Povos Indígenas
“Resistência, cultura viva, conexão ancestral com a terra. Os povos indígenas guardam saberes milenares, lutam por seus direitos e preservam a diversidade do Brasil”
Essa obra foi escrita em meados de 1950 por aluno da quinta série e guardada com muito carinho por todos esses anos sendo pesquisador Hélio de Azambuja Rodrigues (matrícula 78) - contava com a colaboração do amigo Ubirajara (matrícula 77) que emprestava sua bonita letra para compor tal trabalho. Feita integralmente nas dependências do Instituto Santo Antônio localizado sob a Pedra da Gávea em um lugar pouco conhecido na época de nome Itanhangá que pertence até hoje ao bairro da Barra da Tijuca.
Contava com a supervisão do Professor Newton, sob os auspícios da Diretora Laura Drummond, uma linda e delicada senhora que possibilitou com seu apoio o que agora me proponho a revisar. Totalmente escrita a lápis no que é hoje um caderno amarelado pelo tempo e cujas letras se apresentam apagadas com erros de gramatica dignos de alunos da quinta série, que se apresenta como trabalho para a matéria Geografia, transformando a leitura em uma verdadeira aventura.
Estamos no ano de 2025 e desejamos de coração que este passo possa trazer doces e maravilhosas recordações de uma infância vivida neste colégio que era vinculado a LBA – Legião Brasileira de Assistência, berço e lar de mais de uma centena de pequenos alunos.
Deus guarde aqueles que tanto se esforçaram para dar dignidade e proteção aqueles seres indefesos e cheios de esperança.
CANTINHO DO ÍNDIO
Seus jogos, brincadeiras e passatempo eram modelo para o homem branco da pureza de suas almas. Baseados na mais pura lealdade não contavam com juízes, vitorias e derrotas eram contadas em roda dentro da aldeia.
A força e a agilidade de um guerreiro eram sempre comparadas com a rapidez de uma flecha ou a habilidade em seu manejo.
Cercados de crendices alimentadas pelos pajés que tinham como...
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Povos Indígenas
“Resistência, cultura viva, conexão ancestral com a terra. Os povos indígenas guardam saberes milenares, lutam por seus direitos e preservam a diversidade do Brasil”
Essa obra foi escrita em meados de 1950 por aluno da quinta série e guardada com muito carinho por todos esses anos sendo pesquisador Hélio de Azambuja Rodrigues (matrícula 78) - contava com a colaboração do amigo Ubirajara (matrícula 77) que emprestava sua bonita letra para compor tal trabalho. Feita integralmente nas dependências do Instituto Santo Antônio localizado sob a Pedra da Gávea em um lugar pouco conhecido na época de nome Itanhangá que pertence até hoje ao bairro da Barra da Tijuca.
Contava com a supervisão do Professor Newton, sob os auspícios da Diretora Laura Drummond, uma linda e delicada senhora que possibilitou com seu apoio o que agora me proponho a revisar. Totalmente escrita a lápis no que é hoje um caderno amarelado pelo tempo e cujas letras se apresentam apagadas com erros de gramatica dignos de alunos da quinta série, que se apresenta como trabalho para a matéria Geografia, transformando a leitura em uma verdadeira aventura.
Estamos no ano de 2025 e desejamos de coração que este passo possa trazer doces e maravilhosas recordações de uma infância vivida neste colégio que era vinculado a LBA – Legião Brasileira de Assistência, berço e lar de mais de uma centena de pequenos alunos.
Deus guarde aqueles que tanto se esforçaram para dar dignidade e proteção aqueles seres indefesos e cheios de esperança.
CANTINHO DO ÍNDIO
Seus jogos, brincadeiras e passatempo eram modelo para o homem branco da pureza de suas almas. Baseados na mais pura lealdade não contavam com juízes, vitorias e derrotas eram contadas em roda dentro da aldeia.
A força e a agilidade de um guerreiro eram sempre comparadas com a rapidez de uma flecha ou a habilidade em seu manejo.
Cercados de crendices alimentadas pelos pajés que tinham como maior finalidade a busca pela manutenção da união das tribos ou grupos, tornando-os fortes o suficiente para enfrentar as vicissitudes, as intempéries, os inimigos de mesma espécie e favorecessem a caça tão necessária a sobrevivência.
As escolhas de um guerreiro passavam pelas ferroadas dos terríveis “tocandiras” – formigas que poderiam causar até a morte, mas que atestavam a coragem do menino que passava para a condição de homem e protetor da tribo.
Via de regra nossos silvícolas não possuíam grande estatura, porém bens constituídos fisicamente precisavam manter a força para garantir a sobrevivência da família, da prole e de sua tribo.
As tribos espalhadas em todo o território possuíam inúmeros vocábulos e alguns bem peculiares se traduziam de maneira que expressassem as crendices regionais, assim; Amitolá, designava o arco-íris; Anhangabaú, designava rio de forte correnteza ou das diabruras; Anhangá, o diabo velho e sorrateiro dos sonhos e madrugadas e Itanhangá, a pedra que fala, ou pedra do eco que deu nome à locais em que tal fato se repetia.
Outras palavras traduziam a alimentação dando credito ao que hoje ainda utilizamos são: Avati, milho; abatipocanga, bebida à base de milho: yeté, agua; mani, mandioca; pirá, peixe; pacova, banana; ucá, caranguejo ou mesmo bebida ruim, difícil de tragar.
Existem aquelas palavras que significam posse ou descrição de armamento de caça, pesca e defesa da comunidade, são elas: beué, arco; curare, espécie de veneno; huí, flecha; ita, pedra; mundés, armadilha.
Para definir as festas; achuarú ou carcoronô festa dos mortos; inhan, festa para os feridos; panacés, cantos geralmente para divindades; veaperia, festa para afirmação do morubixaba ou chefe da aldeia.
Para alegrar os eventos os instrumentos musicais assim se definiam: baré, uma flauta feita com ossos; caruacu, instrumento cujo som medonho colocava medo nos silvícolas; murués, assobio; taró ou tari, tipo de gaita.
Na paru ou aldeia existia o tibicoera que era o cemitério, a tapera ou morada; ocara que cercava e protegia a aldeia, as casas de pedra ou itaoca; a pari, espécie de cerca para defesa das plantações de milho do ataque dos animais da noite e caiçaras que defendiam as tabas dos inimigos de um modo geral, tabas ou casas indígenas eram conhecidas quando feita de vegetais e folhas eram conhecidas como ocas, daí o nome para as casas dos brancos ou cariocas.
Para utilização domestica os objetos: janascuin ou cestos de palha; ajá, bolsas; aturá que eram cestos enormes para utilização em grandes viagens; ichu, cesto para aprisionar pequenos animais e as igarás, canoas feitas de troncos e os isús, rede para uso do casal e a piroga, espécie de canoa para pesca de rio.
O costume também traz enfeites e alguma vaidade, assim: açoita, manto de penas; aiucura, colar; araçoira, feixe de penas usadas pelos guerreiros; aguamiranga, bracelete; cauitar ou cauguape, cocar de uso diário; tapacurá, liga feita de algodão dada as índias quando atingiam a maioridade e inaré, um ornamento nasal. Acangatara, amarelo; aririchá ou cari, branco; ipacate, vermelho; iasimpaguate, preto.
Os acidentes geográficos também merecem a atenção: amitola, arco-iris; aguapé, golfo; assãssunga, trovão; amarati, raio; amamberaba, relâmpago; amaua, chuva; bero-ô-cam, raios na região do Araguaia; igarapé, córrego; Itaporanga, pedra bonita; Itaguaçu, pedra grande; paranã, rio forte ou caudaloso; taurina-can, estrela grande e upaba ou lagoa.
O segundo reino também recebia suas designações: arariba, arvore de extração de tintas; atajuba, arvore de onde se extraia a tinta preta; caeté, floresta; itaguaquecetuba, bambuzal; mandyba, raiz de mandioca; muru, vitória-régia; jaçapé, capim; caraná-iba, arvore da carnaúba;
A família recebe então suas designações: Abá, índio; curumi, jovem; caraíba, homem; cunhã, índia; cunhatã, menina; gê, pai; piá, filho; pitanga, criança; quivus, índio viúvo; sy, mãe. Hábitos da família: caabo, estar só; peteca, bater palmas; passuca, banhar-se e syba, limpar-se; a primeira mulher na terra foi mani-cí, sempre reverenciada nas aldeias.
Palavras soltas podiam ter seus significados que traduzidas para compreensão do homem branco, são elas; Acacaba, forma de repreensão; abaé, outrem; acaí, medo; acue, aquele ou aquilo; aib, mal; amanguatu, muito; araã, surpresa; cereme, depressa; caacatu, madrugada; guaçu, grande; jataby, fogo; rebé, voador; abá-abá, quais pessoas; abangaíta, homem desprezível; agaíba tatá, fogo mau; exé ú yeté, beberei agua.
Partes do corpo também tinham seus termos, assim: Aibira, gengiva; aloá, cabelo; acanga, cabeça; syba, testa; terube, lábios; gibi, braço.
Abaixo versos da “Canção do Tamoio” imortalizadas por Gonçalves Dias que narra a história de amor entre nosso índio, o autêntico brasileiro e a branca Moema. Obra importantíssima da literatura brasileira no período do Romantismo exaltando a figura indígena e a natureza impar das terras brasileiras.
CANÇÃO DO TAMOIO
Não, chores, meu filho
Não chores, que a vida é lutar
É luta renhida
Viver é lutar
A vida é combate que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
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