João Gilberto num baile em Barra do Piraí no início da Bossa Nova que pouca gente conhecia o João Gilberto. Muito bem. ele pegou o violão, saiu do palco e nós fomos atrás dele, ele disse: “Não não, não vou cantar mais! Eu canto pra quem quiser me ouvir. Que hora que acaba esse baile aí?” “Quatro horas da manhã” “Então eu vou andar pela cidade aí, quatro horas da manhã eu tô aqui na porta vou cantar, reúne quem gosta, quem quer que eu vou cantar na porta”. Aí sentamos numa escadinha e ele cantou até seis horas da manhã pra pegar um ônibus pro Rio de Janeiro as sete lá em Barra do Piraí.
P/1 – Maravilhosa a história! Essa tinha que tá até na própria biografia dele.
R – É uma pena não ter fotografia do João Gilberto. Ah e tem mais. Eu fui levá-lo, tinha na época um carrinho chamado Renault Rabo Quente, que é precursor do Gordini, do Dauphine, era um carro que tinha o motor atrás daí ser chamado de Renault Rabo Quente. E uma carro eu tinha batido nele num caminhão, que o caminhão nem viu que ele era tão pequenininho, o caminhão foi embora não viu, quebrou o pára-brisa. E era um carro Frances, não tinha pára-brisa pra comprar nem no Rio, muito menos em Barra do Piraí. E ele entrou no meu carro, botou as pernas pra cima, pra frente do carro que era pequenininho e adorou: “Ó que beleza! Ventinho Bom!” Ok, gente. Muito obrigado!
P/1 – Não, eu queria também perguntar o que você achou de ter vindo participar e contribuir pro projeto memória?
R – Ah, é um prazer muito grande e até muita emoção. Eu cheguei aqui umas duas ou três vezes quase a chorar (risos) de relembrar essas coisas todas. e que isso me faz lembrar a minha vida na Petrobras, tudo que eu tenho, tudo que eu sou hoje foi que eu consegui com o meu trabalho na Petrobras, né, com o que ela me retribuiu pelo meu trabalho. E eu acho da maior importância esse trabalho que vocês estão fazendo, é uma pena que em algumas administrações anteriores não tiveram essa preocupação que vocês estão tendo hoje. A atual gerência de comunicação da Petrobras tá tendo de guardar, de preservar a memória da Petrobras, muita coisa se perdeu, muita coisa, muita foto, muitas fotos antigas, muito texto. Eu quando me aposentei levei oito caixas de folhetos, de palestras porque eu não tinha aonde colocar na empresa, né, e algumas coisas eu já mandei pra biblioteca da Universidade Coorporativa algum tempo atrás, e ainda tenho algumas coisas que eu preciso tempo pra selecionar. E em resumo, essa preocupação maravilhosa de memória, pena que já não foi preocupação há alguns anos atrás teríamos guardado outras, não só imagens, mas textos, informações, depoimentos importantíssimo a história da comunicação e pra história da Petrobras. Muito obrigado.
P/1 – Obrigada você Mansur.
FIM DO DEPOIMENTO
Nomes com grafia em dúvida:
(Nanci ?), pág. 01
(June ?), pág. 01
(gambichani ?), pág. 08
(reconte ?), pág. 11
(DIREXT ?), pág. 30
(SAREOPE ?), pág. 30
(AREOPE ?), pág. 31
(Jean Andreatta ?), pág. 38
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